segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

PAN quer “reconversão” do setor do leite, ministro quer ajudar produtores “a resistir”


por Ana Rita Costa- 14 Janeiro, 2016

A Direção da Fenalac emitiu no início desta semana um comunicado em que contestava declarações do deputado do PAN, André Silva, acerca do setor do leite durante a Reunião Plenária nº 22 da Assembleia da República, do dia 7 de janeiro. André Silva já se veio defender e diz-se inteiramente disponível para debater "um tema tão relevante para a sociedade portuguesa".

Diz o deputado que "não acredito que me deva demitir de dar voz às causas que sempre integraram o programa eleitoral do PAN e que cerca de 74 000 portugueses legitimaram quando votaram e elegeram um deputado do partido" e que "as acusações de carácter abstrato e opinativo que foram dirigidas à minha pessoa, muito características dos novos tempos" são "pouco úteis para um debate pluralista".

André Silva sugere também que "se assuma uma premissa incontestável no que respeita à produção de leite em Portugal: os consumidores querem cada vez mais alternativas ao leite e que se encontrem medidas que lidem de forma realista com este aspeto inquestionável, mais do que continuar a injetar recursos financeiros e a esgotar recursos naturais para salvar uma indústria em crise".

O partido refere que não cabe a si "definir a solução 'matemática' ou 'mágica' para todas as questões, mas é da nossa responsabilidade continuar a informar os portugueses de que existem alternativas, a tantos níveis."

Para além disso, o deputado refere que "a produção de leite tem um elevadíssimo impacto ambiental", acusando a indústria agropecuária de ser uma "grande contribuinte dos graves desequilíbrios ecológicos que se fazem sentir no mundo inteiro. A contaminação dos recursos hídricos, a falência e desertificação dos solos, a desflorestação, e a perda de biodiversidade são algumas das consequências desta atividade."

Mais, o partido sublinha que "o consumo de 5 litros de leite tem o mesmo impacto ambiental que uma viagem de 100 km de automóvel" e que "os consumidores portugueses devem ser livres para escolher os produtos que consomem, estando na posse de toda a informação existente e não apenas daquela que indústria do marketing ao serviço do lacto-negócio escolhe transmitir."

Para o deputado, "continuar a defender de forma inquestionada o valor do leite enquanto super alimento é insistir num estado de negação deliberado tendo em vista exclusivamente um benefício económico. A contra argumentação científica que nega este valor é tão credível quanto os alegados milhares de estudos científicos que comprovam a importância da inclusão do leite numa dieta equilibrada e nutritiva."

Depois de toda a polémica que tem surgido à volta da questão, Capoulas Santos, ministro da Agricultura, já veio defender o setor. Durante a sessão de abertura do seminário 'Consumo de Leite e Lacticínios – o que pode estar a mudar', o responsável pela pasta da Agricultura apelou à comunidade científica para que "ajude a esclarecer" sobre as propriedades de leite, referindo que "há uma conjugação de fatores que parece uma verdadeira tempestade perfeita".

Para além disso, reconhecendo a situação de crise que o setor enfrenta, Capoulas Santos diz que "a solução possível é aumentar o consumo" e que "farei tudo para a ajudar a fileira a criar valor". De resto, o ministro revelou já a sua intenção de criar um programa sub-temático no âmbito do PDR 2020 que "ajude os produtores de leite a resistir" às dificuldades que têm sentido.

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