sábado, 8 de abril de 2017

Regresso da resinagem à Serra da Lousã conta já com 15 hectares de exploração

12/3/2017, 9:29

O regresso da resinagem à Serra da Lousã, em 2016, permite já explorar uma área de 15 hectares nos Baldios de Vila Nova, concelho de Miranda do Corvo, que poderá quadruplicar nos próximos anos.

PAULO NOVAIS/LUSA

O regresso da resinagem à Serra da Lousã, em 2016, permite já explorar uma área de 15 hectares nos Baldios de Vila Nova, concelho de Miranda do Corvo, que poderá quadruplicar nos próximos anos.

Cerca de seis mil pinheiros estão a ser resinados, ao abrigo de um contrato de exploração assinado em 2016 com a empresa United Resins, da Figueira da Foz, que constituiu o regresso desta atividade do setor primário à região, da qual se espera no final do ano uma produção na ordem das 12 toneladas de resina.

"A produção depende das condições do clima e, por exemplo, o ano passado não foi muito favorável", salientou à agência Lusa João Martins, operador de resinagem, que se desloca com regularidade de Paranhos da Beira (Seia) para a freguesia de Vila Nova, no distrito de Coimbra, numa distância superior a 100 quilómetros.

O regresso da atividade "foi uma aposta dos Baldios de Vila Nova, que teve início com um projeto da Câmara de Penela", explicou Dulce Margalho, técnica superior dos Baldios de Vila Nova, que gerem uma área florestal de cerca de mil hectares na Serra da Lousã.

"Na altura, convidaram-nos como parceiros, bem como a todos os baldios da Serra da Lousã, com o intuito de os envolver a todos no projeto [de resinagem], mas, entretanto, só os baldios de Vila Nova o conseguiram implementar", sublinhou.

Apesar da distância, João Martins faz um balanço positivo de um ano de atividade, que começou com quatro mil pinheiros numa área de 12 hectares, que este ano aumentou para seis mil pinheiros e uma mancha de 15 hectares, com a perspetiva de aumentar nos próximos anos.

"Surgiu a oportunidade de virmos para aqui trabalhar e como procurávamos áreas como a que estamos a resinar, onde se pode trabalhar e com pessoas que convivem connosco no dia-a-dia, sempre dispostas a ajudar naquilo que é necessário, viemos explorar esta área", frisou.

Segundo Dulce Margalho, o levantamento inicial aponta para uma área de 90 hectares de povoamentos de pinheiro bravo aptos a resinar nos Baldios de Vila Nova, o que revela um enorme potencial de crescimento face aos 15 hectares atuais.

Nas operações de resinagem, João Martins conta com mais três trabalhadores, mas "a perspetiva é aumentar o número, "porque os Baldios [de Vila Nova] ainda têm uma área bastante grande" para alargar a área de exploração.

"Vamos apostar aqui, aumentar a produção e meter mais pessoal", sublinhou.

Além da criação de postos de trabalho e do aumento do rendimento dos proprietários florestais, com cada bica instalada a render 30 cêntimos, a técnica Dulce Margalho realça que "uma das mais-valias" da presença dos resineiros "será a defesa da floresta contra incêndios".

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Resipinus – Associação de Destiladores e Exploradores de Resina disse que a resinagem está lentamente a regressar, depois do apogeu dos anos 1980 e da crise que se verificou a seguir com a importação de resina chinesa, que revolucionou os preços de mercado.

"Nos anos de 1980 atingimos o apogeu com uma produção superior a 100 mil toneladas, mas a partir de meados dos anos 1990 houve uma forte quebra de preços devido à entrada da China no mercado", explicou Hilário Costa.

Só a partir de 2010, acrescentou, com a quebra de produção na China, é que a atividade em Portugal voltou a crescer, embora lentamente, com o alargamento das áreas de exploração e o regresso de antigos resineiros aos pinhais.

Atualmente, a produção nacional situa-se em cerca de oito mil toneladas, o que, segundo Hilário Costa, "não é nada face ao que já se produziu".

Portugueses vão poder procurar produtos biológicos através de aplicação

MARTA CERQUEIRA

29/03/2017 12:48

Governo vai criar o Dia da Alimentação Biológica

Não falta muito para que, através de uma aplicação, saiba onde pode encontrar unidades de produção e venda de produtos biológicos.

O governo quer aproximar o consumir dos produtos biológicos e, nesse sentido, prepara-se para criar o Dia da Alimentação biológica. Além disso prevê a promoção da produção biológica a nível local e nacional, um plano de comunicação que desperte a atenção do grande público para os benefícios deste tipo de agricultura e a divulgação dos produtos biológicos nacionais em certames nacionais e internacionais.

A Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica tem uma meta bem definida para a próxima década: duplicar a área de agricultura biológica para cerca de 12% da Superfície Agrícola Utilizada (atualmente é de 7%) e triplicar as áreas de hortofrutícolas, leguminosas, frutos secos, cereais e outras culturas vegetais destinadas a consumo direto ou transformação. Os números atuais podem ser de esperança no alcance desta meta: o número de produtores agrícolas biológicos tem vindo a aumentar durante a última década e em 2015 chegou aos 3837 e a superfície destinada a agricultura biológica atingiu os 239.864 hectares.

Em termos globais, Espanha é o estado-membro com a maior superfície dedicada à agricultura biológica, com quase 2 milhões de hectares. Em segundo lugar vem a Itália, com 1,5 milhões de hectares e a Alemanha com 1 milhão. Estes três países representam 40% da superfície total de agricultura biológica da União Europeia.

Aki vende joaninhas para proteger hortas biológicas



04/04/2017

Para ter acesso a produtos biológicos nem sempre é necessária uma deslocação ao mercado. Também é possível cultivar este tipo de alimentos em casa, recorrendo ao chamado Do It Yourself (DIY) e é aqui que o Aki quer ter uma palavra a dizer.

A marca vai vender nas suas lojas soluções naturais para proteger os jardins e hortas, eliminando o recurso a pesticidas e químicos. Em comunicado, o Aki diz ser a primeira empresa do sector da Grande Distribuição, em Portugal, a comercializar em loja insectos auxiliares.

Isto significa que, na próxima visita ao Aki, vai poder encontrar joaninhas e outros predadores naturais, que ajudam a controlar ou destruir os parasitas e pragas que podem arruinar as culturas de alimentos. Ao utilizar estes insectos auxiliares, é assegurada uma produção biológica.

Esta luta Bio, como é apelidada pelo Aki, levou a marca a disponibilizar também abrigos para que estes bichos se possam desenvolver, proteger e manter perto das zonas que preservam. A nova oferta pode ser encontrada na secção de Jardim e inclui também crisopídeos e nemátodos, sendo que cada espécie é indicada para o combate a pragas específicas.

Os clientes não podem, porém, simplesmente visitar uma loja Aki e sair de lá com as joaninhas necessárias. É disponibilizado um pack pré-pago de insectos auxiliares, sendo depois necessário efectuar a encomenda online com o código de registo detalhado na embalagem ou enviar o cupão pelo correio. Os insectos serão, depois, entregues directamente na morada indicada.

