domingo, 31 de dezembro de 2017

Agricultura vertical ganha terreno

 29.12.2017 17h50

A agricultura vertical está a ganhar terreno no Médio Oriente como forma de combater as alterações climáticas.

Este tipo de cultivo consiste na organização, de forma vertical, dos alimentos para um melhor aproveitamento dos espaços.

A temperatura e a luz são controladas e adequadas à produção, o que permite que se gaste menos água e evita o desperdício.

Surge como uma alternativa à agricultura tradicional, ameaçada pelas alterações climáticas e por terrenos cada vez menos férteis.

No Dubai, foi agora criada a primeira quinta vertical da região do Golfo, num país que, de acordo com os dados oficiais, só no ano passado importou 34 mil toneladas de comida.

Ano de 2017 foi o segundo mais quente dos últimos 86 anos


O ano de 2017 é o segundo mais quente dos últimos 86 anos e está entre os quatro mais secos desde 1931, revela o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Ano de 2017 foi o segundo mais quente dos últimos 86 anos

30 de dezembro de 2017 às 18:56

O balanço climático preliminar do IPMA adianta que o ano de 2017 classifica-se como "extremamente quente" e o valor de temperatura média do ar será de mais 1.1 graus superior ao valor normal, correspondendo ao segundo ano mais quente desde 1931.

De acordo com o IPMA, o ano mais quente foi 1997, tendo os cinco anos mais quentes ocorrido nas últimas três décadas.

Também este ano, a temperatura máxima, cerca de mais 2.4 graus superior ao valor normal, será a mais alta desde 1931, ultrapassando em cerca de um grau o anterior máximo (1997).

O IPMA destaca os valores de temperatura máxima e média do ar persistentemente acima do normal ao longo do ano, em especial nos meses de Abril, Maio, Junho e Outubro.

O balanço climático preliminar indica também que o ano de 2017 foi "extremamente seco" e estará entre os quatro mais secos desde 1931, tendo todos ocorrido depois de 2000.

Segundo o IPMA, o valor médio de precipitação total anual será cerca de 60% do normal.

"O período de Abril a Dezembro, com anomalias mensais de precipitação persistentemente negativas, será o mais seco dos últimos 87 anos", lê-se no documento disponível na página da internet daquele organismo.

 

O IPMA sublinha igualmente que Dezembro será o nono mês consecutivo com valores de precipitação mensal inferiores ao normal e, em 2017, apenas nos meses de Fevereiro e Março a precipitação foi superior ao normal.

O mesmo documento nota que, ao longo deste ano, a conjugação da persistência de valores de precipitação muito inferiores ao normal e de valores de temperatura muito acima do normal, em particular da temperatura máxima, teve como consequência "a ocorrência de valores altos de evapotranspiração e valores significativos de défice de humidade do solo".

A 27 de Dezembro, apesar dos valores de água no solo terem aumentado em relação ao final de Novembro, são ainda inferiores a 40% nas regiões do interior centro e do sul do país, adianta o balanço, frisando, que no final de Dezembro mantém-se a situação de seca meteorológica ainda que, em relação à situação a 30 de Novembro, se tenha verificado uma diminuição da intensidade nas regiões do norte e centro.

O IPMA precisa que nas regiões do interior centro e do sul os valores de precipitação foram muito inferiores ao normal e insuficientes para se verificar um efectivo desagravamento da intensidade da seca.

De acordo com o índice meteorológico de seca – PDSI, em Dezembro verificou-se, relativamente a 30 de Novembro, um desagravamento da intensidade da seca meteorológica, com cerca de 60% do território (regiões a sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela) nas classes de seca severa e extrema, refere ainda o documento.

sábado, 30 de dezembro de 2017

Carro abandonado com porcos furtados mortos na mala


Carro abandonado tinha pneu furado


A GNR procura o dono de uma viatura abandonada ao início da madrugada desta sexta-feira, numa via municipal conhecida como a Estrada da Carocha, em Beja, com quatro porcos mortos na mala. Os animais foram furtados de uma exploração, perto de Alvito, a cerca de 35 quilómetros do local. Foram mortos com uma marreta.

A viatura tinha um furo na roda dianteira esquerda e foi abandonada a cerca de dois quilómetros da zona industrial e do perímetro urbano da cidade de Beja. Segundo apurou o JN, os suspeitos fugiram a pé depois de avistarem uma viatura da GNR que patrulhava a zona.

Foi através das etiquetas de marcação dos animais que as autoridades conseguiram chegar ao seu proprietário, que esteve no local e já apresentou queixa contra desconhecidos no posto da GNR de Beja. A viatura foi apreendida.

Ela vai liderar 2000 grupos que fazem mexer o mundo rural

Maria João Botelho, presidente da LEARD - Associação Europeia Leader para o Desenvolvimento Rural e da Federação Minha Terra. 

À porta de uma presidência europeia, Maria João Botelho diz que Portugal não está a aproveitar os seus territórios rurais. 

A partir de segunda-feira há uma portuguesa à frente do principal organismo europeu que reúne as associações responsáveis no terreno, pela dinâmica do desenvolvimento rural. É conhecido pela sigla LEARD. Só em Portugal, estes grupos já ajudaram a criar 15 mil postos de trabalho. Ser arquiteta paisagista, engenheira agrónoma e presidente da Federação Minha Terra, depois de ter sido autarca e fundadora de várias associações locais, eis as valências que terão pesado na escolha de Maria João Botelho para o novo cargo europeu, em 2018 e 2019. 

Apesar da mudança de escala na abordagem, Maria João Botelho não perde de vista a origem. Admite que "Portugal não está a tirar todo o partido dos seus territórios rurais e a valorizá-los", embora reconheça haver "sinais que nos levam a pensar que as coisas podem mudar". Convencida de que "é preciso investir no interior", simplifica a receita: "É necessário criar condições para que as pessoas que querem viver e trabalhar nestes territórios possam ter uma qualidade de vida, pelo menos, tão boa como aquelas que moram nas cidades." 

Em entrevista ao Dinheiro Vivo, sublinha a imperiosidade de se "olhar para o interior com novos olhos, valorizando os serviços prestados pelos diferentes ecossistemas e pela paisagem no seu todo, e não apenas como territórios de produção agrícola e florestal". Acredita que, com as linhas subjacentes à futura Política Agrícola Comum (PAC), "há que aproveitar as possibilidades da agenda digital para atrair para os territórios do interior atividades económicas e serviços que antes implicavam investimentos físicos muito maiores". No entanto, assume que os 25 anos de intervenção dos programas Leader em Portugal são motivo de "orgulho". 

A face visível das quatro gerações do programa traduziu-se em apoios a mais de 22 mil projetos, com um investimento de 1400 milhões de euros e a criação de 15 mil postos de trabalho, desde 1991 até ao final do período de programação anterior. Na prática, foram projetos na área da agricultura, da restauração, do turismo, de pequenas unidades de transformação que, "muitas vezes, mudaram a vida dos promotores, ao criarem o seu próprio emprego", a que se juntam outras iniciativas de caráter coletivo, de respostas sociais e culturais. 

Por tudo isso, Maria João Botelho aceita: "Talvez estes dados não constem dos relatórios oficiais de avaliação, mas achamos que os territórios rurais estão diferentes, para melhor, e que nós contribuímos muito para isso." Como o Leader não pôde beneficiar das regras de transição aplicadas a muitas medidas do PDR 2020, só em junho de 2016 é que foram abertos os primeiros concursos para as medidas geridas pelos grupos de ação local. 

Mesmo assim, revela que existe "um grande interesse por parte de investidores de pequenos projetos de desenvolvimento nos territórios rurais em aproveitar estes fundos, tanto no que diz respeito às áreas mais ligadas ao setor agrícola como em outras", e estima que "os envelopes financeiros atribuídos às estratégias dos GAL se vão esgotar no decurso de 2018". 

Quanto ao impacto dos incêndios nas áreas abrangidas pelo programa Leader, adianta que "enviou alertas e propostas concretas às tutelas no sentido de se flexibilizarem as condições de acesso e regras de execução para que os programas pudessem responder melhor às necessidades imediatas", incluindo a reformulação de estratégias de desenvolvimento. Mas nota que, "a nível dos projetos individuais, nalguns casos, os próprios investimentos foram destruídos e o projeto perdeu-se". 

Tragédias nacionais à parte, e de horizonte agora alargado para uma intervenção europeia, Maria João Botelho já identificou duas grandes áreas de trabalho: a definição de políticas públicas adequadas ao desenvolvimento local e o reforço da própria rede europeia dos grupos Leader. Com uma ambição: "Gostaríamos de ser recordados na Europa por termos conseguido trazer mais-valias para os territórios rurais de todo o continente e também queremos ser recordados no nosso próprio país como uma entidade que conseguiu, na sua função na Europa, trabalhar em prol dos territórios rurais nacionais."

Agricultores afetados pelos fogos de 15 de outubro começam esta sexta-feira a receber apoios


29/12/2017, 20:19
Os agricultores afetados pelos incêndios de outubro começam a receber os apoios esta sexta-feira. O Ministério da Agricultura vai pagar 37,68 milhões de euros, de um total de 50,2 milhões.


Os agricultores afetados pelos incêndios de 15 de outubro começam esta sexta-feira a receber os apoios, com o Ministério da Agricultura a proceder ao pagamento de 37,68 milhões de euros, de um total de 50,2 milhões de euros, informou a tutela.

O Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural anunciou que procede esta sexta-feira "ao pagamento de 37,68 milhões de euros a 14.542 agricultores" afetados pelos incêndios que deflagraram a 15 de outubro e que apresentaram declarações de prejuízos entre os 1.054 e os 5.000 euros.



Segundo uma nota do Ministério enviada à agência Lusa, "os agricultores dos concelhos de Oliveira do Hospital, Tondela, Arganil, Santa Comba Dão e Vouzela concentram metade da verba agora atribuída".

Os 37,68 milhões de euros agora pagos pelo Ministério da Agricultura correspondem a 75% do valor da totalidade do pagamento que será efetuado a estes agricultores (50,2 milhões de euros), sendo que o restante será pago "após a conclusão das ações de controlo, em curso, das candidaturas apresentadas", explica o gabinete do ministro Capoulas Santos.

De acordo com a tutela, 55% deste valor "é pago diretamente através de transferência bancária para a conta dos agricultores, sendo os restantes 45% pagos por vale postal, no prazo de cinco dias úteis, a 6.650 agricultores que não possuem conta bancária".

Aos 37,68 milhões de euros agora pagos pelo Ministério da Agricultura acresce o montante de 3,78 milhões de euros, pago pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social a 6.025 agricultores que registaram prejuízos até 1.053 euros.

