quarta-feira, 6 de julho de 2016

Uma alga que aumenta a validade da fruta


22.06.2016 às 14h540
 
O passo seguinte para o AlgaeCoat é a " validação industrial e o aumento de escala da produção"

BORIS HORVAT

Investigadores do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do Instituto Politécnico de Leiria (Mare-IPLeiria) descobriram uma alga que substitui aditivos químicos dos alimentos. A ideia é usar em fruta e saladas prontas a consumir

RUBINA FREITAS
Os pais que querem mandar uma maçã para os lanches dos filhos já se deparam com este problema: Com casca e inteira não comem, descascada e fatiada estraga-se. Foi mais ou menos daqui que partiu o desafio lançado a investigadores do Mare- IPLeiria: desenvolver um revestimento que ajudasse a conservar maçã fatiada.

A ideia era encontrar um substituto natural dos tradicionais aditivos químicos, que garantisse conservação do produto por alguns dias. A procura de resposta, que juntou também a empresa Campotec IN, de Torres Vedras, tornou-se num bom projeto. A AlgaeCoat recebeu este ano a distinção da Agência Nacional de Inovação, com um apoio de €225 mil (75% do valor total do projecto, que ronda os €300 mil) e que pode estar a caminho de revolucionar o mercado dos frescos prontos a consumir.

O projeto inicial resultou na "obtenção e formulação de um revestimento, com base em compostos bioativos de uma alga verde comestível", que garante um tempo de prateleira "significativamente superior ao tradicional", explica Marco Lemos, coordenador do Mare-IPLeiria. Susana Silva, outras das investigadoras, clarifica: "As algas dão origem a uma solução, onde a fruta é imersa". E se está a franzir o sobrolho, a responsável desmistifica: "Toda a fruta tem um revestimento, é uma espécie de embalagem invisível dos alimentos", atesta.

Os resultados foram de tal forma animadores que existe já um pedido de patente em curso, que abrange não só o revestimento, mas também o processo de produção. "As pessoas cada vez mais se preocupam com a aplicação de aditivos sintéticos nos alimentos", nota Marco Lemos.

O passo seguinte para o AlgaeCoat é a " validação industrial e o aumento de escala da produção" e aplicação do conservante natural. "Essa gama de produtos acarreta um elevado desafio tecnológico para o produtor: conciliar o processamento mínimo com a garantia de um tempo de prateleira que permita a sua distribuição no mercado nacional e, eventualmente, a sua exportação", revela o investigador.

É precisamente aqui que o AlgaeCoat - que utiliza uma alga presente na costa portuguesa - pode fazer a diferença, uma vez que permitirá a "substituição dos aditivos sintéticos, actualmente utilizados, por compostos de origem natural ". Mas não é só o consumidor que ganha. "Os produtos serão valorizados também pela extensão do atual tempo de prateleira em vários dias, o que possibilitará a sua exportação para novos mercados, trazendo competitividade acrescida às empresas", conclui Marco Lemos.

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