sábado, 15 de abril de 2017

Utilização de água no Aproveitamento Hidroagrícola de Odivelas vai ter limites


por Ana Rita Costa- 13 Abril, 2017

Os regantes da Associação de Beneficiários da Obra de Rega de Odivelas (ABORO) reuniram-se em Assembleia Geral e decidiram ratear a água disponível para rega dando a possibilidade de não recorrer à água de Alqueva, aos regantes que assim o entenderem.

Em comunicado, a associação explica que "esta situação decorre da aplicação do novo tarifário da água de Alqueva às Associações de Regantes confinantes com o EFMA, que implica um aumento muito significativo do preço da água nestes perímetros de rega, dado que ao preço do EFMA se tem de adicionar o preço das Associações, o que retira sustentabilidade económica a uma parte considerável das culturas, sobretudo nas condições de escassez de água que vivemos atualmente."

"Para cumprir o principal objetivo de Alqueva, nomeadamente o reforço as disponibilidades de água evitando situações de seca, é imprescindível que o valor da água seja compatível com a rentabilidade das culturas e seja equilibrado entre os vários utilizadores, o que no nosso entender não se verifica. Os preços definidos para os beneficiários dos blocos do EFMA, internalizam os custos associados à rede primária e rede secundária do empreendimento, 0,032€/m3, valor que consideramos justo, enquanto nos perímetros de rega confinantes (Associações de Regantes e Beneficiários) a água é fornecida em 'alta', isto é, apenas utiliza a rede primária, o preço é 0,030€/m3. Verifica-se assim uma diferença de apenas 0,002€, que resulta num desequilíbrio entre os dois preços, pois o preço da rede primária para as Associações – 0,030€/m3 – não está em linha com o preço para os agricultores dos blocos do EFMA, uma vez que não tem fundamento que a rede primária do EFMA valha 94% do preço total e a secundaria apenas 6%. Esta situação leva a que no caso da ABORO os regantes paguem 0,0514 €/m3 que compara com os 0,032€/m3 cobrados no EFMA", acrescenta.

A ABORO refere também que "não vislumbramos num quadro de igualdade de direitos e deveres, sustentação para este desequilíbrio nas condições oferecidas a uns e a outros agricultores", já que "quer os Aproveitamentos Hidroagrícolas geridos pelas Associações de Regantes quer os do EFMA são propriedade do Estado Português e estão localizados no mesmo território".

"Esta inexplicável desigualdade nas condições de fornecimento de água tende a agravar-se na medida em que a escassez deste recurso se tem vindo a intensificar em consequência dos sucessivos anos de seca, aumentando a necessidade de recorrer à água de Alqueva para fazer face às necessidades de rega nos Aproveitamentos Hidroagrícolas confinantes do EFMA, pondo em causa a viabilidade de uma área regada de cerda 30.000 hectares", conclui.

Aposta em produtos sem glúten já chegou às bolsas

Actualmente, há tão pouco dinheiro no negócio de compra e venda de trigo, milho e soja que alguns operadores estão a recorrer a mercados obscuros, de tomates cultivados no deserto e grão-de-bico, para conseguir lucros.

15 de abril de 2017 às 13:00

As margens para negociação das grandes colheitas de grãos caíram abruptamente porque os produtores cultivaram mais do que o mundo precisa durante quatro anos. Isso levou empresas como a alemã BayWa a procurar nichos como tomates e grãos orgânicos, nos quais os retornos são mais elevados. Outros recorreram a ingredientes de alimentos processados, mais caros, ou a produtos livres de glúten.
 
"O ambiente geral de negociação para as commodities agrícolas está bastante difícil", afirmou Jean-François Lambert, fundador e sócio-gerente da consultoria Lambert Commodities. "Tem sido assim nos últimos dois anos e parece que este ano poderá ser desafiador."
 
Este é um bom presságio para os operadores que ganharam nos anos de expansão da última década, quando os preços subiram com base na procura da população mundial em termos de dimensão e saúde.
 
As empresas maiores que negoceiam enormes volumes no mercado de grãos podem ver um efeito limitado nos seus resultados finais provenientes dos mercados de nicho, mas as operadoras de pequena e média dimensão podem beneficiar mais. Estas foram atrás de produtos menos conhecidos, como quinoa e safras orgânicas, com margens e procura melhores de consumidores preocupados com a saúde.
 