"Na totalidade, o Governo atribui agora o valor de 41,5 milhões de euros a 20.567 agricultores afetados pelos incêndios de 15 de outubro com prejuízos até cinco mil euros", sublinha a tutela, na nota de imprensa, realçando que tal só foi possível graças à "dedicação dos funcionários do Ministério, assim como o empenho das organizações de produtores e das autarquias envolvidas".


Governo quer tirar saleiros das mesas e incentivar alimentos biológicos nas compras públicas


Além da redução do sal, o executivo assinou protocolos com a indústria alimentar para reduzir o tamanho dos pacotes de açúcar e aprovou a tributação das bebidas adicionadas de açúcar.

LUSA 29 de Dezembro de 2017, 13:11 Partilhar notícia
274

 O consumo excessivo de sal está associado à hipertensão arterial e à doença cerebrovascularFoto
O consumo excessivo de sal está associado à hipertensão arterial e à doença cerebrovascular 

O Governo quer retirar os saleiros das mesas dos restaurantes, estender a todos os organismos do Estado as restrições de venda de alimentos nas máquinas automáticas e incentivar as opções pela produção biológica nas compras públicas. De acordo com a Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável (EIPAS), publicada, esta sexta-feira, em Diário da República, pretende-se também incentivar as empresas do sector agro-alimentar a reduzir o tamanho das porções dos alimentos e bebidas pré-embaladas.

Entre outras medidas propostas pelo grupo de trabalho criado em 2016 para elaborar esta estratégia estão igualmente a existência de dispensadores de água gratuitos ou a distribuição de água nos serviços e organismos da administração directa e indirecta do Estado, promovendo o seu consumo.

É ainda proposto o alargamento das orientações já existentes para a oferta alimentar em meio escolar e provenientes do Ministério da Educação a todos os níveis de ensino, nomeadamente ao ensino superior, e das orientações para os refeitórios escolares relativas ao sal iodado a outras cantinas e refeitórios, além das escolas.

A EIPAS prevê igualmente que se alarguem as políticas de limitação do volume e oferta dos pacotes de açúcar individuais à totalidade dos agentes económicos responsáveis pela refinação e distribuição do açúcar e que se incentive o sector da restauração a evitar a disponibilização de bebidas açucaradas na modalidade free refill (livre enchimento).

"Verifica-se ainda uma significativa disponibilidade de alimentos com quantidades elevadas de açúcar, sal adicionado e gorduras. A evidência científica demonstra que o elevado consumo de açúcar está relacionado com a prevalência de doenças crónicas como a obesidade e a diabetes, estando por seu lado o consumo excessivo de sal associado à hipertensão arterial e à doença cerebrovascular", lê-se no diploma.

No texto publicado, esta sexta-feira, em DR, as autoridades sublinham ainda que "os estudos científicos demonstram também que a prevalência destas doenças é muito elevada na população portuguesa, sendo que cerca de 1 em cada 4 portugueses possui hipertensão arterial e 1 em cada 10, diabetes".

"Actualmente, e em Portugal, os hábitos alimentares inadequados são o factor de risco que mais contribui para o total de anos de vida saudável perdidos pela população portuguesa (15,8%) e um determinante importante da doença crónica, representando mais de 86% da carga de doença no nosso sistema de saúde", refere o documento.

A EIPAS, dividida em quatro eixos principais e que envolve ministérios como o da Saúde, Agricultura, Mar, Administração Interna, Educação, Economia e Finanças, propõe igualmente que nos eventos públicos organizados pelos serviços e organismos da administração directa e indirecta do Estado exista obrigatoriamente a oferta de água, fruta e ou produtos hortícolas.

O Governo quer ainda incentivar a adopção de medidas pelos operadores económicos para limitar a publicidade destinada a menores de idade de produtos alimentares com excesso de sal, açúcar, gordura, nomeadamente trans, e energia em eventos em que participem menores, designadamente actividades desportivas, culturais e recreativas.

A estratégia prevê também a construção de um portal de informação sobre o pescado e o seu valor nutricional, com materiais interactivos para o sistema de ensino, e propõe o alinhamento das prioridades de financiamento das linhas de investigação nos laboratórios do Estado e agências de financiamento com as prioridades nacionais da área da promoção da alimentação saudável.

No âmbito da alimentação saudável, depois de ter criado novas regras para os alimentos a disponibilizar nas máquinas automáticas de venda nas unidades de saúde e nas escolas, o Governo assinou protocolos com a indústria alimentar para reduzir o tamanho dos pacotes de açúcar, e com os industriais de panificação para reduzir o teor de sal no pão, além de ter aprovado a tributação das bebidas adicionadas de açúcar ou outros edulcorantes.

Na quinta-feira, através de um despacho publicado em DR, o Governo decidiu proibir os salgados, produtos de charcutaria bolos e refrigerantes, entre outros, nas unidades de saúde públicas.

ASAE instaura processos a 23 escolas por falta de condições nas cantinas


Fiscalização decorreu nas últimas semanas do 1.º período e envolveu 129 escolas.

CLARA VIANA 29 de Dezembro de 2017, 16:45 Partilhar notícia

A maior parte ndas cantinas escolares está concessionada a uma empresa particular NELSON GARRIDO
PUB

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) instaurou 23 processos a escolas na sequência de uma operação de fiscalização a nível nacional que teve como alvo as cantinas escolares, revelou nesta sexta-feira aquele organismo.

Foram inspeccionadas 129 escolas de todos os níveis de ensino, do sector público e privado, numa acção que decorreu nas últimas semanas do 1.º período. Os processos instaurados são de natureza contra-ordenacional, podendo por isso os visados serem sujeitos ao pagamento de coimas.

ASAE encontra alimentos podres em cantinas escolares e abre processos crime

Em declarações ao PÚBLICO, a inspectora da ASAE Ana Oliveira esclareceu que a maior parte das irregularidades detectadas se devem não cumprimento das regras de higiene e segurança alimentar, sendo as mais frequente a falta de limpeza e o não cumprimento das temperaturas de conservação dos alimentos. Outra das irregularidades detectadas diz respeito à falta de inspecção periódica à instalação de gás.

Uma cantina encerrada
No âmbito desta acção foi ainda suspensa a actividade de uma cantina "por incumprimento dos requisitos gerais e específicos de higiene". Ana Oliveira escusou-se a identificar a escola em que tal se passou, mas indicou que a cantina terá condições para reabrir no início do 2.º período, em Janeiro.

Segundo a inspectora, esta fiscalização não foi motivada pelas recentes denúncias sobre a má qualidade dos alimentos nas cantinas escolares já que decorreu das actividades regulares desenvolvidas pela ASAE.   

Os protestos contra a má qualidade dos alimentos nas cantinas, e a pouca quantidade servida aos alunos, tiveram um novo pico no 1.º período depois de a Federação Regional de Lisboa das Associações de Pais (Ferlap) ter divulgado, em Outubro, várias fotografias que davam conta, por exemplo, de almoços que consistiam em rissóis crus. "Há escolas onde é possível contar os grãos de arroz que estão no prato. Na semana passada uma mãe contou que houve uma refeição apenas de arroz com feijão", lamentou então o presidente da Ferlap, Isidoro Roque.

LER MAIS
Pais querem respostas sobre falta de qualidade nas cantinas escolares
BE insiste em cantinas geridas pelas escolas
Pais alertam para refeições escolares de má qualidade e em pouca quantidade
Ministério acha "difícil" reverter contratos das cantinas escolares
A maior parte das cantinas escolares foi concessionada à empresa Uniself. Em declarações recentes ao PÚBLICO, o presidente do Conselho de Administração da empresa, Mateus Alves, indicou que as queixas "estão a ser analisadas com especial atenção" e garantiu que as práticas de produção de refeições "estão em conformidade com padrões muito elevados de segurança e de qualidade".

Na sequência desta polémica, o Ministério da Educação anunciou que vai reforçar a fiscalização das cantinas.

Há mais pessoas com fome no mundo


De
Euronews

Últimas notícias: 29/12/2017

O relatório da ONU revela que há mais pessoas a passar fome, a maioria vive em países em guerra

 
 Há mais pessoas com fome no mundo

Em queda ao longo de mais de uma década, a fome está de novo a ganhar terreno. A culpa é das alterações climáticas e da proliferação de conflitos. Pelo menos é o que revela o mais recente relatório das Nações Unidas sobre segurança alimentar.

Em 2016, afetou mais de 800 milhões de pessoas, o que equivale a cerca de 11 por cento da população. No espaço de um ano, a fome atingiu mais 38 milhões de pessoas. Entre elas estão, por exemplo, os refugiados de etnia rohingya, uma das minorias mais perseguidas no mundo.

"Em 2017, o Programa Mundial Alimentar das Nações Unidas teve de dar resposta a um número de situações de emergência sem precedentes, essencialmente, causadas por conflitos ou por questões políticas não resolvidas" Ramiro Lopez da Silva, da WFP.

O documento revela que cerca de metade dos mais 800 milhões de pessoas com fome no mundo, vivem em zonas de conflito como é o caso da Síria. Só no leste de Alepo, o Programa Mundial Alimentar das Nações Unidas presta ajuda a 3.500 famílias.

Na Síria, tal como noutros países em guerra, cerca de 155 milhões de crianças, com menos de cinco anos, registam atrasos de crescimento.

De acordo com o documento é na Ásia que mais pessoas passam fome. África aparece em segundo lugar. Segue-se a América Latina e as Caraíbas.

O relatório é publicado por três agências da ONU: a Organização para a Alimentação e Agricultura, o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola e o Programa Mundial Alimentar, a que se juntaram pela primeira vez a UNICEF e a Organização Mundial de Saúde.

Reforma florestal 2017 – o início de uma nova realidade ou mais uma oportunidade perdida?

António Bento Gonçalves
29 de dezembro de 2017 às 09:30

Os espaços florestais, tal como todos os territórios, são uma construção social, lugar de confronto, de tensões, de conflitos de uso e de apropriação e transformação, ou seja, estão sujeitos a múltiplos interesses, na sua maioria legítimos, mas muitas vezes antagónicos, pelo que, qualquer reforma se afigura de difícil aceitação e implementação.

No entanto, Portugal tem uma longa tradição no âmbito do Planeamento, do Ordenamento e da Gestão Florestal, podemos aqui nós elencar, sem pretensão de ser exaustivos, alguns marcos históricos importantes:

1824 - 1881 – Administração Geral das Matas;

1850 – Início da arborização e fixação das dunas;

1868 – Relatório sobre a arborização do país;

1864 - primeiros trabalhos de ordenamento florestal, de acordo com um plano previamente estabelecido (Barros Gomes - Matas Nacionais da Machada e Vale de Zebro);

1882 - primeiro verdadeiro "plano de ordenamento florestal" (Barros Gomes - Mata Nacional de Leiria);

1896 – criação da Comissão para elaboração dum projecto de arborização das dunas móveis;

1897 - Projecto geral da arborização dos areais móveis de Portugal;

1901- início do "Regime florestal";

1910 - Plano geral de arborização de montanhas;

1938 - Plano de povoamento florestal;

1953/1974 - Planos de fomento (I, II, Intercalar, III, IV);

1973 - Plano director do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Neste contexto permitimo-nos destacar a legislação do Regime Florestal, publicada de 1901 a 1905, e que veio estabelecer as condições para a generalização da elaboração de planos de ordenamento para as matas sob gestão do Estado.

