sábado, 22 de agosto de 2015

Associação de Produtores investe um milhão de euros na promoção da pera rocha

22/8/2015, 17:56

Campanhas irão incidir, para já, "nos principais países importadores de pera", encabeçados pelo Reino Unido e Brasil


Paulo Spranger/Global Imagens

A Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha vai investir, até ao final do ano, um milhão de euros em ações de promoção do fruto, a primeira das quais a visita de vinte jornalistas estrangeiros à região.

Esta visita decorre até ao final deste sábado, "inserida num projeto que visa mostrar a região em que é produzida e a singularidade de pera rocha, para que depois [os jornalistas] possam divulgá-la nos seus países, através de artigos nas suas publicações", explicou à Lusa Aristides Sécio, presidente da Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha (ANP).

A estada dos jornalistas oriundos da Alemanha, Polónia, Reino Unido, Canadá e Brasil é a primeira ação promocional financiada através de uma candidatura a fundos europeus, no valor de um milhão de euros.

A verba será ainda utilizada em "ações de promoção em pontos de venda, ações de rua, colocação de outdoors e outras formas de promover a pera rocha, como um produto nacional, sem a associar a marcas", acrescentou Aristides Sécio.

As campanhas irão incidir, para já, "nos principais países importadores de pera", encabeçados pelo Reino Unido e Brasil, mas os resultados desta primeira ação irão estender-se a vários mercados já que comitiva integrou, entre outros, o representante do Fruitnet, um grupo editorial com seis publicações especializadas em fruticultura.

"Editamos revistas para o mercado europeu, americano, asiático, alemão, australiano, neozelandês e chegamos inclusive ao médio oriente", disse à Lusa André Azevedo, responsável pelo grupo que irá "publicar artigos sobre a singularidade do fruto e as suas diferenças em relação a outras peras europeias".

Depois de três dias a visitar pomares e centrais fruteiras, André Azevedo levará hoje na bagagem "um conhecimento mais profundo sobre as complicações desta campanha", em que se estima uma quebra de 50% na produção.

Em Óbidos, onde terminou a visita, destacou "a vontade de os produtores se unirem todos no mesmo sentido", considerando tratar-se de "um exemplo de como a promoção deve ser entendida".

De fora ficaram, desta vez, os mais recentes mercados com os quais o Governo já negociou a entrada da pera nacional (Costa Rica e México) mas, adiantou Aristides Sécio, "vamos em setembro delinear novas ações a desenvolver e a estratégia de promoção nestes países novos".

Menores incendeiam floresta para ver arder

 Incendiários inimputáveis são alvo de processo.
 Por Luís Oliveira, P.G. 

As autoridades policiais já identificaram este ano 19 menores suspeitos da autoria do crime de fogo posto. Tendo em conta a idade, estes incendiários são inimputáveis mas sujeitos a um processo tutelar educativo, que pode, em última instância, levar ao internamento em casas de correção (centros educativos). Os menores atuam sobretudo por brincadeira fútil ou com vontade de ver arder. Segundo o CM apurou, o número de menores incendiários apanhados até ao início deste mês já é superior ao registado durante todo o ano de 2014. Na área da PSP, foram identificados seis menores, anunciou ontem aquela força policial. Em 2013, a PSP identificou nove menores e 11 em 2014. Nos últimos dias, os tribunais abriram mais dois processos a dois menores por fogo posto. Em Vouzela, foi identificado um rapaz de 13 anos, infante nos Bombeiros de Oliveira de Frades e filho de um bombeiro. No Fundão, foi apanhado um miúdo de 11 anos. Estava a passar férias na casa dos avós, encontrou um isqueiro e experimentou-o numa zona de mato. O fogo ameaçou a floresta. Ontem, a PJ e a GNR anunciaram a detenção de mais um suspeito de fogo posto. O homem, de 55 anos, é suspeito da autoria de dois incêndios, ateados nos dias 12 e 16 deste mês. Motivos: vingança contra um vizinho estrangeiro e alcoolismo compulsivo.

Frulact abre fábrica no Canadá em 2016

22 Agosto 2015, 10:56 por Jornal de Negócios | jng@negocios.pt



O Grupo Frulact vai construir uma fábrica no Canadá, num investimento de 13,9 milhões de euros, anunciou a empresa em comunicado.
A fábrica vai começar a ser construída ainda este ano, mas só em 2016 deverá arrancar. O Grupo Frulact dá mais um passo na sua internacionalização com o arranque de uma linha de produção no Canadá. 

O grupo do ramo alimentar, que produz preparados à base de fruta, avança, em comunicado, que esta unidade permitirá servir "de prataforma para o mercado canadiano e também para a costa leste do mercado dos Estados Unidos, abrangendo o perímetro com o maior consumo de preparados à base de fruta, mas também o mais competitivo".

A Frulact já exportava para o Canadá, através de Portugal, mas agora avança para a construção de uma fábrica de oito mil metros quadrados na cidade de Kingston, Ontario.

O investimento previsto é de 13,9 milhões de euros. O grupo de João Miranda acrescenta que com este projecto no Canadá ficam criadas as condições para "avançarmos para a segunda fase de implantação e consolidação da nossa presença no mercado norte-americano através do investimento já previsto na costa oeste".

O grupo já tem unidades produtivas em quatro países: Portugal, França, Marrocos e África do Sul. O grupo tem cerca de 600 trabalhadores e, em 2014, realizou um volume de negócios de 110 milhões de euros.

Governo antecipa pagamentos aos agricultores


Publicado ontem às 17:17
As confederações saúdam a medida e a CNA faz notar que "já cheira a campanha".

O ministério da Agricultura anunciou hoje que vai antecipar alguns pagamentos aos produtores de tomate e de arroz e também aos proprietários de vacas aleitantes, ovinos e caprinos.
Rui Manuel Fonseca / Global Imagens
Governo antecipa pagamentos aos agricultores 
O Governo entende que o ano agrícola não está comprometido, mas reconhece que a situação de seca extrema ou severa - que, no final de julho, já afetava 80% do território nacional - terá atingido alguns agricultores.
João Dinis, da Confederação Nacional de Agricultores, saúda a medida, mas diz também que ela é rotineira. "Já cheira a campanha eleitoral", é o comentário do secretário-geral da CNA.
Já João Machado, da CAP, diz que estes dois meses de antecipação de alguns pagamentos vai trazer algum alívio aos agricultores.
À questão sobre possíveis pedidos de apoio dos agricultores para resolver problemas relacionados com a seca, a Secretaria de Estado da Agricultura respondeu que "tem havido alertas", agora em avaliação, mas "não há justificação para a instituição de apoios específicos".
Os produtores têm assegurado o fornecimento de água para o gado beber, "apresentando apenas limitações em zonas de sequeiro acentuado onde não existem os devidos recursos para fazer face a épocas de menos pluviosidade", adiantou.
A previsão de disponibilidade de água para rega nos perímetros hidroagrícolas para a campanha em curso, segundo o Ministério, indica que está assegurada a quantidade necessária.
Por outro lado, a Secretaria de Estado estima um aumento de produtividade na quase totalidade das culturas nesta campanha em comparação com o período de cinco anos precedente, com exceção para casos pontuais, como a pereira, devido à ocorrência de ventos fortes, e a uma ligeira quebra no centeio.

Uma vítima mortal em incêndio na Guarda


ATUALIZADO
Mais de 250 operacionais, com cinco meios aéreos, estão a combater um incêndio com três frentes ativas, no concelho do Sabugal, na Guarda, informou a Autoridade Nacional de Proteção Civil.


O incêndio florestal que atinge o Sabugal, na Guarda, provocou um morto e ainda representa uma "situação muito complicada", disse neste sábado fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro da região (CDOS). O fogo provocou "uma vítima mortal civil na aldeia de Sobreira", uma das sete populações que estiveram ameaçadas pelas chamas, avançou à agência Lusa o comandante do CDOS da Guarda, António Fonseca.

O combate ao incêndio "ainda não está a evoluir favoravelmente, porque há muito vento e a situação ainda é muito complicada", acrescentou. Este é um dos três incêndios referenciados na página eletrónica da Autoridade Nacional de Proteção Civil, sendo o que mais operacionais envolve, com 237, além de cinco meios aéreos.

No Sabugal, mais de 250 operacionais, com cinco meios aéreos, estão a combater, neste sábado, um incêndio com três frentes ativas. O incêndio, a afetar principalmente mato, iniciou-se pouco depois das 2h30 de hoje, em Rebelhos-Sortelha, e está a ser combatido por 197 bombeiros, ajudados por operacionais de outras entidades, como a GNR.

Segundo os dados da página eletrónica da Proteção Civil, estão a ser utilizados quatro aviões e um helicóptero no combate às chamas, além de 68 meios terrestres.

Cacau: receitas de exportação em São Tomé baixam 44,4% no primeiro semestre

 22 Agosto 2015, sábado  IndústriaIndústria alimentar

São Tomé e Príncipe exportou no primeiro semestre de 2015 apenas 803 toneladas de cacau, principal fonte de receita em divisas, correspondendo pouco mais de 1,9 milhões de euros, revelou o Instituto Nacional de Estatística do país.
O Instituto faz uma comparação com as exportações do mesmo período de 2014 e concluiu que se registou uma «quebra acentuada» de 44,4% nas receitas de exportação.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística de São Tomé e Príncipe, a exportação de bens de forma geral atingiu no primeiro semestre deste ano pouco mais de 2,3 milhões de euros, o que representa um decréscimo de 30,4% face ao registado em 2014.
Nessa altura o arquipélago exportou cerca de 3,4 milhões de euros. A diminuição nas exportações é atribuída a baixa produção e exportação do cacau.
Entre os países que mais se destacam na importação dos produtos são-tomenses constam a Bélgica, Espanha, Países Baixos e Itália com um valor total das exportações estimado em 78,5%.
O Instituto revela ainda que a importação também apresentou um valor negativo de quatro por cento.
O défice da balança comercial durante o primeiro semestre deste ano também registou um decréscimo de 2,3%, enquanto a taxa de cobertura das importações pelas exportações situou-se em 4,4%, contra os 6,1% em 2014.
Ainda sobre as importações, de janeiro a junho deste ano, o que São Tomé e Príncipe mais importou são os combustíveis, materiais agrícolas e alimentares que representam no seu conjunto 64,8% do total das importações.
Quanto as importações dos produtos alimentares, destacam-se o arroz com 4.901,1 toneladas, seguindo-se a farinha de trigo com 2.888,6 toneladas e o açúcar com 769 toneladas.
Fonte: Lusa

De Mirandela para o mundo, alheira faz as delícias dos consumidores



 22 Agosto 2015, sábado  IndústriaIndústria alimentar
alheira

Três jovens mirandelenses criaram uma inovadora empresa de vendas online a que chamaram D'Alheira.
De acordo com a Câmara de Mirandela, trata-se de uma loja online, «com foco na qualidade a bons preços, que já vende alheiras de produtores mirandelenses em 12 países da Europa».
O objetivo destes jovens empreendedores passa por «alargar a plataforma de vendas a mais produtores e a outros produtos regionais e de fabrico tradicional, contribuindo assim para a valorização e promoção nacional e internacional de Mirandela e dos seus produtos neste mercado em expansão de compradores online», salienta o município.
Foto: D'Alheira