«Esta é uma novidade que muito nos orgulha e que se enquadra a 100% na nossa estratégia de negócio e de responsabilidade ambiental», refere Pedro Morais Barbosa, responsável de Comunicação Institucional do Aki. «São produtos que vêm inovar e democratizar o mercado da agricultura biológica, sendo este um nicho no qual queremos apostar. Queremos que deixe de ser algo de especialistas. Queremos que passe a ser "fácil de fazer" para qualquer um que tenha esse projecto», conclui.

http://marketeer.pt/2017/04/04/aki-vende-joaninhas-para-proteger-culturas-biologicas/

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Etiquetas das frutas e legumes substituídos por impressão laser na casca

Para substituir as etiquetas e autocolantes, uma cadeia de supermercados na Suécia recorre à gravação laser dos produtos hortícolas.

A batata-doce foi o primeiro produto submetido a este novo procedimento chamado etiquetagem natural. O objetivo da empresa sueca é reduzir o uso de plástico.

"É uma nova técnica. Queremos encontrar uma forma mais inteligente de etiquetar os nossos produtos. Há demasiado embalagens e plásticos desnecessários", sublinhou Peter Hagg, gestor da cadeia de supermercados ICA, na Suécia.

Tal como as etiquetas tradicionais, a impressão laser indica o nome do produto, o país de origem e o código. O supermercado sueco garante que esta forma de etiquetagem não tem impacto no sabor do produto.

"O laser envia uma luz clara e faz com que os pigmentos da casca do fruto se evaporem deixando uma marca. É um processo subtil, porque a marca não atravessa a casca e o procedimento não afeta a qualidade nem o sabor do produto", afirmou o responsável.

A batata-doce foi um dos primeiros legumes testados porque habitualmente as pessoas não consomem a casca do produto.

"A embalagem de plástico tem vantagens e, em certos casos, ajuda a aumentar o ciclo de vida de um produto , por isso, não a vemos como um inimigo, mas, nalguns casos ela é desnecessária porque não conserva melhor o produto, só acarreta custos suplementares", admite o responsável.

O próximo passo é testar a etiquetagem laser em frutos cuja casca é comestível, como a maça.

"É a primeira vez que vejo este tipo de etiqueta, é uma abordagem mais sustentável, sou a favor", disse Jonas Kullendorff, cliente do supermercado.

"Tenho dois filhos. Este tema é importante porque tento comprar produtos de qualidade e amigos do ambiente, acho que é uma boa técnica", afirmou Emma Jeppsson, outra cliente.

Para as organizações de proteção do ambiente, a etiquetagem tradicional representa uma fonte de poluição importante, por isso, é essencial encontrar alternativas.

Sabemos que há uma grande quantidade de lixo produzido ao longo da cadeia de abastecimento antes da chegada dos produtos embalados às prateleiras. Os fornecedores têm tentado reduzir a quantidade de embalagens mas não chegaremos a um resultado próximo do zero senão apostarmos em embalagens biodegradáveis e naturais que não vão parar ao aterro depois de usadas", afirmou Kierra Box, responsável da organização Friends of the Earth.

Um estudo recente indica que, se nada for feito, em 2050, haverá tanta quantidade de plástico como de peixe nos oceanos.

As tecnologias de marcação a laser para substituir as etiquetas e autocolantes da fruta foram aprovadas pela Comissão Europeia.

Portugal tem a quarta maior superfície de produção de uva, mas longe dos três primeiros

4/4/2017, 13:17

As vinhas em Portugal representam 9% do total da União Europeia, a quarta maior superfície depois da Espanha (30%), da França (25%) e da Itália (19%).

Em Portugal a produção de vinhos de qualidade atinge 87,8% do total, acima da média da UE (78,2%)

Miguel A.Lopes/LUSA

As vinhas em Portugal representam 9% do total da União Europeia (UE), a quarta maior superfície depois da Espanha (30%), da França (25%) e da Itália (19%), sendo que estes três países concentram quase três quartos do total da UE, divulga o Eurostat. Em termos de superfície de exploração vitícola, e segundo dados de 2015, em Espanha há 941 mil hectares, em França 803 mil, em Itália 610 mil hectares, em Portugal 199 mil, na Roménia 184 mil (6% do total da UE) e na Grécia e Alemanha cerca de 103 mil hectares cada (3%).

Segundo o gabinete oficial de estatísticas da UE, a Roménia é o país com maior número de explorações vitícolas (855 mil, 36% do total), seguindo-se a Espanha (518 mil, 22%), a Itália (299 mil, 12%), Portugal (212 mil, 9%) e a Grécia (189 mil, 8% do total).

No que respeita à superfície média por exploração, a França registou a maior, com 10,5 hectares, seguindo-se o Luxemburgo com 4,0 hectares, a Áustria (3,1 hectares), o Reino Unido (3,1) a Alemanha (2,4), a Itália e a Eslováquia (2,0 cada), a Espanha e a Hungria (1,8 hectares cada).

As menores superfícies médias por exploração foram identificadas na Roménia (0,2 hectares), em Malta (0,3 hectares), na Croácia (0,4 hectares), na Grécia, em Chipre e na Eslovénia (0,5 cada) e em Portugal (0,9 hectares).

Em relação à qualidade do vinho produzido, a Alemanha e o Luxemburgo dedicam a totalidade das suas vinhas à produção deste vinho de qualidade, seguindo-se o Reino Unido (99,9%), a República Checa (99,8%), a Áustria (99,7%) e a Eslovénia (99,3%).

Em Portugal a produção de vinhos de qualidade atinge 87,8% do total, acima da média da UE (78,2%).

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Novas obrigações para quem tem animais entram em vigor em maio

Dinheiro Vivo 05.04.2017 / 09:51 

Os animais deixam de ser "coisas" e passam a ter direitos, nomeadamente, em relação à saúde e bem estar e em caso de divórcio. 

 Está prestes a entrar em vigor o novo estatuto jurídico dos animais, que traz novas obrigações legais para os proprietários e também para quem se deparar com um animal perdido ou ferido. A partir de 1 de maio, os nossos "melhores amigos" passam a ser encarados como "seres sencientes" e quem não os respeitar pode pagar pesadas multas ou ir preso. 

A alteração relativa ao direito à saúde e bem-estar será a que de uma forma mais generalizada implica mudanças para quem possui animais de estimação, mas também para quem encontrar um animal na rua. Isto significa que, para quem os tem em casa, os animais terão de ter acesso a água, alimento e cuidados veterinários. Passando a estar incluída a possibilidade de deduzir 15% do IVA das faturas com despesas veterinárias, não há desculpa para não assegurar a proteção da saúde e bem-estar dos animais com os quais convive. 

Quem não o fizer pode sofrer sanções, nomeadamente pena de prisão até um ano ou multa até 120 dias – a mesma aplicada a quem infligir dor, sofrimento ou maus tratos físicos a um animal de companhia. Se causar uma lesão ao animal de companhia de outra pessoa, terá de indemnizar o proprietário ou quem tenha socorrido o animal, não só das despesas veterinárias, como também de danos morais em caso de danos permanentes, dificuldade grave ou morte do animal. 