De entre todos os planos, realçamos o Plano de Povoamento Florestal (1938-1972), apelidado como o "plano florestal do século" em Portugal, e que, visando 5 grandes objetivos, apresentava uma visão integrada para a resolução dos problemas dos espaços florestais:

1. inverter a degradação ecológica verificada em diversas bacias Hidrográficas e regiões montanhosas;

2. constituir povoamentos florestais de elevado valor económico, não só ao nível da produção de madeira, mas também de lenhas e outros produtos;

3. instalar e melhorar pastagens nas melhores áreas para o efeito;

4. ocupar a mão-de-obra excedentária nas regiões abrangidas;

5. produzir paisagens de elevado valor cénico.

Apesar desta longa tradição, Portugal foi aprofundando a sua clivagem entre um litoral mais urbano e um interior mais rural e montanhoso, ficando este último, muitas vezes, à margem das dinâmicas de desenvolvimento, com uma população cada vez mais reduzida e envelhecida.

Neste contexto, ano após ano, vamos assistindo ao aumento, tanto do número como da dimensão dos "grandes incêndios" e, especialmente, da sua capacidade destruidora. Com efeito, se até 1986 nunca tínhamos sido flagelados por um incêndio com dimensão superior a 10.000 ha, 2003 viu franquear a marca dos 20.000 ha e, 2017, por duas vezes, a dos 25.000 ha, duas vezes a dos 30.000 ha e uma, a dos 40.000 ha.

Assim, em 2003, depois de 21 pessoas mortas e mais de 425.000 ha ardidos, assistimos ao início da primeira "reforma estrutural do sector florestal" do séc. XXI (Resolução do Conselho de Ministros nº 178/2003 DR nº 266, I-B Série, de 2003.11.17), mas que rapidamente viu "esfumarem-se" as medidas efetivamente implementadas.

Com efeito, e a título de exemplo, recorde-se a APIF (Agência para a Prevenção dos Incêndios Florestais), organismo que ficou na dependência do Ministério da Agricultura, criada em abril de 2004 e extinta em dezembro de 2005, depois de, em pouco mais de um ano e meio, ter criado os Gabinetes Técnicos Florestais (GTF) e de ter sido responsável pela elaboração do muito polémico Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios (PNDFCI).

Chegados, pois, a 2017, com todos os diagnósticos feitos, com muito conhecimento técnico e científico acumulado nas universidades, com muita (demasiada!?) legislação, assistimos ao ano mais dramático em termos de perda de vidas humanas relacionadas com catástrofes (ditas) naturais, só sendo ultrapassado pelo sismo de 1755 e pelas cheias de 1967, com mais de 100 pessoas a morreram encurraladas por incêndios extremos, em apenas dois dias, 17 de junho e 15 de outubro, antes e depois da chamada época "normal" dos incêndios e, onde apenas um pequeno número de incêndios foi responsável pela esmagadora maioria da percentagem da área ardida (124 incêndios, 1,26% do total das ignições, foram responsáveis por 93% do total da área ardida, 412.781 ha).

Assim, e mais uma vez, de forma reativa e não proactiva, surge uma segunda reforma florestal, em menos de 15 anos.

No entanto, quando se analisam os 12 diplomas que compõem a Reforma Florestal (tendo 1, o do "Banco Nacional de Terras", sido rejeitado), verificam-se múltiplos problemas, dos quais, a título meramente exemplificativo, destacamos aqui 4:

- o cadastro florestal, a mais imprescindível de todas as "ferramentas", no âmbito de uma Gestão Florestal Sustentável, ser apenas implementado, como projeto-piloto em dez municípios, podendo "eventualmente" estender-se a todo o território nacional;

- pouco ou nada ser feito em matéria de ordenamento do Território, não parecendo suficiente os Planos Diretores Municipais (PDM) adaptarem as suas disposições ao conteúdo dos PROF (Planos Regionais de Ordenamento Florestal);

- a educação florestal, no âmbito da educação ambiental, na esfera da educação para a cidadania, ser completamente esquecida;

- incentivar-se instalação de novas centrais de valorização de biomassa, sem ter havido uma monitorização e uma avaliação do seu real impacte na redução e gestão dos combustíveis.

Assim, é sem grande ilusão que desejamos que 2017 marque o início de uma nova realidade na política florestal em Portugal, mas tememos que, tal como os anos de 2003 e 2005, este trágico ano seja apenas recordado como o de mais uma oportunidade perdida. n

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

Morreu José Joaquim Moreira da Silva, o pai do fogo controlado em Portugal

ANA FERNANDES 27 de Dezembro de 2007, 9:38 Partilhar notícia

 De 1975 a 1980 lidera o Parque Nacional da Peneda-GerêsFoto

De 1975 a 1980 lidera o Parque Nacional da Peneda-Gerês PAULO PIMENTA/PÚBLICO (ARQUIVO)
PUB

Estava-se em 1978 e um homem bateu à porta de Oliveira Fernandes, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. "Sou o director do Parque Nacional da Peneda-Gerês e preciso da sua ajuda: quero reconstruir uma casa da guarda florestal mas quero tirar partido das energias renováveis", disse. Este homem, de seu nome José Moreira da Silva, viveu sempre assim: com décadas de avanço sobre o seu tempo. Morreu no dia de Natal e a floresta nacional perdeu quem sempre se recusou a só ver as árvores.

A José Moreira da Silva deve-se quase tudo o que o país sabe hoje de fogo controlado. E muito do que agora se está a tentar fazer para defender a floresta contra incêndios já era por ele defendido há mais de 40 anos. "Foi um visionário", descreve quem o conheceu. Deixa um importante legado mas, sobretudo, "o que mais custa é perder alguém com a sua coerência e verticalidade, porque isso é o mais raro", diz Francisco Castro Rego, do Instituto Superior de Agronomia.

Nascido a Dezembro de 1923 no Porto, licencia-se como engenheiro silvicultor em 1947. Dedica a sua vida aos serviços florestais, onde inova em várias frentes, como a criação das primeiras reservas de caça e de pesca e viveiros de plantas. De 1975 a 1980 lidera o Parque Nacional da Peneda-Gerês, onde se distingue novamente por um trabalho inovador.

Ali promoveu cursos para operadores de máquinas florestais de forma a não destruírem sítios arqueológicos no Gerês. "Uma iniciativa que muitos vaticinaram votado ao fracasso porque diziam que os operadores não teriam sensibilidade para isso mas que afinal foi um sucesso tremendo que permitiu até que se descobrissem novos sítios", relata Francisco Rego.

É também no Parque que começa a fazer as primeiras experiências de fogo controlado. Mas só anos mais tarde, quando estava na Circunscrição Florestal do Porto, é que esta ideia avança. Por carolice já que ninguém se interessou por isso. Com algumas excepções como Francisco Rego, que na altura estava na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e Teresa Cabral, da Estação Florestal.

"Teve uma atitude pouco normal nos técnicos que foi a preocupação com as questões ecológicas: ele quis conhecer as consequências dos fogos controlados em todas as componentes do ecossistema e por isso andou à procura de pessoas que se encarregassem de estudar cada uma dessas componentes", diz Teresa Cabral.

No último ano, Portugal aplicou esta técnica para defender a floresta contra as chamas. Tal como está a tentar pôr de pé instrumentos que Moreira da Silva defendia há muito.

Em 1965, Moreira da Silva, Vasco Quintanilha e Ernâni José da Silva elaboraram o relatório Princípios Básicos de Luta contra Incêndios na Floresta Particular Portuguesa. Estava lá tudo. O diagnóstico - as monoculturas e desertificação rural conduziram ao desastre - e a solução: a redefinição da gestão florestal privada no minifúndio através da criação de polígonos florestais com dimensão para potenciar a sua correcta gestão (as actuais Zonas de Intervenção Florestal), o planeamento florestal e de infra-estruturas e a adopção de sistemas de prevenção e combate assentes na profissionalização dos seus agentes.

Há 15 dias foi homenageado pelo Centro Nacional de Cultura, por iniciativa de Oliveira Fernandes, que nunca esqueceu a fabulosa visão deste engenheiro florestal. Já não assistiu, por estar internado no hospital onde foi operado a um tumor cerebral. Que acabou por vencê-lo. Fica a sua herança. E a dívida do país a um homem que deu a sua vida ao serviço público.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Seca e ondas de calor. Assim poderá ser 2018


Se não chover abundantemente no inverno, as consequências "serão muito gravosas para o país", diz especialista em alterações climáticas


É difícil prever como será 2018 no capítulo do clima, uma vez que não é possível fazer previsões meteorológicas fiáveis para mais de dez dias nem antever com antecedência os eventos extremos potenciados pelas alterações climáticas. Quem o diz é Filipe Duarte Santos, especialista no tema. No entanto, segundo o presidente do Conselho Nacional do Ambiente, existe o risco de os portugueses se verem novamente confrontados com seca e ondas de valor.

Os efeitos das alterações climáticas manifestam-se a médio/longo prazo. "É um processo lento. Já se notam efeitos e estes vão-se agravando, mas demoram décadas", explica. Um deles é a diminuição da precipitação, que se manifesta em fenómenos como a seca. Para o país, prossegue, este é o efeito "mais preocupante" e que poderá ter um impacto "mais significativo" no próximo ano. "Já dura há 16 meses e não sabemos quando vai acabar." É expectável que chova abundantemente no inverno e na primavera, "mas, se não chover, as consequências são muito gravosas para o país".

No que diz respeito às previsões meteorológicas, e embora existam sites com previsões a 30 ou 90 dias, "só conseguimos prever o tempo a dez dias". A nível global, assistiu-se a um aumento de um grau da temperatura média desde o período pré-industrial. Com o Acordo de Paris, a comunidade internacional comprometeu-se a que não aumente mais do que dois. "É urgente evitar que continue a aumentar, mas, efetivamente, tem aumentado. As ondas de calor são agora mais frequentes. Tivemos um exemplo disso e, muito provavelmente, vamos continuar a ter", prevê Filipe Duarte Santos. Também a erosão costeira vai continuar a merecer especial atenção no próximo ano. "O nível médio do mar está a subir, tendo aumentado 20 centímetros desde o início do século passado, o que aumentar a erosão, que já se faz sentir na nossa costa", alerta o especialista.