A Grain Services, uma corretora com sede em Reggio Emilia, Itália, recebe cerca de 30 por cento de sua receita com produtos livres de glúten, orgânicos ou de nicho, como quinoa, arroz, amaranto e lentilha, apesar de eles representarem apenas 7% do 1,5 milhão de toneladas dos cultivos com que a empresa lida, disse o director da corretora Andrea Cagnolati.
 
Livre de glúten
A procura dos consumidores está a transformar os alimentos livres de glúten e orgânicos numa das áreas de crescimento mais rápido do sector, segundo uma apresentação de Cagnolati na conferência Black Sea Grain, em Kiev, na semana passada. O sector de produtos livres de glúten deverá expandir-se cerca de 10% ao ano e as receitas anuais atingirão os sete mil milhões de dólares em todo o mundo até 2020.
 
"A quantidade é baixa, mas nós obtemos margens muito boas", disse Cagnolati, em entrevista. "As margens nos mercados tradicionais de grãos são muito baixas, ou até negativas, como é o caso dos EUA."
 
A BayWa, a empresa alemã do agronegócio que reforçou as suas operações de grãos e registrou prejuízos na sua unidade de 'trading' no ano passado, está a recorrer a uma produção orgânica e com estufa. A empresa entrou num empreendimento para cultivar e negociar tomates "premium" nos Emirados Árabes Unidos.
 
Até mesmo gigantes do sector como Glencore e Bunge entraram ou se expandiram em áreas menos negociadas nos últimos dois anos. A Bunge, que está no negócio de corretagem há 200 anos, adquiriu uma empresa turca de azeite e a Glencore está a operar o produto a partir do seu escritório de Madrid.
 
"As grandes corporações aumentarão o seu envolvimento nos mercados emergentes, onde ainda há espaço para gerar margens ou explorar uma vantagem competitiva", disse Miroslaw Marciniak, consultor da InfoGrain, com sede em Varsóvia, e ex-operador de grãos. "A escala é importante, por isso eles continuarão a negociar em quantidade." 

ASAE apreende 600 quilos de carne de cabrito e borrego


Foto: Artur Machado / Global Imagens

Como resultado destas ações, que decorreram em Torres Vedras, Barcelos, Ponte de Lima e São Pedro do Sul, foi detetado um armazém a ser utilizado como sala de desmancha ilegal de animais para consumo público sem a competente inspeção sanitária, adianta a ASAE em comunicado.

Foram ainda detetados três talhos que procediam à venda ilegal de carne proveniente de abate clandestino e um talho que vendia borrego como se fosse cabrito.

Na sequência das ações de fiscalização, foram instaurados quatro processos-crime por abate clandestino, tendo em consideração "o abate de animais fora das instalações licenciadas para o efeito suscetíveis de afetar a saúde dos seus consumidores".

Segundo a autoridade de segurança alimentar, foi ainda instaurado um processo-crime por fraude sobre mercadorias, tendo sido apreendidos cerca de 60 carcaças de animais (cabritos e borregos) num valor total aproximado de três mil euros.

No comunicado, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica garante que "manterá particular atenção ao fenómeno, face ao acréscimo de procura das carnes de caprino e ovino que se verifica no período pascal" e procurará "reprimir práticas suscetíveis de colocar em risco a saúde dos consumidores".

Cerveja. A grande prejudicada da crise em Angola



cervejas
Dinheiro Vivo/Lusa
14.04.2017 / 17:23

No terceiro trimestre de 2016, Angola praticamente deixou de importar cerveja

Novas obrigações para quem tem animais entram em vigor em maio. Saiba o que muda
A cerveja estrangeira foi das mais afetadas pela crise em Angola e, no terceiro trimestre de 2016, praticamente deixou de ser importada, não figurando entre os produtos mais comprados ao exterior.

Segundo o mais recente relatório do Conselho Nacional de Carregadores (CNC) – tutelado pelo Ministério dos Transportes e que coordena as operações de comércio e transporte marítimo internacionais -, entre julho e setembro de 2016, a quantidade de cerveja importada por Angola não foi suficiente para integrar a lista dos 100 tipos de produtos mais importados.

Só no terceiro trimestre de 2014, antes da crise gerada pela quebra na cotação do barril de crude, Angola importou, segundo o CNC, 63.727 toneladas de cerveja, sobretudo de Portugal. Desta forma, a importação de cerveja representou 2,24% de todas as compras feitas por Angola no exterior, naquele período de 2014, figurando na nona posição da lista dos produtos mais importados pelo país.

