terça-feira, 20 de junho de 2017

Uma nova visão para a agricultura




A agricultura era considerada uma atividade económica pouco relevante e sem futuro, fruto de políticas públicas erradas. No presente, o posicionamento é diferente e o setor agroalimentar e florestal é dinâmico, propulsor de novas tecnologias, estratégico e com futuro sustentável. Senão vejamos!

As projeções sobre o mercado de trabalho na União Europeia até 2025 revelam que 26% das oportunidades de emprego em Portugal residem na agricultura, sendo uma oportunidade para os jovens. Os dados da FAO mostram que a população mundial deverá atingir 8 biliões em 2025 e 9,6 biliões em 2050, o que implica um aumento de 70% da produção alimentar. Adicionalmente, Portugal definiu como meta atingir o equilíbrio da balança agroalimentar em 2020, em valor, o que exige apostas no aumento da competitividade baseada em recursos humanos qualificados.

A agricultura é cada vez mais uma atividade tecnológica e de conhecimento, cuja sustentabilidade depende da capacidade em harmonizar as questões produtivas, tecnológicas e ambientais, sem descurar a sua estrutura económica e social. Indubitavelmente, o futuro do país passa pela competitividade e internacionalização das empresas e dos produtos agroflorestais, estimulados pelo aumento de I&D em parceria com as empresas e entidades do sistema científico.

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Esta articulação é crucial para dar resposta aos principais desafios do setor, que passam pela escassez de terra cultivável, as alterações climáticas, os custos da energia, as necessidades de recursos hídricos e ainda o despovoamento das áreas rurais.

O alcance desta ambição exige uma nova visão para a agricultura, recorrendo a modernos meios tecnológicos e sustentáveis, serviços de informação geográfica e sistemas de decisão recorrendo às tecnologias de comunicação. Esta agenda exige empresários com competências em soluções tecnológicas, envolvendo a robótica, a imagem assistida por computador, a sensorização, a monitorização ambiental, no quadro da chamada agricultura de precisão.

Mas o alcance desta ambição exige uma estratégia focada na exploração de dados, no recurso a múltiplos conhecimentos disciplinares, que responda de modo inteligente e eficiente aos desafios societais, tendo em vista a melhoria da competitividade e o equilíbrio social do país.

É neste contexto que deve ser desenvolvida a estratégia de investigação e inovação alinhada com a sua localização geográfica e o sistema empresarial e científico, contribuindo para a ambicionada convergência regional. Deste modo, a massa crítica e as competências das instituições de Ensino Superior do interior são um ativo valioso que Portugal não pode desperdiçar, antes incentivar.

* REITOR DA UTAD

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