sábado, 7 de janeiro de 2017

Está na hora do vinho do Porto “dominar o mundo”, diz a Bloomberg


Shrikesh Laxmidas

A agência norte-americana diz que o 'boom' de turismo em Portugal está a criar uma nova geração de fãs do vinho fortificado, deixando para trás uma aura nostálgica. Chegou oficialmente a altura de dar uma nova oportunidade ao 'Port'.

A popularidade de Portugal como destino turístico está a disparar, diz a Bloomberg Pursuits, o site de 'lifestyle' da agência, realçando que em 2016 o número de visitantes só dos EUA escalou 22%. "O próximo passo para a dominação mundial? A  bebida emblemática do país", responde a agência.

"Talvez pense no vinho do Porto como meramente a monótona e última dose de álcool servida no final de um jantar refinado. Pode ter mesmo experimentado e pensado que é tão adocicado que não é surpresa que só o sirvam num copo que tem o tamanho de um dedal. Mas chegou oficialmente a altura de dar uma nova oportunidade ao 'Port'".

Enquanto o Xerez espanhol é mais como um 'aguçar' de um vinho normal, a bebida portuguesa sabe mais a um 'alargamento' do vinho. Fortalecido com brandy e envelhecido em madeira, tem uma profundidade de sabor que inspira a nostalgia.

A Bloomberg explica que essa aura nostálgica que rodeia o vinho do Porto é acentuada pelo fato da principal geração de consumidores estar a desaparecer. "Uma suave queda da vendas globais sugere que há alguma verdade no estereótipo que a demografia do vinho Porto consiste de tias solteironas e membros de clubes de 'gentlemen'".

As perspetivas são, no entanto, positivas, diz a agência. "O 'boom' do turismo pressagia uma reviravolta. Uma nova geração de adeptos do vinho Porto está a caminho", frisou.

Após descrever os diferentes tipos de Porto e sugerir algumas técnicas para decantar e saborear o vinho, a Bloomberg vinca que também há outras formas mais descontraídas de consumir a bebida. O Porto Tónico, muito apreciado em França e na Bélgica, mistura o Porto branco com água tónica para criar um leve aperitivo. Nos EUA, a comunidade de criadores de cocktails, ou 'mixologists', tem se esforçado para manter o vinho do Porto em moda, incorporando-o em novas misturas e em variações de receitas clássicas.

A Pursuits oferece, para mostrar a resiliência histórica do vinho português mais famoso, a receita para um cocktail que foi criado no final do século 19 mas que é ainda servido em bares de bairros 'trendy' como Brooklyn, em Nova Iorque. "Escuro e pesado como o polido e sólido mogno, evoca os clubes de 'gentlemen', mas da melhor forma. Recomendo como um 'nightcap', última bebida antes de se deitar, parcialmente por ser meio caminho andado para um analgésico que o adormece – porventura para sonhar com o renascer do vinho do Porto".

Subida generalizada do preço do azeite

 22-12-2016 
 

A quebra da produção de azeite já se faz reflectir nos preços. O Comité Oleícola Internacional (COI) divulgou recentemente os valores do azeite.

Em Espanha, os preços do azeite Virgem Extra, na origem, aumentaram de forma regular e constante situando-se nos finais de Novembro de 2016 em 3,37 euros o quilo, o que representa um aumento de 10 por cento relativamente ao mesmo período no ano anterior.

Em Itália, os preços do azeite Virgem Extra, na origem, a partir de meados de Agosto iniciaram uma tendência em alta que se intensificou no princípio de Novembro aumentaram de forma regular e constante situando-se nos finais de novembro de 2016 em 5,75 euros o quilo, o que representa um aumento de 70 por cento relativamente ao mesmo período no ano anterior.

Na Grécia, os valores do azeite Virgem Extra, na origem, desde meados de Agosto mantiveram-se estáveis, mas à semelhança dos restantes mercados iniciaram uma subida nas últimas semanas, situando-se nos finais de Novembro de 2016 em 3,46 euros o quilo, o que representa um aumento de 21 por cento relativamente ao mesmo período no ano anterior.

Por último, na Tunísia, os preços do azeite Virgem Extra, na origem, nas últimas semanas mantiveram-se estáveis mas começaram a subir situando-se nos finais de novembro de 2016 em 3,68 euros o quilo, o que representa um aumento de 12 por cento relativamente ao mesmo período no ano anterior.

Fonte: FENAZEITES notícias

Armazenamento de água em Dezembro subiu em oito bacias hidrográficas

 03-01-2017 
  
A quantidade de água armazenada em Dezembro em Portugal continental subiu em oito bacias hidrográficas e desceu em quatro, relativamente ao mês anterior, de acordo com o Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos.

Segundo o boletim de armazenamento de albufeiras do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), divulgado esta terça-feira, no último dia de Dezembro verificou-se uma subida em oito bacias e uma descida em quatro, comparativamente a igual período do mês anterior, das 60 albufeiras monitorizadas.

Das albufeiras monitorizadas, oito apresentam disponibilidades hídricas superiores a 80 por cento do volume total e 18 têm disponibilidades inferiores a 40 por cento.

Os níveis mais elevados de armazenamento de água em Dezembro de 2016 ocorreram nas bacias do Guadiana (75,7%), Mondego (71,9%), Tejo (71,7%), Mira e Barlavento (64,1%), Douro (62,2%), Cávado (68,5%), Oeste (56,7%), Arade (47,9%), Lima (35,3%), Ave (31,9%) e Sado (27,3%).

O SNIRH indica que os armazenamentos de dezembro de 2016, por bacia hidrográfica, apresentaram-se inferiores às médias dos valores do mesmo mês nos períodos de 1990/91 a 2014/15, excepto para as bacias do Mondego e Tejo. A cada bacia hidrográfica pode corresponder mais do que uma albufeira, segundo o SNIRH.

Fonte: Diáriodigital; Lusa

Governo angolano quer alocar 10% das receitas fiscais ao desenvolvimento agrário


por Ana Rita Costa- 6 Janeiro, 2017

O Governo de Angola vai alocar 10% das receitas fiscais associadas à importação de produtos agrícolas ao financiamento do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário (FADA). De acordo com a Lusa, o objetivo desta medida é "adequar as normas de organização e financiamento" à legislação do país, já que o FADA é uma instituição financeira.

O capital social do FADA é de cerca de 145 milhões de euros e faz a concessão de crédito "às ações viradas para o desenvolvimento da produção alimentar e agrícola e para o negócio". O objetivo é criar uma espécie de 'banco' para a agricultura angolana, que receberá transferências anuais do Estado.

"Doravante, o FADA funcionará como instituição financeira especializada destinada a apoiar a política de fomento agrário, sob a tutela do Ministério das Finanças", refere uma nota do secretariado do conselho de ministros angolano a que a Lusa teve acesso.

O Governo angolano anunciou também no início deste ano a criação de um programa que pretende dinamizar a produção nacional e diversificação além do petróleo. O objetivo é travar as importações e aumentar as exportações, já que Angola está a viver uma profunda crise económica.

Cientistas estão a usar técnicas forenses para medir qualidade do azeite e prevenir fraudes


por Ana Rita Costa- 6 Janeiro, 2017

O ADN já não ajuda só a resolver crimes. De acordo com o Olive Oil Times, já está a ser utilizado também no controlo de qualidade de produtos alimentares e na prevenção de fraudes no azeite.

Como explica a publicação, um grupo de cientistas conseguiu quantificar a presença de ADN no azeite com recurso a técnicas forenses. Segundo Gabriel Dorado Pérez, Professor de Biologia Molecular e o investigador por detrás deste trabalho, "o objetivo é desenvolver um método para determinar se os azeites rotulados como monovarietais contêm outro tipo de óleos".

