sexta-feira, 17 de março de 2017

Glifosato não deve ser considerado cancerígeno

Comissão Europeia deve relançar o procedimento para a renovação da licença desta substância. 

Os especialistas da Agência Europeia dos Produtos Químicos consideraram hoje que o glifosato não deve ser considerado cancerígeno, o que deverá levar a Comissão Europeia a relançar o procedimento para a renovação da licença desta substância, utilizada como herbicida. O Comité de Avaliação de Riscos chegou, por consenso, à conclusão de que a substância não deve ser catalogada como potencialmente cancerígena, depois de analisar toda a informação recolhida sobre o glifosato, cuja utilização é contestada por muitos na União Europeia, anunciou hoje em Helsínquia o diretor da agência, com sede na capital finlandesa. A Agência Europeia dos Produtos Químicos (ECHA) tem a responsabilidade de classificar os produtos químicos na UE e determinar o seu perigo potencial. 

Face a este parecer, há muito aguardado, a Comissão Europeia deverá relançar o procedimento com vista à renovação da licença para utilização do glifosato, um processo que conheceu diversos avanços e recuos devido à falta de entendimento entre os Estados-membros da UE. O parecer da ECHA já mereceu críticas por parte de diversas Organizações Não Governamentais (ONG), que recordam outros pareceres científicos em sentido contrário. "Para chegar às suas conclusões, a ECHA rejeitou provas científicas flagrantes de cancro em animais de laboratório", lamentou já a Greenpeace, que acusou ainda os especialistas da agência europeia de ignorarem os alertas de dezenas de cientistas independentes, baseando-se antes em estudos não publicados encomendados por produtores de glifosato. 

Em Portugal, o Governo já aprovou, em 26 de janeiro, a proibição do uso de pesticidas em espaços públicos como jardins infantis, parques e jardins urbanos, escolas e hospitais "com o objetivo de reduzir e controlar os efeitos sobre a saúde pública". A alteração da regulação relativa aos produtos fitofarmacêuticos - produtos químicos para uso agrícola com o objetivo de combater ou evitar pragas em culturas e plantas - já havia sido antecipada em julho do ano passado pelo ministro do Ambiente, no quadro da polémica suscitada em torno do uso do glifosato, sobretudo em meio urbano, devido ao seu potencial carcinogénico.

Estado injecta mais de 20 milhões em Alqueva em duas semanas

O accionista público da EDIA injectou dinheiro na empresa pela segunda vez no espaço de 11 dias: no total, são 22,2 milhões de euros colocados na gestora do Alqueva no que vai de 2017.

Paulo Zacarias Gomes Paulo Zacarias Gomes paulozgomes@negocios.pt

16 de março de 2017 às 13:34

Em menos de duas semanas, a EDIA - empresa que gere a barragem do Alqueva - viu reforçados por duas vezes os seus capitais, com a injecção de mais dinheiro público.

Depois dos 13,9 milhões de euros colocados no aumento de capital que tinha sido decidido a 2 de Março, o Estado pôs, 11 dias depois, mais 8,3 milhões de euros na empresa. No total, são já 22,23 milhões de euros desde o início deste ano.

A entrada de capital consta de um comunicado enviado esta quinta-feira, 16 de Março, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que assim faz ascender o capital social da Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva aos 486,57 milhões de euros.

"No dia 13 de março de 2017 foi aprovado por deliberação social unânime por escrito aumentar o capital social da EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva, S.A., em 8.315.120 euros, através da emissão de 1.663.024 de ações nominativas, no valor de 5 euros cada, a subscrever e realizar pelo acionista Estado Português, em numerário," lê-se no documento.

Esta é a terceira operação de reforço de capital em três meses. No final de 2016, colocou 17,2 milhões de euros no capital da empresa e a 2 de Março mais 13,9 milhões. 

No ano passado o Estado procedeu a seis aumentos de capital, levando-o a aumentar em 63,48 milhões de euros.

No primeiro semestre do ano passado – de acordo com as contas mais recentes disponíveis no site da CMVM – a empresa investiu 19 milhões de euros na rede de rega primária e secundária associada à barragem, sem contar com capitalizações de encargos de estrutura e financeiros.