No primeiro trimestre de 2016, a importação de cervejas de malte já tinha descido para 8.101 toneladas (em três meses), acentuando as quebras nos meses seguintes, devido às dificuldades na obtenção de divisas pelos importadores.

Dificuldades compensadas pelo aumento na produção interna de cerveja, nomeadamente com novas marcas produzidas em Angola. É o caso da cerveja da marca Bela, produzida pela Lowenda Brewery Company, do grupo China International Fund (CIF), que aumentou em 2015 a produção nacional, reforçada já em 2016 com a marca Tigra, do grupo angolano Refriango, líder nacional no setor das bebidas.

No final de 2016, foi a vez de a portuguesa Sagres passar a ser produzida em Luanda, através da Sociedade de Distribuição de Bebidas de Angola (SODIBA), da empresária angolana Isabel dos Santos.

A importação de bebidas, segundo dados do executivo angolano, cifrava-se anualmente em cerca de 400 milhões de dólares (377 milhões de euros) antes da crise, mais de metade proveniente de exportações de empresas portuguesas, nomeadamente cerveja.

Contudo, tendo em conta a capacidade instalada das fábricas nacionais, que já então não estava a ser utilizada, e como forma de dinamizar a produção local, o Governo angolano anunciou para 2015 um sistema de quotas à importação de bebidas, o qual não chegou a ser implementado.

Entretanto, a crise generalizada e a falta de divisas acabaram por reduzir fortemente, e de forma natural, as compras ao exterior. No caso das cervejeiras portuguesas, ainda com as promessas de construção de fábricas próprias em Angola por concretizar.

No terceiro trimestre de 2016, Angola comprou 5.797 toneladas de vinho (38.º produto mais importado) ao exterior – em que Portugal é o maior fornecedor nacional -, o que compara com as 30.609 toneladas (16.ª posição) do terceiro trimestre de 2014, antes do início da crise petrolífera, também afetada nomeadamente pela dificuldade na obtenção de divisas.

O caminho para a agricultura 
em Portugal? Regar, regar, regar


15.04.2017 às 8h30
 
A área de regadio do Alqueva é uma das principais do país e estão-se a desenvolver esforços para a expandir


FOTO TIAGO MIRANDA

Aproveitamento das terras férteis, com foco no Alqueva, e autossuficiência produtiva e alimentar. Temas fortes dos "Encontros Fora da Caixa" que Expresso e CGD organizaram em Santarém

"Na natureza nunca eu descobriria um contorno feio ou repetido! Nunca duas folhas de hera que, na verdura ou recorte, se assemelhassem", escrevia Eça de Queirós no clássico "A Cidade e as Serras". As imagens bucólicas da vida no campo são aquelas que muitas vezes perduram no imaginário e não pintam a imagem completa de uma realidade vital para o fabrico da sociedade. Mas chega de divagações literárias. Do pequeno interlúdio do romantismo passamos para o panorama atual da agricultura, onde os atores principais procuram melhorar os mecanismos de aproveitamento das terras irrigáveis.

Tudo isto (e mais) esteve em discussão em Santarém, onde o Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas foi palco da segunda sessão dos "Encontros Fora da Caixa", organizados por Expresso e Caixa Geral de Depósitos (CGD). "Devemo-nos colocar esta questão: o que vai acontecer aos nossos regadios no futuro?" A pergunta é de Filipe Ravara, diretor de agronegócio da CGD, que traçou um retrato extensivo do panorama português, país "cuja maior parte do território está sujeito a um défice hídrico superior a 30%" mas com "uma grande variedade de culturas e produtos." Em 2016, ficaram 71.400 hectares por irrigar, um dos verbos mais presente na boca dos intervenientes. Portugal tem ainda uma "estrutura pouco especializada", onde diferentes políticas coexistem ("e confundem") em prejuízo do aproveitamento das terras e produção. "Não chega a 25% das necessidades", atira o administrador da Raporal, Mário Guarda. Num país onde as associações de produtores ainda só representam 20 a 30% dos agricultores, exige-se "mais união entre todos" para fazer face "ao nosso reduzido tamanho".


quinta-feira, 13 de abril de 2017

Chineses introduzem em São Tomé cultivo de milho modificado para ração animal


10/4/2017, 18:33

Uma equipa de técnicos agrícolas chineses está a introduzir em São Tomé e Príncipe o cultivo de milho transgénico para ração animal, procurando diminuir a dependência alimentar do país.