Vinho do Porto quer conquistar EUA, Canadá e China em dois anos



 22 Agosto 2015, sábado  Viticultura
vinho porto

A Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP) viu aprovado o projeto 'A Taste of Origin', através do qual receberá quase um milhão de euros de fundos comunitários para promoção nos mercados prioritários dos EUA, Canadá e China.
«São mercados muito importantes do vinho do Porto que valorizam os vinhos premium, Vintage e LBV», explicou a AEVP que se prepara para levar em outubro as empresas associadas a duas mostras de vinhos do Porto e Douro em Toronto e Montreal, no Canadá.
O projeto 'Port and Douro Wines, a Taste of origin', que a AEVP apresentou ao concurso para o incentivo à qualificação e internacionalização das PME promovido pelo Compete 2020, é constituído por oito mostras de vinhos e uma feira em mercados internacionais considerados prioritários para o setor.
No ranking de 2014 dos mercados de vinho do Porto, França aparece em primeiro lugar quer em volume de vendas quer em valor, com os EUA a ocuparem o sexto com 4,8% do volume e 8,6% do valor total comercializado de 363,5 milhões de euros.
Para os EUA foram engarrafadas, em 2014, mais de 422 mil caixas de nove litros de vinho do Porto (31,5 milhões de euros), um aumento de 5,4% face ao ano anterior, mais de metade das quais de categorias especiais.
Já para o Canadá, em nono lugar em volume de vendas e sétimo em valor (com 12,3 milhões de euros), seguiram mais de 151 mil caixas de nove litros de vinho do Porto, 71,9% das quais premium.
A China é um dos mercados emergentes prioritários para a AEVP que, no âmbito deste projeto, pretende participar na Vinexpo Ásia em Maio de 2016, seguindo-se três mostras de vinhos do Porto e Douro em Hong Kong, Macau e Xangai.
Também em 2016, a associação promove uma mostra no Canadá, e duas nos EUA, em Seattle e São Francisco.
Representando um investimento total de 2,1 milhões de euros, comparticipados em 947 mil euros, o projeto, que visa ainda promover o vinho do Douro e promover o enoturismo, é constituído por uma ação de Estudos dos Mercados Prioritários que para aumentar o conhecimento das empresas e da AEVP relativamente aos mercados internacionais prioritários.
O concurso de incentivos à qualificação e internacionalização, lançado no final de 2014, visava apoiar pequenas e médias empresas que procurassem ações de promoção e marketing promocional com o objetivo de aceder a novos mercados.
Constituída em 1975, e com sede em Vila Nova de Gaia, a AEVP reúne 16 empresas que representam cerca de 90% da comercialização de vinho do Porto e 35% dos vinhos do Douro com Denominação de Origem Protegida (DOP).
Fonte: Lusa

Quercus insiste em perigo de herbicidas e Médicos dizem ser inaceitável inacção do Governo


07-08-2015 11:12 | País
Porto Canal com Lusa 

Lisboa, 07 ago (Lusa) - A Quercus voltou hoje a alertar para os danos que os herbicidas provocam na saúde, realçando que até a Ordem dos Médicos diz ser "inaceitável" a "inação governativa" no sentido de avançar com medidas para evitar alguns cancros.

"Aumenta a contestação ao uso de herbicidas, e outros pesticidas. A Ordem dos Médicos [no último número da sua revista] defende a proibição do glifosato, o principal herbicida utilizado em Portugal, e em todo o mundo", afirma a associação de defesa do ambiente, em comunicado.

A Plataforma Transgénicos Fora, que inclui a Quercus, tem apelado a várias entidades, das autarquias aos agricultores, para que deixem de utilizar herbicidas, como o glifosato, para eliminar ervas daninhas em jardins e outros locais públicos, com o argumento de que são responsáveis por danos na saúde, podendo provocar cancro.

Em março, a plataforma repetiu a denuncia baseando-se nas conclusões da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro, que classificou o glifosato como agente cancerígeno provável e nos trabalhos de cientistas sobre as consequências do produto para o ambiente.

Na altura, a multinacional Monsanto, de agricultura e biotecnologia, principal alvo das acusações dos ambientalistas, garantiu que os herbicidas de glifosato no mercado "são seguros para a saúde humana", o que é comprovado por "um dos maiores bancos de dados científicos" sobre um produto agrícola.

Agora, a Quercus cita o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, que no editorial da revista da organização, refere-se aos efeitos de químicos na saúde e defende que, "para o glifosato, a conclusão é clara: este herbicida deveria ser suspenso em todo o mundo".

O bastonário salienta que "abundam os cancros de origem indeterminada, e parte decorre certamente da sociedade altamente industrializada e química em que vivemos", sendo o glifosato um exemplo, e "para os cancros que já podem ser evitados no presente, a inação governativa é inaceitável".

É que, para o responsável da Ordem dos Médicos, a iniciativa de agir nesta área "cabe ao Governo e à Direção Geral de Saúde".

A Quercus realçou que "os cancros podem ter origem nos pesticidas que são vendidos pelas empresas do ramo e aplicados indistintamente por entidades públicas que afirmam que a sua utilização e a sua existência nas ruas e nos produtos agrícolas não trazem problemas para a saúde das pessoas".

Para os ambientalistas, a agricultura biológica é um exemplo prático de que é possível produzir alimentos de qualidade sem o recurso a pesticidas de síntese que, sendo produzidos para matar uma grande diversidade de seres vivos, aniquilam muita da flora microbiana humana e entram na circulação sanguínea.

"A utilização do glifosato é particularmente grave nas Regiões Vitícolas, com especial destaque para a Região Demarcada do Douro", sendo a "região do país com maior consumo deste químico", denuncia a associação.

A Quercus lançou a Campanha contra Herbicidas em Espaços Públicos, na qual que desafia as autarquias a aderirem ao Manifesto "Autarquia Sem Glisofato", iniciativa que já conta com a adesão de vários municípios e freguesias que optaram por métodos diferentes dos químicos, como a monda manual e mecânica.

EA // SO

Lusa/Fim

PJ identificou 27 menores suspeitos de fogos florestais desde 2013


  Pedro Sales Dias   
19/08/2015 - 07:12
 
 

Menores representam 11% no total dos suspeitos, mas as motivações não diferem. Maioria dos casos está relacionada com limitações cognitivas e isolamento. Menores querem dar provas à sociedade de que existem, diz especialista.
 
  
Menores querem dar provas à sociedade de que existem, diz especialista Diogo Baptista 


Desde 2013, a Polícia Judiciária identificou 27 menores suspeitos de atearem incêndios florestais em todo o país, segundo os dados fornecidos ao PÚBLICO pelo Gabinete Permanente de Acompanhamento e Apoio que funciona na PJ de Coimbra que lidera o Plano Nacional para a Prevenção e Investigação de crime de incêndio florestal. De acordo com os números, que reportam apenas à actividade da Judiciária, a polícia à qual a lei atribui a competência exclusiva pela investigação de crimes dolosos, todos os identificados são rapazes. Em 2013 foram 12, em 2014 cinco e neste ano já foram dez. Estes números poderão, no entanto, ser superiores, já que a GNR e a PSP podem também identificar suspeitos. Porém, até à hora do fecho desta edição não foi possível obter esses dados.

Estão em causa menores de 16 anos que não podem ser criminalmente responsáveis, pelo que nessas situações os casos são comunicados ao Ministério Público para a instauração de um processo tutelar educativo em Tribunais de Família e Menores que pode acabar com o internamento dos jovens em centros educativos, os antigos reformatórios.

A realidade dos menores suspeitos da autoria dos incêndios não é tão expressiva quanto a dos suspeitos maiores de idade nesse período temporal. Os menores representam cerca de 11% no total dos suspeitos. A maioria dos identificados são adultos. Desde 2013, entre os adultos, foram constituídos 239 arguidos na sequência de investigações da PJ. E mesmo nesse campo há diferenças entre sexos. Os homens são 192 e as mulheres 20. A estatística permite identificar uma queda de arguidos entre 2013 (80) e 2014 (60). Em 2015, já foram constituídos 72 arguidos suspeitos de incêndio florestal. E do total de 239 arguidos, apenas 99 foram detidos.

Já na área da GNR, polícia que está mais presente nas áreas rurais, foram detidas, desde o início do ano, de 51 pessoas por causa de incêndios florestais, mais 20 do que em igual período do ano passado e identificadas 690, mais 308 do que em 2014. Em comunicado enviado esta terça-feira, a GNR destaca também o registo de mais de 16.296 ocorrências de incêndio florestal, mais 9.005 do que em 2014, o que representa um aumento de 123%.

As idades podem ser diferentes, mas o perfil e as motivações não divergem entre adultos e menores. "Porquê querer ver diferenças entre adultos e menores suspeitos de incêndios? O fascínio pelo fogo é partilhado por todas as faixas etárias e as motivações são as mesmas porque há um processo contínuo na análise e os adultos já foram menores. As motivações já existiam na maior parte das vezes", explicou ao PÚBLICO a psicóloga Cristina Soeiro coordenadora do Gabinete de Psicologia da Escola de Polícia Judiciária que se dedica ao estudo destes casos desde 1997.

Segundo a investigadora, 55% dos casos, tanto referentes a adultos como a menores, estão relacionados com problemas de saúde mental detectados nos suspeitos, nomeadamente limitações cognitivas. "Muitos fazem-no para manifestar a sua existência em contextos de isolamento social e de limitações na sua inserção social. A maioria dos casos é da autoria de uma só pessoa. Os comportamentos de grupo são a minoria e ocorrem mais vezes associados a vandalismo. Há também os que têm fascínio pelos bombeiros e também há casos de autismo", acrescenta. Em alguns casos, salienta a psicóloga, as situações reportam a menores pertencentes a famílias disfuncionais.

Também entre os menores, o modo de actuação é simples. Na maioria das vezes (80%) escolhem a chama directa. "Costumo brincar um pouco chamando a atenção de forma simples e pedindo para que as pessoas guardem os isqueiros BIC e os fósforos", aponta Cristina Soeiro.

Foi precisamente recorrendo a um isqueiro que encontrou que um rapaz de 11 anos terá ateado na semana passada um incêndio florestal na localidade de Silvares, Fundão, em Castelo Branco. Arderam 100 metros de mato junto a habitações.  

A situação ocorreu quando o menor, órfão de pai e que vive na Covilhã com a mãe, estava de férias na casa dos avós naquela localidade. Terá ido antes comprar cinco litros de gasolina a um posto de combustível próximo para uma máquina agrícola do avô, mas não os usou no incêndio.

O menor, que segundo a PJ terá uma pequena deficiência cognitiva, terá sido movido pela curiosidade. Já no final da semana passada, a PJ de Aveiro anunciou ter identificado um menor de 13 anos presumível autor de um crime de incêndio florestal no lugar de Cercosa, em Campia, concelho de Vouzela. E também então sublinhou não ser possível "determinar qualquer motivação racional ou explicação plausível para a prática dos factos em investigação".