Desconhecendo o dono do animal, quem o encontrar só poderá ficar com ele em caso de indícios fundamentados de maus tratos ou tendo passado um ano após a procura do proprietário, devidamente publicitado o achado e pesquisada a existência de 'microchip' num veterinário. 

E como a lei admite que os animais sentem dor e angústia, no caso de divórcio dos donos, o destino dos "patudos" passará a ter de constar dos documentos obrigatórios que acompanham o pedido nas Conservatórias, tal como sucede relativamente às responsabilidades parentais, em caso de mútuo consentimento, determinando a quem fica confiado o animal segundo os interesses dos cônjuges e das crianças que possam existir, bem como o bem-estar do animal. - 

IMI: Agricultores dizem que avaliação dos terrenos é inconstitucional

A decisão do Governo de avançar com uma avaliação que abrangerá apenas os prédios rústicos de dimensão superior a 50 hectares viola a Constituição da República, sustenta a Confederação dos Agricultores de Portugal.

Filomena  Lança Filomena Lança filomenalanca@negocios.pt
04 de abril de 2017 às 15:56

"Não podemos fazer uma legislação fiscal só para alguns" e a avaliação de prédios rústicos, visando apenas os que tenham acima de 50 hectares, "discrimina claramente um tipo de prédios relativamente aos restantes, sustenta João Machado, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). "Esta discriminação não faz sentido. Se é para fazer uma reavaliação, então reavaliemos todos", afirma.
 
Tal como o Negócios noticiou esta segunda-feira, 3 de Abril, o Ministério das Finanças está a ultimar um conjunto de alterações ao código do IMI por forma a avançar com a avaliação de prédios rústicos que está prevista no Orçamento do Estado para 2017. E, tal como aí se estipula, a avaliação abrangerá, para já, apenas os prédios com uma dimensão superior a 50 hectares.
 
A essa decisão não será alheio o facto de o cadastro geométrico do território estar apenas concluído relativamente à zona sul, onde os imóveis têm em geral, uma maior dimensão. Partindo dos elementos constantes no cadastro, os avaliadores terão a vida bastante facilitada no momento de proceder às reavaliações e de estabelecer o novo valor patrimonial tributário dos prédios.
 
Não havendo cadastro geométrico, tudo fica mais difícil. De resto, o Executivo lançou o  Sistema de Informação Cadastral Simplificada com o objectivo de conhecer a titularidade de todo o património rústico a nível nacional. Para tal, foi criado um período transitório de 30 meses em que o registo dos prédios será feito sem qualquer custo.
 
Ora, sustenta o presidente da CAP, "a reavaliação só deveria ser feita depois disso", quando já fosse possível ter informação cadastral sobre todos os prédios. Nesse caso seria possível ter "uma reavaliação equitativa, para todos e não apenas para alguns. É por ser mais fácil que se vai começar pelos maiores e isso é inconstitucional", sustenta.
 
João Machado lembra ainda que "a agricultura está a puxar pela economia do país" e lamenta que com esta avaliação se vá "penalizar aqueles que têm alguma dimensão", numa altura em que o país continua a ter uma "propriedade muito pulverizada".  Em Portugal a dimensão média dos prédios rústicos "ronda os 13 hectares, quando na Europa anda acima de 20", acrescenta.
 
João Machado segue também a linha de críticas do CDS-PP, que esta segunda-feira veio defender que, com esta avaliação geral de prédios rústicos, estamos perante uma nova reforma agrária, não através de expropriações, mas por via fiscal. "É o PS a reboque do PCP", afirma o presidente da CAP, sublinhando que a medida inscrita do Orçamento do Estado foi por iniciativa dos comunistas.

Avaliação fiscal de terrenos rústicos passará a olhar para área e localização

Até agora, o IMI era pago de acordo com a sua produtividade.
PÚBLICO 3 de Abril de 2017

 A primeira fase incidirá em prédios rústicos acima dos 50 hectaresFoto
A primeira fase incidirá em prédios rústicos acima dos 50 hectares RITA FRANCA/ARQUIVO
O Governo vai proceder a uma reavaliação dos terrenos rústicos, abandonando a regra de avaliação dos prédios rústicos pelo seu rendimento líquido (retorno teórico que as culturas podem dar) e substituí-lo por uma metodologia assente na área e na localização, escreve o Jornal de Negócios esta segunda-feira.

A proposta integra o Orçamento do Estado para 2017 e prevê, até ao final do mês de Abril, apresentar à Assembleia da República uma proposta com os novos critérios, aplicável, numa primeira fase, a imóveis que ultrapassem os 50 hectares.

A Autoridade Tributária e Aduaneira contém o registo destes imóveis e respectivos valores materiais. No entanto, a desactualização dos — com limites e titulares que podem ter sido alterados —, sobretudo quando estão em causa terrenos mais pequenos põe em causa a sua fiabilidade.

De acordo com os dados da Associação Portuguesa dos Peritos Avaliadores de Engenharia existem cerca de 11,5 milhões de prédios rústicos em todo o país e, destes, menos de um quarto (2,5 milhões) têm uma dimensão superior a 50 hectares. A maioria está localizada a sul do país.

Importa sublinhar, no entanto, que a região norte — que para já ficará a salvo desta avaliação — é a mais rica em terrenos valiosos, como os da zona do Douro vinhateiro, classificada como Património da Humanidade pela Unesco. 

As linhas vermelhas de Portugal na revisão da PAC


Mónica Silvares

Portugal, França e Polónia, foram os primeiros países a tomar uma posição escrita na consulta pública para a revisão da Política Agrícola Comum.

Manter "uma política europeia comum, contra qualquer tentativa de renacionalização" e garantir a "manutenção de um orçamento adequado e a sua atual chave de repartição" são duas das linhas vermelhas com que Portugal parte para a revisão da Política Agrícola Comum (PAC), que já arrancou em Bruxelas.

O ministro da Agricultura explicou ao ECO que Portugal quer ainda a "garantia de que a PAC mantém critérios ambientais para o cálculo dos pagamentos diretos" e "a garantia de que prosseguirão os mecanismos de convergência, por forma a aproximar os pagamentos entre agricultores e Estados-membros". Estes esclarecimentos de Capoulas Santos surgem num momento em que se iniciou a discussão das possíveis alterações que esta política deverá ter a partir de 2020. Uma negociação que decorre a par da elaboração do próximo Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia (UE).

No primeiro Conselho de Ministros da Agricultura da União Europeia, Portugal, a par de França e Polónia, foi dos primeiros a tomar uma posição escrita. "Foi uma forma de colocar o jogo em cima da mesa e balizar os nossos interesses", disse ao ECO uma fonte conhecedora do processo.