A empresa tem em curso o projecto que aumenta o perímetro de rega de 120 para 170 mil hectares, que implica um investimento de 217 milhões de euros. O objectivo, como disse em Janeiro ao Negócios o presidente da EDIA, José Pedro Salema, é candidatar metade do valor a apoio do Banco Europeu de Investimento, "ao abrigo do plano Juncker", vindo o montante restante de recursos próprios e do Plano de Desenvolvimento Rural.

No mesmo semestre de 2016 foram reembolsados empréstimos de médio e longo prazo de 19,135 milhões de euros para pagamentos dos créditos contraídos junto da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças e do Banco Europeu de Investimentos. Estes pagamentos colocaram o financiamento líquido ao empreendimento nos 6 milhões de euros entre Janeiro e Junho.

No mesmo intervalo, a EDIA teve prejuízos de cerca de 9,7 milhões de euros, que comparam com 6,24 milhões de euros um ano antes. Nesse mesmo período, o capital próprio foi reforçado em cerca de 21 milhões de euros. 

Setor do azeite triplica as exportações na última década


NOTA À COMUNICAÇÂO SOCIAL

O Secretário de Estado da Agricultura, Luís Vieira, aproveitou esta manhã a abertura do IV ENCONTRO IBÉRICO DO AZEITE, em Abrantes, para destacar a trajetória de sucesso do setor do azeite em Portugal.

"Portugal quadruplicou a produção de azeite na última década e é atualmente o 7.º produtor mundial, ocupando o 4.º lugar entre os países exportadores, tendo exportando 434 milhões de euros em 2015", sublinhou Luís Vieira.

Luís Vieira considera que "este percurso deve-se à conjugação de vários fatores: às novas áreas de regadio, sobretudo na região de Alqueva, ao investimento inovador e qualificado em pomares modernos com um perfil tecnológico elevado e ao aumento significativo da produtividade". Neste cenário, estima-se que a produção de azeite possa atingir as 120.000 toneladas, volume resultante, em larga medida, da entrada em produção de novos olivais. O Alentejo quintuplicou a produção de azeite nos últimos 15 anos e representa já 76% da produção nacional de azeite.

As políticas públicas de apoio ao investimento têm tido um papel relevante neste processo. Entre 2007 e 2014, o PRODER apoiou 4.000 projetos de investimento com 700 milhões de euros, a que correspondeu um apoio público de 290 milhões de euros. Luís Vieira destacou "a instalação de 1500 jovens agricultores, com um investimento associado de 130 milhões de euros e apoios públicos da ordem dos 95 milhões de euros, um sinal evidente de transformação estrutural da agricultura portuguesa".

Esta tendência mantem-se no PDR2020 que já aprovou 553 projetos de investimento na produção e transformação, no montante global de 144 milhões de euros, a que corresponde um apoio público de 57 milhões de euros.

Luís Vieira incentivou o setor "a continuar este caminho de sucesso, investindo na inovação e na qualidade diferenciada, tirando partido das condições únicas existentes nas novas áreas de regadio e aproveitando as oportunidades de um mercado mundial em crescimento, expressão do reconhecimento generalizado do contributo do azeite para uma alimentação saudável".

Lisboa, 06 de março de 2017

terça-feira, 14 de março de 2017

PAC volta a estar no centro das preocupações da União Europeia


António Freitas de Sousa

 08 Mar 2017

Essa espécie de monstro inamovível está a gerar cada vez menos emprego e não tem capacidade para fixar gente nova.

Sebastien Pirlet/Reuters

A União Europeia vai debater o futuro da Política Agrícola Comum (PAC) e a forma como deve lidar com os objectivos estabelecidos no plano de investimento Juncker para relançar o crescimento e o emprego na Europa. A PAC é um dos mais antigos e maiores problemas da União Europeia, tanto em termos das relações de forças entre os países que a compõem, como também, tema pouco debatido, no que tem a ver com novas entradas no espaço comum. Um dos aspectos mais controversos da entrada da Turquia na UE – quando o dossier estava em cima da mesa – residia exactamente na forma como aquela enorme produtora agrícola iria encaixar no 'establishment' agrícola comum.