Esses são os primeiros passos da cooperação sino-são-tomense no domínio da agricultura e pecuária
MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Uma equipa de técnicos agrícolas chineses está a introduzir em São Tomé e Príncipe o cultivo de milho transgénico para ração animal, procurando diminuir a dependência alimentar do país em relação ao exterior.

Em declarações aos jornalistas, Hou Xiaoping, chefe da missão agrícola chinesa em São Tomé e Príncipe, explicou que, nesta primeira fase, a cultura está a ser feita no campo hortícola de Mesquita no centro da ilha de São Tomé, situada a pouco mais de cinco quilómetros da capital.

As sementes do milho híbrido para a produção de ração já germinaram. Os chineses estão a ensinar técnicos são-tomenses e alunos finalistas do curso de agronomia como se deve combater as pragas.

"Deve-se reforçar os trabalhos de controlo e prevenção. Devemos aplicar pesticida periodicamente", disse Hou Xiaoping.

Em junho os chineses esperam colher oito toneladas do milho híbrido numa área de seis hectares.

O chefe da missão agrícola chinesa sublinha que a produção de ração é fundamental na suinicultura.

"São Tomé e Príncipe tem boas condições para desenvolver a agricultura e pecuária e ração para animais", explicou.

A introdução da cultura de milho modificado inclui-se nos projetos-pilotos que os chineses estão a implementar em São Tomé e Príncipe depois de os dois países terem restabelecido relações diplomáticas em finais de dezembro, após um longo período de 19 anos sem laços diplomáticos.

Nos próximos dias, deverá juntar-se a essa equipa um médico veterinário e um produtor de biogás para reforçar a equipa que, durante um ano, vai trabalhar com técnicos são-tomenses no setor agropecuário.

Na comunidade de Água Izé, os chineses estão a experimentar o cruzamento de cerca de uma dezena de porcos nacionais com a raça "melori" da Inglaterra.

O objetivo é aumentar a produção de carne no mercado para garantir a segurança alimentar e nutricional da população.

"Os porcos de são Tomé pesam no máximo entre 40 e 50 quilos e isso faz com que haja uma baixa de produção de carne e um elevado preço da carne de porco a nível nacional", explicou o técnico chinês.

"Queremos utilizar as vantagens do cruzamento entre os porcos de são Tomé e Príncipe e da Inglaterra", acrescentou.

Esses são os primeiros passos da cooperação sino-são-tomense no domínio da agricultura e pecuária.

Costa: Explorações agrícolas ficam fora de atualização de IMI rural

O primeiro-ministro, António Costa, afirmou hoje que a revisão do IMI rural que está a ser estudada pelo Governo destina-se a propriedades com mais de 50 hectares que não estejam afetas à produção agrícola.
   
"As produções agrícolas estão excluídas dessa atualização do IMI [Imposto Municipal sobre Imóveis]", afirmou António Costa, insistindo que a atualização que o Governo está a estudar "tem simplesmente a ver com propriedade que não é afeta à exploração agrícola".

O chefe do executivo falava no debate quinzenal no parlamento, em que foi confrontado pela presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, com o IMI rural, dando a explicação de que não afetaria propriedades agrícolas quando a líder centrista já não dispunha de tempo para voltar a falar.

Assunção Cristas tinha criticado fortemente a medida depois do primeiro-ministro ter referido que a atualização afetaria apenas propriedades com mais de 50 hectares, mas sem esclarecer logo a questão da produção agrícola.

"Não ignorará que a política agrícola é comum, é europeia, há muito poucos instrumentos nas mãos dos Estados membros para garantir mais competitividade para sua agricultura, talvez um desses instrumentos seja precisamente a política fiscal", afirmou a líder do CDS-PP.

A presidente centrista acusou António Costa de querer "pegar na política fiscal para agravar seletivamente o IMI sobre propriedades com determinada dimensão, provavelmente ignorando que é nessas zonas de propriedades de maior dimensão onde está a maior força da competitividade da agricultura do país".

"É simplesmente deitar fora todo um trabalho que foi feito ao longo dos últimos anos, com muita resiliência, com muito empenho, de norte a sul do país, de agricultores e de propriedades de todas as dimensões, sem exceção", defendeu.

Investigação. Medronheiro em risco em Portugal


11/4/2017, 17:59414

Os medronheiros estão em risco em Portugal, conclui um estudo coordenado por uma investigadora do Instituto Superior de Agronomia, que recomenda uma estratégia de conservação.