Nesse documento, Portugal defende, por exemplo, que "é essencial que haja uma resposta para lidar preventivamente com fenómenos extremos", como as inundações ou a seca, "em que o apoio a infraestruturas de prevenção, incluindo o regadio, atua como fator de promoção da previsibilidade na atividade económica". Portugal considera que "é necessário prosseguir o apoio ao investimento, inovação e à investigação que é a resposta aos maiores desafios da PAC atual e futura enfrentará, nomeadamente a adaptação às alterações climáticas".

A PAC deve ainda funcionar como uma almofada que ajude a colmatar os "riscos individuais incomportáveis, nomeadamente devido à diminuta capacidade financeira da pequena e média agricultura, que influenciam negativamente as decisões de investimento ou mesmo a viabilidade das explorações agrícolas", defende Portugal, no documento escrito que Capoulas Santos entregou em Bruxelas com as linhas de orientação estratégica para o debate sobre o futuro da PAC.

"Os défices de investimento estão associados, frequentemente, a diferentes condições de acesso ao crédito não relacionadas com a agricultura e à indisponibilidade de instrumentos adequados de gestão de risco."

Documento com a posição de Portugal

O ministro português sublinha ainda o interesse em "manter um nível base de apoio direto ao rendimento", porque é uma forma de atenuar "a volatilidade dos rendimentos dos agricultores". "O regime de pagamento base, e os vários apoios para zonas com condicionantes naturais (incluindo apoios associados devidamente justificados) deverão ser mantidos, mas estes instrumentos poderão ser mais bem combinados". Nesse sentido, Portugal avança com a sugestão de reservar-se uma parcela destes pagamentos "para dar resposta a situações inesperadas e extremas através de um veículo financeiro voluntariamente contratado por conjuntos de agricultores com interesses comuns (a nível setorial ou regional) para dar uma resposta preventiva (através do investimento) ou por compensações a posteriori", ou seja, regimes de seguros ou fundos mutualistas.

Convites para o grupo de peritos já "estão a decorrer"

Com uma consulta pública sobre a PAC já em curso na UE, o ministro da Agricultura decidiu criar um órgão de consulta, que integrará peritos nesta área, para acompanhar o debate e a evolução das posições dos Estados-membros.

Ao ECO, Capoulas Santos revelou que os convites para este grupo já "estão a decorrer" e são "dirigidos a cerca de uma dezena de personalidades de reconhecida competência". Personalidades essas que "contribuirão certamente para promover um amplo consenso em torno do processo negocial e para fortalecer a posição portuguesa nas negociações", acrescentou o ministro.

A expectativa é de que este órgão consultivo seja criado nas próximas semanas.

Países com posições divergentes

A PAC nunca foi consensual e sempre que procede à revisão desta política as divergência voltam à tona. Numa conferência organizada pelo Ministério de Agricultura e Pesca, Alimentação e Meio Ambiente espanhol, sob o tema "Construindo a PAC do Futuro" a Holanda personificando os países menos beneficiários da PAC defendeu que "é preciso ser realista" e que, face ao 'buraco' orçamental que será deixado pela saída do Reino Unido da União Europeia, "existem outras prioridades", como a migração.


Já a diretora-geral de Desenvolvimento Económico, Ambiental e Empresas do Ministério francês de Agricultura, Catherine Geslain-Lanéelle, em declarações à Efe, recordou que cada vez que se inicia o debate sobre uma reforma agrícola surge a questão orçamental, mas face ao desafio do Brexit, a "Europa deve ser mais forte e não se degradar" e que será fundamental conservar os "recursos necessários" para a PAC.

Aprovação de projetos agrícolas demora mais
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Portugal tem uma posição sui generis neste capítulo porque é dos poucos países que tem um equilíbrio nos apoios recebido, ou seja, nos pagamentos diretos aos agricultores (primeiro pilar) e dos apoios ao desenvolvimento rural (segundo pilar). Por isso, Portugal "deve tentar salvaguardar os dois pilares", sublinha, ao ECO, João Machado.

É por isso que o ministro da Agricultura traçou como linha vermelha garantir a "manutenção de um orçamento adequado e a sua atual chave de repartição".

O presidente da Confederação dos Agricultores reconhece que "Portugal está sozinho" porque como os outros países têm mais apoios através do primeiro pilar a tendência negocial será retirar apoios do segundo pilar, "o que afetaria muito Portugal". João Machado acredita que "Portugal, através de uma política de alianças", vai conseguir "novamente" não perder verbas face ao quadro anterior".

Verbas já são curtas

Apesar de Portugal não ter perdido dinheiro face ao quadro comunitário anterior João Machado denuncia o facto de "haver candidaturas para investimento que já estão esgotadas". Uma situação que reflete "o interesse que o setor despertou", diz o responsável da CAP.

João Machado lembra que "dentro do Programa de Desenvolvimento Rural há muitas medidas, nomeadamente naquilo que não são ajudas diretas, por isso o Governo pode reafetar verbas de umas medidas para as outras".

"Dentro do Programa de Desenvolvimento Rural há muitas medidas, nomeadamente naquilo que não são ajudas diretas, por isso o Governo pode reafetar verbas de umas medidas para as outras."
João Machado
Presidente da CAP

Questionado sobre quais as formas de tentar multiplicar o dinheiro, Capoulas Santos lembrou o reforço do financiamento da contrapartida nacional em 155 milhões de euros até 2022 (nos fundos comunitários há uma margem adicional de dois anos para realizar os investimentos com apoios dos fundos) mas também:

"Estabelecimento do limite de investimento máximo elegível por beneficiário, durante o período de programação, em cinco milhões de euros no caso dos apoios ao investimento nas explorações agrícolas e em dez milhões de euros no caso dos apoios ao investimento na transformação e comercialização de produtos agrícolas".
"Aumento de 25 mil para 40 mil euros o montante máximo elegível dos projetos de investimento para os pequenos agricultores";
"Aumento de 15 mil para 20 mil euros o valor base do prémio à primeira instalação para os jovens agricultores, com compensação nos valores mais elevados, por forma a assegurar a neutralidade financeira"; e ainda "Concessão de prioridade aos jovens agricultores que pretendam instalar-se assumindo a atividade agrícola como ocupação principal, bem como privilegiar o estabelecimento de residência na zona da exploração e, por outro lado, flexibilização das exigências em termos de investimento mínimo".

Completamente fora de questão está, no âmbito da negociação de meio termo do atual quadro comunitário de apoio, o Governo pedir a Bruxelas para passar verbas de outros programas operacionais para o PDR. "Para além de não haver nenhuma intenção nesse sentido, as regras não o permitem", garantiu o ministro da Agricultura, ao ECO.

Sogrape compra empresa de distribuição no Reino Unido

O maior grupo português de vinhos tomou uma participação de 25% na Liberty Wines, especializada na restauração de topo, que absorve a estrutura que tinha criado há seis anos e passa a distribuir todas as marcas no mercado britânico.
Sogrape compra empresa de distribuição no Reino Unido

Paulo Duarte
António  Larguesa António Larguesa alarguesa@negocios.pt
04 de abril de 2017 às 06:00

A Sogrape acaba de entrar no capital da Liberty Wines (LW), uma das principais distribuidoras britânicas, através da compra de uma participação de 25%, adiantou ao Negócios o presidente executivo, Fernando Cunha Guedes. O Reino Unido, o segundo maior importador mundial de vinhos, é o quarto mercado mais relevante para a principal empresa portuguesa de vinhos, valendo 7% das vendas globais de 214 milhões de euros em 2016.