Os objetivos do projeto passam também pela promoção das certificações de qualidade, de origem e monitorizar e identificar casos de fraude, elementos cada vez mais importantes para o mercado do azeite, até porque a fraude impacta não só produtores de olival, mas também marketeers, produtores de azeite e distribuidores.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Propriedades a saque. O mundo surreal dos roubos agrícolas


JOANA MARQUES ALVES
05/01/2017 21:06

Produtores desesperam com número crescente de furtos. Ladrões levam laranjas, castanhas, azeitonas e gado, deixando os agricultores em situações difíceis e com prejuízos de milhares de euros

O roubo agrícola e pecuário é cada vez mais uma preocupação para milhares de produtores de todo o país. São vários os esquemas usados por quem tenta lucrar com o trabalho dos outros, mas o principal problema, defendem muitos agricultores, está na falta de controlo no setor agropecuário e na distribuição. "Só roubam se houver quem compre", disseram ao i diferentes responsáveis desta área.

Os dados da Operação Campo Seguro da GNR permitem ter uma dimensão do problema. Anualmente, entre os dias 1 de novembro e 31 de janeiro, os militares intensificam "o patrulhamento nas explorações agrícolas, com o objetivo de prevenir o furto de produtos agrícolas, o furto de metais não preciosos e ainda situações de tráfico de seres humanos", explicou fonte desta força de segurança ao i.

Só em novembro, a GNR organizou 8749 ações de sensibilização, tendo sido registados 46 crimes e 122 contraordenações. Vinte pessoas acabaram por ser detidas, e 37 identificadas. Segundo os dados fornecidos ao i, Braga foi o distrito que registou mais ocorrências criminosas (27), seguido por Beja (6), Santarém (4), Portalegre (3), Viseu (3). Évora (2) e Guarda (1). Dez pessoas foram detidas em Santarém, cinco em Beja e cinco em Braga.

Neste período, a GNR apreendeu 3,74 toneladas de azeitona em Beja, 20 quilos de cobre em Braga e 330 quilos de azeitona em Portalegre. Se os números são expressivos, os prejuízos de quem é roubado não ficam atrás. "Estamos a falar de prejuízos de centenas de milhares de euros. Para além do roubo, temos depois toda a logística que tem de ser implementada constantemente para evitar os furtos. Temos de tomar medidas para que não torne a acontecer e tudo isso custa muito dinheiro", explicou ao i o eng.o Pedro Silveira, membro da direção da União da Floresta Mediterrânica (UNAC).

O responsável adianta que tem havido trabalho conjunto dos produtores com as autoridades policiais, mas a jusante. "O problema grave que temos não é com a GNR, mas sim com os tribunais. As pessoas são apanhadas em flagrante e, muitas vezes, são libertadas. Há pouco tempo foi noticiado o desmantelamento de uma rede no distrito de Setúbal com 13 ou 14 pessoas. Estão identificadas, todos sabem quem são. No dia a seguir, depois de terem sido ouvidos em tribunal, já estavam todos na rua", explica Pedro Silveira, que descreve o modus operandi habitual. Regressam ao "mercado", a comprar e vender bens roubados, por vezes com outras pessoas a representá-los como testas-de- -ferro. Laranja, azeitona, castanha, pinhas, gado, cortiça e fios de cobre são os produtos que mais circulam por mãos alheias. Nestas páginas contamos-lhe como.

Em face do número de roubos de laranja no distrito de Faro, a GNR decidiu criar a Operação Citrino Seguro. Esta consiste no "patrulhamento nas explorações agrícolas onde se realizaram campanhas de apanha da laranja, estabelecendo-se contactos com as associações de produtores tendo em vista a agilização da intervenção policial, bem como ações de fiscalização nos acessos às explorações, locais de armazenagem e pontos de venda junto de vias rodoviárias, nestes casos em coordenação com a ASAE", explicou fonte oficial da GNR.

A última operação teve lugar entre os dias 27 de julho e 15 de agosto de 2016 e contou com a participação de 57 militares. Estes realizaram 49 ações de sensibilização, detiveram três pessoas e identificaram quatro, elaboraram quatro autos de contraordenação e aprenderam cerca de 170 quilos de laranjas.

Mas nem como uma ação de força os produtores acreditam que a ameaça cesse. "Com a Operação Citrino Seguro notou--se alguma acalmia. E até levou à detenção de um grupo em Tavira, apanhado em flagrante (…) Mas as autoridades, por mais boa vontade que tenham, não conseguem resolver o problema. Há que ter em conta outros fatores, como a falta de trabalho, o baixo rendimento e a sensação de impunidade perante a lei. Tudo somado faz com que haja um incentivo ao roubo e à sua repetição", disse ao i Horácio Ferreira, membro da Cooperativa Agrícola de Citricultores do Algarve (Cacial).

Horácio Ferreira admite que em 2016 houve mais queixas do que no ano anterior. "Os roubos iniciam-se na altura em que a laranja começa a ter cor e a saber bem, mas há casos em que os frutos são roubados mesmo antes disso", explicou o responsável, referindo que o furto tem como objetivo a venda nacional e internacional, principalmente em Espanha.

"Se somarmos todos os roubos, chegamos a uma quantia muito elevada. Não sei precisar valores, mas chega-se seguramente a uns largos milhares de euros. Não sabemos como controlar isto, só se tivermos um guarda no pomar a tempo inteiro", remata.

O ano de 2016 fechou com a notícia da detenção de 14 pessoas e a apreensão de uma tonelada de azeitonas, furtadas na zona de São Manços, distrito de Évora. Em Ferreira do Alentejo, Beja, foram apreendidas mais 20 toneladas de azeitona furtada. Já esta semana, na mesma zona, houve mais três detenções e 330 quilos de azeitona apreendida.

Mais uma vez, as notícias da atuação policial não tranquilizam os olivicultores, que são dos que mais sofrem com o furto agrícola – o roubo da azeitona não tem parado de crescer.

"Tem havido um crescimento enorme do furto da azeitona – não por existirem mais ladrões, mas porque há menos azeitonas", explica José Maria Falcão, perito da Confederação dos Agricultores Portugueses (CAP).

A apanha começou bastante mais tarde em Espanha e isso fez com que os lagares espanhóis começassem a aceitar azeitonas de qualquer origem, adianta o responsável, que apela a maior controlo na circulação de mercadorias. "Há cada vez menos autoridade neste país – tudo se rouba, tudo se transporta, tudo se transaciona nas barbas da autoridade e não se pedem responsabilidades", sublinha José Maria Falcão.

"No último mês tem sido uma coisa diabólica. Já existem bandos organizados de ladrões, grupos de dez, 20, 30 pessoas que invadem os olivais durante o dia ou a noite, apanham a azeitona e transportam-na para um centro de receção entre Elvas e Campo Maior. Não sabemos se está ou não legal. Nem a ASAE sabe nem a Autoridade Tributária dá uma resposta sobre o assunto (…)", relata o responsável, que se limita a explicar o que todos comentam. Os centros de receção não emitem um único documento de entrada ou de saída, são feitos pagamentos em que não há fatura, não há guia de remessa, não há nada. "A GNR, com os meios que possui, não consegue lidar com o problema. Já houve agricultores ameaçados, as pessoas têm medo de ir aos seus próprios olivais."

E para além de temerem os criminosos, os agricultores lidam com outro problema tão grave quanto este: o prejuízo financeiro. "Falamos de dezenas ou centenas de milhares de euros. (…) Só um grande produtor desta zona [Elvas e Campo Maior] fala em mais de 100 mil quilos roubados. Se multiplicarmos por 50 cêntimos o quilo, veja o prejuízo que aqui está. No meu caso roubaram 20 ou 30 toneladas e todos os outros olivicultores se queixam do mesmo", explica José Maria Falcão, que defende que Portugal devia seguir o exemplo de Espanha e implementar leis mais rigorosas no setor e reforçar a fiscalização.

"Todos os ladrões só roubam se houver alguém que compre o produto. Se esses postos de receção forem obrigados a estar completamente legalizados, a pagar os seus impostos e a ter documentação sobre tudo o que entra e sai, de forma a existir uma contabilização da matéria, começam a existir fiscalizações bem feitas. Nisso temos de ser como os espanhóis. Cá, quando os produtos agrícolas são transportados para o primeiro local de transformação, não precisam de nenhuma guia de remessa. Essa ausência de responsabilização, de um documento legal, impede, em parte, a GNR de atuar. Já houve juízes que questionaram o porquê de os agentes da autoridade estarem a autuar certas pessoas a quem chamam ladrões por não terem nenhum documento, quando aos próprios agricultores não é exigido esse testemunho. Por isso, há aqui um vazio legal que permite tudo. E tem de haver uma fiscalização apertada ao setor transformador: nós sabemos perfeitamente quais é que abrem as portas a este tipo de furto."