Os medronheiros estão em risco em Portugal, conclui um estudo coordenado por uma investigadora do Instituto Superior de Agronomia, que recomenda uma estratégia de conservação baseada na diversidade genética e uma cuidadosa transferência de sementes.

Os autores do estudo, coordenado por uma investigadora do Centro de Estudos Florestais (CEF) do Instituto Superior de Agronomia (ISA), recomendam uma estratégia de conservação da espécie baseada na diversidade genética dos medronhais e uma "cuidadosa transferência de sementes dentro das regiões geneticamente homogéneas". No alerta deixado no artigo publicado na revista científica PLUS ONE, os autores dizem que foram detetadas em Portugal três zonas de medronheiro homogéneas do ponto de vista genético e distintas umas das outras [norte, centro e sul] e que foi encontrado um medronhal perto da Serra de São Mamede "muito diferente dos outros estudados".

Além de reconhecerem que os recursos genéticos do medronheiro estão em risco em Portugal, os autores deixam alguns alertas, nomeadamente aconselhando a que, para se constituírem novos povoamentos de medronheiro, a semente seja recolhida dentro das regiões homogéneas.

Não devem ser trazidas, por exemplo, sementes do sul para o centro do país. Foi o que aconteceu com o pinheiro bravo em Portugal", refere uma nota do CEF, lembrando que um estudo feito pela mesma investigadora demonstrou que" a florestação feita em larga escala com penisco de origem desconhecida apagou completamente a pegada genética nesta espécie".
"Não deve, por isso, ser usada semente de origem desconhecida", reforça. Os investigadores recomendam ainda que o uso de clones seja feito dentro das regiões homogéneas e que na população de melhoramento dos medronhais sejam introduzidos os exemplares com maior diversidade genética.

Já as populações que mais se diferenciam e as mais diversas, do ponto de vista genético, devem ser consideradas para conservação, "devido ao impacto do futuro aquecimento global, ao aumento previsto de fogos florestais, à fragmentação do coberto vegetal do território e ao processo de domesticação em curso", sublinha o ISA. O artigo publicado na PLUS ONE refere ainda que o medronheiro tem vindo a ter muita procura pelos produtores florestais devido à produção de fruto e às suas múltiplas aplicações, para além da produção de aguardente.

"No entanto, as florestas mediterrâneas são ecossistemas frágeis e vulneráveis ao recente aquecimento global, com consequências a médio e a longo-prazo de aumento da aridez e das áreas ardidas pelos fogos florestais", acrescenta.

Preço da água baixa em Alqueva - Novo tarifário entra hoje em vigor

Comunicado

Entrou hoje em vigor o novo tarifário para a água de Alqueva, que representam uma descida significativa para os seus utilizadores. Esta redução do preço final da água para os regantes de Alqueva só foi possível devido aos ganhos de eficiência e de economia de escala obtidos com a implementação de um modelo de gestão integrada entre os sistemas primários e secundários; à adoção de práticas de rega eficientes; à projetada beneficiação de uma área adicional de regadio e à implementação de uma estratégia integrada e global de otimização energética baseada em soluções assentes no aproveitamento da energia fotovoltaica.

Os novos valores representam uma descida no valor do tarifário que chega a atingir os 33%, nomeadamente na adução a perímetros de rega confinantes, onde a água de Alqueva é fundamental como garantia em anos de seca, permitindo a manutenção de todas as atividades agrícolas a jusante.

Assim, a tarifa a aplicar ao fornecimento de água para os regantes de Alqueva, concretamente os que estão nas áreas sob gestão da EDIA, o preço da água em alta pressão passa a ser de 5,9 cêntimos por metro cúbico, e de 3,2 cêntimos por metro cúbico para a baixa pressão. Para rega a partir da rede primária, será de 3 cêntimos por metro cúbico para entidades que tenham a seu cargo outros aproveitamentos hidroagrícolas. Os regantes precários, não incluídos nas áreas beneficiadas, mas que recebam água com pressão, pagarão 7,7 cêntimos por metro cúbico, enquanto na baixa pressão, e igualmente para os precários, o preço é de 3,8 cêntimos por metro cúbico consumido.

Foram também fixados os tarifários de água para abastecimento público em 4,5 cêntimos por metro cúbico e para abastecimento industrial em 6 cêntimos por metro cúbico.

Lisboa, 12 de abril de 2017

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Plantar eucalipto pode dar multas até 37 mil euros

A proposta de lei do Governo, que proíbe acções de arborização com eucalipto, prevê coimas e a possibilidade se serem aplicadas sanções acessórias aos infractores.