A PAC é normalmente, há muitos anos, sinónimo de passivo. Segundo números fornecidos pela própria União, "o número de explorações agrícolas na Europa diminuiu 20% entre 2007 e 2013; esta redução do número de explorações agrícolas é acompanhada por perdas significativas de postos de trabalho. A insuficiente renovação das gerações é também um problema crescente na Europa, uma vez que 30% dos gestores agrícolas têm mais de 65 anos".

Recorde-se quo o Parlamento Europeu adoptou recentemente um relatório em que apelava às instituições da UE para repensar os objectivos da PAC, "a fim de o tornar uma vez mais um factor de benefício de todos os europeus, que responda às necessidades da sociedade e resolva os desafios do emprego".

O debate que hoje começa tem, por isso, um duplo objectivo: "lançar um impulso político para debater todos os aspectos da futura PAC a partir de uma perspectiva local e regional; e elaborar um parecer prospectivo do Comité das Regiões sobre o futuro da PAC após 2020".

Aguardam-se as cenas dos próximos capítulos, mas a verdade é que a política agrícola tem dado mostras de ser um gigante praticamente impossível de mover – o que só piora numa envolvente em que algumas matérias-primas atingem preços muito baixos quando oriundas de outras geografias – já para não se referir a questão dos produtos geneticamente modificados, que segue em paralelo à questão central da PAC.

Capoulas Santos quer discutir com académicos e agricultores futuro da PAC


6 mar 2017 · 17:27

SAPO 24 com Lusa

O ministro da Agricultura anunciou hoje, em Bruxelas, que vai constituir um grupo de acompanhamento para o ajudar a definir as posições de Portugal na negociação sobre o futuro da Política Agrícola Comum (PAC), "a mais difícil" de sempre.

 
Em declarações aos jornalistas após o conselho de ministros da Agricultura da União Europeia que marcou o arranque de "um longo processo negocial que se irá arrastar muito provavelmente ao longo dos próximos três anos e que irá definir quer as regras, quer os meios financeiros para a PAC pós-2020″, Luís Capoulas Santos indicou que o Governo decidiu abordar o debate com uma "postura construtiva", mas também ofensiva e informada, pelo que conta com os contributos de académicos e agricultores.

"Não é difícil antever que esta será porventura a mais difícil negociação sobre esta matéria desde a fundação da UE. Todos conhecemos os momentos conturbados que vivemos, a que acresce recentemente o previsível impacto do 'brexit', e que certamente constituirá um fator de perturbação adicional numa negociação já de si bastante complexa", começou por referir.

Nesse contexto, anunciou que tenciona, "nos próximos dias, constituir em Portugal um grupo de acompanhamento do ministro, neste caso do Ministério da Agricultura, ao longo deste processo", que será "constituído por um conjunto de peritos", sendo sua intenção "convidar naturalmente alguns dos melhores cérebros portugueses nesta matéria", oriundos do meio universitário.

Paralelamente, acrescentou, constituirá um outro "grupo de representantes onde estarão as principais confederações agrícolas portuguesas".



"Procurarei assim que o trabalho produzido pelos académicos seja confrontado com as preocupações reais dos agricultores e que, dessa síntese, o ministro possa retirar contributos que lhe permitam, no seio do Conselho, e em articulação com as demais instituições europeias, assumir ao longo deste processo as posições negociais que nos parecem mais vantajosas", explicou.

Capoulas Santos revelou ainda que "Portugal pensou que a melhor forma de se posicionar neste debate era jogar na antecipação", razão pela qual apresentou hoje no Conselho um documento orientador, onde define aquelas que considera que devem ser "as prioridades para uma reforma futura da PAC", e onde, ao mesmo tempo, procura "acautelar interesses portugueses".

"Apesar das dificuldades que se avizinham, espero que possamos chegar ao final com um desfecho positivo para Portugal e para os agricultores portugueses, garantindo-lhes estabilidade e garantindo-lhes rendimento. É essa a principal preocupação do Governo", concluiu.

Governo aprova banco de terras para todos no Dia da Floresta


11 DE MARÇO DE 2017 - 23:27

Novo banco de terras vai reunir o património do Estado e de outras origens para vender ou alugar a agricultores. Prioridade vai ser dada aos jovens.