Outro produto que tem sido alvo de repetidos furtos é a castanha. O aumento do roubo tem sido exponencial e os produtores já não sabem como travar os delinquentes. O "saque" tende a começar em meados de novembro, em zonas em que muitos produtores são idosos e onde parece imperar a máxima de que o crime compensa.

"Há falta de mão-de-obra em zonas que têm pouca gente e a maior parte da população é idosa. Na altura da apanha chegam pessoas do estrangeiro para ganhar a jorna. Só que agora estão a chegar pessoas que já não querem trabalhar para receberem o dia, ganham mais roubando um saco de castanhas do que a andar um dia inteiro a trabalhar."

É esta chegada crescente de ladrões em vez de trabalhadores que tem deixado os produtores preocupados. "Existem dezenas de viaturas de ladrões, com carrinhas cheias, à beira das estradas. Uma pessoa de 70 ou 80 anos reclama com eles e é maltratada. Se oferecer resistência, chegam a agredi-la", revelou ao i uma fonte do setor que não quis identificar-se.

Nesta área, o problema é o mesmo que nas restantes: o setor compactua com esta atividade criminosa ao comprar castanha roubada e as autoridades não conseguem impor a lei. "Como são roubos feitos em pequenas quantidades, as pessoas não querem andar em tribunais a arrastar a situação. Há também furtos em armazéns que depois são diluídos nos roubos de menores dimensões feitos nas propriedades. A lei acaba por os proteger, só se consegue acabar com o problema apanhando-os em flagrante. Mas, mesmo assim, os ladrões podem dizer que estão a apanhar para comer", diz a mesma fonte.

Nestes casos, o crime não é furto mas invasão de propriedade privada. "Ninguém pode meter uma pessoa na prisão por andar a apanhar um quilo de castanhas para fazer o magusto em casa. E os produtores também não podem fazer nada porque chegam a tribunal e são mandados para casa."

Para Pedro Silveira, da União da Floresta Mediterrânica, o roubo da pinha é outro dos grandes problemas com os quais as autoridades têm de lidar.

Apesar de ter sido recentemente implementada legislação mais apertada para este produto especificamente, o número de roubos voltou ao que era nos últimos anos. Isto porque, segundo o responsável, as pessoas já sabem como funcionam as novas normas e aproveitam os "buracos" na lei para continuar a roubar.

"Deixou de ser uma legislação criminal para ser administrativa. As pessoas não são presas, mas sim multadas por andarem a transportar pinhas que não conseguem provar que são delas. (…) No momento em que a alteração foi introduzida, houve um retrocesso nos furtos mas, hoje em dia, já está praticamente igual ao que era: as pessoas já conhecem a legislação e já sabem o que podem ou não fazer de forma a não serem apanhadas, usando documentação falsa e aproveitando a falta de fiscalização."

Os esquemas são vários. Uma pessoa pode dizer que é dona de um pinhal e, de repente, produz uma grande quantidade de pinhas. "É claro que esse valor não é real, mas ninguém fiscaliza a propriedade, que provavelmente produz apenas 500 quilos. É evidente que o resto da pinha veio de outro lado, mas ninguém vai ao local inspecionar", denuncia Pedro Silveira. "As pessoas sabem que se fizerem assim não são apanhadas e volta tudo ao mesmo."

O responsável acredita que a situação pode melhorar e que o essencial é ter pessoas no terreno a realizar fiscalizações. No entanto, o membro da direção da UNAC afirma que essas operações vão continuar a ser dificultadas por algo que ninguém consegue controlar: as novas tecnologias. "Antigamente era complicado saber onde estava a GNR. Hoje em dia, com um telemóvel, é muito fácil ter essa noção."

O roubo da cortiça é dos mais falados nos meios de comunicação nacionais e isso deve-se principalmente à quantidade de furtos que vão ocorrendo durante o ano. No final do ano passado, por exemplo, foram detidas 13 pessoas por furto e receção de cortiça roubada no distrito de Setúbal. As detenções surgiram na sequência de várias buscas domiciliárias na região.

Recorde-se que Portugal tem 730 mil hectares de montado e é o maior produtor mundial de cortiça. Os produtores dizem que este é um problema que tem vindo a crescer nos últimos anos e apelam também a uma maior fiscalização, principalmente junto de quem compra o produto. "Os prejuízos variam consoante a qualidade da mercadoria – quando é roubada cortiça de qualidade, que no mercado pode valer cinco euros o quilo, o roubo pode atingir um valor bastante elevado", explica Pedro Silveira.

"Quanto menos trabalho der e mais render, melhor. Essa é sempre a lógica." Para travar os furtos, a GNR pediu no verão passado que os produtores começassem a colaborar com as autoridades, estando atentos aos veículos que passam junto às propriedades e ao comportamento das pessoas que trabalham nas terras.

"O gado é um problema gravíssimo. Tudo se rouba: porcos alentejanos que estão no montado a comer bolota, ovelhas, vacas, é o que calha", explica Pedro Silveira.

O roubo de animais acontece um pouco por todo o país mas, segundo o responsável, o Norte é a região mais afetada. "As quadrilhas de ladrões de gado estão muito ligadas aos matadouros clandestinos, que existem mais no norte do país. Os animais são apanhados, depois são mortos nesses matadouros e a carne é colocada no mercado. Até para os supermercados esta carne pode ir, mas isso normalmente não acontece, pois têm uma cadeia bem organizada. Mas as cadeias de abate ilegal chegam a fornecer restaurantes e estabelecimentos do género", alerta.

Também o furto de cobre traz muitas dores de cabeça aos agricultores. "Para roubarem meia dúzia de tostões estragam máquinas de rega ou postos de transformação de eletricidade, que são muito caros. Roubam 100 euros de cobre e provocam um estrago de milhares de euros. Além disso, se roubarem o cobre de uma máquina de rega durante a altura em que esta está a ser utilizada, podem estragar 30 ou 40 hectares de milho, por exemplo. É um prejuízo de dezenas de milhares de euros", explicou o mesmo responsável.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Produção de azeite diminui

 22-12-2016 
 


 
O Comité Oleícola Internacional (COI) voltou a confirmar as perspectivas de uma campanha de produção inferior à anterior.

A produção mundial deverá situar-se nas 2.713.500t, o que significa uma quebra de 14% relativamente à campanha de 2015/16.

Os países membros do OI alcançarão uma produção total de 2.519.000, das quais os países produtores europeus totalizam 1.923.000t, diminuindo no seu conjunto 17% relativamente à campanha anterior. Espanha com uma produção estimada de 1.311.300t diminuirá (-6%) seguida da Grécia com 260.000t (-19%), Itália 243.000t (-49%) e Portugal 93 600t (- 14%). Os restantes países têm quebras menos acentuadas.

No resto dos países membros do COI estima-se que a produção diminua 7%. As principais quebras são na Tunísia com uma produção de 100.000t que significa uma quebra de 29%, Marrocos 110.000t (- 15%), Argélia 74. 000t (-11%), Jordania 23 000t (-22%), Líbano 20. 000t (-13%), Argentina e Líbia 15.500t (-18% e -14% respectivamente).

Os países que apresentam aumentos são a Turquia que alcançará uma produção de 177.000t o que representará um aumento de 24% relativamente à campanha anterior, o Egipto 27.000t (+8%), Israel 16.000 (+7%), Albânia 11.000t (+5%). Os restantes países têm aumentos menos acentuados.

Fonte: FENAZEITES notícias

O abacate é o novo ‘ouro verde’ e a máfia mexicana quer fazer negócio

28/12/2016, 15:11

A procura por abacate está a encarecer o fruto -- já é chamado ouro verde. O aumento da popularidade tem feito aumentar a criminalidade em países como o México e a Nova Zelândia.