Além da aquisição de 25%, por valores não divulgados pelas partes, o "acordo de parceria estratégica" fechado na semana passada prevê a passagem, em exclusivo, de todo o portefólio da Sogrape – incluindo os vinhos que produz em Espanha, Argentina, Chile e Nova Zelândia – para a alçada desta empresa. Criada há duas décadas, no ano passado facturou 53 milhões de libras (62 milhões de euros) e continuará a ser gerida pelo fundador David Gleave.

Neste novo quadro, a Sogrape UK vai ser integrada na estrutura da LW, composta por 130 pessoas e uma carteira que ultrapassa os 2.300 clientes. Cunha Guedes sublinhou a "enorme complementaridade" entre as duas organizações na gestão de canais. É que a operação de distribuição própria que tinha criado em 2011 – e que vendeu 10 milhões de libras (11,7 milhões de euros) no último exercício – estava concentrada no retalho, enquanto 70% da actividade da adquirida está na restauração, sobretudo de gama alta e em Londres.

"Maximizar as sinergias através de um maior controlo da cadeia de valor" foi o motivo que levou a Sogrape a avançar com este negócio, que lhe assegura a posição de "único sócio estratégico em termos de produtores de vinho" na LW. As restantes quotas estão repartidas pelo fundador, pela sua família e alguns accionistas individuais.

Com este reforço na distribuição, o grupo familiar com sede em Gaia procura manter a posição do Mateus Rosé (o mais vendido) no Reino Unido e impulsionar outras marcas, como a Casa Ferreirinha e a Sandeman (vinho do Porto). "Os vinhos portugueses estão a afirmar-se nos mercados internacionais. A qualidade ninguém põe em causa, a notoriedade cresce dia após dia, mas nem sempre é fácil encontrar uma rede de distribuição que permita chegar com êxito ao consumidor", resumiu o gestor.
Seguir a estratégia

O líder da Sogrape salvaguardou que a operação, concluída sem receios na semana em que o Brexit foi oficializado, "é consequência da execução de uma estratégia definida há dois anos" e que "não há uma causa-efeito" por estar "próxima de zero" a dívida líquida que em 2015 rondava os 15 milhões de euros. "Esta operação vinha a ser desenvolvida há meses, mas é verdade que coincidiu com uma fase boa da nossa vida, com aumentos de venda e da rentabilidade e de redução de dívida", respondeu.

Das 35 marcas detidas pela Sogrape, cinco surgem em destaque no plano estratégico por representarem mais de 50% das vendas: Mateus, Casa Ferreirinha, Gazela, Sandeman e a espanhola Lan. E seguindo a expressão dos melhores destinos em termos consolidados – o maior mercado é o português, que vale 25% do total e cresceu 11% em 2016; seguindo-se os EUA, Espanha e Reino Unido –, o grupo apontou-os também como focos de actuação nesse plano desenhado há dois anos.

"Para todos eles fixámos como objectivo ter uma posição forte em termos de distribuição", recua Cunha Guedes, notando que essa meta fica agora cumprida com a aquisição da LW.


PERGUNTAS A - FERNANDO CUNHA GUEDES 
PRESIDENTE EXECUTIVO DA SOGRAPE
Brexit? É nas fases difíceis que se fazem bons negócios

O líder da Sogrape reconhece a indefinição, mas afirma que são os "actos de coragem" que diferenciam as empresas.

Fecharam este negócio na semana em que o Reino Unido iniciou formalmente a saída da União Europeia. Que influência teve o Brexit na decisão? 
Foi um factor que tivemos em conta no momento de decidirmos avançar. O Brexit traz algumas incertezas, ninguém sabe o que vai acontecer e que tipos de acordos serão feitos com a União Europeia. Mas continuará a ser um mercado relevante, no qual os vinhos europeus representam 55% das importações, e é também a verdadeira montra mundial em termos vitivinícolas. Como a nossa estratégia é de longo prazo, estamos tranquilos quanto à opção tomada.

Não temem que venha a prejudicar o sucesso deste negócio? 
É um acto de ousadia, que está no nosso perfil. Faz parte do nosso ADN. Gestão também é isto: analisar o enquadramento actual e ter alguns actos de coragem que depois nos fazem diferentes no futuro. Perguntaram-nos o mesmo quando comprámos a [produtora espanhola] Lan em 2012, no pico de crise em Portugal e Espanha. Todos nos recomendavam prudência e hoje estamos convictos de que foi um passo certo. É nestes momentos difíceis que se podem fazer boas operações.
 
Por outro lado, a Sogrape pode ficar mais protegida das atribulações no mercado britânico?
O principal objectivo é estratégico e não de protecção. Apesar de surgir num contexto mais complicado, a operação não é para defender o que já tínhamos, é para fortalecer a posição no mercado.

Brasil garante estar a fiscalizar casos de fraude no azeite


Governo português foi informado pelo Ministério da Agricultura do Brasil que estão em curso várias ações de fiscalização sobre o caso

2017-04-04 07:57 / AM

Azeite é uma gordura boa, mas tem de ser usada com moderação. Uma collher equivale a 119 calorias
Azeite é uma gordura boa, mas tem de ser usada com moderação. Uma collher equivale a 119 calorias. Reuters
O Ministério da Agricultura do Brasil informou o Governo português de que tem em curso várias ações de fiscalização sobre o caso da fraude do azeite naquele país, adiantou à Lusa o gabinete do ministro português, Capoulas Santos.

Questionado pela Lusa acerca de um estudo que demonstrou que há marcas brasileiras que vendem produtos como sendo azeite e de Portugal, fonte oficial do Ministério da Agricultura português afirmou que contactou o Governo brasileiro para pedir "uma intervenção forte da administração do país nesta matéria".

Em resposta, disse a mesma fonte, "o Ministro da Agricultura do Brasil transmitiu que estão já em curso diversas ações de fiscalização" e que essas "serão intensificadas nos próximos dias".

O Governo português afirma que está em causa "um dos mais emblemáticos produtos portugueses" e que é "urgente combater" as "práticas ilegais" relacionadas com o azeite.

Os contactos entre Portugal e o Brasil sobre este tema acontecem depois de, num estudo publicado recentemente, a Proteste brasileira ter sugerido a retirada do mercado, por fraude ao consumidor, de sete marcas de azeite, algumas identificadas como de origem portuguesa e assinaladas como sendo "azeite extra virgem".


Na semana passada, a Casa do Azeite disse à Lusa que vai apresentar uma reclamação formal junto da defesa do consumidor brasileira contra as marcas que falsificam o produto e a sua origem.

São marcas reincidentes nestas fraudes, mas vamos reclamar formalmente de continuarem a dizer que a origem é portuguesa", disse então à Lusa a secretária-geral da Casa do Azeite, Mariana Matos.