Capoulas Santos
Foto:  Nuno Pinto Fernandes/Global Imagens
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Está a chegar a oportunidade para quem ambiciona um pedaço de terra para trabalhar. Ter terreno agrícola vai deixar de ser privilégio só de alguns, segundo o ministro Capoulas Santos

Reportagem de Roberto Dores
É já a 21 de março, Dia Mundial da Floresta, que o Conselho de Ministros deverá aprovar o diploma que cria o Banco de Terras e o Fundo de Mobilização, para que os campos até hoje votados ao abandono nunca mais sejam os mesmos. A prioridade vai ser dada aos jovens.

Capoulas Santos que falou à TSF em Évora, à margem de um encontro de veterinários, anunciou a criação de 92 mil hectares de regadio até 2020. 47 mil previstos para a extensão de Alqueva e outros 45 mil distribuídos pelo resto do país.

CES aposta no consenso para reformar floresta



JORGE AMARAL/GLOBAL IMAGENS
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Correia de Campos junta agentes do setor para analisar mudanças na política florestal

A floresta e a sua reforma estão na ordem do dia com a proposta legislativa apresentada pelo governo. O Conselho Económico e Social (CES) entra no debate e promove hoje um seminário que envolverá os diversos agentes que intervêm no setor. "É um dos temas em que nos parece possível que a sociedade portuguesa se ponha de acordo e defina uma política em vez de reagir aos acontecimentos", disse ao DN Correia de Campos, presidente do CES.

O seminário Economia da Floresta e Ordenamento do Território irá decorrer em Mação, no centro do país, uma das áreas com mais floresta e das mais afetadas pelos incêndios. "Queríamos fazer isto fora de Lisboa e Mação é uma zona de risco. Embora o seminário não seja sobre fogos mas sim sobre a floresta e os seus recursos", explicou o antigo ministro da Saúde.

Como se trata de uma "matéria transversal", no debate entram as dimensões de território, agricultura, indústria, comércio. Daí o encontro a realizar no Auditório do Centro Cultural Elvino Pereira agrupar autarcas, investigadores, agricultores, ambientalistas, sindicatos e organizações patronais. O CES recorda que "os espaços florestais ocupam 67% do território nacional. O "setor representa 2% do PIB nacional e contribui com 2,6 mil milhões de euros para o saldo da balança comercial". No total, há "sete mil empresas responsáveis por 115 mil postos de trabalho diretos".

A reforma das florestas em curso passa pelo pacote de 12 leis apresentado pelo governo em outubro de 2016, que este mês deverá ter novidades em Conselho de Ministros. Deste seminário ficarão como contributo as comunicações dos intervenientes. "Tudo mudou na floresta ao longo dos últimos anos e não fomos capazes de nos adaptar. Hoje reconhecemos que a floresta é essencial para a regulação do clima, na retenção de água, no recreio e turismo", aponta Correia de Campos, lembrando que apenas 2% da floresta é pública em Portugal, enquanto a média da UE é de 40%.

Apesar da coincidência com a iniciativa do governo, o presidente do CES garante que foi coincidência. "Foi uma decisão completamente independente. No dia em que informei o ministro sobre o nosso seminário, ele disse-me que estava a preparar um pacote legislativo sobre as florestas", diz Correia de Campos. O CES pretende manter este tipo de discussões ativas na sociedade portuguesa, com temas como a sustentabilidade da Segurança Social, as políticas fiscais. "E queremos fazer qualquer coisa sobre a dívida. Queremos que em todos os temas a posição do CES seja relevante. É uma instituição apolítica e apartidária, em que os grandes debates nacionais se podem fazer", conclui o responsável.
O seminário terá conclusões sintetizadas por Francisco Castro Rego, professor no Instituto Superior de Agronomia, e João Ferreira do Amaral, professor catedrático do Instituto Superior de Economia e Gestão. O ministro da Agricultura, Capoulas dos Santos, encerrará o encontro.

Costa anuncia "reforma estrutural" da floresta



Foto: Miguel Pereira/Global Imagens


01 Março 2017 às 15:00


 
O primeiro-ministro anunciou, esta quarta-feira, que o Conselho de Ministros que se realizará no dia 21 de março vai aprovar o "pacote florestal", conjunto de diplomas que constituirá as bases de uma reforma estrutural na floresta portuguesa.