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Por cada quilo de abacate produzido são necessários cerca de 242 litros de água. Os pesticidas utilizados infiltram-se na rede de distribuição de água das populações

De desconhecido até ao 'ouro verde'

Tudo começou quando o Congresso nos Estados Unidos da América levantou um embargo feito ao México que durava há já 83 anos e que limitava a importação de alimentos vindos da América Latina. Com esta decisão, a gastronomia latina registou uma expansão que não só aumentou o seu consumo como também a popularidade dos seus ingredientes. E, logo aí, o "ouro verde" chegou ao auge.

Rico em gorduras saudáveis e vitaminas, com benefícios para a pele e para o cabelo, o abacate tornou-se o super alimento e um produto com utilidade também na cosmética.

Oil will be extracted from avocados like these to be used in cos
Nesta imagem vemos abacates que irão ser utilizados para fins cosméticos. O seu óleo será extraído para indústrias de cosmética que depois exportam os seus produtos.

O crime: Ser o rei do abacate

A área do México mais afetada é o Michoacan, um dos maiores locais de plantação do país. Nesta região, a onda de crime tem aumentado, e todos querem ser o 'rei dos abacates', conta o El Mundo. Muitas vezes, os agricultores são pagos pela máfia para agirem fora da lei: escondem-se para roubar o fruto e chegam até a causar incêndios para poderem depois replantar a fruta. O "Cártel de Los Caballeros Templarios" domina o negócio.

Também na Nova Zelândia, outro grande produtor de abacate, se tem verificado um aumento significativo da criminalidade. Em 2016 foram documentados mais de 40 assaltos às plantações do fruto. Também nos supermercados se fazem avisos aos ladrões que não só roubam dinheiro… como também o 'delicioso fruto', explica o El Mundo.

Num artigo recente, a revista Visão explica que, para os amantes de fruta e, ao mesmo tempo, para os amigos do ambiente, está já a ser criado um selo que irá certificar que dado fruto não foi plantado num pomar que compromete o meio ambiente e, claro, a saúde pública.

A popularidade do fruto traz consigo uma grande ameaça ao meio ambiente. O abacate exige muita, muita água para crescer: para produzir um quilo são necessários cerca de 242 litros de água. No México, por exemplo, 1.000 hectares de floresta são dedicados à produção do abacate.

Mas além da desflorestação excessiva para que seja possível a produção do abacate, bem como os litros e litros de água necessários para que o fruto não passe 'sede', novos problemas surgem: os químicos e seus efeitos na saúde. Segundo conta a Visão, os químicos agrícolas estão a contaminar não só os solos como os próprios lençóis de água, o que, por sua vez, põe em risco a água dos lagos e da própria rede de distribuição para as populações. Isto, claro, coloca em risco a saúde pública.

Segundo o especialista ambiental Alberto Gomez Tagle, a população que depende das águas do rio pode já estar a sofrer efeitos dos químicos lá depositados. Estes químicos não eram comuns até a produção do abacate se expandir em larga escala, usando todo o tipo de pesticidas.

abacatees
Letreiro de aviso em Uayma, México.

O novo bem de luxo… mas não em Portugal

A procura pelo 'ouro verde' tem sido tanta que o fruto é já considerado um bem de luxo, em vários países. Nos Estados Unidos, o preço do produto subiu cerca de um dólar (por fruto), desde o ano passado. Em Espanha, por exemplo, pode-se pagar cerca de dois euros por apenas um abacate e a produção não chega para satisfazer a procura. A nível global, o abacate tem registado um crescimento de cerca de 3% por ano. Em Portugal, no entanto, o abacate ainda não é moda.

Em Portugal produz-se abacate, ainda que o fruto seja exótico e típico da América do Sul. A país produz aproximadamente 2.900 toneladas do fruto numa extensão de 320 hectares de cultivo, sendo que o Algarve é a maior zona de produção do país, com cerca de 230 hectares e uma produção máxima de 1900 toneladas. A segunda maior região é a Madeira.

Se compararmos com Espanha, percebemos o quão pequena é a nossa produção. Nos primeiros nove meses de 2016, conta o El Mundo, a importação do fruto chegou quase às 73.500 toneladas.

INE: Diminuição na produção de azeitona para azeite e milho

 
As previsões agrícolas de Dezembro de 2016, do Instituto Nacional de Estatísticas apontam para uma diminuição significativa na produção de azeitona para azeite, de -20 por cento, numa campanha onde as condições climatéricas da Primavera prejudicaram o normal vingamento do fruto, sobretudo nos olivais tradicionais de sequeiro.

Na castanha, o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) prevê uma produção próxima das 26 mil toneladas, uma das melhores da última década, enquanto para o milho, cuja diminuição da área semeada em conjunto com uma menor produtividade determinaram uma redução da produção de -1,5 por cento, pode vir a registar o valor mais baixo dos últimos cinco ano, pouco acima das 700 mil toneladas.

Quanto ao início da campanha dos cereais de Outono/Inverno, não se verificam problemas na preparação dos terrenos para a sementeira das culturas, observando-se uma germinação regular na maioria das searas.

Para a produção de leite e lacticínios, a recolha de leite de vaca foi de 139,5 mil toneladas, o que representa um decréscimo de 6,0 por cento. A produção total de lacticínios apresentou uma ligeira descida de 0,3 por cento devido ao menor volume de manteiga, de -23.2 por cento; leites acidificados, de -13,5 por cento e nata para consumo, de -2,8 por cento, segundo o Boletim Mensal de Agricultura e Pescas do INE, disponível em anexo.

Descoberto campo de cultivo de batatas com 3800 anos



As escavações puseram a descoberto 3768 "wapatos", o equivalente às atuais batatas
Foto: Pedro Correia/Arquivo Global Imagens


Restos de batatas com 3800 anos descobertos no Canadá são "a primeira prova" de que as populações autóctones da América do Norte já cultivavam o tubérculo.

O batatal, descoberto nas terras ancestrais da tribo Katzie, hoje pertencentes à província canadiana de Colúmbia Britânica, constitui "a primeira prova" de agricultura por parte dos povos caçadores-recolectores da região durante esse período, segundo um estudo publicado na edição de dezembro da revista "Science Advances".

Os autores do trabalho, coordenado por Tanja Hoffmann e por arqueólogos da Universidade Simon Fraser, concluíram que as populações indígenas da região do noroeste Pacífico tinham aproveitado áreas pantanosas para aumentar a produção daquelas plantas alimentares selvagens.

A tribo local colocou provavelmente pedras para delimitar o terreno cultivado e impulsionar o crescimento dos "wapatos", o equivalente às atuais batatas.

Os investigadores encontraram também 150 fragmentos de utensílios moldados pelo fogo no local da escavação, que pensam ser as pontas de ferramentas que serviam para lavrar a terra.

O equivalente antigo da batata, que crescia entre outubro e fevereiro, era para as tribos indígenas uma importante fonte de amido durante os meses de inverno.

As escavações puseram a descoberto 3768 "wapatos", também conhecidos como "batatas indianas".

"Os restos que encontrámos estavam castanhos-escuros ou enegrecidos e, apesar de apenas a face exterior ter sobrevivido na maioria dos espécimes, alguns continham igualmente polpa no interior", refere o estudo.



Comer carne pode ser mais saudável do que ser vegetariano


04/01/2017 19:01

Estudo indica que comer apenas vegetais e fruta pode provocar riscos a longo prazo.

Uma dieta exclusivamente à base de legumes e fruta pode não ser tão boa como se pensava. De acordo com um estudo da Universidade de Graz, na Áustria, pode até comportar riscos para a saúde.

Os investigadores concluíram que uma dieta vegetariana pode significar risco de doenças mentais, risco de cancro e alergia e uma menor qualidade de vida no geral.

Nathelie Burket, a coordenadora da investigação, concluiu que apesar de os vegetarianos terem uma vida mais ativa, fumarem menos e consumirem menos álcool, o facto de consumirem apenas frutas, legumes e alimentos integrais faz com que haja uma carência de gorduras saturadas e colesterol.

