domingo, 22 de maio de 2016

Cereja: produção nacional com ano para esquecer



 16 Maio 2016, segunda-feira  Pequenos Frutos

Devido às chuvas e frio tardios, Alfandega da Fé e Fundão, duas das principais regiões produtoras de cereja preveem quebras de produção superiores a 80%

No concelho de Alfândega da Fé as chuvas e frio de abril e maio afetaram a produção de cereja. Há pomares em que as quebras na produção ultrapassam os 80% e variedades já perdidas. A colheita também está atrasada. «Não há memória de um ano tão mau para a produção de cereja», diz o presidente da cooperativa agrícola, Eduardo Tavares.
A produção de variedades precoces de cereja está a enfrentar «o pior ano de que há memoria, com perdas quase totais», reitera o presidente da cooperativa e vice-presidente da autarquia de Alfândega da Fé, apontando quebras «muito significativas» em todo o concelho.
«Com a continuação do tempo frio e chuvoso, os nossos piores receios vieram a confirmar-se, com perdas que ultrapassam os 80 % da produção concelhia, que, em média atinge, anualmente, uma centena de toneladas», refere. «Só a cooperativa agrícola estima perdas 50 a 60 mil euros, nos seus 50 hectares de terrenos destinados à produção de cereja, mas em todo o concelho os prejuízos podem chegar aos 80 mil euros», concretiza Eduardo Tavares.
Em condições normais, por exemplo, o Vale da Vilariça já deveria estar a produzir cereja há mais de 15 dias, mas o produto só agora começa a maturar.
«A cereja, que agora começa a madurar começa a ficar rachada, o que lhe retira valor comercial. No caso da Vilariça, posso falar numa quebra de quase cem por cento, porque a cereja não vai ter aproveitamento para o mercado», conclui.
As quebras «acentuadas» vão ressentir-se na economia do concelho, não só ao nível dos particulares, mas também dos associados da cooperativa. Em ano considerado normal, a produção de cereja no concelho de Alfândega da fé pode atingir as 100 toneladas com facilidade.
José Pinto Castello Branco, produtor e presidente da Cerfundão, fala de uma «quebra muito significativa» para esta campanha.
«Está efetivamente a ser um ano muito problemático e creio que, infelizmente, não tenhamos um produtor sem perdas muito significativas. Há variedades em que a perda é total e há produtores com quebras gerais na ordem dos 80%», contou o responsável à agência Lusa. As condições climatéricas adversas causaram danos no processo de polinização e, consequentemente, no desenvolvimento do fruto. Agora, perturbam a colheita das cerejas, que se deveria ter iniciado no final do mês de abril, mas ainda não começou. «As melhores perspetivas» são que se inicie no final da próxima semana.
Arménio Oliveira, produtor, afiançou que, este ano, esperava colher 300 toneladas do fruto, mas «se conseguir chegar às 150 toneladas já é bom».
A cereja do Fundão tem sido alvo de grande promoção por parte do município e utilizada para estimular as atividades económicas da região. Na sequência de uma visita à freguesia de Alcongosta – onde se reúne uma parte significativa da produção –, Miguel Batista, presidente da Junta de Freguesia de Alcongosta, explicou que o fruto tem um grande impacto na economia da região. «Se a cereja do Fundão correr bem, nota-se logo!» Habitualmente, o fruto que nasce no Fundão é o primeiro do Mundo a chegar ao mercado e, nesse período, o produtor chega a conseguir comercializar cada quilo por 13 euros.
Fonte: Agronegocios.eu e Frutas, Legumes e Flores.

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