Já no que diz respeito ao combate às alterações climáticas, "todos os anos vão ser importantes para o futuro". "É importante que todos os países reduzam as suas emissões de gases com efeitos estufa. Portugal tem como objetivo reduzir as emissões entre 30% e 40% até 2030", sublinha o docente universitário. Reconhecendo que "será um esforço enorme", Filipe Duarte Santos lembra que é necessário deixar de usar centrais térmicas a carvão. Além disso, todos podem fazer "um esforço de mitigação através de um uso mais eficiente de energia, de uma mobilidade sustentável e de uma maior utilização das energias renováveis, quer por parte dos particulares quer das instituições públicas".

Molhar o pão no azeite vai ficar mais caro no próximo ano


29 DE DEZEMBRO DE 2017 - 12:57

Entre os aumentos previstos para 2018, o preço do azeite é o que poderá surpreender mais os consumidores. Custo do pão, refrigerantes, tabaco e álcool também sobe.

As melhores fotos do mundo visto do céu em 2017


A falta de chuva e as altas temperaturas afetaram a produção de azeite durante 2017 e, por isso, o Instituto Nacional de Estatística (INE) prevê uma quebra de -9,3 por cento que pode levar a um "aumento dos preços de base" de 29,6%.

Este ano, os preços já tinham subido devido a uma "redução de oferta interna, aliada ao aumento de procura internacional", mas o cenário piora em 2018.


O INE explica que, nas Contas Económicas da Agricultura para 2017, "nos olivais de sequeiro, que abrangem uma área maior, a escassa precipitação de setembro e outubro, aliada às elevadas temperaturas, conduziu a uma produtividade inferior", com queda antecipada e/ou menor desenvolvimento dos frutos, e "afetou negativamente o teor em gordura das azeitonas", diminuindo o valor comercial da oliva.

Pão

Também o pão vai ficar mais caro em 2018. O presidente da Associação dos Industriais de Panificação, Pastelaria e Similares do Norte (AIPAN) lembra que o preço está congelado desde 2011 e que desde então os custos de produção têm vindo sempre a aumentar.

Desde o aumento dos custos com os combustíveis, aos custos de manutenção, passando pelo preço dos ovos e pela subida do salário mínimo, António Fontes sublinhou à agência Lusa que nestes últimos anos apenas a farinha não registou grandes oscilações no valor.

Feitas as contas, o setor prevê um aumento do custo do pão a rondar os 20%, o que se traduz numa subida do preço da carcaça para os 16 cêntimos no Porto e para os 24 cêntimos em Lisboa.

Leite

Ao contrário do azeite e do pão, o preço do leite não deve sofrer grandes alterações no novo ano. Os produtores esperam uma estabilização do setor em 2018, de acordo com a Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac).

Menos otimista, o INE prevê que o preço base do leite deverá aumentar 5% devido aos efeitos da seca nos custos de produção, "dada a necessidade de recorrer a alternativas de alimentação mais onerosas".

A partir do dia 1 de janeiro, os produtores passam a estar obrigados a incluir um selo que certifique a origem do leite utilizado nos produtos lácteos, não se prevendo para já as implicações dessa medida.

Refrigerantes

O imposto a pagar pelas bebidas açucaradas vai aumentar cerca de 1,5% a partir de 2018. As bebidas que tenham um teor de açúcar inferior a 80 gramas por litro passam a ser taxadas a 8,34 euros por hectolitro (em vez dos 8,22 euros cobrados desde o início do ano).

Quanto às bebidas com um nível superior de açúcar, o imposto passa a ser de 16,69 euros por hectolitro (em vez dos 16,46 euros cobrados atualmente).

Tabaco e álcool

O aumento do Imposto sobre o tabaco previsto na proposta de Orçamento do Estado para 2018 pode significar uma subida de até 10 cêntimos no maço de cigarros, dependendo da marca.

O OE2018 aprovou também a subida de 1,5% do Imposto sobre o Álcool e Bebidas Alcoólicas (IABA). O Governo prevê um aumento da receita com este imposto na ordem dos 17 milhões de euros no final do ano.

As cervejas passam a pagar um imposto de 8,34 euros por hectolitro, que pode chegar aos 29,30 euros, consoante o volume de álcool da bebida.

A taxa de imposto aplicada às bebidas espirituosas, como gin e vodka, sobe 1,4% para os 1.386,93 euros por hectolitro, enquanto os licores, cujo aumento é também de 1,4%, passam a custar 76,10 euros.

Faleceu a Eng.ª Maria Antónia Figueiredo


CONFAGRI 29 DEZ 2017
 


A CONFAGRI cumpre o doloroso dever de comunicar o falecimento da sua Secretária-Geral Adjunta – Eng.ª Maria Antónia da Silva Figueiredo.

A todos os que pretendem prestar-lhe a última homenagem, informamos que o corpo estará na igreja Paroquial de São Domingos de Benfica (também conhecida pela Igreja das Furnas de Benfica) a partir das 9h30 de dia 30 de Dezembro (sábado).

A missa de corpo presente realiza-se pelas 13h30 do mesmo dia e o funeral às 14h00.

Secretário regional da Agricultura chama viticultores de ‘canalhas’, viticultores pedem demissão do governante


Ruben Pires
Ontem 12:21

O governante garantiu que os montantes devidos pelas colheitas vão ser pagas até ao final de dezembro.

O secretário regional da Agricultura e Pescas, Humberto Vasconcelos, acusou ontem, em declarações à RTP-Madeira, que "há pessoas que são canalhas, que não são viticultores, não têm vinha, nem conhecem o setor", em reacção a um comunicado dos Viticultores Unidos da Madeira.

Este comunicado dos Viticultores Unidos da Madeira denunciava que os viticultores ainda estavam à espera dos pagamentos devidos pelas suas colheitas.

O governante garantiu ontem que esses montantes vão ser pagos, aos viticultores que entregaram as faturas no Instituto do Vinho, Bordado e Artesanato da Madeira (IVBAM), até ao final do mês de dezembro esclarecendo que este é o primeiro ano em que o Governo Regional vai pagar no próprio ano todo o valor relativo às colheitas.

Humberto Vasconcelos afirmou que não se pode aceitar "que um conjunto de pessoas que não são viticultores e que por questões partidárias venham, em comunicados anónimos, denunciar falsidades".

Esta declarações do governante já provocaram uma reacção por parte dos Viticultores Unidos da Madeira. Em comunicado dizem que "a classe política que governa a Madeira acha que pelo facto da maioria dos viticultores não serem doutores que todos somos burros mas não somos burros e já estamos fartos disto".

O comunicado refere que os viticultores passaram o Natal com os bolsos vazios enquanto os "senhores secretários e o senhor presidente do Governo e todos os membros do governo e deputados da Assembleia Regional da Madeira receberam neste mês de dezembro nas suas contas bancárias, a 18 de Dezembro, quantias que chegam aos 10.000 Euros, portanto, tiveram umas festas felizes".

Os Viticultores Unidos da Madeira sugerem à Secretaria Regional que inicie em janeiro de 2018 reuniões com todas as casas de vinho para se encontrar "uma solução" para escoar as uvas da colheita.

Entre as soluções avançadas pelos viticultores está a criação de "uma cooperativa vitivinícola regional para engarrafar um vinho de mesa para ser consumido nos restaurantes" em vez de "se andar todos a consumir vinho feito a martelo do continente ou exportar a uva espremida para molhos como já foi feito no passado".

O comunicado realça que se o atual secretário regional da Agricultura e Pescas "não tem vontade de trabalhar e de nos respeitar" que "seja substituído por outra pessoa capaz de resolver o nosso problema" porque "não aguentamos mais esta situação".

Incêndios: 300 agricultores com prejuízos acima dos 5 mil euros


27/12/2017, 14:02

O Governo recebeu mais de 300 pedidos de apoio de agricultores com prejuízos acima dos 5 mil euros por causa dos incêndios, o que representa um investimento na ordem dos 12 milhões de euros.

O período de candidaturas, que inicialmente terminava no dia 15 de dezembro, acabou por ser prolongado até ao dia 22

O Governo registou mais de 300 candidaturas de agricultores com prejuízos acima dos cinco mil euros nos incêndios de 15 de outubro, afirmou esta quarta-feira o secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira.

"Temos cerca de 300 e tal candidaturas acima dos cinco mil euros, o que representa um montante de investimento na ordem dos 12 milhões de euros", disse o membro do executivo, que falou com os jornalistas depois de uma visita a uma das quatro plataformas de distribuição de alimentação para abelhas, sediada na Batalha, distrito de Leiria.

O período de candidaturas, que inicialmente terminava no dia 15 de dezembro, acabou por ser prolongado até ao dia 22, sendo que, no total, tinha sido disponibilizado um montante global de 15 milhões de euros para dar resposta aos pedidos de apoio. Os níveis de apoio correspondiam a 100% dos prejuízos para valores até cinco mil euros, 85% para valores até 50 mil euros e 50% para valores até 400 mil euros.

Luís Medeiros Vieira recordou que, até sexta-feira, o Governo assegura um pagamento na ordem dos 40 milhões de euros para os agricultores afetados com os incêndios, com prejuízos até 5 mil euros. Os agricultores com danos declarados até 1.053 euros vão receber 100% do valor registado já neste mês e os restantes produtores com danos até 5 mil euros recebem 75% agora e os outros 25% em janeiro, após terminarem as medidas de controlo, referiu.

De acordo com o secretário de Estado, a avaliação dos danos e controlo dos prejuízos declarados já estão no terreno para se garantir "rigor e transparência" na aplicação dos apoios aos agricultores.

Maduro acusa Portugal de sabotar a importação de pernil de porco


O presidente venezuelano acusou Portugal de sabotar a importação de pernil de porco. Ministro Augusto Santos Silva diz que "o governo português não tem o poder de sabotar pernil de porco".

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou esta quarta-feira Portugal de sabotar a importação de pernil de porco por parte do governo venezuelano, que não cumpriu a promessa de distribuir entre o povo este tradicional alimento de Natal.

"O que se passou com o pernil? Fomos sabotados e posso falar de um país em particular: Portugal. Estava tudo pronto, comprámos todo o pernil que havia na Venezuela, mas tínhamos que importar e sabotaram a compra", disse Nicolás Maduro.

O Presidente da Venezuela referiu que fez um plano e acertou os pagamentos, mas que "foram perseguidos e sabotados os barcos" que traziam o pernil. Nicolás Maduro lamentou ainda que alguns países tenham bloqueado as contas bancárias que iriam ser utilizadas para efetuar os pagamentos.

"O governo português não tem, seguramente, esse poder de sabotar pernil de porco"
O Observador contactou fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que não se disponibilizou, para já, a fazer comentários, dizendo que o ministério está a recolher informação.