A investigação, citada pelo jornal britânico The Independent, analisou 1320 pessoas, 330 vegetarianos, 330 consumidores de carne, 300 com uma dieta comum mas com pouca carne e 330 também com uma dieta comum mas com menos carne.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

9as Jornadas Hospital Veterinário Muralha de Évora


9as Jornadas do Hospital Veterinário Muralha de Évora, ÉvoraHotel 10 e 11 de Março 2017
 
- 3as Jornadas Monte Selvagem: Animais Exóticos,
 
- 1as Jornadas de Sanidade Cinegética,
 
As 9as Jornadas do Hospital Veterinário Muralha de Évora irão decorrer no ÉvoraHotel nos dias 10 e 11 de Março de 2017.

Este evento, considerado como referência nacional nas áreas de bovinos e equinos, consolida-se a cada ano como evento de sucesso e como ponto de encontro entre criadores, produtores e médicos veterinários.

Acreditamos que as Jornadas têm tido uma forte influência na evolução da produção e na maior rentabilidade das explorações pecuárias, especialmente em bovinos em extensivo na região do Alentejo. Somos neste momento o maior evento de Bovinos de Carne de Portugal.

A realização destas jornadas resulta da parceria entre o HVME e a Equimuralha que ano após ano têm tentado inovar e elevar o padrão de qualidade do evento, por forma a responder às expectativas de todos os que nos procuram.

As Jornadas são um espaço também de convívio e troca de experiências entre os produtores e técnicos, onde todos os participantes podem aprender novas formas de trabalhar.
Desde a sua primeira edição em 2009, tem-se verificado um aumento do número de participantes, com a lotação de cerca de 500 participantes nas 8as Jornadas que se realizaram nos dias 4 e 5 de Março 2016.

O tema para este ano será:

- Novas tendências na produção pecuária: Sala Ruminantes
- Estratégias de prevenção: Sala Equinos 

O programa na sala dos Ruminantes versará sobre diversas áreas: doença e profilaxia, nutrição, comercialização, resistência a antibióticos e irá contar uma vez mais com a presença de oradores nacionais e internacionais.
Apresentaremos também várias palestras de Pequenos Ruminantes.

Na sala de equinos serão abordadas algumas estratégias de prevenção das patologias mais frequentes em equinos.

Paralelamente, no 2º dia das Jornadas irão decorrer as 3as Jornadas Monte Selvagem em Animais Exóticos, que serão realizadas em parceria com o Monte Selvagem Reserva Natural.

Este ano com o apoio da WAVES Portugal (Wild Animal Vigilance Euromediterranean Society – PORTUGAL) irá realizar-se também no 2º dia das Jornadas, as 1as Jornadas Técnicas de Sanidade Cinegética. Serão abordados, entre outros, temas como a comercialização, a interface com a produção pecuária e os efeitos da implementação do Edital nº 1 sobre Tuberculose em Caça Maior.

A componente social continuará a ser privilegiada, mantendo-se aberta a todos os participantes no final do 1º dia das Jornadas a já habitual prova de vinhos e produtos regionais onde contaremos também com algumas novidades. O jantar das Jornadas também decorrerá no 1º dia das Jornadas e irá contar como é habitual com muita animação e novidades.





9as Jornadas Hospital Veterinário Muralha de Évora
 
10 e 11 Março 2017
 
  
R. Marechal Costa Gomes, nº 9
7005-145 Évora
 
Contactos:
 
+351 266 77 17 58 Phone
+351 266 77 17 59 Fax
+351 93 77 12 325 Mobile
 
 
 
 

Área de cultivo de milho OGM em Portugal caiu


por Ana Rita Costa- 3 Janeiro, 2017

A área de cultivo de milho geneticamente modificado em Portugal sofreu uma quebra de 12% em 2016. As conclusões são do Relatório do Estado do Ambiente 2016, apresentado na passada semana pelo Ministério do Ambiente, e mostram que a área nacional de produção de milho transgénico era de 7 056,75 hectares em 2016, uma quebra face aos 8000 hectares registados em 2015.

De acordo com o estudo, apresentado no âmbito do lançamento do Portal do Estado do Ambiente, a área de cultivo de milho OGM tem crescido sistematicamente desde 2005, altura em que situava em cerca de 1000 hectares. No ano passado, porém, sofreu uma quebra, depois de em 2012 ter atingido o maior valor da década (9000 hectares).

A região do Alentejo continua a ser a detentora do lugar cimeiro do pódio como a região com a maior área de cultivo, com um total de 3 345,9 hectares, seguindo-se Lisboa e Vale do Tejo e Centro, com 2 124,9 e 1 485,5 hectares, respetivamente.

O milho (MON810) é, na União Europeia, o único organismo geneticamente modificado que é autorizado para cultivo, sendo cultivado em Portugal, Espanha, República Checa, Roménia e Eslováquia.

Amêndoa recomenda-se para o Alentejo


Texto: João Barbosa l Fotografia: Nuno Fox- 3 Janeiro, 2017

Filipe Sevinate Pinto - amendoal - Vida Rural

A cotação da amêndoa tem estado em níveis historicamente altos nos últimos anos. Dada a estrutura altamente deficitária do mercado, é esperado que o negócio se mantenha rentável. O Alentejo não tem tradição de amendoal, mas o seu potencial associado ao regadio tornam-no numa excelente alternativa às culturas existentes.

A Migdalo é uma empresa jovem, criada em janeiro deste ano, e ambiciona ser uma referência nacional. O negócio é o da amêndoa, cuja plantação tradicionalmente estava centrada no Algarve e no Douro, mas que nos últimos anos está a avançar em força no Alentejo.

Situa-se em Ferreira do Alentejo, onde se encontram amendoais novos e, para além da produção, vai atuar na atividade do descasque da amêndoa. Três ramos da família Sevinate Pinto são os acionistas e também produtores deste fruto seco.

Os amendoais desta empresa familiar são regados. O fornecimento de água às árvores permite que os frutos atinjam um calibre maior. Acima dos 14 milímetros há uma majoração do preço, conta Filipe Sevinate Pinto, o responsável técnico.

Os amendoais mais antigos datam de 2013. A área em produção tem vindo a aumentar todos os anos. Em números redondos, em 2013 foram 18 hectares, 2014 mais 30 hectares. Em 2015 não houve plantio. Para este ano, o objetivo é alcançar mais 52 hectares num total de 100.

Até agora, as cultivares escolhidas foram a Belona (40%) e a Soleta (60%), ambas mediterrâneas e de casca dura. Para além destas também se enquadram na região a Guara e a Lauranne, entre outras, todas com floração tardia, autoférteis, com bons níveis de produtividade e de grande aptidão comercial, explica Filipe Sevinate Pinto.

amêndoa - Vida Rural

A primeira colheita ocorreu em 2015, proveniente das árvores plantadas em 2013, somando 200 kg de miolo por hectare. Este ano vão entrar em produção as amendoeiras instaladas em 2014. Prevê-se que a produção duplique ou triplique. "Ainda não estamos em velocidade de cruzeiro", refere Filipe Sevinate Pinto.

As amendoeiras têm uma vida útil entre os 20 e os 25 anos, produzindo a partir do terceiro ano. A velocidade de cruzeiro acontece no quinto ano. O plantio faz-se desde a primavera até outubro. A apanha acontece no final do verão, podendo ser em agosto, num intervalo de dois meses. Aqui existe uma coincidência com as vindimas.

Um ano diferente

Em 2016, registaram-se poucas horas de frio, muita geada e chuva na floração (habitualmente no início de março). "Houve condições difíceis, mas é um bom ano. Este ano é, para nós, o de afirmação da cultura", informa Filipe Sevinate Pinto.

Os pomares dos três ramos da família que fornecem atualmente a Migdalo juntamente com as novas plantações previstas assegurarão cerca de 50% das necessidades da sociedade. Os restantes 50% serão assegurados através de parcerias que se estão a desenvolver com a produção da região.

A água que alimenta os pomares provém da barragem do Roxo. A rega faz-se pelo sistema gota a gota. "A amendoeira é uma cultura muito consumidora de água. É o dobro da do olival", prossegue o técnico e sócio da Migdalo.

No entanto, a amendoeira é uma árvore que resiste bem à secura. "Mas a rega torna-a muito mais produtiva", salienta Filipe Sevinate Pinto. O custo da água representa cerca de 10% dos custos de exploração, que podem chegar aos 2000 euros por hectare.

