sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Maior "Óscar" do vinho em 2015 entregue ao "Mister Baga"


13 DE FEVEREIRO DE 2016
É da Bairrada o "Senhor Vinho", o maior prémio atribuído pela Revista de Vinhos aos melhores de Portugal no setor vitivinícola. A gala conhecida como os "Óscares dos Vinhos", decorreu ontem à noite, sexta-feira, no Centro de Alto Rendimento de Sangalhos, precisamente na Bairrada.

Miguel Midões/TSF

Perante uma plateia de mais de mil pessoas ligadas ao vinho e à vinha foram premiadas as melhores adegas cooperativas do ano, os melhores enólogos e os melhores produtores, entre muitas outras categorias.

O vencedor do "Senhor Vinho" de 2015 não hesitou em defender as castas nacionais.

Luís Pato ganhou o prémio maior da noite, foi o "Senhor do Vinho" em 2015 para a Revista de Vinhos. Assumiu-se como um produtor "rebelde" e pela primeira vez sentiu que lhe passaram um atestado de velhice ao ganhar este prémio.

O "Senhor do Vinho" explica que se assume um defensor da região da Bairrada "porque a casta rainha da região chama-se Baga e lá fora sou conhecido como Mister Baga"

E a Baga, enquanto casta, está a colocar a Bairrada no mapa internacional. "Há 12 anos inaugurei a adega com o ministro Armando Sevinate Pinto e disse-lhe que o meu sonho era o de tornar a baga numa casta conhecida mundialmente. Temos agora um grupo chamado de Baga Friends que tem tornado a Baga conhecida lá fora e isso tem feito com que seja reconhecida cá dentro".

E Luís Pato que agora é o "Senhor Vinho" não resistiu a deixar recados para os restantes produtores nacionais. "Como o país mais antigo da Europa temos uma enorme quantidade de uvas e o que as pessoas fazem é renegá-las trazendo as francesas. Mas, não! As nossas estão lá há imensos anos, resistiram às pragas e até às pessoas, conferem-nos identidade", defende.

Diz que aproveitar este potencial é o que os franceses fazem de melhor e por isso critica quem desinveste nas castas portuguesas para investir noutras como a "Sauvignon", que nada têm a ver com Portugal.

A lição estendeu-se ainda às exportações. Luís Pato brindou ao vinho nacional, mas apontou o dedo aos produtores que rebaixam a imagem do vinho português no estrangeiro vendendo-o a preços que não lhe conferem dignidade. E deu como exemplo, um excerto que está nas paredes daquela que considera a maior garrafeira da Bairrada e que está no Palácio Hotel do Buçaco, onde pode ler-se, datado de 1866, que: "o viajante que subir a serra e parar na Cruz Alta (...) se lançar a vista pelo vasto horizonte contempla um dos mais belos panoramas de Portugal (...) e encontra a seus pés, vastíssimos vinhagos (...) o inimigo de hoje é ainda o inimigo de outrora, é a mesma França (...) o campo de batalha está no Brasil e na Grã-Bretanha, são os campos de batalha desta nova guerra...". E são estes, para Luís Pato, os mercados que continuam a fazer frente aos vinhos portugueses.

A Revista de Vinhos atribuiu ainda um Prémio de Excelência aos 30 melhores vinhos de 2015.

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