À TSF, contudo, o ministro Augusto Santos Silva garantiu que o governo português não tem qualquer responsabilidade na falha de abastecimento de pernil de porco para a Venezuela. "O governo português não tem, seguramente, esse poder de sabotar pernil de porco", garantiu. "Nós vivemos numa economia de mercado. As exportações competem às empresas", afirmou o responsável, em entrevista à estação radiofónica.

Augusto Santos Silva vai questionar a embaixada de Portugal na Venezuela sobre o caso. Antes de chamar o embaixador ao Palácio das Necessidades, porém, o ministro defende que é preciso perceber o que se passou. "Eu sou um cientista profissional. Primeiro vamos apurar os factos e depois tiraremos as conclusões", declarou, à TSF.



Após as declarações de Maduro, um influente membro da assembleia constituinte, Diosdado Cabello, reforçou as críticas do presidente venezuelano. "Porque não chegou o pernil? Por causa do bloqueio que temos. Os portugueses comprometeram-se, assustaram-nos os rapazes e não mandaram os pernis", argumentou Diosdado Cabello, citado pelo jornal venezuelano El Universal.

A falta de pernil de porco levou a uma vaga de protestos, em algumas das zonas mais pobres da Venezuela. Seis milhões de pessoas que recebem apoio alimentar — o controverso programa CLAP, criado pelo governo para responder à "guerra económica" — e terá sido prometido que haveria pernil de porco, como é tradição, para comer na altura do Natal.

01:25 - 28 de dez de 2017

Quem são os portugueses que exportam porco para a Venezuela?
O governo venezuelano não especificou exatamente que portugueses, ou que empresas nacionais, é que sabotaram o Natal na Venezuela. Mas uma empresa portuguesa que fechou recentemente um acordo para a exportação de pernil de porco para a Venezuela é a Agrovarius, do Grupo Varius (a holding chama-se Iguarivarius). No final de 2016, o Jornal de Negócios escreveu que a empresa tinha fechado um acordo para fornecer porco para a Venezuela num contrato de 14 toneladas de carne.

Na altura, fonte da empresa disse ao jornal que esse contrato valia 63,5 milhões de euros. Mas já em 2015 a empresa tinha vendido cerca de 12 mil toneladas à Venezuela, um país com o qual tem relações desde 2008, no âmbito do acordo entre Portugal e aquele país sul-americano, estabelecido durante o governo Sócrates.

Nesse ano de 2015, adiantou a empresa, foram vendidas à Venezuela três mil toneladas de pernil de porco congelado. Em 2010, o grupo "voltou a fornecer aquele país a quem vendeu 2.500 toneladas, num esforço conjunto de um consórcio conseguido por três empresas nacionais", segundo a mesma fonte.

O Observador está a tentar contactar a empresa, por telefone, para questionar se estará envolvida neste incidente e para confirmar, também, se o ex-ministro de Sócrates Mário Lino continua como administrador do grupo. A notícia será atualizada caso o contacto seja possível.

Na altura, o Jornal de Negócios citava a empresa, dizendo que "em 2012, foram vendidas 5.000 toneladas de pernil de porco congelado. Nos anos seguintes foram vendidas 4.000 toneladas, em 2013, e 12.000 toneladas, em 2014". A empresa, liderada por Alexandre Cavalleri, entretanto diversificou para vários sectores de atividade que, na Venezuela, contam com contratos de cerca de 100 milhões de dólares em três anos (91,6 milhões de euros) no Oil & Gas, materiais de construção e equipamentos e outros componentes industriais.

Em 2013, Nicolás Maduro esteve em Portugal durante seis horas, tendo sido recebido por Pedro Passos Coelho, e nessa altura foram celebrados 14 acordos comerciais avaliados em seis milhões de euros.

Um desses contratos foi a a Iguarivarius, para a exportação, para aquele país, de quatro mil toneladas de pernas de porco, no valor de 15 milhões de euros. Carne que, escrevia o Jornal de Negócios na altura, a carne iria encher a barriga dos venezuelanos no Natal. "O contrato foi assinado com uma empresa da esfera do Ministério da Alimentação [a Corporatión La Casa] que depois vai distribuir a carne pela sua rede de estabelecimentos, a rede Mercal", explicou ao Jornal de Negócios, na altura, o diretor-geral da Iguarivarius, João Rosa.

Revelado o jogo entre o trigo e as ferrugens que o destroem


Acabam de ser identificados dois genes da ferrugem-negra que são responsáveis pela segregação de proteínas que atingem o sistema imunitário das plantas. O que pode vir a ajudar no contra-ataque a esta doença fúngica, que ameaça o trigo por todo o mundo.

RAQUEL DIAS DA SILVA 28 de Dezembro de 2017, 8:49 Partilhar notícia


Antigamente, as culturas de cereais eram alvo de ataques constantes por agentes patogénicos, como as ferrugens, cujo reaparecimento tem nos últimos anos ameaçado não só a produção de alimentos como a segurança alimentar. Agora, duas equipas de investigadores identificaram, cada uma, um gene da ferrugem-negra, responsáveis pela segregação de proteínas que "desligam" o sistema imunitário das plantas que infectam. Os resultados representam um passo importante para perceber como seguir o rasto e prevenir a propagação mundial das ferrugens que atacam o trigo por todo o mundo.

Existem sobretudo três espécies de ferrugem que atingem o trigo e causam perdas persistentes: a ferrugem-da-folha-do-trigo (Puccinia triticina), a ferrugem-amarela (Puccinia striiformis) e a ferrugem-negra (Puccinia graminis). Todas estes fungos infectam as folhas e reduzem a produção, mas é a ferrugem-negra, em particular, que tem os efeitos mais catastróficos. No ano passado, ocorreu, aliás, um dos piores surtos de ferrugem-negra na Europa em mais de 50 anos, com a destruição de milhares de hectares na Sicília, em Itália.

Em Portugal, a ferrugem-negra não tem sido detectada nos últimos anos, mas o país já sofreu uma epidemia de ferrugem-amarela. Conceição Gomes, da Secção de Melhoramento de Plantas do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), já tinha dito ao PÚBLICO, em Novembro deste ano, que "basta que esporos do fungo sejam transportados até ao nosso país e ocorram condições ambientais favoráveis para que [essa espécie de ferrugem] vença a resistência das variedades semeadas e cause infecção".

Por outro lado, foi detectada recentemente, no Equador, uma estirpe de ferrugem-negra (a RRTTF), que representa uma ameaça significativa à produção de trigo no Norte e no Sul da América. Os cientistas receiam, por isso, que novas estirpes virulentas se espalhem, através do vento, a partir de locais onde a sua presença já é conhecida para regiões de cultivo importantes – razão porque também já se identificaram os cenários em que as estirpes destrutivas de ferrugem-negra representam uma ameaça de longa distância, desde a África Oriental até às grandes regiões produtoras de trigo, como a Índia e o Paquistão.

O objectivo final dos epidemiologistas é, contudo, desenvolver estratégias de prevenção da doença, mais do que controlar a ameaça de propagação mundial (o ideal é, portanto, que nem sequer se chegue a esse ponto). Mas, neste caso, o desafio é particularmente difícil, por causa da existência de grandes monoculturas, práticas agrícolas precárias e deslocação de sementes, plantas ou solo contaminados, que facilitam o aparecimento de agentes patogénicos altamente virulentos.

Uma das soluções para combater as ferrugens tem sido a introdução de genes de resistência nas plantas. Mas o resultado não tem sido especialmente feliz. Porquê? É semelhante ao que acontece com os humanos e os antibióticos (quanto maior é o consumo, mais resistentes acabam por ser as bactérias). Portanto, quanto mais genes de resistência a fungos se introduzem nas plantas, mais os agentes patogénicos "aprendem" a resistir a esses genes, sobrevivendo as estirpes mais virulentas, sublinham Matthew Moscou e Peter van Esse (do Laboratório de Sansbury, em Norwich, Reino Unido), num comentário que acompanha estes trabalhos na Science.

Por outro lado, para que a ferrugem-negra infecte o trigo tem, primeiro, de "desligar" o sistema imunitário das plantas, através da segregação de pequenas proteínas. Agora, foram identificados dois genes, que segregam as tais proteínas. "É como uma corrida em curso ao armamento – temos de estar um passo à frente deste agente patogénico em mudança. A última grande epidemia de ferrugem-negra-do-trigo na Austrália, em 1973, causou sozinha uma perda de 300 milhões de dólares australianos [190 milhões de euros]. Imagine-se o que aconteceria se fosse hoje", afirma Robert Park, da Universidade de Sydney (Austrália), em comunicado do Centro de Investigação Rothamsted (Reino Unido).

Robert Park faz parte de uma equipa internacional que conseguiu identificar um dos genes, o AvrSr50. E uma outra equipa de investigadores, essa dos Estados Unidos, e que tem como principal autor Andres Salcedo, da Universidade Estadual do Kansas, identificou versões de uma estirpe particularmente desagradável do fungo da ferrugem-negra, que poderia infectar variedades de trigo resistentes – o que chamou a sua atenção para outro gene da ferrugem-negra, o AvrSr35.

Estas descobertas, publicadas na última edição da revista Science, vão permitir a análise em horas, em vez de semanas, de amostras de plantas que se suspeita estarem infectadas, o que ajudará a impedir a destruição das culturas. "Será possível identificar se uma cultura de trigo precisa ou não de ser rapidamente tratada com um fungicida caro para a protegermos da ferrugem, o que, caso contrário, a devastaria numa questão de semanas", explica Robert Park, num comunicado da sua instituição. E o seu colega Peter Dodds, da Organização da Commonwealth para a Investigação Científica e Industrial (CSIRO), acrescenta: "Estamos a começar a compreender melhor todo o processo: o que está a acontecer ao nível da proteína, ao nível do gene."

Texto editado por Teresa Firmino

Portugal não vendeu carne de porco à Venezuela até ao final de Outubro

Empresa administrada por Mário Lino, ex-ministro de Sócrates, é uma das mais activas a vender carne a este país.

 Luciano Alvarez
LUCIANO ALVAREZ 28 de Dezembro de 2017, 15:41 Partilhar notícia

Até Outubro deste ano Portugal não tinha exportado carne de porco para a Venezuela, segundo os últimos números do Instituto Nacional de Estatística (INE). Porém, como revelam os números dos últimos 17 anos, os grandes volumes de vendas acontecem nos últimos três meses de cada ano. Especialmente para abastecer o Natal, em que o pernil e o lombo de porco são duas das especialidades consumidas nesta época.

Foi o que aconteceu no ano passado em que as exportações de carnes de animais da espécie suína frescas, refrigeradas ou congeladas foram fartas nos últimos três meses do ano, ultrapassando os 58,5 milhões de euros.

"O Governo português não interfere no pernil de porco"

As vendas de carne de porco de empresas portuguesas para este país sul-americano têm sido, porém, intermitentes ao longo dos anos. Em 2010, Portugal exportou 8.340.958 euros, mas no ano seguinte não seguiu nem um quilo para a Venezuela.