António Costa falava no encerramento da cerimónia que assinalou o "Dia da Proteção Civil", tendo ao seu lado a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, num discurso em que também criticou a ausência de medidas de fundo para a floresta portuguesa nos últimos dez anos.

"É a hora de fazermos agora na floresta uma reforma com a dimensão da reforma que há dez anos se fez na proteção civil. Foi concluída a discussão pública e no Conselho de Ministros do próximo dia 21 será aprovado o pacote florestal que permitirá lançar as bases para arrancar com a reforma da floresta", declarou o primeiro-ministro.

António Costa especificou depois que se tratará de uma reforma de "médio prazo", cujos efeitos não serão imediatos, e deixou críticas ao passado recente em matéria de política florestal.

"Infelizmente, estes últimos dez anos não foram devidamente aproveitados. Podemos até ter excelentes meios de combate aos incêndios florestais, mas, ou fazemos agora aquilo que não foi feito nos últimos dez anos ao nível da prevenção estrutural, ou os riscos serão sempre crescentes e os meios sempre crescentemente insuficientes", avisou.

Num discurso em que caracterizou Portugal como um país com "elevados níveis de segurança" - aspeto que disse beneficiá-lo mesmo do ponto de vista económico -, António Costa considerou depois a proteção civil "um pilar importante" em matéria de segurança.

Nesse sentido, o líder do executivo elogiou a ação que tem sido desenvolvida pela Força Especial de Bombeiros, destacando a missão internacional que recentemente desempenhou no Chile.

"A proteção civil tem uma fase mais visível, que é a do combate, sobretudo quando os incêndios florestais atingem o país. Mas os incêndios não são a única vulnerabilidade natural que afeta Portugal", advertiu, aludindo então aos riscos sísmicos e às alterações climáticas (com crescentes riscos de cheias).

Neste quadro, de acordo com o primeiro-ministro, Portugal tem de possuir uma nova estratégia de proteção civil e tem de apostar "na vertente da prevenção".

"Perante os riscos sísmicos, há que reforçar as condições estruturais dos diferentes espaços edificados. A reabilitação urbana é uma oportunidade única, não só para melhorar a eficiência energética, mas também para aumentar a resiliência estrutural do edificado", referiu.

Ainda segundo António Costa, é preciso evitar a existência de construções em zonas de riscos de cheias.

"Não podemos ser complacentes com a manutenção de construções em zonas de risco, porque colocam em perigo vidas humanas e com bens materiais", acrescentou.

Azeite vai ficar mais caro em Portugal


Produtores, comerciantes e o Governo admitem aumento dos preços do azeite este ano devido à queda da produção.  

Azeite vai ficar mais caro em Portugal

Miguel Baltazar

06 de março de 2017 às 12:44

A queda da produção de azeitona para azeite em 30% em 2016, para menos de 500 mil toneladas, deverá ser parcialmente compensada pela subida dos preços, o que é espectável que possa acontecer este ano, disse à Lusa o ministro da Agricultura.
 
"Infelizmente, o ano de 2016 foi, do ponto de vista climatérico, muito mau para a agricultura e provocou baixas de produção em vários sectores, designadamente no azeite", disse o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, acrescentando que "quando a produção cai os preços tendem a subir".
 
Logo, o prejuízo que decorre da redução das quantidades produzidas "é pelo menos parcialmente compensado pela subida dos preços. E é isso que esperamos que possa acontecer este ano", afirmou o governante.
 
O ministro explicou que a produção de azeitona se caracteriza tradicionalmente por anos de safra e contra safra (após um ano de elevada produção segue-se invariavelmente uma menor colheita), sendo esta a realidade com a qual os operadores e os agricultores estão habituados a lidar.
 
Segundo Capoulas Santos, normalmente os anos de menores produções caracterizam-se por melhor qualidade, apesar de actualmente os parâmetros médios de qualidade do azeite português serem "muito bons", dado existirem tecnologias que permitem manter graus razoáveis de qualidade.
 
Questionado sobre a influência da queda da produção da azeitona nas exportações de azeite, o ministro disse que as grandes empresas exportadoras têm 'stocks' e que acredita que "não haverá problemas no abastecimento dos mercados tradicionais portugueses".
 
De acordo com as últimas previsões agrícolas divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a produção de azeitona para azeite deverá ter caído 30% no ano passado para menos de 500 mil toneladas.
 