A responsável adiantou ainda que a Casa do Azeite está em permanente contacto com as autoridades do Ministério da Agricultura brasileiro e que já houve marcas cujas fábricas foram encerradas.

Jerónimo de Sousa defende que nova reforma florestal não passa de “boas intenções”

O secretário-geral do PCP defendeu no distrito de Aveiro, onde se registou a maior área ardida nacional em 2016, que a reforma florestal aprovada esta semana em Conselho de Ministros não passa de "boas intenções" do Governo.
Jerónimo de Sousa defende que nova reforma florestal não passa de "boas intenções"

Negócios jng@negocios.pt
25 de março de 2017 às 23:42

Por considerar que os incêndios nesse distrito constituem um "importante problema regional", Jerónimo de Sousa abordou o tema durante a assembleia que reuniu em S. João da Madeira dirigentes de diversas concelhias do partido.

"O PCP reafirma que o conjunto de diplomas anunciados não responde aos problemas da floresta portuguesa. Mesmo algumas medidas positivas e melhorias na versão agora aprovada não passarão de boas intenções, por falta de resposta aos estrangulamentos, à natureza e às características estruturais da floresta portuguesa, nomeadamente o peso que tem a pequena propriedade", explicou.

As críticas do líder dos comunistas prendem-se com a sua convicção de que, na nova reforma, "esquece-se a questão central do preço da produção lenhosa para não tocar nos interesses da Portucel e da Altri, [empresas] de Belmiro [Azevedo] e [Américo] Amorim".

Jerónimo de Sousa diz também que o Governo está a subestimar o papel dos pequenos produtores, dos compartes de baldios e das suas associações.

"Vai continuar sem solução o cadastro florestal", lamenta. "E não será o grande capital e a empresarialização privada da gestão florestal que poderão responder aos problemas da floresta que o país tem", realça.

Para o secretário-geral do PCP, os problemas da floresta portuguesa não terão solução enquanto não for tida em conta "a destruição de milhares de explorações agrícolas familiares com um papel único na ocupação do território e a desertificação do mundo rural e do interior".

Por isso mesmo, exige "a ruptura com essas políticas, a par da defesa dos rendimentos dos pequenos produtores e dos baldios, do seu associativismo e da intervenção pública com recursos e meios adequados".

"Só assim se defenderá a floresta do flagelo dos incêndios e se concretizará um ordenamento que privilegie o seu uso múltiplo, as economias locais e a sua função ambiental", remata.

Na passada terça-feira, o Governo, reunido em Conselho de Ministros no Palácio de Monserrate, na serra de Sintra, aprovou um pacote de novas medidas na área florestal e alterações às propostas legislativas iniciais para a reforma da floresta, divulgadas no final de Outubro numa reunião na Lousã.

Como as empresas agro-alimentares portuguesas planeiam ultrapassar as barreiras proteccionistas

A Sovena está a pensar em "ser mais americana", reforçando a produção local. O Grupo Cerealis também sugere "fazer parte do processo local". O Brexit também integra a lista de preocupações.
Como as empresas agro-alimentares portuguesas planeiam ultrapassar as barreiras proteccionistas

Sara Ribeiro Sara Ribeiro sararibeiro@negocios.pt
04 de abril de 2017 às 13:43

As empresas portuguesas da indústria agro-alimentar confessam ter alguns receios em relação à nova onda de políticas proteccionistas que estão na agenda de diversos países. Tendo em conta que grande parte da força das suas vendas passa pela exportação, dada a queda do mercado interno nos últimos anos, estão a acompanhar de perto os desenvolvimentos nesta matéria.
 
Dada a proximidade, o Brexit está no topo da preocupação. Pelo menos para a Sovena, que detém marcas como a Oliveira da Serra. "No nosso caso, estamos por todo o mundo. E há alguns focos de proteccionismo que geram alguma preocupação, nomeadamente, aqui mais perto, o Brexit", disse António Simões, chairman e CEO da Sovena durante o 6.º Congresso da Indústria Portuguesa Agro-alimentar que está a decorrer esta terça-feira, 4 de Abril, em Lisboa.
 
Já no Brasil, explicou que com a actual pauta aduaneira "estamos numa situação parecida com todos os concorrentes". Este mercado também não parece levantar preocupações à Unicer, que detém a Super Bock. 
 
Rui Lopes Ferreira, presidente da comissão executiva do grupo (na foto), admitiu que "obviamente vemos com preocupação estas políticas de proteccionismo. Mas não têm sido impeditivas do processo de internacionalização", sublinhou. E exemplificou: "O Brasil é um dos países mais proteccionistas e temos casos bem sucedidos de exportação". 
 
No que toca às políticas da administração de Donald Trump nos EUA, as opiniões são diferentes. Rui Amorim de Sousa, CEO do Grupo Cerealis, por exemplo, está confiante que "o pragmatismo irá vingar".  E acredita que "as ameaças têm de se transformar em oportunidades". Como neste caso em concreto? "Fazer parte do processo local". 
 
Uma opinião partilhada pelo responsável da Sovena. António Simões revelou que os EUA representam 20% das vendas do grupo. E apesar do mercado norte-americano "não ter grande produção de azeite, tem a sua indústria na Califórnia", explicou. Por isso, as empresas podem sofrer com estas eventuais barreiras, apesar de não atingirem tanto a Sovena por causa da produção local. Como solução, "estamos a pensar em ser mais americanos, na perspectiva de ter as nossas plantações e originação lá,"acrescentou.
 
Manuela Tavares de Sousa, CEO da Imperial, a dona dos chocolates Regina, acredita que o facto de Portugal não gerar "animosidade" e ter "políticas externas moderadas, ajuda que o consumidor global não rejeite os produtos portugueses", concluiu.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

IFAP tem nova direção para agilizar distribuição dos fundos comunitários



03.04.2017 às 15h57

Mário Centeno assinou o despacho de dissolução do anterior conselho diretivo no final da semana passada. Nova direção estreou-se esta segunda-feira para resolver os problemas da plataforma informática que gere a submissão das candidaturas às ajudas comunitárias para os sectores da agricultura e das pescas

Joana Madeira Pereira
JOANA MADEIRA PEREIRA

O ministro das Finanças, Mário Centeno, o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, e a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, assinaram no passado dia 30 de março, quinta-feira, o despacho de dissolução do conselho diretivo do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP), o instituto público que tem como missão proceder à validção e ao pagamento das ajudas e medidas de financiamento, nacionais e comunitárias, no âmbito da agricultura, desenvolvimento rural e pescas.

Segundo o despacho, o orgão presidido então por Luís Souto Barreiros, nomeado em 2012, pelo Governo de Passos Coelho, sessou as suas funções no dia seguinte, 31 de março. Ainda no dia 30, os ministros procederam à nomeação da nova direção, agora liderada por Pedro Raposo Ribeiro.