Já em 2014, um dos casos que envolveu menores e ficou mais conhecido foi o de um rapaz com apenas 13 anos. Tornou-se suspeito de ter ateado sete incêndios que no Verão anterior consumiram centenas de hectares na Covilhã. Num deles, morreu um bombeiro de 41 anos cercado pelas chamas. O jovem saía de casa de madrugada e percorreria de bicicleta os montes da zona onde terá deflagrado os fogos. Depois alertava os bombeiros e ajudava-os a chegar ao local. Terá agido motivado por questões pessoais. A perda do pai, que morreu há cerca de um ano, terá "provocado sentimentos de revolta". "Sentiu-se perdido com o falecimento do pai", disse então ao PÚBLICO o coordenador da PJ da Guarda, José Monteiro.

Também terá querido vingar alegadas ameaças feitas por proprietários rurais aos seus familiares. Num caso, confrontado com ameaças à mãe de um homem que comprou a casa construída pelo pai. Noutro, face ao assédio sexual que outro homem fez à irmã de 16 anos. A resposta foi a mesma para os dois: ter-lhes-á incendiado os terrenos.

Esses fogos investigados pela PJ ocorreram entre Julho e Setembro de 2013. Alguns assumiram grandes dimensões, em especial dois, iniciados a 15 e 23 de Agosto, cujas chamas varreram no total 916 hectares de matos e florestas, ameaçando povoações.

O caso foi entregue ao Ministério Público e a PJ passou a vigiar o menor como forma de prevenção, medida que toma também em relação a vários outros casos. A PJ possui, aliás, uma base de dados com os casos estudados relativos a suspeitos de incêndios registados desde 1995. "No total são 498. Essa base é uma ferramenta de trabalho muito importante para traçar os perfis dos suspeitos e cruzar informação. Permite saber que o típico incendiário português é homem, de meia-idade, tem pouca escolaridade e problemas psiquiátricos. Permitiu também desmistificar o que se dizia há muitos anos sobre a maior parte dos incêndios resultarem de fogo posto. Apenas 20% o são", realça o director da PJ de Coimbra, Rui Almeida.

Comandante nacional diz que 90% dos fogos foram provocados pelo homem

11/8/2015, 16:51

O comandante operacional nacional de operações de socorro da proteção civil, José Manuel Moura, apelou aos portugueses para terem mais cuidado com o uso do fogo no verão.


ANTONIO JOSE/AFP/Getty Images


O comandante operacional nacional de operações de socorro da proteção civil, José Manuel Moura, apelou aos portugueses para terem mais cuidado com o uso do fogo no verão, alertando que 90 por cento dos incêndios são de origem humana.

"Há todos os dias algumas dezenas, centenas de pessoas que, de forma negligente ou descuidada ou por dolo, que colocam fogo na nossa floresta. E isto é um trabalho de todos", disse o comandante da Autoridade Nacional de Proteção Civil, em entrevista à agência Lusa.

José Manuel Moura adiantou que "90 por cento dos incêndios são de origem humana, seja doloso ou por descuido", sublinhando que muitos fogos "são por descuido".

Como exemplo, refere que o usar de maquinaria agrícola pode causar um incêndio.

"Nós temos uma prática do uso do fogo, dos nossos costumes que tem de ser muito repensada, tem de haver muitas ações de sensibilização junto das populações", afirmou.

Dados da ANPC indicam que perto de 40 por cento dos incêndios têm início durante à noite, o que José Manuel Moura considera ser "estranho", uma vez que, a essa hora, "não são de causa natural".

"Temos incêndios a começar à meia-noite, uma, duas, três e quatro da manhã. A todas as horas do dia há o início de ignições. É, de facto, francamente estranho", realçou.

José Manuel Moura considerou também que, "para o combate, era muito importante que todos os que têm apetências para terem ações criminosas no âmbito dos incêndios florestais sejam detidos".

Na semana passada, a GNR indicou que, até 06 de agosto deste ano, já foram detidas 48 pessoas pelo crime de incêndio florestal, mais nove do que em igual período de 2014.

Em declarações à Lusa, o comandante operacional nacional disse também que a "grande dificuldade" que o dispositivo de combate está a encontrar este ano é "a baixa de humidade dos combustíveis finos" (vegetação rasteira), permitindo que "os incêndios, logo na origem tenham uma velocidade de propagação tremenda".

"Em condições normais, a propagação de um incêndio dava tempo ao dispositivo de reagir e resolver mais cedo esses incêndios. Agora se não estamos logo em cima com meios, sejam meios aéreos ou terrestres, a possibilidade de nós o perdermos é grande, sobretudo se há simultaneidade", explicou.

"Havendo 10, 15, 20 grandes incêndios em simultâneo, é evidente que o dispositivo vai dispersando para conseguir chegar a todos, é claro que esta dispersão perde qualidade no combate", acrescentou, destacando a utilização "muito significativa" das máquinas de rasto, que este ano foram utilizadas perto 200 vezes.

Para o comandante, as máquinas de rastos "acabam por ser uma ferramenta muito interessante porque acabam por permitir a abertura de caminhos e de acessos para os operacionais poderem chegar às diferentes frentes de fogo".

Dez menores suspeitos de fogo posto em 2015

INCÊNDIOS
19/8/2015, 9:46

A PJ identificou, este ano, dez menores por suspeita de fogo posto - somando 27 casos desde 2013. Apesar do número de incêndios ter aumentado, a área ardida é 22% menor do que a média desta década.


JOSÉ COELHO/LUSA

São 27 casos desde 2013, 10 este ano. É este o número de menores, todos rapazes, que têm sido identificados por suspeita de fogo posto, um número expressivo mas, claro, reduzido face ao total: os menores representam cerca de 11% no total dos suspeitos, segundo os dados recolhidos pelo Público. Os dados são parciais – faltando ainda saber os da PSP e da GNR.

Os menores de 16 anos não podem ser criminalmente responsáveis, pelo que são apenas comunicados ao Ministério Público. Será precisamente o MP a decidir se abre um processo tutelar educativo em Tribunais de Família e Menores que levará, recorda o jornal, ao internamento dos jovens em centros educativos.

Desde 2013, entre os adultos, foram constituídos 239 arguidos por suspeita de incêndio florestal. Só 99 foram detidos.

Este ano, até meio de agosto, Portugal registou quase 13 mil fogos, mais do que a média da última década, mas com uma área ardida 22% abaixo da média desta década, segundo a Renascença, citando dados do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.

E, no entanto, há fogo posto…

FLORESTAS
Henrique Pereira dos Santos  Email
18/8/2015, 18:47

… só que não tem grande importância para a gestão dos fogos. É que a questão não está em saber por que razão começa um fogo, mas sim por que razão, em alguns dias, não se conseguem parar.

É verdade que o problema da gestão do fogo em Portugal é mais complicado que no resto do mundo, pelas mesmas razões de solo e clima que o tornam o maior produtor mundial de cortiça.

Por isso, a meio da primeira semana de Agosto escrevi algures que a manterem-se as previsões meteorológicas para o segundo fim de semana de Agosto, a conversa das condições meteorológicas excepcionalmente desfavoráveis a para a gestão do fogo, a que o dispositivo de combate ia dando resposta, seria substituída pela conversa dos incendiários.

Sem surpresa, a partir de 9 de Agosto, Domingo, e mais acentuadamente nos dias seguintes, lá apareceram nos jornais os incendiários.

Porque os jornalistas resolveram falar no assunto?

Não, de maneira nenhuma, apenas porque os jornalistas há anos que repetem acriticamente o discurso dominante sobre o assunto – dos responsáveis e a vox populi – sempre que as condições meteorológicas se tornam muito favoráveis para a propagação dos fogos. E também porque no fim de semana o vento virou a Leste, felizmente por pouco tempo e sem vento forte.

Não é um problema especificamente Português, nos recentes fogos na Califórnia lá emergem as figuras de suspeitos de fogo posto, no ano em que na Galiza houve quase dez dias de vento Leste, e consequentemente ardia por todo o lado, havia quem falasse em organizações terroristas, na Austrália, no Chile, seja onde for que os incêndios fiquem fora de controlo, o que acontece sempre que se verificam algumas condições meteorológicas extremas, lá vem o discurso do incendiário.

E, no entanto, está perfeitamente estabelecida a ligação entre o aumento de ignições e a existência de condições meteorológicas extremas.

E, no entanto, está perfeitamente estabelecido, para Portugal, que 80% da área ardida se concentra em 12 dias por ano (os tais das condições extremas, mas não medidas por este índice de severidade que agora serve aos responsáveis para dizer que as condições são mais difíceis que em 2003 ou 2005, numa leitura não sei se criativa ou se ignorante, sobre a forma como esse índice é calculado).

E, no entanto, está perfeitamente estabelecido que cerca de 40% das ignições registadas no sistema de registo da protecção civil são no período da noite, administrativamente estabelecido entre as 8 e a 20 horas, portanto deixando muito dia de fora, no Verão e sem que essa percentagem varie grande coisa com as condições atmosféricas (não confundir com ignições reais, o sistema só regista o que atinge dimensões mínimas para ser registado, não as milhares e milhares de ignições que existem em cada dia, pelas mais variadas e prosaicas razões, mas que não têm qualquer desenvolvimento posterior).

E, no entanto, está perfeitamente estabelecido que mais de 90% da área ardida resulta de menos de 1% das ignições, o que rapidamente permite concluir que reduzir fortemente as ignições pode não ter qualquer efeito na redução da área ardida.

E, no entanto, está perfeitamente estabelecida a falta de correlação entre os anos de maior número de ignições e os anos de maior área ardida.

E, no entanto, está perfeitamente estabelecida a correlação entre o maior número de ignições e a presença de mais gente, por isso o distrito do Porto e envolventes são os que concentram o maior número de ignições, e a correlação entre área ardida e a falta de gente e de gestão, por isso os distritos que mais ardem são aqueles em que se verificou maior abandono agrícola.

Se o actual jornalismo fizesse a cobertura do julgamento de Galileu, suspeito que faria umas reportagens muito interessantes.

Entrevistaria os julgadores e os responsáveis pelo processo, e depois sairiam para a rua a perguntar às pessoas comuns se era ou não verdade que o Sol andava à volta da Terra. Tal como sobre a origem dos fogos, qualquer pessoa apontaria para a evidência do Sol se levantar do lado das serras e se pôr do lado do mar para concluir que Galileu não tinha a menor razão no que dizia.

E, no entanto, ela mover-se-ia sempre, independentemente do que dissessem os jornais.

Movimento recorre ao tribunal para contestar indeferimento de tourada em Viana

Por Lusa Um movimento pró-tourada de Viana do Castelo revelou hoje ter avançado com uma providência cautelar para contestar o indeferimento municipal da instalação de uma praça amovível para uma corrida na cidade, no domingo. Em declarações à agência Lusa, o porta-voz do movimento de aficionados "Vianenses pela Liberdade", José Carlos Durães, adiantou que a ação deu entrada no Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga (TAFB) na segunda-feira, às 15:00. Na semana passada, a Câmara de Viana do Castelo indeferiu o pedido de instalação de uma arena amovível, na veiga Areosa, alegando "incumprimento" dos regimes da Reserva Ecológica Nacional (REN), da Reserva Agrícola Nacional (RAN), do Plano Diretor Municipal (PDM), da Rede Natura 2000 e do Plano Ordenamento Costeiro (POC), entre Caminha e Espinho.