Isto deveu-se, segundo o INE "às condições climatéricas adversas e à alternância anual de produção dos olivais tradicionais", pelo que se antevê uma campanha na ordem das 491 mil toneladas, isto é, menos 30% que em 2015, ressalvando, no entanto, que o azeite é "de boa qualidade".
Produtores do Alentejo admitem subida do preço
 
O aumento do preço também é admitido por produtores do Alentejo, região com mais olival e que produz "70 a 80%" do azeite nacional.
 
A Cooperativa de Olivicultores de Borba, com cerca de 600 associados e uma das principais do Alentejo, assume a diminuição da produção de azeitona para azeite na campanha de 2016/2017, que se vai reflectir no preço do azeite.
 
"A quebra na produção de azeitona provoca o aumento do preço do azeite", disse à agência Lusa Paulo Velhinho, director executivo da cooperativa.
 
A produção de azeitona no seio desta organização registou, nesta campanha, revelou, "uma quebra de cerca de 40% em relação a anos normais", enquanto face a 2015 a descida "foi de 10%".
 
E, como a azeitona foi paga a um preço "mais elevado", "os sócios da cooperativa apanharam mais azeitona e não a deixaram nas oliveiras", acrescentou.
 
"O preço da azeitona na campanha de 2015 foi, em média, entre 36 e 38 cêntimos por quilo", enquanto, na última campanha, "a média foi de 48 cêntimos por quilo, embora tenha havido azeitona galega que chegou a render 55 cêntimos por quilo", disse.
 
Henrique Herculano, do Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo (CEPAAL), entidade que visa "dinamizar e potenciar o sector do azeite", disse à Lusa que a quebra "é reflexo do que aconteceu no Alentejo".
 
Isto porque, frisou, trata-se da região portuguesa "com mais olival plantado". Possui quase 170 mil dos 315.340 hectares do país, segundo dados de 2015 do INE.
 
"E grande parte deste olival é moderna, portanto, com produtividades muito elevadas", o que faz com que a região, que deve ser responsável por "70 a 80% do azeite produzido em Portugal" nesta campanha, seja "incontornável" no sector, sublinhou.
 
Mas a produção desta campanha, precisou, foi prejudicada pelas "chuvas de maio, que afectaram a floração das árvores" e pelos "calores tardios, sobretudo em Setembro, que diminuíram o rendimento da azeitona".
 
Do grupo Sovena, detentor de marcas como a Oliveira da Serra e com 10 mil hectares plantados de olival, a maioria no Alentejo, também chega o alerta de que este ano "há menos oferta" de azeite "do que o normal", em Portugal e em diversos outros países, pelo que "os preços vão subir".
 
"Há uma conjuntura internacional que faz com que haja menos oferta do que a procura", disse à Lusa o director de Marketing e Vendas da Sovena, Otto Teixeira da Cruz, aludindo a quebras na produção em Portugal, Tunísia e, "principalmente em Itália", onde "foi muito baixa", salvando-se apenas Espanha, responsável por 50% do azeite comercializado no mundo.
 
E, continuou, como os italianos tiveram essa produção baixa, "têm que ir à procura de azeite e quem tem para lhe vender são os outros países, principalmente Espanha, mas também Portugal, que produz mais cedo", provocando "uma inflação dos preços".
 
"Vai ser um ano complicado, mas, se o consumo começar a crescer, depois, terão de ser ajustados também os preços da oferta", afirmou Otto Teixeira da Cruz.
 
Henrique Herculano perspectiva igualmente o aumento do preço do azeite, mas acredita que não deverá ser "muito significativo".
 
"Poderá "não ter grande expressão" porque o azeite, "nos últimos anos, já tem tido valores bastante elevados", previu. A "esmagadora maioria do azeite" que o consumidor está a comprar agora, indicou, "ainda não deve ser desta campanha", mas "lá para Maio ou Junho já é capaz de haver uma subida do preço, a não ser que haja a importação de azeites do norte de África".
 
Na região de Portalegre, António Melara Nunes, que produz o azeite Castelo de Marvão confirma "quebras significativas" na produção de azeitona, devido ao tempo seco em 2016.
 