De acordo com o despacho publicado em Diário da República na passada sexta-feira, esta alteração acontece por se ter tornado "necessário imprimir uma nova orientação à gestão" do IFAP. "Importa introduzir novos métodos de gestão dos recursos, designadamente no que concerne à componente informática, e conferir uma nova abordagem no que respeita ao pagamento e controlo dos apoios comunitários atribuídos, (...) reduzindo ao mínimo as taxas de erro e a consequente devolução dos apoios", lê-se no despacho.

A plataforma informática do IFAP, que desmaterializou o procedimento de submissão das candidaturas aos diversos apoios e fundos para a agricultura e as pescas, tem reportado sistematicamente anomalias o que, ao que o Expresso sabe, tem atrasado a distribuição das ajudas e a aprovação de projetos de investimento. Terá sido a incapacidade para resolver os problemas informáticos que levou à exoneração do anterior conselho consultivo.

Para a presidência do IFAP é agora nomeado Pedro Raposo Ribeiro, 56 anos, adjunto do ministro Capoulas Santos desde janeiro de 2016. Licenciado em Agronomia, pelo Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa, e com um curso avançado de Gestão Pública, pelo Instituto Nacional de Administração, o novo presidente tem um extenso currículo ao serviço do ministério. Foi chefe de gabinete de Fernando Gomes da Silva (1995-1998) e também acompanhou, na mesma função, a primeira vez em que Capoulas Santos teve a pasta da agricultura (1998-2002). Entre 2009 e 2011 foi adjunto do secretário de Estado da Agricultura quando António Serrano foi ministro, no segundo governo de Sócrates.

A centrista Assunção Cristas, a ministra que se seguiu, nomeou-o técnico superior do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geram do ministério da agricultura. Quando Capoulas Santos passou a ministro, Raposo Ribeiro passou a seu adjunto. Agora, o é novo presidente do instituto público que gere e distribui diversos fundos, como o Fundo Europeu Agrícola de Garantia, do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural e o Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas.

Nuno de Sousa Moreira, doutorado em Engenharia de Sistemas no Instituto Superior Técnico, assume a vice-presidência. Maria José de Moura (até agora vogal na administração da Docapesca) e Rui Costa Martinho (gestor adjunto do Programa de Desenvolvimento Rural PDR2020) passam a vogais.

Para o cargo de adjunto de Capoulas Santos, deixado vago pelo novo presidente do IFAP, entra António Cerca Miguel, vindo do Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural.

domingo, 2 de abril de 2017

Casa do Azeite reclama por Proteste brasileira atribuir a Portugal azeite falsificado

A Casa do Azeite vai apresentar uma reclamação formal junto da defesa do consumidor brasileira, que num estudo divulgado na semana passada atribui a Portugal a origem de produtos embalados no Brasil como se fossem azeite.

"São marcas reincidentes nestas fraudes, mas vamos reclamar formalmente de continuarem a dizer que a origem é portuguesa", disse à Lusa a secretária-geral da Casa do Azeite, Mariana Matos.

Num estudo publicado na semana passada, depois de em 2016 ter publicado um trabalho idêntico, a Proteste brasileira sugere a retirada do mercado, por fraude ao consumidor, de sete marcas de azeite, algumas identificadas como de origem portuguesa e assinaladas como sendo "azeite extra virgem".

No novo teste de qualidade realizado pela Proteste brasileira, sete marcas de azeite foram 'chumbadas' por conterem misturas de óleos vegetais e animais.

"De português [estes produtos] não têm nada. São duas falsificações: de produto e de origem", explicou Mariana Matos.

A responsável da Casa do Azeite defende ainda que a associação a Portugal "prejudica toda a imagem do azeite português, que tem feito um esforço nos últimos anos no sentido de melhorar a sua qualidade".

"E a Proteste sabe disso perfeitamente. Sabe que este produto é embalado no Brasil, que é indústria brasileira e que são produtos falsificados, portanto, e vamos reclamar formalmente, não pode atribuir origem portuguesa a este azeite, que nem azeite é", acrescentou.

Mariana Matos adianta ainda que a Casa do Azeite está em permanente contacto com as autoridades do Ministério da Agricultura brasileiro e que já houve marcas cujas fábricas foram encerradas.

"As autoridades estão perfeitamente conscientes e trabalhamos em conjunto no sentido de minimizar e acabar com estas situações de fraude sobre o azeite no brasil", afirmou a responsável da Casa do Azeite, defendendo que é preciso mais consequências nestes casos.

Angola negoceia apoio de Marrocos à produção de fertilizantes para a agricultura

21/3/2017, 17:43

O Governo angolano está a negociar com Marrocos apoio no domínio da produção de fertilizantes, um setor em que o país, apesar das potencialidades agrícolas, continua a ser largamente deficitário.

Angola vive uma profunda crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra nas receitas com a exportação de petróleo

O Governo angolano está a negociar com Marrocos apoio no domínio da produção de fertilizantes, um setor em que o país, apesar das potencialidades agrícolas, continua a ser largamente deficitário.

Para o efeito, de acordo com informação governamental enviada à Lusa, o ministro da Agricultura angolano, Marcos Alexandre Nhunga, realiza a partir de quarta-feira uma visita de trabalho de quatro dias a Marrocos, visando o "reforço da cooperação" entre os dois países, no domínio agrícola.

A visita pretende "analisar e discutir" com as autoridades competentes da Agricultura de Marrocos e o Grupo Marroquino de Fosfatos (OCP) "as modalidades práticas de fornecimento de fertilizantes compostos" a Angola, tendo em conta a implementação da Estratégia para o Aumento da Oferta de Fertilizantes no país, aprovada na reunião conjunta das comissões Económica e para a Economia Real, de 23 de ferreiro passado. Esta missão angolana a Marrocos integra igualmente empresários nacionais ligados à fileira de fertilizantes, de acordo com a mesma informação.

Angola vive uma profunda crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra nas receitas com a exportação de petróleo, tendo lançado há mais de um ano um programa governamental de diversificação da economia, apostando nomeadamente na agricultura. Contudo, os agricultores nacionais têm vindo a lamentar as dificuldades no acesso a adubo, exclusivamente de importação, devido à falta de divisas, o que obrigou à intervenção do Governo, no segundo semestre de 2016, apoiando a importação de 25.000 toneladas.

Dados de julho último do Ministério da Agricultura apontavam para a necessidade de importação de 70.000 toneladas de adubos entre 2016 e 2017, com o Governo a defender a necessidade de instalação no país de uma indústria nacional de adubos e fertilizantes, tendo em conta o aumento da produção agrícola em perspetiva.

Agricultura chegou à Península Ibérica através do Mediterrâneo



As investigadoras Joana Pereira e Luísa Pereira, da Universidade do Porto

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Investigadores do Porto reconstituíram a história daqueles primeiros agricultores ibéricos através do estudo genético de amostras atuais da população das várias regiões em causa

Investigadores do Porto reconstituíram a viagem dos primeiros agricultores que chegaram à Península Ibérica, há 7500 anos, recorrendo a estudos genéticos. Com isso, a equipa coordenada por Luísa Pereira, do instituto de investigação I3S, da Universidade do Porto, conseguiu comprovar que essa primeira rota foi feita através do Mediterrâneo, e não por terra, pondo assim termo a um mistério: o da aparente rapidez com os povos agrícolas oriundos do Médio Oriente chegaram às terras mais ocidentais do continente europeu.