Corridas de cavalos com apostas. Um cenário que pode chegar a Portugal "dentro de três anos"



17.08.2015 às 23h303

Previsões da Liga Portuguesa de Criadores e Proprietários de Cavalos de Corrida apontam para uma receita de cerca de 300 milhões de euros por ano e a criação de cerca de seis mil postos de trabalho

Lusa
LUSA

As corridas de cavalos com apostas poderão concretizar-se em Portugal dentro de dois ou três anos, depois de construídos hipódromos e criados equídeos para o efeito, revelou hoje o presidente da Liga Portuguesa do setor.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Liga Portuguesa de Criadores e Proprietários de Cavalos de Corrida (LPCPCC), Ricardo Carvalho, admitiu que as corridas com apostas podem ser uma realidade "dentro de dois, três anos", caso se concretizem os incentivos necessários.
Entre estes, apontou a necessidade de se avançar com as apostas com corridas realizadas no estrangeiro, de forma a ser criado um fundo para o desenvolvimento das competições em Portugal e para que sejam criados cavalos no nosso país enquanto são construídos os hipódromos.

Após o reconhecimento por parte do Governo da LPCPCC como entidade oficial organizadora das corridas de cavalos em Portugal com apostas hípicas, Ricardo Carvalho considerou que dentro de algum tempo, e depois de criadas as condições necessárias, o desenvolvimento desta atividade vai ser muito grande.

O responsável disse existirem atualmente em Portugal entre 200 a 250 cavalos de corrida, estimando que, quando os hipódromos estiverem em pleno funcionamento, a realidade será de cerca de 10 mil cavalos para se conseguir realizar competições cerca de três vezes por semana.
O mercado das corridas de cavalos objeto de apostas hípicas pode vir a gerar uma receita de cerca de 300 milhões de euros por ano, podendo levar à criação de cerca de seis mil postos de trabalho, segundo a Liga.

Ricardo Carvalho classificou as corridas como "uma grande indústria, que está a ser desaproveitada em Portugal", manifestando esperançado em que este novo impulso possa desenvolvê-la ao mesmo tempo que se desenvolverá a indústria agrícola que lhe está associada.
" A criação de cavalos vai trazer novos postos de emprego, com criadores, 'jockeys', veterinários.

Há toda uma máquina que funciona por detrás. Vamos fomentar que os cavalos sejam criados em Portugal para fomentar também o emprego de que o país tanto precisa", sublinhou.
Ricardo Carvalho explicou que, apesar de em Portugal existirem cavalos de raças nobres, como o Lusitano, não há cavalos de corrida e como tal, vai ter de se apostar no puro sangue inglês, tradicional cavalo de corrida.

Para já, o responsável defendeu que se devem começar a fazer apostas com corridas realizadas no estrangeiro, de forma a ser criado um fundo para o desenvolvimento das corridas em Portugal, para que sejam criados cavalos no nosso país enquanto são construídos os hipódromos.
A Liga Portuguesa de Criadores e Proprietários de Cavalos foi fundada em 1997 e é desde 1998 a única entidade, reconhecida pela tutela, como organizadora de corridas de cavalos em Portugal.

Agora, após uma portaria publicada em junho em Diário da República, ficou como responsável pelas corridas objeto de apostas hípicas.

Já a exploração das apostas hípicas foi atribuída à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, por decreto lei que data de fevereiro passado.

ACT alerta para riscos de trabalhar sob temperaturas extremas


Publicado a 14 AGO 15 às 20:52

A Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) considera um flagelo nacional os acidentes com máquinas e equipamentos na lavoura mas, nos meses de maior calor, repetem-se também os alertas sobre os riscos a que estão sujeitos todos aqueles que têm de trabalhar sob um sol escaldante.

Nestes meses de maior calor, a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) reconhece que aumentam os riscos para quem está na atividade agrícola e florestal.
Paulo Jorge Magalhães/Global Imagens
ACT alerta para riscos de trabalhar sob temperaturas extremas
Agricultura
Ouvido pela TSF, Carlos Montemor, director do centro da ACT de Portimão defende que a entidade empregadora está também obrigada a organizar as tarefas de modo a reduzir a exposição do trabalhador ao risco, por exemplo, às horas de maior calor.
São muitos os riscos que os trabalhadores agrícolas estão sujeitos, em especial no verão, quando as temperaturas são mais elevadas. Carlos Montemor lembra, no entanto, que são raros os acidentes mortais por insolação.
A ACT alerta para a necessidade do trabalho agrícola ser feito com roupa e óculos adequados, sem esquecer que, sobretudo durante o verão, é preciso beber água com frequência.

Portas escolhe adjunta de Cristas para Santarém como independente


  Sofia Rodrigues   
13/08/2015 - 11:29


Candidata é engenheira agrónoma.

O último nome a ser revelado das listas de candidatos a deputados da coligação PSD/CDS é Patrícia Fonseca de Oliveira, 43 anos, ligada à agricultura e actual adjunta da ministra Assunção Cristas. Foi a escolha de Paulo Portas para se candidatar como independente em quarto lugar pelo círculo de Santarém.

Com 20 anos de vida profissional ligada à agricultura e engenheira agrónoma de formação, Patrícia Fonseca de Oliveira foi secretária-geral da associação de agricultores do Ribatejo e fez parte do Conselho Consultivo da Confederação dos Agricultores de Portugal, é professora na Escola Superior Agrícola de Santarém, e assegura desde Novembro de 2014 no gabinete de Cristas a representação na comissão interministerial dos fundos do Portugal 2020.

Com esta indicação para um lugar elegível, Portas quer dar um sinal de valorização de agricultura aliado à escolha de uma mulher. A candidata junta-se a outras mulheres que estão em lugares de destaque nas listas: Assunção Cristas, Teresa Caeiro, Cecília Meireles, Vânia Dias da Silva, Ana Rita Bessa, Mariana Ribeiro Ferreira e Isabel Galriça Neto.

Patrícia Fonseca Oliveira vai em quarto lugar atrás de Duarte Marques, Nuno Serra e de Teresa Leal Coelho, a cabeça de lista. Em 2011, o CDS conseguiu novamente eleger (já o tinha conseguido em 2009) em Santarém Filipe Lobo D'Ávila que agora integra as listas de candidatos por Lisboa. 

Empresa faz fumeiro à moda antiga e dá trabalho a desempregos

Uma empresa de Arcos de Valdevez, que faz enchidos e fumeiro de "forma tradicional", com produtos locais, deu trabalho a trabalhadores, com "larga experiência" no sector, que se encontravam desempregados, disse hoje à Lusa o promotor.

Lusa
   
A fábrica de transformação de enchidos e fumeiro "Sabores do Vez", instalada no Parque Empresarial de Mogueiras, começou a laborar em julho com seis funcionários, num investimento de 550 mil euros, candidatado ao Plano Desenvolvimento Rural (PDR) 2020.

"A equipa com que avançamos é composta por seis pessoas sendo que cinco estavam desempregadas. São pessoas com largos anos de experiência na transformação de carnes que estavam sem emprego. Este projeto veio juntar o útil ao agradável", afirmou o proprietário Vasco Lima.

O agora empresário de 40 anos, com formação académica na área das Relações Internacionais explicou que a ideia de negócio surgiu "por acaso" quando se encontrava desempregado e a pensar emigrar para os EUA.

"Convenceram-me que o melhor seria ficar no meu país e desenvolver uma ideia de negócio. Eu e a minha mulher, que é médica veterinária começamos a pensar num negócio, e apesar de nenhum dos dois ter qualquer ligação a esta atividades decidimos apostar. A fábrica avançou com capitais próprios e sem qualquer financiamento", adiantou.

O casal, natural de Arcos de Valdevez, apresentou uma candidatura ao PDR2020, que acaba de ser aprovada, mas a fábrica já está a laborar desde julho, e vai ser inaugurada, no sábado, às 11:30, pela ministra da Agricultura, Assunção Cristas.

A marca está "a dar os primeiros passos no mercado nacional", mas o objetivo é alcançar "o mercado da saudade", chegando às prateleiras de países como França, Luxemburgo, Suíça e EUA.

Com capacidade para produzir 15 toneladas por mês dos 13 produtos que detém, a unidade possui "um processo de fabrico tradicional, respeitando o saber fazer local, com instalações e equipamentos modernos, para garantir a qualidade".

A visita de Assunção Cristas aquele concelho vai começar cerca das 10:30, no mercado municipal, onde a Câmara Municipal quer investir 500 mil euros na sua requalificação.

"Vou pedir ajuda à senhora ministra para nos ajudar, no âmbito do PDR 2020 a requalificar o espaço para dinamizar a atividade económica local", afirmou o autarca social-democrata João Esteves.

João Esteves espera poder lançar a obra a concurso público até final do ano, considerando que a requalificação do mercado municipal, inaugurado no final da década de 80, vai "reforçar a atratividade e competitividade do território".

"Pela sua localização, a requalificação do mercado é importantíssima para dinamizar a economia, incentivar ao empreendedorismo jovem, gerar emprego e rendimento, e ajudando a fixar população", frisou.

Preço do azeite é o mais alto em 10 anos por medo de escassez

Preço no varejo subiu em torno de 10% no mundo nos últimos 12 meses.

Menor oferta impulsiona alta e custo para temperar salada pode subir mais.


Alerta para os consumidores que cuidam da saúde: uma menor oferta está impulsionando alta dos preços mundiais do azeite de oliva para máximas de quase uma década e o custo de temperar uma salada pode subir mais devido às perspectivas de uma colheita escassa na Espanha, o principal produtor.

Os preços no atacado para o azeite de oliva virgem alcançaram € 4.099,52 por tonelada esta semana, uma escalada de mais de 60% ante um ano antes, segundo a Fundação para a Promoção e o Desenvolvimento dos Olivais.
Os preços no varejo subiram em torno de 10% em todo o mundo nos últimos doze meses, mostrou uma análise do Euromonitor. A seca danificou a produção espanhola no verão passado, que foi de 835 mil toneladas, menos da metade que a temporada anterior, de 1,78 milhão de toneladas.

Na Itália, que tradicionalmente tem sido o segundo produtor mundial, uma bactéria transmitida por insetos destruiu grandes áreas de oliveiras no sudeste do país e reduziu sua produção em mais de 50%, para 222 mil toneladas.

A produção global para a temporada 2014/15 caiu 29%, segundo números do Comitê Oleícola Internacional, o que ajudou a definir os preços de atacado do chamado "ouro líquido" em seu maior nível desde fevereiro de 2006.