"O negócio será rentável mesmo que se verifique uma quebra para metade do valor da amêndoa em relação aos valores verificados na campanha do ano passado"
A produção da amêndoa mostra-se interessante para os agricultores, estando a Migdalo a constituir-se como empresa industrial de referência, como fator de agregação e desenvolvimento do setor. "O projeto passa muito por parcerias com outros. A produção vai ser muito alavancada com produtores da região", informa Filipe Sevinate Pinto.

O custo de plantação ronda os 5000 euros por hectare. As plantas vêm de Espanha, onde se tem de pagar royalties das melhores cultivares. A plantação é mecanizada, sendo administrada uma injeção de adubo junto à raiz, além de fornecimento de água.

O compasso do pomar tem vindo a minguar, pois as plantas dão sinais positivos. Esta prática permite uma mais rápida ocupação do terreno. Passa-se do modelo mais tradicional para "um sistema mais moderno e que estimula maior crescimento vegetativo, com lançamentos mais finos e mais produtivo", explica o técnico. Inicialmente, o compasso era de sete por cinco: "Tudo o que seja nova plantação estamos a aconselhar um compasso de seis por quatro".

O poder de antevisão

Filipe Sevinate Pinto elogia a escolha do pai (Armando Sevinate Pinto), que salienta que foi "um visionário". "Percebeu a tendência de mercado e porque Portugal é importador. Pensou na noz, mas achou que a amêndoa é mais indicada para o clima português".

A amendoeira é uma árvore tradicional da agricultura portuguesa, muito embora não o seja no Alentejo, onde os amendoais da família Sevinate Pinto estão instalados. Filipe Sevinate Pinto explica que nesta área se consegue um crescimento rápido e boa produtividade.

Outra vantagem é a complementaridade com o olival. As épocas das colheitas estão desencontradas e a maquinaria é a mesma. Embora as práticas sejam diferentes, "quem faz olival adapta-se facilmente ao amendoal", adianta Filipe Sevinate Pinto.

amêndoa - Vida Rural

À amêndoa tem de ser retirar o mesocarpo, a designada despela, que pode ser realizada no campo. "Seguidamente faz-se a secagem, processo que pode ser repetido diversas vezes, conforme os níveis de humidade. Faz-se com casca e depois quando for produto acabado".

A produção dos Estados Unidos da América representa 80% do total, enquanto a da União Europeia se fica pelos 8%. O bloco europeu importa anualmente entre 225 e 265 toneladas, sendo 90% oriundas dos Estados Unidos da América – segundo o Departamento de Agricultura (USDA). A Alemanha, Espanha, Itália e Holanda representam 75% do consumo na União Europeia. Potenciais bons clientes são também os países do Médio Oriente e a Índia.

Fábrica pronta a laborar

A Migdalo tem agora uma unidade industrial, que se traduziu num investimento de 2 000 000 euros. No entanto, respeita apenas à primeira fase, e houve a preocupação de construir com espaço para que a produção possa aumentar.

No exterior, faz-se a receção dos frutos, uma pré-limpeza e a despela. Na nave, faz-se uma armazenagem dos frutos ainda com casca, que serão descascados acompanhando as necessidades comerciais., o que permite "laborar muito depois da campanha".

Esta unidade fabril dispõe de britadeira (descasque), calibradora e escolhedores eletrónicos, que fazem a separação por calibres. "Quanto mais homogéneo for, mais passível de conseguir melhor preço", informa Miguel Matos Chaves, diretor-geral da Migdalo. Contudo, o olho humano é o que ditará a última sentença, numa mesa de escolha utilizada na última fase de pré-embalamento.

A pele exterior do fruto pode ser aproveitada para alimentação animal. Devido ao grande poder calorífico, as cascas podem ser utilizadas em sistemas de aquecimento.

As máquinas são da Borrell, estando os funcionários da Migdalo a receber formação. A empresa emprega atualmente quatro pessoas, dois do quais operários.

Para o futuro projeta-se a criação de marca própria, com diferentes vertentes com valor acrescentado, como amêndoa laminada, palitada ou torrada, entre outras. A unidade "está preparada para futuramente poder incorporar essas fases do processo", diz Miguel Matos Chaves. Têm sido realizados ensaios com frutos da colheita do ano passado.

Vendas prometedoras

O mercado dos Estados Unidos da América representa 85% do total. Porém, Espanha também influencia o setor. "A amêndoa americana é de casca mole. As variedades de casca dura são as mediterrâneas, que são mais valorizadas e têm uma conotação de qualidade", salienta o diretor-geral da Migdalo. Assim, o preço varia conforme as cultivares, para as quais existe cotação em mercados. "A Marcona pode chegar aos 8,10 euros e a Largueta aos 6,75 euros. Os frutos indiferenciados, de calibres mais pequenos ou misturados, podem valer até 5,50 euros, segundo as últimas atualizações" – informa Miguel Matos Chaves. Embora represente uma quebra, expectável após os máximos históricos atingidos na campanha anterior, a cultura mantém níveis de rentabilidade altos.

Acompanhando a subida dos preços, o número de pomares e de área irá certamente aumentar, sendo que existe espaço no mercado internacional para absorver esse acréscimo de produção. "Ainda assim, o negócio será rentável mesmo que se verifique uma quebra para metade do valor da amêndoa em relação aos valores verificados na campanha do ano passado" – diz Filipe Sevinate Pinto.

Esta unidade vai garantir o escoamento e valorização da amêndoa alentejana com alternativa a Espanha, reduzindo a distância entre a produção e a indústria e funcionará como agregador da produção, tendo como fornecedores desde o pequeno ao grande agricultor. Só no Alentejo foram cultivados 2000 hectares, havendo perspetiva de mais 5000. Como comparação, Filipe Sevinate Pinto refere que existem 22 000 hectares com vinha.

Homem morre em acidente com máquina agrícola

Óbito foi declarado pelas equipas do INEM que se deslocaram ao local. 
29.12.16

Um homem de 58 anos morreu esta quinta-feira na sequência de um acidente com uma máquina agrícola, uma motocultivadora, quando estava a trabalhar num terreno em Barqueiros, Mesão Frio, disse fonte dos bombeiros. O comandante dos bombeiros de Mesão Frio, Paulo Silva, afirmou à agência Lusa que a vítima, um emigrante que estava de férias, foi colhida pela máquina e que, devido à gravidade dos ferimentos, acabou por morrer no local. 

O óbito foi declarado pelas equipas do INEM que se deslocaram ao local. O alerta para o acidente foi dado pela mulher da vítima, pelas 10:35, e para o local foram mobilizados 22 operacionais, com sete viaturas, dos bombeiros, INEM, Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) e GNR. Paulo Silva referiu que o helicóptero do INEM foi acionado, mas teve muitas dificuldades em aterrar devido ao nevoeiro que se faz sentir na zona.

Bacalhau, azeite e leitão na mira da ASAE


Lígia Simões
 29 Dez 2016

Autoridade de Segurança Alimentar e Económica intensificou ações de fiscalização nas cadeias de supermercados. Atuação é justificada como aumento de procura de alguns produtos na época natalícia.

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) intensificou a fiscalização a cadeias de supermercados para averiguar a venda com prejuízo de determinados produtos com maior aumento da procura por parte dos consumidores e que na época natalícia têm maiores promoções. Na mira das brigadas especializadas estiveram produtos como bacalhau, azeite, leitão, conservas e outros.

"Face ao aumento da procura por parte dos consumidores de determinados produtos, e face às promoções existentes nas cadeias, foi intensificada a fiscalização por parte das brigadas especializadas, para averiguação da prática de eventuais Práticas Individuais Restritivas do Comércio, designadamente a oferta para venda ou venda com prejuízo nos diversos operadores económicos", revela a ASAE, em comunicado, realçando que foi "dada especial atenção a produtos como bacalhau, azeite, leitão, conservas e outros".

Segundo a ASAE, foram realizadas várias ações de fiscalização no âmbito da garantia da Segurança Alimentar, tendo fiscalizado 296 operadores económicos que comercializam produtos caraterísticos destas épocas, tais como o borrego, cabrito, leitão, azeite, peru, o bacalhau, o polvo, bem como os doces e frutos secos, entre outros.