As vendas foram retomadas em 2012 com um valor bastante abaixo do de 2010, 6.383.172 euros. No ano seguinte este valor dobrou, com Portugal a vender carne no valor de 14.239.059 euros.

Em 2014 as vendas, mais uma vez concentradas no último trimestre, voltaram a disparar, atingindo os 43.812.049 euros, com este valor a manter-se em 2015 (41.633.767 euros). Já no ano passado as exportações de carne de porco para a Venezuela bateram um novo recorde, 58.626.644 euros.

Não se sabe qual a empresa envolvida na carne que Maduro diz não ter chegado, mas a que tem revelado publicamente maior volume de exportações de carne porco desde que as relações comerciais foram acentuadas durante os dois governos de José Sócrates (2005-2011) é a Iguarivarius, que faz parte do Grupovarius, que tem como um dos administradores Mário Lino, ex-ministros das Obras Públicas, Transportes e Comunicações de Sócrates, entre 2005 e 2009. Lino integrou a comitiva ministerial na visita que Sócrates fez à Venezuela em Maio de 2008.


Maduro acusa Portugal de ter sabotado o Natal dos venezuelanos

Em Novembro de 2011, já com a coligação PSD-CDS no Governo, é noticiado que Mário Lino integrou uma comitiva empresarial portuguesa à Venezuela, liderada por de Paulo Portas, então ministro dos Negócios Estrangeiros.

Lino viajou em representação da empresa Iguarivarius. Na mala levava um potencial de negócio na ordem dos 100 milhões de dólares em bens alimentares a exportar para aquele país, com destaque para carne de porco.

Já em Novembro do ano passado, o Jornal de Negócios noticiou a Agrovarius tinha fechado um contrato para vender 14 mil toneladas de carne para a Venezuela, na altura do Natal, num total de 63,5 milhões de euros.

Em 2015, a empresa portuguesa já tinha vendas de cerca de 12 mil toneladas à Venezuela, país com o qual tem relações desde 2008 no âmbito do acordo entre Portugal e aquele país, estabelecido durante o Governo Sócrates.

O PÚBLICO contactou o assessor de imprensa da Agrovarius, que afirmou não haver ninguém disponível para falar. Contactou telefonicamente Mário Lino, mas o telefone esteve sempre desligado.  

Novo Banco arrisca perder 34 milhões nos cogumelos apadrinhados por Marcelo


O herdeiro do falido BES, que se desfez há um ano dos 39,1% que tinha no capital do grupo Sousacamp, detém 57% dos 60 milhões de euros de créditos reconhecidos no Processo Especial de Revitalização (PER) do maior produtor europeu de cogumelos.

Novo Banco arrisca perder 34 milhões nos cogumelos apadrinhados por Marcelo
Marcelo Rebelo de Sousa utilizou cogumelos para falar de estabilidade política, numa visita à Sousacamp, no Verão do ano passado. A empresa é liderada por Artur Sousa (à direita na foto). 

Rui  Neves Rui Neves ruineves@negocios.pt
28 de dezembro de 2017 às 15:00

A salvação da Sousacamp, que se apresenta como o maior produtor europeu de cogumelos e um dos maiores do mundo, com sete fábricas na Península Ibérica e mais de 500 trabalhadores, está nas mãos do Novo Banco, o maior credor do grupo transmontano.

O banco herdeiro do falido BES lidera a lista de 74 credores, com 34,1 milhões dos 59,9 milhões de euros de créditos reconhecidos em sede do Processo Especial de Revitalização (PER) da Varandas de Sousa, principal empresa do grupo Sousacamp.

Ao deter 57% do total de créditos, é ao Novo Banco que cabe decidir sobre a continuidade ou não desta empresa sedeada em Vila flor, que tem acumulado prejuízos nos últimos anos, tendo fechado 2016 com vendas de 18,8 milhões de euros e um resultado negativo de nove milhões.

Está agora a decorrer o prazo de cinco dias úteis para a impugnação da lista provisória de créditos da Varandas de Sousa, que foi publicada no portal Citius na passada terça-feira, 26 de Dezembro. 

Caso não haja impugnações, a empresa, que tem como administrador de insolvência Bruno Costa Pereira, entrará em negociações com os credores, sobretudo com o Novo Banco, para conseguir firmar um plano de recuperação. 

O segundo maior credor da Varandas de Sousa é a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, com 7,6 milhões de euros, a que acresce 8,3 milhões reclamados por um conjunto de três Caixas de Crédito Agrícola regionais (a de Trás-os-Montes e Alto Douro, a do Alto Douro e a do Noroeste). 

Seguem-se três entidades estatais - o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP), que reclama a devolução de 4,4 milhões de euros de apoios financeiros, o Fisco, que tem a haver mais de 2,4 milhões de euros, e a Segurança Social, que viu ser-lhe reconhecidos créditos no montante de 881 mil euros. 

Queda do BES deixou a meio a construção de um "elefante branco" em Vila Real 

"A principal razão apontada para a apresentação do PER tem que ver com a queda do BES, que até então [Verão de 2014] estava a financiar a construção da gigantesca unidade de produção de cogumelos, cuja obra, onde foram já investidos cerca de 20 milhões de euros, ficou a meio", explicou ao Negócios fonte conhecedora do processo. 

Foi em 2013 que, após ter investido 50 milhões de euros na abertura de cinco fábricas em Portugal (em Vila flor, Mirandela, Paredes, Sabrosa e Vila Real) e na aquisição de duas em Espanha, o grupo Sousacamp arrancou com a construção de uma unidade de produção de cogumelos exóticos e outra de transformação de cogumelos em conserva (em lata e congelados), num investimento orçado em 45 milhões de euros e que iria criar cerca de 200 postos de trabalho. 

"Será um dos maiores complexos do mundo no sector", afiançava Artur Sousa (que tem 60,9% do capital da empresa), em Outubro desse ano, numa publicação patrocinada pela Espírito Santo Ventures (ES Ventures), que detinha 39,1% na Sousacamp SGPS, "holding" detentora de 100% da Varandas de Sousa. 

Apontada diversas vezes como um "case study", a Sousacamp vinha acumulando prémios e distinções. Por exemplo, ganhou o 1.º Prémio Nacional de Jovem Empreendedor (1990) e o Prémio Nacional de Inovação Ambiental (2001) pelo European Environmental Press e pela revista "Indústria e Ambiente". 

O Novo Banco, herdeiro do falido BES, cortou o financiamento à Sousacamp e vendeu, há pouco mais de um ano, os fundos de capital de risco ES Ventures, que passaram a ser geridos pela Armilar Venture Partners, que são controlados pela sua equipa de gestão e cuja sociedade é detida em 35% pela Sonae IM. O grupo maiato detém uma participação, directa e indirectamente, de 50,7% do fundo que integra os 39,1% na Sousacamp.
 
A Sousacamp teve o seu momento mais mediático a 5 de Julho do ano passado, aquando da visita do Presidente da República à fábrica de Vila Flor, onde utilizou cogumelos para falar de estabilidade política. 

"É o chamado duplo cogumelo, cogumelo gigante, presidencial, isto é o cogumelo presidencial com este tamanho. Não, tem de ser, este é o Presidente da República e este é o Governo que é mais pequenino. Solidariedade institucional, o Presidente para aguentar o Governo por uns tempos", brincou Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto olhava para os dois fungos na mão, que acabou por comer.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Novo estatuto para a Pequena Agricultura Familiar em vigor até março de 2018

27/12/2017, 8:26151

O ministro da Agricultura anunciou que o novo estatuto para a Pequena Agricultura Familiar vai entrar em vigor até março de 2018. As novas regras vão garantir o acesso a fundos comunitários.


O novo Estatuto para a Pequena Agricultura Familiar estará em vigor até março de 2018 e irá consagrar direitos como o acesso prioritário a fundos comunitários e um regime fiscal "mais favorável" para estes agricultores, anunciou esta terça-feira o Governo.

Em declarações à agência Lusa, o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, explicou que em causa está uma "carta de direitos" para um "segmento com um impacto e uma importância social muito superior à sua importância económica, […] porque se trata da população rural que ocupa os territórios, cujo despovoamento das últimas décadas foi tão tristemente ilustrado na recente tragédia dos incêndios".


Desde logo, segundo o governante, "pretende-se que a pequena agricultura tenha acesso prioritário às medidas de apoio da União Europeia, seja no investimento, seja outras medidas de apoio ao rendimento".

Ao mesmo tempo, prevê-se que estes agricultores tenham um "sistema de segurança social e fiscal mais favorável", bem como "um regime específico no que diz respeito às normas de higiene e segurança alimentares nas pequenas leitarias, salsicharias, queijarias", que seja "mais simples do que aquele que é exigido à indústria em geral", isto "sem prejuízo das regras elementares no que diz respeito à segurança dos consumidores", precisou.

"Queremos também facilitar o acesso aos mercados locais e introduzir medidas de apoio nesse sentido, já que a comercialização dos produtos é o problema principal dos pequenos agricultores", apontou Capoulas Santos.

Em causa estão ainda medidas como a adequação das exigências ao tipo de agricultura, desde logo no volume de produção comercializada, a criação de linhas de crédito específicas para este segmento e a cedência de prioridade para arrendar terras do Estado.

O Governo criou em setembro passado um grupo de trabalho com a missão de apresentar, até à terceira semana de novembro, propostas para o Estatuto para a Pequena Agricultura Familiar, segundo um diploma publicado na altura.

Antes, o Governo tinha criado a Comissão Interministerial para a Pequena Agricultura Familiar, em funções desde o final de agosto para elaborar este estatuto.

Nos últimos 20 anos, segundo o Governo, tem desaparecido um elevado número de pequenas explorações, fixando-se atualmente em cerca de 284 mil explorações qualificadas como familiares, que representam 93% do número total de explorações e 49% da superfície agrícola útil.

"O mundo rural vivo exige pessoas e para que as pessoas nele vivam têm de ter condições dignas. E é através deste estatuto que queremos melhorar um pouco as condições de vida deste segmento tão importante da nossa agricultura", notou Capoulas Santos.

O ministro da Agricultura explicou que, para ter este estatuto, é necessário ser reconhecido como pequeno agricultor familiar, título que é obtido mediante condições como ter mais de 18 anos, uma exploração agrícola na qual a mão-de-obra assalariada não é superior à da família, propriedade cadastrada e uma faturação inferior a cerca de 20 mil euros.