Da engenharia à agricultura


Por: Cláudia Pinto 17/08/2015 - 10:14

Engenheiro de formação e agricultor de coração, Gonçalo Fabrício criou uma empresa ligada à terra. Produz melancias e melões de tamanhos mais pequenos do que o habitual. O objetivo? Evitar o desperdício e garantir o consumo rápido, mantendo assim o sabor.
Aos 47 anos decidiu que estava na altura de mudar de vida. Foi a ocasião certa: a formação e o percurso profissional como engenheiro civil não tinham apagado a paixão pela agricultura herdada por tradição familiar. Gonçalo Fabrício começou por idealizar um pequeno projeto: três hectares de terreno seriam, à partida, suficientes para pomares de nectarinas e ameixas (acabou por optar por outras culturas mais viáveis). Deixou Coimbra, onde vivia, e levou a família para Castelo Branco. Estávamos em 2011 e a paixão começou a ganhar forma.
Mas no ano seguinte, o primeiro de produção propriamente dita, Gonçalo percebeu que «teria de aumentar de escala». Precisava de mais hectares, se queria tornar a empresa sustentável. Concorreu a um concurso de jovens agricultores e foi contemplado com o aluguer das terras do Monte Rochão, no Ladoeiro, freguesia de Idanha-a-Nova. «Ficámos com 52 hectares e com um dos lotes que mais nos interessava por ter terra de excelente qualidade e boas condições de clima para a produção de hortícolas. Esta terra tem potencialidades únicas. É um dos regadios mais antigos do país e as infraestruturas estão feitas. Basta utilizar.»
Gonçalo dedica-se à produção de melancia, meloa, melão e beringelas e o negócio anda ao sabor do tempo. «É uma verdadeira lotaria. Lidamos diariamente com fatores que não conseguimos controlar e não existem dois anos iguais.» É uma luta incessante e quando as chuvas da primavera chegam sem avisar e em exagero, como aconteceu no ano anterior e no corrente, perdem-se culturas, atrasam-se outras e o risco aumenta. E se antigamente o famoso Borda d'Água facilitava o processo, hoje a imprevisibilidade meteorológica contribui para a instabilidade da produção. «Podemos contar ter as primeiras melancias no final de maio mas perdermos tudo e entrarmos em absoluto prejuízo se tivermos muita chuva. Por outro lado, o tempo pode ajudar e correr tudo bem para que a produtividade seja ótima.»
Gonçalo e a equipa – nove colaboradores no total e cinco contratados no verão, época de maior trabalho – têm feito produção integrada. «Tentamos usar o máximo possível as técnicas de agricultura biológica, por uma questão de sustentabilidade. E temos várias culturas e diversos canais de distribuição.» A consolidação do mercado nacional é já uma realidade, com a entrada em grandes superfícies. E em 2017 espera começar a exportar.
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A aposta da Fabrício Fresh está nos formatos e variedades «mais interessantes para o mercado». Gonçalo acredita que isso é uma mais-valia, pois vai ao encontro dos gostos e das necessidades dos clientes. «Produzimos melões com um a dois quilos e melancias mais pequenas do que o habitual. A nossa preocupação passa por não haver desperdícios de fruta em qualquer parte da cadeia.» Além de garantir facilidade de transporte e armazenamento, desta forma o consumo da fruta é mais rápido, o que garante a manutenção do sabor e as propriedades.
«Já temos duas lojas em Castelo Branco a que recorremos para testar produtos e tendências, e neste momento são elas que nos contactam a solicitar a nossa fruta e os nossos legumes.» É também necessário passar a informação mais correta aos retalhistas e grossistas de forma a ser interiorizada. «Não existe melão deste tamanho noutra parte do país e apesar de ter começado com uma área muito pequena, já conto com toneladas de produção.» O peso e o tamanho dos frutos são controlados graças à utilização de sementes de outras variedades.
Não se perdeu um engenheiro civil e ganhou- se um agricultor. Gonçalo Fabrício trabalhou em direção de produção e o know how que adquiriu é essencial para aplicar no negócio. «Uso os mesmos métodos e diagramas, e o facto de vir de outra área dá-me a vantagem de olhar para esta atividade empresarial sem ideias preconcebidas. É relativamente fácil integrar novas visões de produção e tecnologias ao setor.» É por esse motivo que tem tentado influenciar alguns agricultores ao mostrar-lhes «como podem gastar dinheiro garantindo os ecossistemas. Se fizerem tratamentos intensivos a determinadas pragas, vão matar não só essas pragas como outros bichos que andam ali à volta, o que vai desequilibrar a cadeia alimentar e exigir novos tratamentos e mais custos». Esta postura faz que ainda não tenha sido necessário utilizar nenhum fitofármaco no ano corrente na sua cadeia alimentar.
Por ter uma grande necessidade de formação na área, Gonçalo concorreu à primeira edição da Academia do Centro de Frutologia Compal. «O desenho que a Academia tinha ao colocar jovens produtores sem grande experiência em contacto com outros que já têm muito conhecimento e projetos de sucesso, como com cadeias de distribuição e com setores diversificados, tornou-se muito motivante.» Dos ensinamentos que recebeu, começou a conseguir «eliminar riscos e entrar num patamar com maior probabilidade de ser bem sucedido». Após o período formativo, o seu projeto foi um dos que mais se destacaram, tendo-lhe sido atribuída uma bolsa de vinte mil euros que permitiu aumentar o espaço para pomares e, assim, adaptar as culturas à zona do Ladoeiro – «que tem caraterísticas únicas para produção de hortícolas e frutícolas».
A Academia foi também importante, em grande parte, para lhe dar maior noção dos riscos. Gonçalo entra nos projetos a cem por cento e nem sempre tem noção do que vai encontrar, admite. «Mas é compensador ver as ideias a avançarem e a serem reconhecidas. Há muito a fazer, mas há que vencer a inércia de algumas pessoas e mercados. Não pretendo mudar o mundo. Mas torná-lo um pouco melhor, sim.»
NÚMEROS QUE MARCAM
Em 2013, a empresa de Gonçalo Fabrício produziu trinta toneladas de beringela por hectare. No ano passado passou para 68 toneladas por hectare. Também na cultura da melancia os números são reveladores: cinquenta toneladas por hectare em 2012, 92 toneladas em 2014. No que diz respeito à produtividade global anual, foi muito pequena em 2012 – apenas 50 toneladas de fruta e legumes (melancia, melão, beringela e pimento). Mas no ano seguinte passou para 270 toneladas. Em 2014 chegou às 670 toneladas e as expetativas para este ano estão nas 1200 toneladas.

Agricultores franceses vão invadir Paris no próximo dia 3 de Setembro

Agosto 19
11:05
2015

A Fédération Nationale des Syndicats d'Exploitants Agricoles está a preparar uma mega manifestação de agricultores em Paris para o dia 3 de Setembro.

São esperadas centenas de tractores e muitos milhares de agricultores, que vão invadir a cidade luz.

A convocação atinge todos os sectores agrícolas e não só os que estão em maiores dificuldades, como o do leite, da carne de porco e de bovino e as frutas e legumes.

O sector dos cereais também está a sentir uma baixa considerável de preço nos últimos dias.

A contestação é feita, não só ao governo francês, mas também a Bruxelas, sendo exigidas medidas urgentes para apoio ao sector agrícola.

Um dos pontos de reivindicação prende-se com o embargo russo, com a exigência de que Bruxelas tome posição clara para negociar com os russos.

O ponto mais delicado prende-se com a legislação laboral, que os franceses consideram um forte elemento de distorção do mercado comunitário.

Assim, enquanto os empresários agrícolas franceses têm de pagar elevadas contribuições para ter um assalariado, os responsáveis agrícolas apontam o dedo a outros países, como a Alemanha e a Espanha, que acusam de utilizarem mão-de-obra sazonal de países de Leste e do Norte de África a preços por hora muito baixos, o que faz baixar os custos de produção dos produtos agrícolas.

Esta contestação ao nível da legislação laboral pode vir a tomar dimensões imprevisíveis ao nível de negociações em Bruxelas.


Vinhas históricas


Por Rui Falcão 

 21.08.2015  

Seguimos pelo mês de Agosto, a época do ano que a maioria dos portugueses reserva para o período de férias, o que me impele a continuar a abordar temas mais ligeiros, pequenas e grandes histórias sobre o mundo do vinho, que é igualmente um mundo pejado de preconceitos e certezas absolutas, um mundo que gosta de preservar as suas histórias independentemente de as mesmas poderem apresentar qualquer fundamento… ou não. 

 
Um desses muitos preconceitos garante que a história do vinho é reserva moral, patrimonial e espiritual dos países produtores europeus tradicionais, uma espécie de privilégio reservado ao velho continente, que segundo a lógica europeia seria dono e senhor de todas as tradições relevantes. Os países do novo mundo, dos restantes continentes, seriam por isso países sem tradição e sem passado vínico, países que teriam começado a produzir vinho há pouco mais de meia dúzia de anos. Tal como é apanágio dos mitos, também este é facilmente contrariado pela realidade e pelos factos.

Sim, é mais que evidente que as vinhas, as castas e a tradição enológica chegaram aos países do novo mundo com a colonização europeia, Ásia menor excluída. Mas, curiosamente, muitas das vinhas mais velhas ainda em produção encontram-se precisamente fora da Europa, nas antigas colónias da Europa imperial. Pensa-se que a vinha norte-americana mais antiga estará estabelecida na Califórnia, em Amador County, datando de 1850, ano em que terá sido plantada.

Mas as vinhas mais velhas ainda em produção, tirando casos muito pontuais nos pouquíssimos lugares onde a filoxera não conseguiu aniquilar as vinhas europeias, estão na Austrália. Entre elas merecem referência as vinhas Syrah de Château Tahbilk, vinhas que datam do distante ano de 1860. Ainda mais antiga é a vinha da Hewitson, da casta Mourvèdre, uma vinha situada em Barossa que terá sido plantada em 1853 e que ainda segue alegremente em produção. Mas as vinhas mais velhas da Austrália situam-se em Tanuda Creek, também em Barossa Valley, e pertencem ao famoso produtor Turkey Flat, uma vinha de Syrah que foi plantada em 1847.

A Europa perdeu infelizmente a maioria das vinhas muito velhas quando a praga da filoxera cá chegou, vinda do continente norte-americano. O que não significa que não existam vinhas históricas na Europa. Claro que se faz vinho na Europa há milhares de anos. Claro que o vinho foi influenciado e influenciou muitas das civilizações europeias, sobretudo aquelas que se situam mais a sul do velho continente.

Na verdade, o vinho influenciou mesmo aquela que é a religião dominante em muitos dos continentes, a religião cristã, tornando-se no centro da sacralização da celebração eucarística. O império romano foi um dos grandes difusores e inovadores na vinha e na enologia. Não sabemos com segurança como seriam os vinhos da época, mas sabemos que os habitantes de Pompeia eram entusiastas dos mistérios do vinho, como o atestam as reinas e os inúmeros frescos temáticos preservados sob os escombros da grande erupção do Vesúvio.

As escavações arqueológicas levadas a cabo na cidade ao longo das últimas décadas desvendaram a existência de cinco vinhas plantadas dentro dos limites da cidade. E foi precisamente uma dessas vinhas que foi recuperada e replantada com a ajuda da família Mastroberardino, um produtor clássico e histórico da região da Campania que há muito se celebrizou não só pelos seus vinhos como pela defesa intransigente dos valores da região.

Sem a tenacidade e o empenho pessoal de Antonio Mastroberardino em recriar as vinhas de Pompeia seria muito provável que já se tivessem perdido as castas antigas de origem grega que eram tradicionalmente usadas na região, variedades como o Aglianico, Greco di Tufo e Fiano d'Avellino, castas que entretanto voltaram a ganhar popularidade e notoriedade face à evidência qualitativa que demonstraram nesta vinha.

A vinha foi plantada utilizando as técnicas, compasso e formas de condução usadas há mais de dois mil anos segundo as inscrições nos frescos e os manuais de viticultura escritos por figuras como Plínio e Columella, autor de um tratado de agronomia e viticultura que é geralmente considerado como o documento técnico de viticultura mais antigo do mundo. Seguindo as indicações pormenorizadas por estes dois autores clássicos foram seleccionadas exactamente as mesmas castas do passado, recuperando variedades esquecidas como o Piedirosso e o Sciascinoso.