Plantar eucalipto pode dar multas até 37 mil euros 

11 de abril de 2017 às 22:00

A proposta de lei do Governo que altera o regime jurídico aplicável às acções de arborização e rearborização, pondo um travão à área de eucalipto, determina contra-ordenações que podem ultrapassar os 37 mil euros a quem utilize esta espécie sem um projecto de compensação.

O diploma, que já foi enviado ao Parlamento, determina que "não são permitidas as acções de arborização com espécies do género 'eucaliptus'", prevendo-se que a rearborização com esta espécie "só é permitida quando a ocupação anterior constitua um povoamento puro ou misto dominante". A legislação do Executivo possibilita acções de arborização com eucaliptos mas desde que, cumulativamente, se cumpram duas condições: se realizem em áreas não agrícolas, de aptidão florestal; e resultem de projectos de compensação, relativos à eliminação de povoamentos de eucalipto de igual área (...) com preparação do terreno que permita uso agrícola, pecuário e florestal com espécies que não o eucalipto.

"Para que uma nova plantação de eucalipto surja tem de ser diminuída área equivalente."
CAPOULAS SANTOS, MINISTRO DA AGRICULTURA

A proposta de lei determina que o incumprimento destas regras, a par de outras infracções previstas, constitua contra-ordenações puníveis com coimas entre 1.000 e 3.740,98 euros em caso de pessoas singulares. "Tratando-se de pessoas colectivas, os limites mínimos e máximos das coimas aplicáveis às contra-ordenações (...) são elevadas respectivamente ao triplo e do décuplo dos seus montantes". Ou seja, podem ultrapassar os 37 mil euros.

O diploma do Governo prevê ainda sanções acessórias para os incumpridores. Em função da gravidade da contra-ordenação e da culpa do agente, o conselho directivo do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) pode, além da multas, determinar sanções como "a perda a favor do Estado dos objectos pertencentes ao agente e que se encontrem na causa ou na origem da infracção"; a "interdição de exercer a profissão ou actividades relacionadas com a contra-ordenação"; a "privação do direito a subsídio ou benefício"; ou a "suspensão de autorizações, licenças e alvarás".

Além de limitar a expansão do eucalipto, as alterações que o Governo introduziu naquele regime jurídico passam ainda pela simplificação de procedimentos de controlo prévio associados à arborização com espécies que não o eucalipto, reforça o papel dos municípios e introduz a figura do embargo, que permite "pôr cobro a situações de não conformidade legal".

"Queremos ter mais metros cúbicos de eucalipto para alimentar as celuloses, que são fundamentais para o país, mas na mesma área."
CAPOULAS SANTOS, MINISTRO DA AGRICULTURA

Em 41 idas às compras no supermercado, três são grátis



06.04.2017 às 12h15
 
Segundo um estudo encomendado pela Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA), em cada 41 idas aos supermercados, com as campanhas de descontos e promoções da Grande Distribuição, os portugueses conseguem não pagar três

ANTÓNIO PEDRO FERREIRA

Em média, os consumidores portugueses usufruíram de uma poupança média de 32% nos produtos que a Distribuição colocou em promoção, em 2016. Estão também mais atentos aos benefícios de saúde dos produtos e procuram cada vez mais alimentos biológicos

Joana Madeira Pereira
JOANA MADEIRA PEREIRA

No ano passado, nas suas idas às compras, os portugueses conseguiram obter descontos médios de 32% no cabaz de produtos em promoção. Em 2014, esse valor tinha sido de 28%. O que significa, de acordo com um estudo da Deloitte encomendado pela Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA), que em cada 41 idas às compras, três são grátis, considerando os valores poupados com as promoções.

A estratégia de descontos das grandes superfícies, associadas a cartões de fidelização e a parcerias com outras empresas (nomeadamente de combustível) têm mudado a forma como os consumidores tendem a consumir e não admira, por isso, que, em 2015, 41% do total das vendas de produtos de grande consumo em Portugal tenham sido realizadas em promoção (o que denota o aumento de 20 pontos percentuais desde 2010).

A compra inteligente (smart shopping), ou seja, o planeamento, a escolha racional e o esforço por reduzir a compra por impulso, é a uma forma de estar cada vez mais comum dos consumidores portugueses, segundo o estudo "Have you met the new consumer? – Análise às tendências de consumo alimentar", apresentado esta semana no congresso que marcou os 30 anos da FIPA.