O aumento de preços na venda de azeite a granel já se sente, de acordo com o empresário, que argumentou, contudo, que este cenário pode ser "uma boa oportunidade" para os pequenos produtores.
 
A subida de preços, afirmou, permite ao consumidor, actualmente, comprar azeite intensivo ou de produtor ao mesmo preço, pelo que os pequenos produtores podem "vingar" num mercado "altamente monopolizado".
 
Jerónimo Martins diz que consumidores vão procurar alternativas
 
Também a Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, considera que a quebra da produção de azeitona vai encarecer o azeite e levará os consumidores a procurar alternativas, enquanto o Lidl não espera oscilações nos preços.
 
Questionado pela Lusa sobre o impacto da quebra de produção, o presidente da Jerónimo Martins, Pedro Soares dos Santos afirmou: "Vai ter um efeito no preço, o preço vai subir".
 
Com isso, "automaticamente para um bocado o consumo do azeite e o consumidor vai procurar outras gorduras", que podem passar por óleos vegetais, margarinas ou manteigas, acrescentou o presidente da dona da cadeia de supermercados Pingo Doce.
 
"Acho que não é nada de preocupante, não vai haver falta de nada", acrescentou Pedro Soares dos Santos.
 
Por sua vez, fonte oficial do Lidl Portugal refere que, "tendo em atenção os 'stocks' de azeite existentes no final de 2016, e apesar de alguma quebra na produção verificada na campanha do ano anterior, não são esperadas grandes oscilações nos preços de azeite para o corrente ano".
 
Já a cadeia de hipermercados Continente, do grupo Sonae, afirma que "está a par das previsões anunciadas para a produção da azeitona para azeite e reconhece as respectivas consequências para os consumidores".
 
No entanto, "não sendo o Continente um produtor e/ou transformador de azeitona, tais questões deverão ser remetidas para os organismos que regem essa actividade como, por exemplo, a Casa do Azeite", concluiu fonte da cadeia de hipermercados.
 
A Lusa contactou o grupo Auchan (hipermercados Jumbo) e o grupo Os Mosqueteiros, mas não obteve resposta.

Ministro da Agricultura anuncia 1,2 mil milhões de euros para apoiar projetos



Capoulas Santos considera que Prémio eleva autoestima dos agricultores. 

Por Duarte Faria

O júri e os vencedores das várias categorias do Prémio Nacional da Agricultura no fim da cerimónia, que se realizou ontem no Hotel Ritz, em Lisboa 

Ministro da Agricultura anuncia 1,2 mil milhões de euros para apoiar projetos Capoulas Santos considera que Prémio eleva autoestima dos agricultores. O ministro da Agricultura revelou esta quinta-feira que o Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) está em "velocidade cruzeiro" e que já foram contratados 10 400 projetos (dos 32 mil propostos), a que correspondem 1250 milhões de euros de investimento e uma despesa pública de 750 milhões. 

O anúncio foi feito durante a cerimónia de entrega de prémios da 5ª edição do Prémio Nacional da Agricultura, iniciativa promovida pelo Correio da Manhã, Jornal de Negócios e BPI. No salão nobre do Hotel Ritz, Lisboa, foram distinguidos 22 casos de sucesso dos setores da agricultura e agroindústria, florestas e pecuária nacionais. 

Capoulas Santos associou-se à iniciativa por "dar um enorme contributo para elevar ainda mais a autoestima da nossa agricultura e dos nossos agricultores". Paulo Fernandes, presidente do grupo Cofina, que detém o CM, referiu que a iniciativa é "uma aposta ganha", que "reflete, ano após ano, o sucesso de um setor que é cada vez mais determinante para a economia do País".