Foi seguida a densidade recomendada, oito mil plantas por hectares, amarradas a estacas de castanheiro e plantadas no mesmo local onde existiu uma das vinhas originais. O vinho continua em produção e todos os anos se enchem cerca de um milhar e meio de garrafas deste projecto histórico que permitiu recuperar variedades que muito provavelmente já teriam desaparecido do mapa.

Apesar de Mastroberardino seguir à letra a maioria das tradições e técnicas descritas nos tratados de Plínio e Columella… decidiu saltar algumas das receitas enológicas indicadas. Sim, o vinho continua a ser fermentado em ânforas de barro enterradas no solo, sofre macerações muito prolongadas, envelhecimento igualmente prolongado e não é filtrado antes de ser engarrafado.

Mas Mastroberardino preferiu descartar a sugestão de acrescentar ratos ou as suas cinzas ao mosto, tal como decidiu afastar a ideia de temperar o vinho com ervas aromáticas e outras especiarias para acrescentar sabor. Da mesma forma decidiram não revestir as talhas com resina, como faziam os romanos, já que o resultado adulterava o sabor do vinho para algo demasiado aproximado aos vinhos gregos conhecidos como Retsina.

O vinho "moderno", chamado Villa dei Misteri, é um vinho tinto opaco, duro, austero, especiado, taninoso e intenso que poderia facilmente ter sido guardado na adega durante mais um bom par de anos. Uma parte significativa da muito limitada produção é vendida em leilão com as verbas a serem reservadas para a renovação da vinha e restauro de Pompeia.


“OECD-FAO Agricultural Outlook 2015-2024”

Publicado em quinta, 20 agosto 2015 11:32
 

Relatório publicado em Julho de 2015

Este Relatório fornece uma avaliação anual das perspetivas para a próxima década dos mercados nacionais, regionais e mundiais de bens agrícolas, com base nas condições macroeconómicas, nas definições de Política Agrícola e Comercial, nas condições climatéricas, nas tendências de produtividade a longo prazo, bem como a evolução do mercado internacional.

As projeções de produção, consumo, stoks, comércio e preços para os diferentes produtos agrícolas analisadas neste relatório abrangem os anos de 2015 a 2024.

A evolução dos mercados durante este período utiliza taxas de crescimento anuais ou alterações percentuais para o de final de ano 2024 em comparação com o período de referência de 2012-14.

Aceder ao Relatório (pdf): http://www.fao.org/3/a-i4738e.pdf

O Vinho rosé em Portugal

O mercado de tratores agrícolas

20-08-2015


No mês de julho de 2015 foram matriculados 360 tratores agrícolas novos, o que significa um acréscimo de 2 por cento, face ao mesmo mês do ano anterior. Por tipo de tratores, foram matriculados 165 tratores convencionais, 120 tratores compactos e 75 tratores especiais (fruteiros e vinhateiros) o que significa uma variação homóloga de mais 10 por cento, de menos 6,3 por cento e uma estabilização do mercado, respetivamente.

Em termos de valores acumulados nos primeiros sete meses de 2015 foram matriculados um total de 2.754 tratores novos o que representa um decréscimo do mercado de 0,4 por cento, relativamente ao mesmo período do ano anterior, o qual foi determinado pela queda de 3,4 por cento e de 3,3 por cento das matrículas de tratores convencionais e de compactos, respetivamente. No período em análise, as matrículas de tratores especiais registaram um acréscimo de 13,4 por cento.

Quanto à distribuição do mercado de tratores novos por classes de potência nos primeiros sete meses do ano, os escalões que vão dos 40 aos 88kw representaram 46,7 por cento do total das matrículas, os escalões até aos 39kw representaram 44,3 por cento e os escalões com mais de 88kw representaram 9 por cento.
A potência média dos tratores novos vendidos em Portugal situa-se nos 52Kw.


Tribunal tira sinos às vacas por incomodarem vizinhos


12/08/2015
Um tribunal de Recurso de Zurique, na Suíça, obrigou um fazendeiro a retirar durante a noite os sinos dos pescoços das suas 27 vacas leiteiras para não incomodarem os vizinhos.
 

DARREN STAPLES/REUTERSO tribunal decidiu que o fazendeiro deve remover os sinos das vacas entre as 22 horas e as 7 horas


A decisão anunciada no início de agosto confirma a ordem já dada ao fazendeiro, depois de uma queixa apresentada pela população de uma pequena comuna ao pé de Zurique exasperada por não conseguir dormir à noite nos últimos quatro anos por causa dos sinos.

O tribunal decidiu que o fazendeiro deve remover os sinos das vacas entre as 22 horas e as 7 horas.

"Mesmo a 80 metros, a fonte de poluição do ruído é muito alta", referiu o tribunal, acrescentando que a utilização dos sinos é inútil, porque as vacas pastam num prado com cerca.

O criador ainda pode recorrer da decisão para o Supremo Tribunal.

ASAE apreende toneladas de 'kebabs' depois de intoxicações



12.08.2015 às 23h270


Fiscalização em dois armazéns, um em Loulé e outro no Montijo., resultou na apreensão de 7,5 toneladas de produtos alimentares. Operação surge na sequência de múltiplas intoxicações alimentares por visitantes do Street Food Festival
Lusa
LUSA
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) anunciou esta quarta-feia ter efetuado a apreensão de 7,5 toneladas de produtos alimentares, na maioria 'kebabs', no Montijo e em Loulé, na sequência de intoxicações alimentares em Portimão.

Em comunicado, a ASAE revelou que as diligências foram desenvolvidas ao longo da última semana "na sequência da intoxicação alimentar ocorrida na passada semana no evento 'Street Food' em Portimão" e tiveram por objetivo "apurar a origem e condições de funcionamento dos respetivos fornecedores daqueles géneros alimentícios".

Desta forma, foram fiscalizados dois operadores de armazéns no Montijo e em Loulé, onde foram apreendidas as 7,5 toneladas de "produtos alimentares avariados", levando à "instauração do correspondente processo-crime".

A ASAE apreendeu também outros bens, num valor total acima de 27 mil euros.

A atividade do armazém localizado no Montijo foi suspensa, por "falta de requisitos de higiene".

"A ASAE continuará a proceder às diligências consideradas necessárias para o apuramento da situação ocorrida, por forma a salvaguardar a saúde e segurança dos consumidores tendo presente que o consumo deste tipo de produtos é bastante elevado, em especial nesta época do ano, por tratar-se de produtos muito populares nos festivais de verão e festas tradicionais", acrescentou aquela autoridade.

No começo do mês foram denunciadas múltiplas intoxicações alimentares em Portimão por visitantes do 'Street Food' Festival que decorreu naquela localidade.

No Facebook do evento, a organização lamentou o sucedido e referiu que "a delegação de saúde de Portimão foi chamada a intervir e a recolher análises ao produto", que estaria "em perfeitas condições de conservação e de forma a ser servido, o que leva a crer que se [tratava] de uma bactéria numa parte específica do leitão".

De acordo com a mesma fonte, a carne em causa viria a ser destruída posteriormente pelo proprietário do espaço.

Estado deve milhões a empresas que destroem cadáveres de animais


     
14/08/2015 08:47 671 Visitas   

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Estado deve milhões a empresas que destroem cadáveres de animais


O Estado deve seis milhões de euros às empresas que diariamente recolhem, transportam e destroem 1.150 cadáveres de animais, que estão com grandes dificuldades em assegurar este serviço, considerado imprescindível para a segurança alimentar.

A dívida foi confirmada à agência Lusa pelas duas empresas em questão (ITS e Luís Leal & Filhos), que fazem parte do consórcio criado pelo Estado para pôr em prática o Sistema de Recolha de Cadáveres de Animais Mortos na Exploração (SIRCA), enquanto o Ministério da Agricultura assumiu "alguns atrasos nos pagamentos".

Este sistema foi criado na altura da crise da doença das "vacas loucas" para "a recolha dos animais, em tempo útil, e permite efetuar a despistagem obrigatória de eventuais encefalopatias espongiformes transmissíveis (BSE)".

Desde janeiro que as duas empresas não estão a ser ressarcidas, o que lhes coloca dificuldades para assegurar um serviço dispendioso, disseram à Lusa fontes empresariais.

A situação está a preocupar o grupo dos resíduos da Quercus, para quem o SIRCA - uma das suas reivindicações - garante "um alto controlo sanitário dos animais mortos em explorações, nomeadamente através da recolha, transporte, colheita de amostras para laboratório e tratamento/destruição".

De acordo com esta associação, em 2014 foram recolhidos 415 mil animais (27.500 toneladas). Já este ano, a média de recolha é de 1.150 animais/dia, ou seja, 75 toneladas diárias.

"Este controlo apertado permitiu a Portugal sair de uma situação de total descontrolo em relação a doenças transmitidas de animais para o homem - no caso da chamada BSE chegou a ter o pior desempenho na Europa - para uma situação de estatuto mínimo, a partir de 2013".

Segundo a Quercus, se Portugal mantiver este controlo quatro anos consecutivos "considera-se que houve erradicação das doenças".

A associação explica que, "quando os suínos morrem nas explorações, são armazenados temporariamente em sistemas de refrigeração" e que "a recolha nunca demora mais do que três dias".

"No caso dos ruminantes - bovinos, ovinos, caprinos, equinos -, a recolha é tipo "táxi", pois existe um "call center" para os donos solicitarem a recolha imediata. No máximo, o serviço é realizado até 48 horas depois do pedido", explicou a associação.

A Quercus sublinha que, nos ruminantes, é ainda "recolhida uma amostra do tronco encefálico, a qual é posteriormente enviada para análise no Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária para despiste de doenças".

Dados da associação indicam que este sistema é pago através da cobrança de uma taxa aos estabelecimentos de abate.

"O dinheiro à partida existe especificamente para o sistema montado", refere a Quercus.

Esta dívida, prossegue, "está a tornar insustentável todo o sistema que é naturalmente muito custoso, como qualquer sistema que obriga a um elevado controlo e, neste caso, associado a transportes diários capilares, nomeadamente a locais de difícil acesso, uma vez que a recolha é realizada onde o animal morre, mesmo que seja no meio de uma serra".

A associação está contra uma eventual paragem do sistema de recolha, não querendo sequer acreditar que tal seja possível.

"É intolerável esta situação de falta de pagamento, que vai já em sete meses, quando o Estado recebe antecipadamente, através das taxas de abate, as verbas para pagar o serviço", adianta.

Para a Quercus, existe "um risco elevadíssimo para o ambiente e saúde pública" se se registar "o abandono abrupto, por falta de verbas, do presente sistema de recolha".

"Se os animais deixarem de ser recolhidos nas explorações, e consequentemente deixar de existir controlo, é a própria segurança alimentar que está em causa, pois não há nada que impeça que essas carcaças sejam introduzidas na alimentação humana, através de canais ilegais de distribuição de carne".

Fonte oficial do Ministério da Agricultura e do Mar confirmou à Lusa que, "nos últimos meses, fruto do mecanismo de financiamento, têm de facto existido alguns atrasos nos pagamentos, que têm vindo a ser feitos em valores mais reduzidos".

O ministério prevê que os pagamentos venham "a ser acelerados já no próximo mês de setembro".