O relatório da Deloitte avança ainda que 75% dos portugueses consultam e comparam promoções antes de entrar num supermercado.

Segundo as previsões da FIPA, a indústria alimentar e das bebidas terá atingido, no final de 2016, um volume de negócios de 15,4 mil milhões de euros e um volume acrescentado bruto (VAB) de perto de 2,9 mil milhões de euros.

A pressão exercida pela Grande Distribuição tem sido criticada publicamente por vários operadores da indústria agroalimentar, dos mais pequenos aos maiores, que se veem obrigados a baixar os preços para continuarem nas prateleiras das cadeias de distribuição. Jorge Henriques, presidente da FIPA, explica ao Expresso que "na relação entre agentes económicos, existe a obrigação da fixação individual de tabelas de preços e condições de venda.

Quando se passa para a venda ao consumidor final, a decisão sobre a fixação do preço na prateleira compete ao retalhista. O que é importante assegurar é que não haja recurso a práticas negociais abusivas, tais como imposições unilaterais, nem situações de venda com prejuízo. Tudo o resto passa pela negociação comercial e cada empresa conhecerá os seus limites".


Jorge Henriques prefere, antes, apontar para a forma como a indústria agroalimentar portuguesa se tem adaptado às novas formas de consumo. "Os consumidores estão, acima de tudo, a mudar. São hoje mais informados, exigentes e atentos durante os atos de compra e de consumo", reflete o responsável. Por exemplo, estão mais atentos aos benefícios de saúde dos produtos e procuram não só evitar alimentos de menor valor nutricional, como também preferem alimentos biológicos.

Na Europa, o consumo de produtos biológicos cresceu 110% entre 2005 e 2014 e Portugal segue na mesma linha: num inquérito realizado em 2016, 60% dos consumidores afirmaram refletir a sua preocupação com a saúde e bem-estar nas escolhas que fazem (mais 19 pontos percentuais do que em 2012). Além disso, 68% dos inquiridos declararam estar dispostos a pagar mais por produtos que não contêm ingredientes indesejáveis (um crescimento de 26% face ao ano anterior.

CONSUMIDORES MAIS PREOCUPADOS COM SAÚDE QUEREM MAIS CONVENIÊNCIA E FLEXIBILIDADE
Por outro lado, os portugueses também estão mais preocupados com a sustentabilidade e, por isso, 45% dos consumidores afirmam estar dispostos a pagar mais por produtos e serviços prestados por empresas comprometidas em ter um impacto social e ambiental positivo.

Da mesma forma, procuram maior conveniência e flexibilidade nos produtos que adquirem (assim como no ato de compra). Procuram formatos mais pequenos, ajustados às suas necessidades, flexíveis e transportáveis (como os snacks), e produtos de preparação rápida (como alimentos congelados).

À escala global, estima-se que 58% das encomendas de refeições sejam feitam online através de plataformas específicas. Na Europa, entre 2010 e 2015, o mercado de entrega em casa e takeaway cresceu 2,2% enquanto o consumo da restauração caiu.

Além disso, complementam as compras realizadas em grandes superfícies comprando também em estabelecimentos mais pequenos (como lojas de bairro e supermercados pequenos). Entre 2014 e 2015, enquanto se registou o crescimento de 2% no número de hipers e supers de grande dimensão, os supermercados de pequena dimensão cresceram 5%, enquanto as lojas tradicionais aumentaram 4%.

De certa forma, os consumidores, um pouco por todo o mundo, sobretudo as gerações mais jovens, estão a dar mais importância à experiência de consumo do que propriamente ao bem físico que adquirem.

O novo perfil do consumidor traz grandes desafios à indústria agroalimentar, que tem "procurado entender a evolução, o estilo de vida e as preferências dos consumidores", diz Jorge Henriques. E as empresas do sector estão a adaptar diferentes estratégias: umas são mais pragmáticas, apostando no acompanhamento dos atributos essenciais exigidos pelo consumidor (sobretudo o preço); outras mais especializadas em nichos de mercado e apostando em produtos com benefícios específicos e cada vez mais segmentados; há também aquelas que apostam na flexibilidade e em formatos práticos e flexíveis; outras que assumem posições ativistas e mostram total transparência nas suas práticas e outras ainda que apostam tudo na sua marca, o principal ativo, e constroem narrativas à sua volta, para surpreender os consumidores e oferecerem-lhe experiências positivas.

