terça-feira, 17 de outubro de 2017

Chuva regressa nesta segunda-feira e o risco de incêndio diminui

Precipitação vai ocorrer em todo o país até quarta-feira. Depois, a chuva vai cair no Norte do país, mas a seca deverá manter-se.

MANUEL LOURO 15 de Outubro de 2017, 18:48 Partilhar notícia

 A quantidade de água armazenada em Setembro voltou a descer em todas as bacias hidrográficas de Portugal continental monitorizadasFoto
A quantidade de água armazenada em Setembro voltou a descer em todas as bacias hidrográficas de Portugal continental monitorizadas LUSA/NUNO VEIGA
Depois de um mês de Setembro que foi "o mais seco dos últimos 87 anos", segundo o Boletim Climatológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), calculando que "81% do território estava em seca severa", a próxima semana poderá trazer algum alívio no que diz respeito a esta matéria. Esta segunda-feira regressa a chuva que se poderá manter durante toda a semana em algumas zonas do país.

"Segunda-feira e parte de terça-feira ocorrerá a passagem de uma superfície frontal fria que vai dar origem a períodos de chuva ou aguaceiros que podem ser por vezes fortes", explica o IPMA ao PÚBLICO, acrescentando que foram emitidos alertas amarelos de precipitação "para o Litoral Norte e Centro incluindo os distritos de Vila Real e Viseu" durante estes dias.

Depois da passagem desta superfície frontal fria, prevê-se um "sistema frontal com precipitação que também poderá ser por vezes forte" até quarta-feira. A partir de quinta-feira vai manter-se "uma tendência para a ocorrência de chuva" mas incidirá mais nos distritos a Norte, concretamente, na região Norte e litoral Centro. Ou seja, chuva em todo o território apenas ocorrerá segunda, terça e quarta-feira.

Como é natural, o efeito mais imediato da chuva é a diminuição do risco de incêndio. Se este domingo, dia em que todo o país esteve com risco elevado ou máximo, foi, segundo a Protecção Civil, o "pior dia do ano" no que diz respeito aos incêndios, na segunda-feira os alertas vão começar a reduzir até que, na terça-feira, nenhuma região do país apresentará risco elevado.

Já em relação à falta de água no solo, se esta situação vai colocar um travão ou provocar algum alívio no período de seca extrema em que vive grande parte do país, é difícil de calcular, mas improvável. "Algum benefício trará. É sempre precipitação que está a ocorrer", diz fonte do IPMA, explicando que não é possível calcular o impacto que terá a chuva dos próximos dias e que muito dependerá da quantidade de precipitação e da sua persistência, factor que pode variar de região para região. "Se atingir determinada região com bastante intensidade e persistência terá um impacto diferente" do que noutra zona onde não aconteça desta maneira.

As previsões para as próximas semanas não oferecem também grandes respostas, sendo que entre os dias 23 e 29 deste mês "prevêem-se valores de precipitação abaixo do normal na região Sul". Ou seja, tendo em conta esta previsão, pouco se alterará no que à seca diz respeito.

De acordo com os dados mais recentes, a quantidade de água armazenada em Setembro voltou a descer em todas as bacias hidrográficas de Portugal continental monitorizadas.

Sabe-se que 13 das 60 barragens monitorizadas pela Agência Portuguesa do Ambiente a nível nacional registam um nível de armazenamento de água abaixo dos 20%, o que é considerado crítico.

No início do mês, o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, admitiu no final da reunião da Comissão de Gestão de Albufeiras o risco iminente de escassez de água nos concelhos servidos pela Barragem de Fagilde, no distrito de Viseu, se continuar a não chover.

O Boletim Climatológico do IPMA refere também que a água no solo, a 30 de Setembro, "em grande parte das regiões do interior e no Sul de Portugal continental, apresenta valores inferiores a 20%, sendo mesmo em alguns locais iguais ou inferiores ao ponto de emurchecimento. Nas regiões do litoral norte e centro os valores variavam entre 20 a 40%".

O IPMA realça ainda que no último semestre o valor médio da temperatura máxima (27,72°C) foi o mais alto desde 1931 e o valor médio da temperatura média o 2º mais alto (depois de 2005)". Ora, a "conjugação de valores de precipitação muito inferiores ao normal e valores de temperatura muito acima do normal" teve como consequência a seca extrema.

A seca já levou o Governo a decretar apoios excepcionais aos agricultores para captação de água, nomeadamente nos distritos alentejanos de Évora, Beja e Portalegre e nos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola e Santiago do Cacém, banhados pelo Sado.

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