Sobre o risco deste serviço parar, a mesma fonte sublinhou que "as empresas do Consórcio são profissionais que executam este serviço há alguns anos, pelo que não se coloca certamente em questão a suspensão deste serviço".

Lusa/SOL

A família alemã que está a reinventar o vinho alentejano

HISTÓRIAS DE AGOSTO
por Leonídio Paulo Ferreira16 agosto 2015Comentar

Dorina Lindemann, com a cadela Cloe ao colo, e rodeada pelas filhas Júlia e Luísa. A antiga Quinta do Vinagre, junto a Montemor-o-Novo, foi rebatizada pela família alemã de Quinta de São Jorge (como Jorge Böhm, o patriarca) e tem hoje 110 hectares, 85 dos quais de vinha.  Inovadora, Dorina usa castas do Norte de Portugal para produzir vinhos alentejanos, conseguindo exportar 90% da produção. Um caso de sucesso
Dorina Lindemann, com a cadela Cloe ao colo, e rodeada pelas filhas Júlia e Luísa. A antiga Quinta do Vinagre, junto a Montemor-o-Novo, foi rebatizada pela família alemã de Quinta de São Jorge (como Jorge Böhm, o patriarca) e tem hoje 110 hectares, 85 dos quais de vinha. Inovadora, Dorina usa castas do Norte de Portugal para produzir vinhos alentejanos, conseguindo exportar 90% da produção. Um caso de sucesso Fotografia © Diana Quintela / Global Imagens
Tudo começa em 1961 com um jovem alemão que naufraga em Portugal e se apaixona pelo país. Herdeiro de uma empresa centenária dedicada ao negócios de vinhos, Jorge Böhm torna-se um especialista em castas portuguesas e passa o amor pelas vinhas à filha Dorina Lindemann. Esta e as filhas Júlia e Luísa são hoje famosas em Montemor-o-Novo.
Dorina caminha ágil por entre as vinhas carregadas de cachos, procurando que os pés não tropecem nem nos torrões de terra nem na pequena Cleo, a única das três cadelas da família Lindemann que escapou a ter nome de casta. As outras são a Barroca, bem maior do que a Cleo e que já deu um ar da sua graça nesta manhã, e a Touriga, "que está no veterinário", explica a alemã que produz vinhos em Montemor-o-Novo há duas décadas e é apaixonada por Portugal desde criança, quando vinha passar férias com os pais e o irmão. "Numa casa em Colares, que ainda lá está, mas já não é nossa", sublinha.
Aqui é preciso um parêntesis: Dorina Lindemman é filha de Jorge (nascido Hans Jörg) Böhm, que naufragou em Cascais em 1961 quando tentava fazer uma volta ao mundo. Ficou mais tempo do que era preciso para tentar reparar o veleiro, e a partir daí, com um pé em Portugal e outro na Alemanha, até os dois assentarem mesmo por cá, foi-se interessando por tudo que tinha que ver com as vinhas e o vinho português; e a ponto de se ter tornado um reputado especialista.
"O meu pai sabe tudo, mas mesmo tudo, sobre as castas portuguesas", afirma Dorina. Se fosse preciso certificação de que não se trata só de orgulho filial, aí está O Grande Livro das Castas, com a primeira edição em 2007, e a comenda da Ordem de Mérito Agrícola concedida em 2006 pelo presidente Jorge Sampaio. A Böhm foi também dada a nacionalidade portuguesa.
Economista e enólogo, Jorge Böhm tem 77 anos e desde os 23 está ligado a Portugal. Destacou-se por selecionar e catalogar as castas de vinho portuguesas
Economista e enólogo, Jorge Böhm tem 77 anos e desde os 23 está ligado a Portugal. Destacou-se por selecionar e catalogar as castas de vinho portuguesas
As ruínas do Castelo de Montemor-o-Novo avistam-se não muito longe, como se fossem o pano de fundo ideal para um terreno cheio de vinhas quase prontas a ser vindimadas. Afinal, a Quinta de São Jorge (como Böhm) fica a meia dúzia de quilómetros da cidade alentejana, onde toda a gente fala dos "alemães dos vinhos" e ainda mais dos "vinhos dos alemães".
Hoje quem manda naquelas terras, "que chegaram a chamar-se Quinta do Vinagre, mas logo lhe mudámos o nome, claro", é Dorina, de 49 anos, mãe de duas filhas, que teve de arregaçar as mangas (e muito) para salvar a empresa Quinta da Plansel quando o marido, morreu, pois as dívidas acumulavam-se. Renegociou com os bancos e conseguiu um sócio, Karl Heinz Stock, também um alemão apaixonado por Portugal, e que mesmo dono de 50% dá carta-branca a Dorina no negócio dos vinhos. Nos últimos anos "as coisas têm corrido bastante melhor", com projetos para alargar a quinta, que tem 110 hectares, 85 de vinha." Solo bom. Pesado. Vigoroso. Por baixo com granitos e xisto", garante a alemã a quem, desconhecedor dos segredos da agricultura, só vislumbra terra vermelha.
Dorina pede a uma das filhas que segure Cloe. São duas, altas, elegantes e loiras como a mãe. Júlia tem 21 anos, Luísa 19. Fizeram a escola toda em Montemor-o-Novo e falam um português impecável, "ao contrário de mim, que nunca perdi o sotaque alemão", diz por entre risos a matriarca. Ambas sempre viveram em Portugal, tendo nascido depois de a mãe e o pai terem decidido fixar-se no Alentejo, onde o avô Jorge criara os viveiros Plansel - Plantas Selecionadas, aos quais ainda hoje dedica toda a atenção e são um dos segredos do sucesso da Quinta de São Jorge (a que os montemorenses mais velhos chamam "quinta do alemão") e dos vinhos da família.
"O segredo da diferenciação dos nossos vinhos reside, em grande parte, na capacidade de termos encontrado as castas indicadas a serem trabalhadas nesta região com condições climáticas tão especiais. Nós trabalhamos muito com as castas do Norte e somos inclusive os únicos no Alentejo a trabalhar com a Tinta Barroca. Todos os nossos vinhos têm um traço feminino, suave, redondo. Isto resulta do nosso terroir único ", explica Dorina, que além de empresária é enóloga.
E acrescenta: "Aqui, em Montemor-o-Novo, devido à vizinha serra de Monfurado e a alguma influência marítima, existe um microclima específico, com uma maior precipitação e temperaturas ligeiramente mais amenas. Isso permite que as uvas se desenvolvam mais refinadas e aromáticas e confere excelentes características aos nossos vinhos."
Fiel à tradição familiar (que vem desde o século XIX, com antepassados a terem uma empresa de importação de vinhos), Luísa prepara-se também para ser enóloga. Esteve já na Alemanha a fazer um estágio de seis meses, dentro de dias volta a partir, vai tirar o curso na Universidade de Geisenheim.
De calças de ganga e T-shirt preta (como a mãe e a irmã, mas estas com o logótipo da empresa), Luísa caminha por entre as vinhas com a segurança de quem está habituada a lidar com o campo. "O interesse surge por volta dos 15 anos quando comecei a ajudar na adega, principalmente no tempo da vindima. Intensificou-se ainda mais após fazer o estágio numa adega, na Alemanha, onde adquiri novos conhecimentos sobre o mundo dos vinhos. Tudo isto aliado ao sonho de querer seguir os passos de uma mulher da qual muito me orgulho, a minha mãe, que fez que eu quisesse seguir este caminho da enologia", diz. E Júlia, que vai começar em setembro, em Lisboa, o segundo ano da licenciatura em Marketing, na Universidade Europeia, também está dentro do espírito: "Desde pequena que estou habituada a estar envolvida na adega, e como o marketing se revelou uma paixão, pensei em aliar estas duas vertentes da minha vida."
Dorina Lindemann, na adega 
Dorina Lindemann, na adega Fotografia © Diana Quintela / Global Imagens
Dorina não esconde o orgulho nas filhas, com quem partilha evidente camaradagem. E até deu o nome de ambas a vinhos. O Luísa Lindemann é um frisante; o Júlia Lindemann, um tinto. E como é a sensação de se dar nome a um vinho? "É uma grande honra! E é ainda mais por saber que é um vinho com uma excelente aceitação no mercado nacional como no internacional", responde Luísa. "A primeira vez que soube que iria ter um vinho com o meu nome foi uma surpresa. Senti-me muito feliz e honrada por a minha mãe me ter feito esta homenagem, ainda para mais porque durante a época de vindima participei no processo de fermentação em barrica, sem saber que aquele iria ser o meu vinho", diz Júlia.
Estacionado o pequeno jipe que usa para percorrer a quinta (um Volkswagen, que isto da fidelidade à tecnologia alemã não se perde mesmo após muitos anos fora), Dorina mostra a adega e depois a casa da família, onde uma sala enorme serve de galeria para a coleção de pintura que ao longo dos anos Jorge Böhm tem adquirido. Com marcação, a família organiza também jantares na quinta (com direito a ver as obras de arte) e há ideias para avançar com um turismo rural. A Quinta de São Jorge até tem uma velha capela, dedicada a Santa Margarida. Está bem conservada, com linhas azuis a pontuar o branco da cal, e o segredo, sublinha Dorina, "é que é do padre, mas nós pintamos e cuidamos dela".
É numa mesa de madeira cá fora, mas à sombra pois no Alentejo o verão chega a ser de 40 graus, que a conversa continua. Conta Dorina que da produção anual de 350 mil a 400 mil garrafas, "uns 90% destinam-se à exportação". Vende para o Brasil, também para a China, mas especialmente para a Alemanha, onde é uma grande embaixadora dos vinhos portugueses. "Vou a feiras, faço palestras, e não falo só dos meus vinhos. Falo dos vinhos portugueses, de como temos a melhor variedade de uva, o melhor solo, castas únicas, de paladar único", relata com entusiasmo Dorina. E sobre as suas três castas de eleição, não poupa os elogios: "A Touriga Nacional é as duas faces de Portugal. A feminilidade: beleza e floral. A masculinidade: complexo e sedutor. É uma casta real, elegante e harmoniosa. A Touriga Franca é o machão cowboy português. Repleto com frutos vermelhos e taninos aveludados é poderosa, masculina e selvagem. Já a Tinta Barroca é Rubens: encorpado, doce, feminina, sensual, frutado."
O resultado (que começou a nascer em 1997 com a ajuda da Universidade de Évora e do enólogo Paulo Laureano) são os vinhos da linha Plansel, da linha Marquês de Montemor e da linha Family Estate, a que pertencem os que levam os nomes das filhas e também os batizados Dorina Lindemann.
Tanto tempo passado fora a promover a exportação exige gente de confiança na quinta, onde trabalham umas 40 pessoas durante todo o ano, mais na época das vindimas. Um papel importante, destaca Dorina, é o do engenheiro Carlos Ramos, que começou nos viveiros e trabalha com a família há mais de dez anos. E fala também de Adenilson, "o meu adegueiro brasileiro, 100% de confiança". Mas se hoje Dorina trabalha bem com homens, no início não foi bem assim, conta. "Quando cheguei era muito difícil lidar com os portugueses na quinta. Eram muito difíceis. Machistas. Dizia-lhes uma coisa e faziam antes à maneira deles. Tive de contratar duas mulheres para me ajudarem, as minhas Florbela e Florinda."
Quando fala de Portugal e dos portugueses, Dorina diz "nós". E quando elogia os vinhos portugueses diz " os nossos". É antigo o seu amor a Portugal, desde essas férias em criança que ela adorava mas o irmão não. Por causa do trabalho vai com frequência à Alemanha, "país com vinhos muito bons e onde cada vez mais gente descobre a qualidade dos vinhos portugueses", quando antes só conheciam os italianos, os franceses e os espanhóis. Confessa-se admiradora de Angela Merkel, do estilo de vida simples que a chanceler alemã pratica. "Tenho a certeza de que não é corrupta", sublinha.
Quanto às diferenças entre a pátria e o país de adoção, onde se fixou em 1993, "a mais significativa entre portugueses e alemães, é que a Alemanha, sendo um país do Noroeste Europeu, tem um sistema mais rígido e organizado. Em Portugal as regras são menos firmes e nem sempre inflexíveis. Mas acho que é algo muito típico das culturas latinas. Faz parte da identidade dos países do Sul da Europa, esta mentalidade mais serena. No entanto são povos extremamente trabalhadores. Já viajei muito por esse mundo fora e não encontrei ainda mulheres mais trabalhadoras e dedicadas como as mulheres do Alentejo. É como algo que lhes corre no sangue. As nossas mulheres que trabalham no campo, sob as condições climáticas mais adversas, não o fazem só por fazer... em cada gesto seu há uma devoção, um cuidado desmedido, um segredo só delas que faz que as nossas vinhas sejam sempre bem cuidadas". Mulheres alentejanas e mulheres alemãs, três. Em Montemor-o-Novo juntaram-se para fazer vinhos que pouco a pouco o mundo descobre. Vinhos portugueses do Alentejo com apelido alemão.

