terça-feira, 15 de março de 2016

Ministro da Agricultura interpreta protesto «como manifestação de apoio» às suas posições em Bruxelas

14-03-2016 


 
O ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, disse em Bruxelas que interpreta os protestos de produtores de leite e de carne em Portugal como «uma manifestação de apoio às posições» que leva à reunião de ministros da União Europeia.

À chegada ao Conselho de Agricultura, Capoulas Santos indicou que leva várias propostas, que preparou previamente com as organizações do sector, disse ter noção de que «não é uma tarefa fácil» a que terá pela frente, pois uma maioria dos Estados-membros da União Europeia (UE) defende outras soluções, mas garantiu que vai bater-se «pela defesa dos agricultores» portugueses, como sempre fez, pelo que entende os protestos em curso em Portugal como uma posição de apoio às propostas que leva a Bruxelas.

«Eu interpreto também o seu protesto como uma manifestação de apoio às posições que eu estou aqui a tomar, já que as posições que estou aqui a tomar são para os defender. E o facto de os agricultores estarem a protestar em Portugal, como estão hoje aqui a manifestar-se em Bruxelas, como se manifestaram em Helsínquia, como se manifestaram em Paris, como estão a manifestar-se noutros pontos na Europa, demonstra aos governos e à Comissão Europeia que há um problema e que esse problema tem de ser resolvido ou temos de encontrar soluções para pelo menos o suavizar», disse.

«Portanto, eu interpreto a posição dos agricultores portugueses como uma posição de apoio às minhas posições, já que estou aqui a defende-los», reforçou, quando questionado sobre uma manifestação agendada para esta segunda-feira em Portugal de produtores de leite e de carne, anunciada como «a maior alguma vez realizada pelo sector em Portugal».

Capoulas Santos apontou que as propostas que leva a Bruxelas visam dar respostas «ao imediato» mas também a pensar no futuro, afirmando que, no caso das soluções mais urgentes para «uma crise conjuntural a que é necessário dar resposta», e única possível é haver «uma redução da produção em toda a Europa, já que o problema é um problema de excesso de oferta, que está a pressionar os preços em baixa», pelo que os agricultores «devem ser compensados pela redução da produção durante um determinado período e devem ser retirados do mercado os outros excedentes».

Depois, salientou, é necessário «encontrar soluções para estabilizar a produção no futuro, e isso passa por soluções politicas, como a normalização das relações com a Rússia, a abertura de novos mercados, na América Latina, na ásia, de forma a que excedentes europeus possam ser canalizados para fora da europa», defendeu.

«Eu sei que não é uma tarefa fácil aquela que nos espera hoje aqui. Infelizmente, uma maioria de Estados-membros continua a pensar que o mercado resolve todos os problemas e que aqueles que não conseguem competir neste mercado ferozmente competitivo devem ser pura e simplesmente lançados para o lixo. Não me conformo com essa posição. Sempre me bati e vou continuar a bater-me pela defesa dos nossos agricultores e pela defesa de uma ideia de uma política agrícola europeia», disse.

O ministro lamentou que muitos países considerem que a solução passa por «dar autorização aos governos para utilizarem dinheiros nacionais para apoiarem os seus agricultores», já que «isso é fácil para quem tem excedentes orçamentais», mas «é uma tarefa impossível» para quem, como Portugal, «vive ainda momentos de grande constrangimento».

Segundo Capoulas Santos, a solução tem de ser encontrada entre as três partes que integram a fileira, ou seja, a produção (agricultores), a indústria (que transforma os produtos) e a distribuição, com conjunto com o Governo e a União Europeia.

«No que me diz respeito, eu vou bater-me aqui hoje por encontrar soluções europeias, estou a preparar soluções nacionais, e espero também que, quando voltar a Portugal e voltar a reunir-me com o sector, que a indústria e a grande distribuição também apresentem as suas propostas para ajudarem a resolver este problema, que é de todos. Eu estou a fazer aquilo que me compete», concluiu.

Na agenda de trabalho do encontro desta segunda-feira dos ministros da Agricultura da União Europeia constam os temas que mais preocupam os produtores portugueses, nomeadamente, as crises europeias nos sectores do leite e da suinicultura.

Fonte: Lusa

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