domingo, 18 de junho de 2017

Investigadores da UTAD defendem aposta em "árvores bombeiras" para travar incêndios

Investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) dizem que Portugal deve apostar mais em "árvores bombeiras" para reflorestar o território porque são espécies que resistem e travam os incêndios. Esta solução permitirá, a longo prazo, limitar o flagelo dos incêndios, afirmam.

Investigadores da UTAD defendem aposta em "árvores bombeiras" para travar incêndios
Carlos Barroso/CM

24 de setembro de 2016 às 18:14

Os bidoeiros, carvalhos e castanheiros estão entre as principais "árvores bombeiras" porque são árvores folhosas que mantêm o ambiente "relativamente" húmido e abrigado do vento durante o verão, revelaram investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) em comunicado enviado à Lusa.
 
"Durante o Verão estão verdes, por isso, ardem com mais dificuldade e, por outro lado, produzem uma folhada que ao acumular-se no solo é pouco inflamável e se decompõe com facilidade, ou seja, cai no Outono e quando chega o Verão grande parte decompõe-se", disse o investigador e também docente da universidade, Paulo Fernandes.
 
E explicou: "Não há ali muito alimento para o fogo e, frequentemente, os incêndios ou param por si só, extinguindo-se ao entrar nas manchas, ou ardem com pouquíssima intensidade sem causar danos às árvores".
 
Paulo Fernandes salientou que é "raríssimo" encontrar um fogo cuja origem ocorra numa área com estas espécies e, quando acontece, as árvores mantêm-se verdes.
 
As "árvores bombeiras" encontram-se sobretudo no norte e centro do país, frisou. "O problema que se levanta é o da qualidade do solo. Aquelas espécies são mais exigentes, requerem locais de solo mais fresco, de melhor qualidade é por isso que, normalmente, ocupam vales, zonas onde há mais solo e mais humidade", esclareceu.
 
O investigador da UTAD adiantou que para zonas com "piores" condições de solo há "sempre" espécies que embora ardam com maior facilidade conseguem recuperar, sendo o caso do sobreiro.
"No extremo temos aquelas espécies que ardem muito bem como, por exemplo, os eucaliptos e os pinheiros. A natureza da espécie impõe o fogo e com a acumulação de biomassa há sempre um potencial risco", explicou.
 
Para o especialista, uma das respostas assenta na "gestão de combustível", através da limpeza dos espaços mantendo o subcoberto livre de mato e eliminando parte da manta-morta. "Consegue-se limitar o efeito do fogo, mas à custa de trabalho, esforço de limpeza e intervenção", realçou.

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