Cientistas dizem ter descoberto o sexto gosto do nosso paladar: o da gordura


Até hoje, o consenso entre cientistas é que o ser humano tem a capacidade de sentir cinco categorias de gostos diferentes: doce, salgado, amargo, azedo e umami. Mas cientistas de uma universidade dos EUA afirmam ter descoberto mais um tipo de gosto sensível ao paladar, denominado por eles como «oleogustus», ou gosto de gordura.
«É normalmente é descrito como amargo ou azedo, porque não é agradável. Mas novas evidências revelaram que o ácido gordo evoca uma sensação única, satisfazendo outro elemento do critério que constitui os gostos básicos», diz Richard D. Mattes, professor de nutrição na Universidade de Purdue, responsável pelo estudo.
O quinto gosto, chamado de umami, foi descoberto no Japão no início do século XX e é reconhecido pelo nosso paladar quando comemos alimentos que possuem ácido glutámico, inosinato e guanilato, como cogumelos, tomates, cebola, shoyu, carnes vermelhas, peixes e marisco.
Mattes conduziu duas experiências para provar que o sexto gosto é único e reconhecido pelos receptores nas nossas papilas gustativas. No primeiro teste, os 102 participantes recebiam amostras que continham um dos seis gostos isolados: doce, salgado, azedo, amargo, umami e «oleogustus» e tinham que separá-las em grupos.
As amostras doces, salgadas e azedas foram facilmente separadas pelos participantes, confirmando que haviam entendido a tarefa. Mas, inicialmente, as amostras com gosto de gordura foram agrupadas com as amargas, «já que o amargo é normalmente associado a sensações desagradáveis», explica Mattes.
Depois, os participantes receberam apenas os três gostos que, na primeira experiência, não conseguiram separar claramente: amargo, umami e «oleogustus». Já neste segundo momento, foram divididos facilmente em três grupos, comprovando que o gosto de gordura é diferente dos outros.
«Para Mattes, o gosto da gordura não deve ser confundido com a sensação causada pela gordura, normalmente descrita como cremosa ou macia», diz o site da universidade.
O pesquisador explica que o gosto da gordura não é agradável quando isolado, mas, «como químicos amargos que são usados para destacar o sabor de alimentos como o chocolate, café e vinho», o «oleogustus» em baixas concentrações pode melhorar o gosto do que comemos.
«Construir um vocabulário sobre a gordura e entender a sua identidade como um gosto poderia ajudar a indústria dos alimentos a desenvolver produtos mais saborosos e, com mais pesquisa, clínicas de saúde podem compreender melhor as implicações da exposição oral à gordura.»

O Homem que pôs o vinho portugues online


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Por: Rui Pedro Tendinha 17/08/2015 - 09:44 • Fotografia: Jorge Simão

André Ribeirinho é o homem por detrás deste conceito inovador e virtual.


A ideia deste ex-informático é que por detrás de cada bom vinho há uma boa história. Foi por isso que criou a Addega, uma plataforma que reúne uma série de produtores de excelência, e permite provar e adquirir os eleitos.
Há nove anos, um grupo de informáticos operou uma espécie de revolução no mundo dos vinhos portugueses. Com a assinatura Addega, com dois dd, os rapazes criaram um novo modelo de negócio: uma plataforma online que permite fazer chegar os melhores vinhos ao consumidor final. A Addega existe para os chamados wine lovers, organiza mercados com provas de vinho, gere uma rede social em torno deste e aproxima os produtores do público. Os vinhos, sempre nacionais, podem ser encomendados através do site, a preços competitivos.
O cofundador e porta-voz da Addega é André Ribeirinho, um defensor acérrimo do conceito de que por detrás de cada bom vinho há sempre uma boa história. «Tudo começou a funcionar quando oferecemos um lado físico aos consumidores que usavam a plataforma digital. Agora, as pessoas vão aos eventos e depois voltam à rede social para comprar os vinhos de que mais gostaram», diz André, alguém que há dez anos deixou um emprego «seguro» como craque informático do Sapo (Portugal Telecom) para se dedicar a cem por cento a este projeto: «Antes era muito esquisito. Não bebia vinho e nem percebia nada de vinhos. Nem sequer comia queijo. Não dá para imaginar a quantidade de sensações que descobri. Aprendi a gostar, fiz cursos, entretanto, e hoje é uma paixão. Abriram-se uma quantidade de portas. Sou louco por vinho do Porto.»
SER UM EXPERT DE VINHOS tardio tem vantagens, permite o ângulo precioso da distância. Os prazeres de Baco neste homem de 36 anos ainda têm a efervescência da novidade. Se o vinho terá mudado a sua vida, há antes de tudo isso – muito antes – um episódio determinante: «Nasci com glaucoma. Aos 21 dias tive de ser operado e isso deu-me uma perspetiva diferente: tenho de aproveitar melhor a vida. Estou sempre grato por não ter ficado cego. O vinho é um dos canais através do qual passei a aproveitar a vida.»
Rentabilizando a cada vez maior ligação entre vinho e gastronomia, um dos mais importantes eventos «ao vivo» da Addega são os jantares vínicos: «as pessoas veem a gastronomia como uma coisa acessível e os vinhos como algo complexo. Todos sabem falar do prato que estão a comer, o que nem sempre acontece em relação ao que bebem. A nossa ideia é fazer aproximar as pessoas do vinho», explica André Ribeirinho.
No décimo quinto WineMarket, o primeiro no Algarve, organizado pela Addega, percebe-se o trabalhão que uma empreitada destas significa, mas um trabalhão que é feito com um prazer dos diabos. «Já temos uma estrutura que monta eventos com alguma rapidez, mas em cada WineMarket o processo para garantir a alta qualidade que pretendemos é longo e complexo. Há que coordenar muitos produtores: 300 vinhos em cada evento.» Para entrar num evento Addega e poder provar à discrição vinhos de topo, paga-se 15 euros e recebe-se um copo que se pode levar para casa.
Não é um copo qualquer, é um Smart-Wineglass, cujo chip permite, no momento, dar uma avaliação sobre cada vinho que se prova (posteriormente, recebe-se um e-mail com todas as classificações dadas durante a prova. Não há perigo de amnésia alcoólica…). Ribeirinho garante que esta tecnologia inovadora está bem registada e até já foi premiada no Wine Business Inovation Summit. Há também gente que se conhece ali, com o copo na mão, depois da familiaridade na net. Através destes mercados, muitos amantes de vinho já se conheceram pessoalmente.
JÁ EXISTE UMA LISTA DE ESPERA de produtores que querem trabalhar na plataforma. O critério é a qualidade e só entram 40. «Já se percebeu que fomentamos a ligação emocional ao vinho, que para nós é algo mais do que o conteúdo da garrafa. Tem que ver com a história que está por detrás. Por exemplo, o vinho menos interessante que uma pessoa possa ter bebido pode ser o mais importante da sua vida se estiver associado a um momento importante… Isso é a emoção.»
Para se chegar aqui, um produtor tem de ter uma boa relação preço/qualidade, saber falar com os consumidores sem linguagem técnica e ter histórias para contar. Paulo Laureano, produtor de alguns dos vinhos elegíveis (e até tem uns tantos em exclusivo), é fã: «Trata-se de uma nova forma de atingir um conjunto de clientes associados aos eventos da Adegga e diferenciados dos habituais frequentadores das feiras de vinho. Assim, para além de ocasiões pontuais, como os AdeggaWineMarket, onde podem comprar vinhos, estes enófilos passam agora a dispor de forma permanente de uma oferta alargada de vinhos, muitos deles verdadeiros exclusivos. A venda online é cada vez mais uma realidade e saber ser criativo, também nesta área, fará toda a diferença.»
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André Ribeirinho, ao meio, com Celma Correia e André Cid, dois dos sócios na Addega.
Ribeirinho e os seus sócios perceberam que, ao contrário dos discos e dos filmes, não havia nenhuma plataforma que tornasse possível a comercialização dos vinhos via internet. O CEO da Addega faz um paralelismo: «O iTunes fez que pudéssemos comprar a Madonna e, ao mesmo tempo, o disco mais indie. Agora, através de nós, é possível comprar o vinho de topo ou um mais popular. Nem lá fora existia uma plataforma que permitia isso. Porquê? Digamos que o mundo do vinho é tradicionalmente muito fechado e conservador.» Mas, tal como Laureano aponta, uma das principais «revoluções» da Addega é a forma como leva e promove os nossos vinhos lá fora: «Podemos ajudar o reconhecimento internacional do vinho nacional utilizando a mesma perspetiva de conquista de novos conjuntos de enófilos. Creio que fazem uma promoção crescida, criativa e inteligente dos vinhos portugueses nos mercados internacionais.»
No Brasil, no Rio de Janeiro, durante dois dias, esgotaram a capacidade de uma pista de corridas e atraíram 10 mil pessoas, que se acotovelaram para entrar no mercado. Dia 19 de setembro têm o primeiro mercado em Estocolmo e segue-se, a 3 e 4 de outubro, Berlim, a convite de um evento de comida de rua.
A ESTRATÉGIA DE RIBEIRINHO é dar a provar e vender (o lema, para diferenciar de uma prova de vinhos, é poder também comprar de seguida) cada vez mais vinho português em mercados onde a entrada é complicada. Não é por acaso que a rede social está em oito línguas diferentes. Será isto serviço público patriótico? A resposta vem de pronto: «Há uma grande apetência dos enófilos estrangeiros para o nosso vinho e estamos a ajudar os nossos produtores a vender lá fora. A Alemanha e a Suécia são os nossos dois primeiros mercados internacionais, mas já chegámos com eventos ao Brasil e à Bélgica.»