Agricultura do Alqueva irá ter água mais barata



Anúncio da redução do preço aos agricultores será feito hoje pelo ministro

O preço da água do regadio do Alqueva vai baixar. O anúncio será feito hoje pelo ministro da Agricultura Capoulas Santos, durante a reunião do Conselho de Acompanhamento do Regadio (CAR) do Alqueva, e corresponde a uma reivindicação dos agricultores, mais acentuada numa campanha agrícola, como a atual, marcada pela seca. Os preços da água baixam entre 20 a 33%, consoante as características do fornecimento, sendo revogada a norma legal que definia o valor até agora.
Na última reunião do CAR, em julho, o governante tinha prometido que o preço da água iria reduzir, embora sem adiantar valores. Agora, segundo o gabinete do ministro da Agricultura confirmou ao DN, a decisão está tomada e os preços fixados serão hoje comunicados. Assim, para beneficiários diretos, aqueles que dependem da infraestrutura principal do Alqueva, o preço do fornecimento em alta pressão será de 0,0590 por metro cúbico, uma redução de 20% em relação ao preço anterior que vigorava desde 2010 e que se cifrava em 0,0736/m3. No caso da baixa pressão, o preço por metro cúbico passa a ser de 0,032, menos 33% do que estava fixado, 0,0475/m3. No que toca aos perímetros de rega confinantes o novo preço é 0,030 por metro cúbico, o que significa uma redução de 33%. Nestes casos, os agricultores beneficiam ainda de um desconto nos primeiros três anos após o primeiro fornecimento de água à respetiva área regada. No primeiro ano, o desconto será de 60%, no segundo 40% e no terceiro 20%.

Um dos objetivos com esta medida é "aumentar o rendimento dos agricultores reduzindo os custos de um dos mais importantes fatores de produção, a água", referiu fonte do gabinete do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Regional.

No CAR do Alqueva participam diversas organizações agrícolas. Uma dessa associações, a Federação Nacional de Regantes de Portugal (FENAREG), através do seu presidente José Núncio, mostrou-se satisfeita, em julho passado, com a garantia dada pelo ministro de que o preço da água do Alqueva para regadio iria baixar em 2017.

O Ministério está convencido que esta redução das tarifas de água irá "criar melhores condições de competitividade para as culturas de regadio no Alqueva, dando continuidade à trajetória ascendente das exportações, procurando reduzir importações".

O Alqueva ainda deverá vir a beneficiar num futuro próximo de um projeto de ampliação no âmbito de um financiamento do Banco Europeu de Investimento, ao abrigo do plano Juncker, para melhor o Plano Nacional de Regadio. A candidatura portuguesa foi aceite e está atualmente na fase de discussão técnica dos projetos apresentados.

Maior coleção de árvores de fruto está no Algarve

21 DE FEVEREIRO DE 2017 - 06:27

No Centro de Experimentação Agrária de Tavira há 120 variedades de amendoeiras, 280 castas de videiras e 227 variedades de citrinos, entre muitas outras coleções únicas.

Foto: Maria Augusta Casaca/TSF
FOTOGALERIA DO DIA

Quatro anos de Papa Francisco

Engenheiros agrónomos da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAPALG) têm feito uma recolha por toda a região, plantado e estudado as árvores que constituem o património genético das fruteiras mediterrânicas.

A jornalista Maria Augusta Casaca foi conhecer a maior coleção de árvores de fruto do país
O engenheiro agrónomo João Costa lembra que tudo começou com uma recolha feita por todo o Algarve. "Havia muitas variedades espalhadas e com o abandono da agricultura estavam em risco de extinção". Depois, foi plantar e fazer vingar todas aquelas árvores.

Há coleções únicas. Só de figueiras existem 97 espécies diferentes, 22 nespereiras, 44 alfarrobeiras, 78 romãzeiras e 280 castas de videiras. Nos serviços centrais da DRAPALG está também situado o maior banco de citrinos do país, com 227 variedades.

Segundo António Marreiros, outro engenheiro agrónomo que trabalha no projeto, a ideia é não perder todo o património genético de árvores tão importantes para dieta mediterrânica. A intenção dos técnicos é que os agricultores comecem a aproveitar os estudos que ali se fazem para melhorar a sua produção.

E João Costa revela que em breve querem começar visitas guiadas para que os agricultores possam ver in loco o que se faz. "Temos 97 espécies diferentes de figos, por isso é os agricultores passarem por aqui e provarem as diversas variedades para sentirem aromas e sabores completamente diferentes".

Para que este projeto tenha continuidade, a DRAPALG vai candidatá-lo a fundos comunitários. O engenheiro agrónomo salienta que é também preciso mais gente "Somos só 4 a 5 pessoas a trabalhar no projeto, algumas estão à beira da reforma e isto tem que ter continuidade", adverte.

Tudo para que não se perca um património único da agricultura do país.