quarta-feira, 18 de novembro de 2015

CAP: Frente de esquerda “sem coesão indispensável para governar” Portugal


11 Novembro 2015, 13:07 por Isabel Aveiro | ia@negocios.pt

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Confederação dos Agricultores, "preocupada com o futuro de Portugal", convocou um conselho de presidentes das associações filiadas para 24 e 25 de Novembro, 40 anos após ter nascido.
A Confederação dos Agricultores de Portugal, parceira social, emitiu esta quarta-feira, um dia depois da queda do XX Governo Constitucional de coligação PSD/CDS-PP, um comunicado em que se demonstra "preocupada com o futuro de Portugal".

Na comunicação enviada esta manhã às redacções, a CAP é clara na tomada de posição face à actual situação política do país, afirmando logo de início: "Esquerda une-se para derrubar governo ao fim de 10 dias, mas sem coesão indispensável para governar um país em recuperação de uma grave crise".

Relembrando que nasceu em Novembro de 1975, a direcção da CAP, liderada actualmente por João Machado, afirma que coincidindo com a data em que a confederação comemora "a resistência à colectivização forçada da sua agricultura", a "evolução política do país após eleições legislativas confronta-o com uma inesperada frente política de esquerda".

Frente esta, continua a presidência da CAP na nota referida, "em que se reúnem de modo contranatura uma força de longo historial de combate pela democracia, tradição europeísta e crente na economia de mercado, com outras, extremistas, de cariz inequivocamente totalitário, anti-europeu e colectivista".

"No entender da CAP, a solução governativa alternativa que se desenha merece a maiores reservas políticas e suscita sérias preocupações sobre aquele que poderá ser o seu quadro de actuação".

[Há] claro desrespeito da vontade electiva expressa pelos portugueses, erigindo-se em alternativa à força vencedora das eleições um dos mais minoritários governos da história da democracia portuguesa.
Direcção da CAP


Para os dias 24 e 25 de Novembro, em Tomar, a direcção da CAP convoca então um "conselho de presidentes de todas as suas associadas", com o "objectivo de analisar a situação do país e da agricultura portuguesa".

Confederação com assento no Conselho Económico e Social, a CAP é a confederação com maior representatividade do sector no país. A agricultura tem mais duas confederações de âmbito nacional e representação junta da Comissão Europeia: a CNA – Confederação Nacional da Agricultura (nascida em 1978) e a Confagri – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (nascida em 1985).

Frequentemente crítica da tutela da Agricultura em praça pública, nos últimos anos a direcção da CAP só entrou em confronto directo com a antiga ministra Assunção Cristas, do CDS-PP, aquando da discussão inicial do banco de terras (em Maio de 2012), a propósito da intenção do Estado incluir terras ainda em litígio judicial pelas expropriações da reforma agrária de 1975. 

O peso do Ministério como fora desenhado no início do Executivo de Pedro Passos Coelho (ainda com o Ordenamento do território), o atraso na resolução do problema dos seguros agrícolas e na adopção do modelo de programa do plano de desenvolvimento rural (2014-2020) também serviram de alertas da CAP à tutela nos últimos quatro anos.

Com os últimos governos socialistas, só com António Serrano a ruptura assumida com Jaime Silva (por ambas as partes) foi sanada. Recorde-se que o primeiro ministro da Agricultura de José Sócrates retirou as parcerias com as confederações agrícolas para ajudar os agricultores a candidatarem-se aos fundos europeus – em pleno período de arranque de novo quadro de apoio -, ao mesmo tempo que reduziu substancialmente os meios humanos do Ministério.

Em 2013, em entrevista em que recusava a conotação partidária da CAP ao CDS-PP, João Machado defendia que "o PS e o PSD devem ir à vez para o Governo, deixando como alternativa da democracia o outro partido na próxima eleição". Já o CDS, na sua visão, poderia ser "um aliado de ambos os partidos", defendeu então.

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