"Durante as ações de fiscalização foram verificadas as condições de higiene, segurança e qualidade dos géneros alimentícios, designadamente normas de comercialização, rotulagem, condições de conservação e armazenagem e ainda questões relativas ao licenciamento", avança a ASAE, dando conta que foram instaurados 27 processos de contraordenação e dois processos-crime relacionados com comercialização de géneros alimentícios avariados e com abate clandestino que levou ao desmantelamento de um matadouro ilegal com dois indivíduos detidos envolvidos nesta atividade ilegal.

As principais infrações detetadas, acrescenta em comunicado, foram o incumprimento dos requisitos gerais e específicos de higiene, a falta de preços em bens, infrações relacionadas com o livro de reclamações, bem como a inexistência de processo ou processos baseados nos princípios do HACCP (sigla internacionalmente reconhecida para Hazard Analysis and Critical Control Point ou Análise de Perigos e Controlo de Pontos Críticos). Outras infrações sinalizadas pela ASAE passam pela falta de mera comunicação prévia, pelo incumprimento da rotulagem da carne de bovino e a colocação no mercado de produtos de origem animal fabricados em estabelecimento não aprovado e pela falta de requisitos em géneros alimentícios.

A ASAE revela ainda que foi suspensa a atividade de uma indústria de produtos da pesca por falta de licenciamento e apreendidas cerca de seis toneladas de géneros alimentícios, dois instrumentos de pesagem e material diverso usado na prática de infração de abate clandestino, no valor aproximado de vinte mil euros.

“Os portugueses ainda acham que bom azeite é o que o primo traz da terra”


25/12/2016, 12:164.837

Edgardo Pacheco é um jornalista apaixonado por azeite. Dessa paixão resultou "Os 100 Melhores Azeites de Portugal", onde se aprende que a acidez é um mito e que há variedades para todas as ocasiões.

A história é contada na primeira pessoa, às primeiras páginas de "Os 100 Melhores Azeites de Portugal": em 1998, durante um jantar faustoso, o jornalista Edgardo Pacheco viu um espanhol pedir azeite para temperar, a frio, uma peça de borrego que tinha acabado de lhe ser servida. O ato, que muitos encararam com estupefação, fê-lo aperceber-se, com tristeza, que pouco ou nada sabia da poda.

Decidido a remediar essa falha, participou, ainda nesse ano, na sua primeira prova de azeites, organizada pelo mesmo homem que lhe viria mais tarde a pegar o vício, José Baptista Gouveia, professor jubilado do Instituto Superior de Agronomia. E nunca mais parou. "Provo azeites desde essa altura. E com bastante regularidade há quase dez anos. Cursos já fiz todos os que existem em Portugal. E como não há mais, vou repetindo os módulos que já fiz", recorda por telefone a partir da sua ilha-natal, a de São Miguel, nos Açores.

AZEITESCAPADR

O livro foi editado pela Lua de Papel e custa 22€.

"E se falássemos a sério de azeite?"

"Os 100 Melhores Azeites de Portugal" é um título que se compreende, especialmente numa era em que a internet prova, todos os dias, o poder apelativo da fórmula o melhor [produto] de [localização]. E, de facto, o autor faz a respetiva seleção no seu interior, elegendo, inclusive, um top 10. Mas acaba por ser muito redutor olhar para este livro apenas como um guia de compras de azeite.

O autor

Edgardo Pacheco é jornalista desde 1992 e dedica-se a assuntos de gastronomia há mais de 20 anos. Atualmente, é possível lê-lo no Jornal de Negócios e Correio da Manhã, onde a sua presença se estende aos ecrãs: conduz o programa "Prato da Casa" da CMTV. Este não é o primeiro livro com o seu nome na capa: em 2014 escreveu, a meias com o jornalista e crítico gastronómico Fernando Melo, o "Guia de Restaurantes de Portugal".
A frase acima reproduzida a negrito foi escolhida para introdução da obra e bem que podia tê-la batizado por completo. Porque resume da melhor forma a intenção de Edgardo e tudo aquilo que o levou a ter, durante meses, mais de 200 garrafas de azeite e uma coleção admirável de copinhos azuis de prova espalhados por casa.
"Há uma certa sensação de revolta da minha parte. Principalmente quando vejo os azeites portugueses a fazer brilharetes lá fora e depois percebo que isso cá dentro não passa", explica. Mas porque é que não passa? O problema, explica, está na proximidade que temos com o azeite. "Quando convivemos muito com determinado produto achamos que sabemos tudo sobre ele. Adquirimos determinados hábitos e sentimos que não é preciso saber mais. E as pessoas cresceram com azeite, faz parte da história, da sua alimentação."

Edgardo Pacheco
Edgardo Pacheco escreve sobre assuntos relacionados com gastronomia desde 1996. Atualmente apresenta o programa "Prato da Casa", na CMTV. (foto: © Jorge Simão)

Trocando por miúdos, os portugueses são, regra geral, maus consumidores de azeite. "Muitos ainda acham que bom azeite é o que o primo traz da terra", afirma Edgardo antes de explicar que é muito frequente, em provas, ver pessoas a favorecer azeites defeituosos, principalmente com aroma a tulha. Ora a tulha era o local onde habitualmente se conservavam as azeitonas antes de lhes começar a extrair o sumo.

As azeitonas amontoadas em tulhas de madeira começam a fermentar e a ganhar um conjunto de aromas e sabores desagradáveis peculiares (azeitonas apodrecidas + madeiras húmidas), que jamais darão origem a um azeite virtuoso. Como durante centenas de anos se conservavam as azeitonas em tulhas de madeira, quase todos os azeites vinham com esse defeito. Daí que muita gente entenda, ainda hoje, que um azeite genuíno deve cheirar e saber a tulha."
Mas não deve. E, garante Edgardo, os mesmos consumidores que à primeira prova elegem os azeites defeituosos como os da sua preferência conseguem identificar esses mesmos defeitos mais tarde. Basta um pouco de treino, não muito. Aliás, a análise sensorial no domínio dos azeites é algo recente. "Começa nos anos 90 e é também nessa altura que se inicia o processo das DOP de azeite. Antes nem isso havia. A cultura do azeite é milenar mas tudo o resto é novo."

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Lê-se no livro: "O azeite é, pura e simplesmente, sumo natural de azeitonas, obrtido através de processos mecânicos básicos (pressão da polpa dos frutos). E nada mais." (foto: iStock)

O bom azeite nem sempre vem ao de cima

Em Portugal, há dois grandes embaladores de azeite, Gallo e Oliveira da Serra, que juntos representam 60 a 65% da quota de mercado. E isto, citando o autor, "cria dificuldades aos pequenos produtores no acesso aos grandes canais de distribuição." Pior: apesar de veicularem mensagens de portugalidade nas suas ações de comunicação, as duas marcas usam azeites importados do mundo inteiro para fazer a grande maioria dos seus lotes. "Eles não estão preocupados em criar um azeite de matriz portuguesa. Estão é preocupados em agradar ao perfil dos seus consumidores", aponta Edgardo.

Os problemas não se esgotam aí. Primeiro, a ausência da data de colheita: alguém imagina um vinho ser comercializado sem a indicação do ano? Idealmente, devia consumir-se apenas azeite da colheita mais recente, já que, como se lê no livro, este "começa a perder riqueza de aromas e sabores a partir do primeiro dia em que é extraído das azeitonas". Edgardo dá o exemplo italiano e espanhol, onde é comum o azeite da campanha anterior ser vendido com desconto. Em Portugal resta-nos confiar numa data de validade escrita em letra miúda. Depois, a inexistência de notas de prova. "Do ponto de vista legal nem se podia, pelo menos até há pouco tempo, ter notas de prova numa garrafa de azeite." E porquê? Edgardo avança com uma hipótese: "Não há muito interesse por parte dos grandes operadores que haja um certo dinamismo da área."

Azeites Top 10
O azeite ribatejano Cabeço das Nogueiras Premium faz parte do Top 10 eleito por Edgardo Pacheco. (foto: © Jorge Simão)

Apesar disto, é previsível que continuem a aparecer no mercado novos azeites de pequenos produtores. "No fundo, funciona como a moda dos vinhos. O investimento em área de olival aumentou imenso e nos últimos anos plantaram-se uns 30 mil hectares de olival com produções super intensivas", justifica o autor.