Apesar de admitir que nem todos os produtores cumpram estes requisitos, o responsável disse estar "convencido de que será muito elevado o número daqueles que têm condições para beneficiar deste estatuto". O governante estimou que "até ao final do primeiro trimestre de 2018" este estatuto esteja em vigor, após uma aprovação final em Conselho de Ministros, promulgação e publicação em Diário da República.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Ir ao restaurante e levar os restos para casa ajuda a combater a seca


Combater o desperdício alimentar é mais do que não deitar comida ao lixo: ajuda a controlar o desgaste do solo, as emissões de CO2, a mão-de-obra, a água. Há uma Estratégia Nacional de Combate ao Desperdício que acabou de ser entregue ao Governo. Falta uma semana para ser posta em prática.

JOANA GORJÃO HENRIQUES 24 de Dezembro de 2017,

 No restaurante Zé da Mouraria, em Lisboa, já é habitual os clientes levarem para casa o que sobrou da refeiçãoFoto

O restaurante Zé da Mouraria, em Lisboa, fez do tamanho das doses uma imagem de marca. Dispostas em grandes travessas, as refeições enchem o olho e o estômago — bifes, costeletas, bacalhau, comida típica portuguesa, muita carne na grelha. Cada dose dá para mais do que uma pessoa. Por isso é normal ver os clientes a sair com saco e marmita de plástico, levando o que sobrou do jantar. Se não acontece, o que fica nas travessas é dividido entre os empregados ou é oferecido a alguns clientes fixos da zona, na Rua Gomes Freire: sem-abrigo ou gente que passa dificuldades.

Dono de restaurantes em Lisboa como o Il Matriciano, em São Bento, o italiano Alessandro Lagano é um cliente assíduo do Zé da Mouraria 2, o seu "sítio preferido" na cidade, diz cheio de entusiasmo, rodeado de crianças e de um amigo. "Não é meu hábito levar para casa, mas aqui a dose é enorme e não gosto de deitar para o lixo", diz à saída, com o seu saco na mão. Alessandro Lagano acha que se "desperdiça muita" comida em geral. Ele próprio tem um acordo com a Santa Casa da Misericórdia para levar as sobras do seu restaurante. O que chega das mesas tem necessariamente que ir para o lixo, segundo as regras de segurança alimentar.

Hipermercados combatem desperdício
Hipermercados combatem desperdício
No Natal há sempre comida a mais, é um facto. Os olhos comem mais do que a barriga. Mas se hesitar em pegar numa marmita e enchê-la para dar a alguém para comer no dia seguinte, pense na água que se poupa neste período de seca em que estamos, na comida que se aproveita, no ambiente que se protege.

De todos os alimentos que se produzem no mundo, um terço é desperdiçado, estima a Agência Europeia do Ambiente. E, dizem os estudos, os grandes desperdícios estão justamente nas famílias, nas cantinas, nos restaurantes, ou seja, na fase final da cadeia, sublinha Iva Miranda Pires, uma das investigadoras do PERDA (Projecto de Estudo e Reflexão sobre o Desperdício Alimentar, de 2012, do Centro de Estudos e Estratégias para a Sustentabilidade).

O desperdício custa à economia mundial 990 mil milhões de dólares. Em termos de quantidade, as perdas na União Europeia são de 89 milhões de toneladas de alimentos, ou seja, 179 quilos per capita, estima a Comissão Europeia.

O único estudo, Do campo ao garfo, que existe em Portugal com dados sobre desperdício, foi feito pelo PERDA e aponta para 17% de desperdício daquilo que se produz ao longo da cadeia alimentar, ou seja, um milhão de toneladas — abaixo porém das estimativas europeias, que estão entre os 30 a 50%. Isto significa 96,8 quilos de desperdício alimentar per capita. A maioria ocorre na actividade agro-pecuária e piscatória (32,2%), logo seguida do consumo (31,4%), sendo que há ainda uma forte percentagem na distribuição (28,9%).

Por isso há muito que se pensa em políticas de combate ao desperdício alimentar, a nível nacional e local. Criada em Novembro de 2015 para "promover a redução do desperdício alimentar através de uma abordagem integrada e multidisciplinar", a Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar, composta por 18 entidades, elaborou a proposta de Estratégia Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar e um Plano de Acção, que acabou de ser entregue, em Novembro, ao ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, por Eduardo Diniz, director do gabinete de políticas e planeamento. Tem várias fases, mas o arranque começa no início do ano.

PÚBLICO - Aumentar
"Doggy bag": um preconceito a quebrar
Do outro lado do balcão do Zé da Mouraria está o fogão e a grelha de uma cozinha à vista de todos. Entre o pão e as azeitonas, Leo conta que talvez 80% das pessoas que ficam com comida na travessa levam-na para casa. À sua frente está um pequeno monte com 12 caixas transparentes — ao cliente custa um euro cada, com o saco. Aqui, ao contrário do que acontece em vários outros restaurantes, não há preconceito em levar aquilo que nos Estados Unidos se vulgarizou chamar de "doggy bag", prática ali antiga que começa a ser mais vulgar em Portugal, mas que ainda é associada à ideia de que quem o faz é porque não tem dinheiro.

Foi justamente para desmistificar o preconceito que a Lipor — empresa responsável pela gestão, tratamento e valorização dos resíduos urbanos produzidos por oito municípios no Grande Porto — colocou em marcha o projecto Embrulha. O Embrulha distribui pelos restaurantes umas caixas feitas a partir de milho, com um autocolante e um saco para os clientes depois levarem o que "é bom demais para deitar fora", como se lê.

Estratégias divergem: do incentivo fiscal à punição

Começou como uma experiência em 2016, com 15 restaurantes no Porto. Durante uma semana, distribuíram 102 embalagens. Resultado: evitou-se a produção de 30,7 quilos de resíduos alimentares e de 4,91 kg de emissões de CO2. Agora, e desde Setembro, que têm 32 restaurantes associados ao projecto, ainda sem balanço. O investimento da Lipor de 30 cêntimos por caixa, que aos restaurantes e aos clientes sai de borla, já representou quase quatro mil euros. "É uma forma de reaproveitar a comida, a mão-de-obra, a água, o desgaste do solo, a emissão de CO2", diz a responsável Susana Freitas. É que os alimentos desperdiçados que acabam nos aterros emitem metano e gás com elevado efeito de estufa, segundo o PERDA.

O objectivo era despertar a consciência dos donos dos restaurantes sobre o tamanho das doses que se servem. Mas é um hábito difícil de mudar, porque "quando vamos jantar fora também comemos com os olhos". Por isso este "é um trabalho dos dois lados": de quem serve e de quem é servido, acrescenta Susana Freitas.

A longo prazo, o ideal seria distribuir cada vez menos caixas porque significava que os restaurantes estavam a servir doses mais ajustadas. Mas Paulo Pereira, gerente do restaurante Cufra, que aderiu ao Embrulha, diz que diminuir as suas doses conhecidas por serem "generosas" não está nos planos. Antes de aderirem ao Embrulha, já disponibilizavam caixas, pagas, mas agora o facto de serem oferecidas "vem reforçar o hábito", analisa. 

Um problema sem sentido
O desperdício, no fundo, é um problema "que não faz sentido" e que, ao contrário de outros problemas ambientais, "não tem nenhuma vantagem [para quem desperdiça] nem a nível moral nem ambiental", afirma Sofia Guedes Vaz, que fez parte da equipa de investigadores do PERDA.

Depois há outra questão: apesar de a produção que existe ser suficiente para alimentar a população mundial, há 800 milhões de pessoas subnutridas. Quando, em 2050, o mundo tiver cerca de nove mil milhões de habitantes, segundo estimativas da ONU, a produção de géneros alimentícios deverá aumentar em 50%. 

Por outro lado, "o desperdício é evitável porque as pessoas podem ser ensinadas a cozinhar menos, a usar as sobras para o almoço, a usar os talos dos legumes para as sopas", continua Iva Pires, que defende ser necessário educar com base numa visão holística. "Quanta água é preciso para produzir carne? E quais os recursos naturais e materiais usados para aquele alimento que vamos deitar fora?" Contabilizar ajudaria a visualizar o nosso acto. Nos Estados Unidos, aquilo que uma família de quatro pessoas desperdiça num ano corresponde a mais de dois mil dólares, o que já "dava umas boas férias", diz Iva Pires, também coordenadora do mestrado e doutoramento em Ecologia Humana na Universidade Nova de Lisboa.

domingo, 24 de dezembro de 2017

Ministro anunciou 530 milhões de euros para ajudar agricultores


Diana Tinoco
SÓNIA PERES PINTO
21/11/2017 12:42

Têm sido anunciadas várias medidas para combater a seca severa e extrema que afeta o país há seis meses

Para ajudar os agricultores nas dificuldades sentidas face à seca, o ministro da Agricultura anunciou no final de outubro 530 milhões de euros, depois de ter obtido uma autorização extraordinária de Bruxelas. "Solicitei à União Europeia, para acudir aos problemas de tesouraria dos agricultores portugueses decorrentes da seca, uma autorização extraordinária para poder antecipar pagamentos", afirmou na altura Capoulas Santos.

Deste valor, 490 milhões de euros são referentes ao primeiro pilar da Política Agrícola Comum (PAC), ou seja, uma antecipação daquelas que são as ajudas fixas de Bruxelas. Os restantes 40 milhões dizem respeito ao segundo pilar, por via de apoios ligados ao investimento.

Nessa mesma altura, Capoulas Santos anunciou também a entrega até 4500 toneladas de ração para animais e a abertura de linhas de crédito até cinco milhões de euros, a atribuir em função do efetivo pecuniário, sublinhando que serão concedidos 180 euros por cada bovino e 40 euros por ovino.

Apesar de considerar estas medidas positivas, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) já veio admitir que é preciso fazer mais para ajudar os agricultores. "Não é nada de excecional, o dinheiro vai mais cedo para a conta dos agricultores, e isso é positivo, mas em termos de rendimento direto para os agricultores, as verbas não compensam, porque já compensa o facto de os agricultores estarem no mercado aberto e não a questão da seca, que já é mais grave que a de 2005", referiu.

Ao mesmo tempo, a CNA defende a criação de medidas específicas de apoio ao rendimento: por um lado, a compensação com os aumentos dos custos energéticos e, por outro lado, a compensação dos prejuízos que os agricultores estão a ter face a este cenário de seca.

Recorde-se que em junho deste ano o governo criou a Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Efeitos da Seca. O plano aprovado por esta estrutura assenta em três eixos: prevenção, monitorização e contingência, "integrando no seu conteúdo a determinação de limiares de alerta, a definição de metodologias para avaliação do impacto dos efeitos de uma seca, a conceção de manuais de procedimentos para padronização da atuação, a disponibilização de planos de contingência e a preparação prévia de medidas para mitigação dos efeitos da seca".

Nas últimas semanas, câmaras e empresas têm implementado várias medidas para combater esta seca, desde a paragem de centrais hidroelétricas até ao esvaziamento de piscinas.