"Estudando as linhagem genéticas atuais, através de amostras de 200 indivíduos, conseguimos fazer essa viagem ao passado, lendo e datando as pequenas alterações que essas linhagens sofreram através das gerações", explica ao DN Luísa Pereira, que coordenou o trabalho, juntamente com o investigador Martin Richards, da Universidade de Leeds, no Reino Unido. Joana Pereira é a principal do estudo, que resulta do seu próprio doutoramento, e que foi publicado ontem na revista Proceedings of the Royal Society B.

Os achados arqueológicos mais antigos que documentam a atividade agrícola na Península Ibérica, entre restos de cerâmicas, de utensílios ou de ossos de animais domesticados, como ovelhas e cabras, datam de há 7500 anos. Em Itália, por outro lado, os vestígios mais antigos desse tipo têm cerca de oito mil anos, o que muito intrigava os arqueólogos. Como teria sido possível que esse movimento populacional só tivesse levado 500 anos a completar-se, entre a Itália e a Península Ibérica, sendo a distância tão grande?

"O arqueólogo português João Zilhão propôs um modelo, apontando a possibilidade de essa viagem ter sido feita por via marítima, através do Mediterrâneo", conta Luísa Pereira, sublinhando que o estudo da sua esquipa veio agora "confirmar exatamente isso".

Usando amostras de ADN mitocondrial (a informação genética que existe na mitocôndria, uma pequena estrutura celular) que é transmitido por via exclusivamente materna, a equipa conseguiu encontrar em Itália, na região da costa oriental, o elo comum que deslinda a questão, mostrando que a chegada dos primeiros agricultores a esta ponta do Velho Continente foi feita por via marítima.

O que esta história genética conta é que esses agricultores, chegados a Itália há oito mil anos, se misturaram aí com as populações locais, transmitindo-lhes também os novos conhecimentos que traziam. E foi depois dessa mistura de povos que saíram, então, os agricultores que, 500 anos depois, acabaram por se estabelecer em vários pontos da costa sul da Península Ibérica: por toda a zona de Barcelona, Valência, Málaga, costa sul de Portugal ou região do Sado. A exceção é a costa norte da Península Ibérica, onde apenas se encontram vestígios mais tardios de agricultura, o que poderá explicar-se por uma migração diferente, feita já internamente, através do território da península.

"Os nossos dados mostram outra coisa interessante, que é o facto de aquele grupo que se instalou na região de Itália, vindo do Médio Oriente, ter sido relativamente reduzido", diz Luísa Pereira.

Ou seja, não se tratou de uma grande migração, mas de um pequeno grupo, o que mesmo assim foi suficiente para que os povos que viviam naquelas paragens adotassem a nova cultura agrícola. "O que aconteceu foi sobretudo a adoção por parte da população local das novas práticas e vivências que esses grupos traziam consigo", sublinha a investigadora, notando que isso se repetiu também na península. Os que chegaram até cá através do Mediterrâneo eram um grupo relativamente pequeno. Mas, uma vez mais, os povos locais adotaram os novos conhecimentos e práticas que, assim, se disseminaram.

Para o grupo de Luísa Pereira, que desde 2006 dirige no IPATIMUP, agora integrado no I3S, um grupo de investigação sobre diversidade genética, o que se segue agora, nesta linha de investigação, é tentar perceber melhor como se deu a expansão da agricultura para o Norte de África. "Os vestígios mais antigos ali são de há cerca de seis mil anos e portanto é possível que ela tenha lá chegado a partir da Península Ibérica. É o que vamos tentar verificar".

Governo quer duplicar área da agricultura biológica



29.03.2017 às 20h07

 
Em 2015 a agricultura biológica ocupava 239.864 hectares em todo o país (dados oficiais mais recentes). O objetivo do Governo é conseguir atingir o dobro desta área ao longo dos próximos dez anos

Vítor Andrade
VÍTOR ANDRADE
O Governo anunciou hoje que quer duplicar a área de agricultura biológica, que em 2015 ocupava 239.864 hectares em todo o país (dados oficiais mais recentes). O objetivo é conseguir atingir essa meta ao longo dos próximos dez anos.

O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, garante que "há um interesse crescente neste tipo de produtos por parte dos consumidores, devido não só às suas características, mas também ao facto de se tratar de um modo de produção ambientalmente sustentável".

Na apresentação pública da Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica, o ministro disse ainda que "é cada vez mais importante estimular o consumo de hortofrutícolas e temos plena consciência de que, através da produção biológica e da sua mensagem, esta é também uma via para melhorar os hábitos alimentares da nossa população, tornando-os mais saudáveis". E comprometeu-se ainda a introduzir produtos biológicos nas ementas escolares.

DUPLICAR O CONSUMO EM DEZ ANOS
A ambição do Governo é que o consumo deste tipo de produtos possa aumentar 50% no espaço de uma década. Para ajudar à difusão de informação sobre o tema, será também criado um Portal "BIO", essencialmente orientado para promoção da inovação e toda a informação técnico-científica associada.

O ministro disse ainda que "o interesse nestes produtos por parte dos consumidores tem vindo a transformar a produção biológica numa área de negócio cada vez mais relevante do ponto de vista económico". No entanto, não são adiantados números que comprovem a dimensão do negócio em Portugal.

Em termos de culturas biológicas, os dados que o ministério de Capoulas Santos apurou apontam para um largo domínio das pastagens (que representam 90% do total da área identificada). Segue-se o olival, com 9% e as culturas forrageiras, com 8,1%. Depois aparecem os frutos secos, vinha, hortícolas e plantas aromáticas, mas com uma expressão muito reduzida face ao total.

ALENTEJO E BEIRA INTERIOR LIDERAM
No mesmo documento que faz o levantamento do sector, as regiões do Alentejo e da Beira Interior, no ano de 2015, continuavam a ser as que tinham maior peso na superfície em agricultura biológica (63,8% e 18,6%, respetivamente). A região da Beira Interior surge como a que detém maior peso da área em produção biológica face ao total da área agrícola utilizada - cerca de 13,2%, seguida do Alentejo com 7,8%.

"A superfície cultivada com pastagens, culturas forrageiras, culturas arvenses, pousio e olival têm a sua maior representatividade na ocupação cultural das explorações em agricultura biológica do Alentejo", pode ler-se no mesmo documento hoje apresentado por Capoulas Santos. Já a fruticultura, tem a sua maior expressão na ocupação cultural das explorações em agricultura biológica da Beira Interior e do Alentejo. Quanto aos produtos hortícolas, volta a ser o Alentejo que domina, sendo que é Trás-os-Montes que se destacam as explorações de frutos secos.

Quanto à atração de pessoas para o sector, os números indicam que estamos perante uma tendência crescente: 234 produtores registados em 1994 contra quase 4000 em 2015. O segmento que mais gente ocupa é claramente o do olival, com 1708 produtores identificados.