Como escolher um bom azeite?

Havendo oferta, que a há — não esqueçamos que a obra identifica 100 azeites virtuosos — caberá aos consumidores saber encontrá-los. À pergunta "como escolher um bom azeite?", Edgardo responde com uma condição primordial:

A primeira coisa a fazer é esquecer a lengalenga da acidez. Ainda hoje se acha que o grau de acidez é que conta. Mas não conta para nada. É um erro que merece quase uma investigação, porque é que a acidez é critério. Antigamente os azeites deviam ser tão ácidos que causavam problemas, daí a expressão 'está com os azeites'."
Azeite para cozinhar?

Se o objetivo do azeite for temperar a cru, este deve ser virgem extra, a categoria máxima dentro dos azeites. Mas se o objetivo for confitar, fritar ou refogar, não vale a pena estragar um azeite dessa gama: um virgem serve perfeitamente. No caso de frituras de grandes quantidades pode mesmo usar-se azeite de qualidade inferior.
Na verdade, e ao contrário do que se pensa, a acidez não tem cheiro nem sabor. E mesmo na gama mais baixa de azeites, que mistura lampantes refinados (azeites defeituosos que são submetidos a um processo industrial de limpeza) e virgens, há garrafas com apenas 1% de acidez, só duas décimas acima do máximo (0,8%) permitido para os virgem extra. E por falar neles, eis outra dica do especialista.

Para temperar a cru devemos escolher sempre azeite virgem extra. Quando escolhemos um virgem extra temos garantia imediata de qualidade, é a excelência em matéria de azeite."
Depois, explica o autor, "é uma questão de gosto". O bom azeite, tal como o vinho, traz consigo o terroir da região em que é produzido. Uma lição rápida nesta matéria:

Para quem gosta de azeites mais verdes, com aromas verdes, de relva, de folha de oliveira, de couve e sabores amargos e picantes na boca, o terroir de eleição será Trás-os-Montes. Se gostam deles mais suaves, mais doces, mais tranquilos, não amargos e pouco picantes devem consumir azeites do Alentejo e Ribatejo. Já os azeites do Douro têm um perfil peculiar. No Baixo Corgo e Cima Corgo os azeites têm notas de frutos secos e especiarias, alguns têm notas de canela, bastante vincadas, arbustos e ervas aromáticas que os tornam muito interessantes para usar em sobremesas, com chocolate ou até gelado."
O ideal será não ter apenas uma garrafa de azeite em casa, mas várias, usando-as conforme as ocasiões. Se for para temperar carnes acabadas de sair do forno, por exemplo, um azeite mais forte (Trás-Os-Montes), já para peixes, sopas e outras receitas mais delicadas, azeites mais suaves (Alentejo e Ribatejo).

Basta ter três azeites diferentes. Um que sirva para peixe, outro que sirva para carne e outro que sirva para outras brincadeiras. Para temperar cozidos a vapor, por exemplo, não é preciso um azeite muito intenso. Mas imagine-se uma salada com anchovas: aí um azeite mais picante fará algum sentido. Depende da ocasião."
Quem se quiser aventurar num uso ainda mais inventivo do produto deverá ter em conta as 25 receitas sugeridas no livro, da autoria de alguns dos melhores chefs a trabalhar em Portugal e com direito a excelentes fotografias de Jorge Simão. Do "Bacalhau com os seus sames", de Pedro Lemos , ao "Carpaccio de polvo" assinado por Rui Paula. E sim, o azeite também vai bem à sobremesa, como o provam o "Gelado de azeite" de Rui Pascoalinho ou o "Leite Creme de Azeite, Gelado de Lima Kaffir e Caramelo" de Ricardo Costa.

Curiosamente, da restauração acabou por vir mais do que apenas estas receitas. Desde o lançamento do livro que Edgardo tem recebido, também, telefonemas de chefs e empresários da área interessados em construir uma carta de azeites. "Eu não me importo nada de ajudar, com a condição de que alguém fique responsável por rodar os azeites a cada três ou quatro meses", assegura o autor, surpreendido com tantas reações ao seu livro: "Estava absolutamente a léguas de esperar isto. Achei que a paixão pelo azeite era uma doença minha."

Governo injeta mais 155 milhões de euros no pdr2020

COMUNICADO

Foi hoje publicada em Diário da República a Resolução do Conselho de Ministros que determina a reprogramação do Programa de Desenvolvimento Rural – PDR2020, designadamente no que diz respeito à redefinição da percentagem de cofinanciamento nacional, até ao ano de 2022.

Nessa medida, e tendo em conta a prioridade que a execução do PDR2020 representa para o País e para a Agricultura, esta Resolução do Conselho de Ministros assegura os meios para a sua execução através do aumento da dotação do programa em 155 milhões de euros, obtidos através do acréscimo progressivo da contrapartida pública nacional.

Em causa está a situação financeira em que o PDR2020 se encontrava, com compromissos assumidos muito elevados face aos montantes de programação iniciais que originaram uma ultrapassagem muito elevada da dotação total programada, situação que obrigou a que seja implementado um conjunto de ajustamentos adicionais.

Face à realidade orçamental do PDR2020, e por forma a assegurar a sua plena execução no quadro dos compromissos programáticos do Governo, o Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural comunicou à Comissão Europeia a reprogramação do PDR2020 nos seguintes termos:
a) Aumento de 25 mil para 40 mil euros o montante máximo elegível dos projetos de investimento para os pequenos agricultores;

b) Aumento de 15 mil para 20 mil euros o valor base do prémio à primeira instalação para os jovens agricultores, com compensação nos valores mais elevados, por forma a assegurar a neutralidade financeira;

c) Concessão de prioridade aos jovens agricultores que pretendam instalar-se assumindo a atividade agrícola como ocupação principal, bem como privilegiar
o estabelecimento de residência na zona da exploração e, por outro lado, flexibilização das exigências em termos de investimento mínimo;

d) Estabelecimento do limite de investimento máximo elegível por beneficiário, durante o período de programação, em 5 milhões de euros no caso dos apoios ao investimento nas explorações agrícolas e em 10 milhões de euros no caso dos apoios ao investimento na transformação e comercialização de produtos agrícolas;

e) Reforço do financiamento da contrapartida nacional em 155 milhões de euros até 2022.

Com este acréscimo da dotação do programa, o PDR2020 contará com uma disponibilidade global para apoio à agricultura nacional de 4.329 milhões de euros até 2022.

Lisboa, 02 de janeiro de 2017

Primeira exportação de pera rocha para a colômbia sai hoje

COMUNICADO


A primeira exportação de pera Rocha para a Colômbia é concretizada hoje, dando-se assim inicio à exportação desta fruta para aquele país, ao abrigo do acordo fitossanitário celebrado entre Portugal e a Colômbia no início do ano.

Após inspeção e verificação de todos os requisitos fitossanitários previstos no acordo fitossanitário estabelecido, os serviços oficiais de inspeção fitossanitária procederam à certificação de 10 toneladas de pera Rocha, produzida na região Oeste, que seguem hoje por via marítima para a Colômbia.

Trata-se um importante passo para os produtores nacionais em direção a este novo mercado que, com mais de 48 milhões de potenciais consumidores, constitui uma nova oportunidade de negócio que é preciso dinamizar, contando para isso com o necessário envolvimento dos produtores nacionais e das respetivas organizações.

Lisboa, 30 de dezembro de 2016

Mais 35 M de euros para o apoio à reestruturação da vinhaa

COMUNICADO

O Ministério da Agricultura disponibiliza mais 35 milhões de euros para apoiar o investimento na reestruturação da vinha. As candidaturas abrem esta sexta-feira, dia 30 de dezembro, e prolongam-se até ao próximo dia 31 de janeiro.

Trata-se do Programa VITIS, um regime de apoio à reestruturação e reconversão da vinha, cujas candidaturas deverão ser submetidas online, através da página eletrónica do IFAP – Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas.

Após o período de análise, as candidaturas serão decididas até 30 de abril. A decisão será comunicada aos candidatos até 15 de maio de 2017.

Lisboa, 29 de dezembro de 2016