Os insectos vão chegar ao seu prato em 2018

23.12.2017 às 16h34


Já são um pitéu em alguns países, mas no ano que vem, os insectos vão chegar em força ao prato dos europeus. A razão? A UE vai autorizar, a partir de janeiro, a venda para consumo humano. Prepare-se para uma nova tendência: a entomofagia.

Minhocas, lagartas, traças, formigas, cigarras, gafanhotos, escaravelhos, vespas, aranhas, escorpiões. Estas são apenas algumas das espécies que já se comem pelo mundo. Em muitos países de Ásia ou de África, comer insectos é normal. Estes bichinhos altamente nutritivos, ricos em proteínas, vitaminas, minerais e gorduras, chamaram a atenção das Nações Unidas, que ali viram uma promessa no combate à fome. A grande novidade é que a partir de 1 de janeiro, vai passar a ser possível ver estas espécies nos pratos dos Europeus. O regulamento 2283/2015 da União Europeia sobre "Novel Food" abre caminho à utilização dos insectos na nossa alimentação.

Comer gafanhotos, grilos ou minhocas é considerado um pitéu em algumas culturas, como no México e na China.

Não quer isto dizer que a partir do primeiro dia de 2018 encontremos formigas em restaurantes de "fine dining", ou massa feita de farinha de gafanhoto no supermercado. Mas significa que as empresas que já existem no continente e se dedicam ao consumo humano de insectos vão poder pedir autorização para a sua comercialização. E não são assim tão poucas. Em Espanha, por exemplo, a Meal Food Europe produz, desde 2016, dezenas de toneladas por mês de "tenebrio molitor", uma larva comum nos armazéns de trigo. Antes, em 2011, a Bioflytech também iniciou uma produção maciça de insectos. O entomólogo Santos Rojo Velasco, diretor do departamento de Ciências Ambientais e Recursos Naturais da Universidade de Alicante, é categórico: "Os insectos, obviamente, vão fazer parte da cadeia alimentar humana, direta ou indiretamente. Não só vão ser o alimento do futuro, como já são o alimento do presente".

Os hamburgueres de insectos, altamente proteicos, podem ser uma boa alternativa ao consumo de carne e uma esperança no combate à fome 


FABRICE COFFRINI

Portugal não passa ao lado da tendência. Desde 2014 que Tiago Almeida, licenciado em Gestão e Marketing, e Joana Cardoso, formada na área da Biologia e Alimentação, dois jovens de Vila Nova de Famalicão, criaram o projeto "Delight Bugs". Trata-se de uma aposta na transformação de insetos, em especial grilos, em farinha para consumo humano, uma matéria-prima muito rica em proteínas e vitaminas. A farinha de grilo tem duas vezes mais proteína do que um bife, o que desde logo mostra o potencial do alimento.
Em Inglaterra, uma equipa liderada por uma portuguesa, Susana Soares, procura desde 2011 novas formas de consumir insectos. Baseada em Londres, a "Insects au Gratin" trabalha com três espécies: a larva de escaravelho, o grilo e o louvadeus. Para quem, como os portugueses, já tem o hábito de comer caracóis, não deverá ser muito difícil subir um nível e experimentar comer larvas fritas ou escorpiões. Em muitos países da Europa, a maior dificuldade será lutar contra o preconceito.

A SOLUÇÃO PARA A FOME

Há um conhecido provérbio chinês que afiança que "tudo o que voa, nada, rasteja ou caminha pode ser comido". É isso que leva este gigante asiático a comer insectos desde o ano 628, quando o imperador Tauzong declarou que os gafanhotos não eram um sinal da cólera divina, mas sim uma revelação da bondade da natureza. Hoje, é muito comum encontrar insectos à venda nas ruas da maioria dos países, da China, onde é fácil comprar pacotes de grilos, à Tailândia. Mas o mesmo acontece em muitos países de África - em Angola, as formigas picantes são um pitéu - ou na América Latina. No México, os gafanhotos são vendidos como petisco. Neste país, aliás, os insectos estão de tal modo enraízados na gastronomia que restaurantes como o Punto MX, estabelecimento mexicano em Madrid com uma Estrela Michelin, conta introduzir na sua nova ementa gafanhotos e larvas de Maguey.

Chupa-chupas de escorpião ou de minhoca - aventura-se...?


Na verdade, são mais de 1600 as variedades comestíveis de insectos. Há cerca de 3000 etnias, em mais de 120 países, que comem insetos como suplemento alimentar ou substituto de alimentos escassos. Esta nova categoria alimentar pode revelar-se um aliado no combate à fome, já que em 2030, as estimativas apontam para uma população mundial superior a 9000 milhões de pessoas. Por isso é que a FAO (Food and Agriculture Organization), organismo das Nações Unidas, se debruçou sobre o assunto com afinco, com um extenso relatório em 2013. A coordenadora deste documento, Giulia Muir, ressalva que "muitos insectos são ricos em energia, proteínas, aminoácidos, ácidos gordos e micronutrientes como o cobre, o ferro, o magnésio, o manganésio, o fósforo, o selénio e o zinco, assim como a riboflavina (vitamina B2) e o ácido fólico, em alguns casos". Já sabe: da próxima vez que vir uma minhoca ou uma lagarta no prato, não faça um escândalo nem chame o empregado - pode ser simplesmente um novo ingrediente no seu prato. 

ASAE apreende garrafas de Barca Velha e Pêra Manca falsificadas

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) apreendeu 16 garrafas de vinho Barca Velha e Pêra Manca falsificadas que poderiam valer cerca de 10.000 euros no mercado de vinhos.

23 de dezembro de 2017 às 13:45

Em comunicado, a ASAE revela que, através da sua Unidade Nacional de Informações e Investigação Criminal, tem vindo a fazer investigações durante este ano, estando atenta à autenticidade de garrafas de vinho Barca Velha e Pêra Manca que se encontram em comércio e circulação no mercado nacional.


O organismo detectou várias garrafas destes vinhos "premium" portugueses falsificados, sendo vendidos como autênticos em vários locais, como leilões online, ofertas directas online e ainda em garrafeiras, em Lisboa e Leiria.


As investigações detectaram falsificações de Barca Velha rotuladas dos anos 2000 e de 2004 (valor médio de venda no mercado de 600 euros a unidade), bem como colheitas mais antigas de 1981 e 1985, com valor médio de venda no mercado de 400 euros a unidade que, pelo decurso do tempo, armazenamento e a expectável degradação dos rótulos, dificultam a distinção para o consumidor, entre garrafas genuínas e falsificadas.


Em relação às duas garrafas de Pêra Manca alegavam ser de 2008.


Segundo a ASAE, foram já foram identificados vários suspeitos, entre vendedores e fornecedores.


A ASAE adverte que, pelo valor unitário destes produtos e pelo aumento da sua exposição às falsificações, face à procura crescente, os consumidores devem reduzir os riscos nas suas compras, solicitando, por exemplo, a consulta da respectiva fatura de aquisição (para averiguar a sua proveniência) e aumentando a precaução nas compras online.

sábado, 23 de dezembro de 2017

Governo vai pagar 40 milhões de euros a 20 mil agricultores afetados pelos incêndios

Jornal Económico com Lusa

Ontem 14:00

Em conferência de imprensa realizada no Ministério da Agricultura, Luís Capoulas Santos explicou que estes mais de 20.000 pequenos agricultores vão receber entre 27 e 29 de dezembro.


O Governo vai pagar 40 milhões de euros até final deste ano a mais de 20.000 pequenos agricultores afetados pelos incêndios de outubro, os quais apresentaram candidaturas com prejuízos até 5.000 euros, anunciou hoje o ministro da Agricultura.

Os mais de 6.000 agricultores que entregaram prejuízos até 1.053 euros vão receber na totalidade o valor apresentado (3,7 milhões de euros no total), enquanto os mais de 14.600 agricultores que apresentaram prejuízos entre 1.054 a 5.000 euros vão receber 75% do valor total das candidaturas (valor global de 49,8 milhões de euros) até ao final deste ano (37,3 milhões de euros relativos aos 75%) e os restantes 25% no início do próximo ano, após validação dos controlos.

Em conferência de imprensa realizada no Ministério da Agricultura, Luís Capoulas Santos explicou que estes mais de 20.000 pequenos agricultores vão receber entre 27 e 29 de dezembro, através de transferência bancária, vale dos correios ou cheque carta. O ministro sublinhou que mais de 11.000 destes agricultores não dispõem de conta bancária.

Ano agrícola foi “globalmente positivo” apesar dos “constrangimentos”

– ministro Luís Capoulas Santos. ministro da Agricultura. 

Dinheiro Vivo/Lusa 22.12.2017 / 17:25 

O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, considerou que o ano agrícola foi "globalmente positivo". 

 O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, considerou esta sexta-feira que o ano agrícola foi "globalmente positivo", apesar dos constrangimentos impostos pela seca e pelos incêndios florestais. "O ano de 2017 foi marcado por dois factos muito negativos para o setor agrícola, refiro-me à seca e à questão dos incêndios florestais, […] mas o ano agrícola acabou por ser globalmente positivo já que foi possível garantir que as culturas regadas tivessem água durante todo o ano", disse à Lusa, Capoulas Santos. De acordo com o ministro da Agricultura, apesar de se ter verificado uma diminuição dos níveis dos recursos, "as atividades não foram prejudicadas e isso teve como consequência aumentos de produção". 

"O ano agrícola foi mau para a pecuária, para o arroz e para os cereais mas, globalmente, foi um ano positivo e, de tal modo assim foi, que nos permitiu, nos primeiros dez meses, aumentar em 12% as nossas exportações", considerou. Para Capoulas Santos, os números traduzem um conjunto de "posições muito importantes", como a reforma florestal. "A reforma florestal começou muito antes dos incidentes [incêndios] de Pedrógão, depois foi um pouco chamuscada por esses acontecimentos, mas acabou por fazer o seu caminho e estará, no início de 2018, plenamente em vigor e espero que seja uma reforma para produzir frutos para as próximas décadas", referiu. 

O governante destacou ainda o alargamento das equipas de sapadores florestais, o Programa Nacional de Regadios, a redução de 30% no preço da água do Alqueva e o aumento em 155 milhões de euros da dotação do Programa de Desenvolvimento Rural. "Foi o ano em que a agricultura biológica viu aprovada uma estratégia nacional e um plano de ação, um setor para o qual estão agora lançadas as condições para o seu desenvolvimento. Foram abertos mais 26 novos mercados para 57 produtos de origem animal, de que destacaria a abertura do mercado da China para a carne de porco portuguesa", sublinhou. Capoulas Santos considerou ainda que os agricultores portugueses deram um "exemplo de resiliência", tendo em conta os constrangimentos a que estiveram sujeitos. 

"Este é um setor que tem vindo a crescer acima do resto da economia e se conseguiu fazê-lo nestas condições, em situações normais, como aquelas que espero que venham a acontecer no futuro, este será um setor que avançará muito", concluiu.