"A indústria portuguesa agroalimentar tem vindo a desenvolver uma capacidade exemplar de investigar e inovar", assume o presidente da FIPA. A indústria alimentar e a das bebidas conta com mais de 11 mil empresas, na sua maioria familiares e de pequena dimensão, dando emprego a mais de 108 mil postos de trabalho diretos. "As exportações cifraram-se em 4,6 mil milhões de euros, um aumento de 3,7% face a 2015. Este sector representou ainda, no mesmo período, 9,2% do total das exportações da indústria transformadora nacional", avança Jorge Henriques.

Symington saem do Douro e compram Altas Quintas no Alentejo

Grupo passa pela primeira vez a explorar vinhas fora da sua região de origem. O projecto Altas Quintas vai ser completamente reformulado
 Manuel Carvalho

O grupo empresarial da família Symington concluiu esta segunda-feira a operação de aquisição da Quinta da Queijeirinha, uma propriedade com 207 hectares, dos quais 43 são de vinha, na zona da serra de São Mamede, Portalegre. Depois de, em 1989, ter adquirido uma participação maioritária na Madeira Wine Company, a aquisição da empresa que produz os vinhos da marca Altas Quintas é um passo em frente na estratégia de diversificação do grupo familiar que no ano passado gerou um volume de negócios na ordem dos 90 milhões de euros. O valor do investimento não foi revelado por acordo do comprador e o vendedor, a família de João Lourenço.

A quinta da Queijeirinha estende-se a uma altitude entre os 490 e os 550 metros, numa zona mais temperada do Norte alentejano onde há disponibilidade de água. Nas suas vinhas estão plantadas castas tradicionais, com predominância para as tintas, em vinhas com uma idade situada entre os 15 e os 20 anos. Num ano normal, a empresa é capaz de produzir 140 mil garrafas. A exploração dos recursos da propriedade pela mão dos Symington vai iniciar-se já nesta vindima e implica uma reformulação total do projecto. "Queremos fazer tudo de novo", diz António Filipe, director-geral da Symington Family Estates. "Vamos encontrar uma equipa nova" para a viticultura e para a enologia "e vamos mudar a marca", nota este responsável.

Esta opção implica que a Queijeirinha permaneça como uma empresa autónoma, fora do chapéu onde se encontram hoje as marcas consagradas da família no sector do vinho do Porto, como a Dow's, a Warre ou a Graham's, ou nos vinhos no Douro, onde os Symington estão presentes com os Altano, os Quinta do Vesúvio ou, mais recentemente, com os Quinta do Ataíde. Mas, "em última análise", o controlo técnico e a gestão comercial contarão com a participação das equipas que trabalham nas vinhas do Douro.

Depois de se consolidar como líder no comércio das categorias especiais do vinho do Porto e de acumular uma área de vinha no Douro na ordem dos mil hectares, os Symington olham para o investimento no Alentejo como uma oportunidade de crescer por via da diversificação. "Depois de 135 anos no Douro, a família entendeu que era o momento indicado para produzir vinho noutra grande região vinícola de Portugal", diz Rupert Symington. A serra de São Mamede é uma zona de baixas produtividades que produz vinhos conceituados pela sua frescura e complexidade.

Para lá da área agrícola, a Queijeirinha dispõe de um edifício de meados do século XIX classificado como monumento de interesse municipal e uma série de construções que podem ser mais tarde utilizadas numa operação turística. "Vamos considerar essa possibilidade depois de consolidarmos a nossa aposta na produção de vinho", diz António Filipe. Os Symington fizeram uma aposta forte nos últimos anos no turismo, quer nas suas caves de Vila Nova de Gaia, quer na sua Quinta do Bonfim, no Pinhão.


Grupo angolano e empresário português investem 11,2 milhões em matadouro


Um consórcio formado por um grupo angolano e um empresário português vai investir 12 milhões de dólares (11,2 milhões de euros) na instalação, na província do Cuanza Norte, de um matadouro com mais de 100 trabalhadores.

Segundo o contrato de investimento entre o consórcio, formado pela empresa angolana Lusounu Internacional (90%) e o empresário português Ivo Cruz Marques (10%), residente em Angola, e a Unidade Técnica para o Investimento Privado (UTIP), a que a Lusa teve acesso, o projeto "Matadouro Unicarnes" será instalado num prazo de um ano no município angolano do Dondo.

Consiste na construção de uma unidade de abate, processamento e comercialização de gado bovino e caprino, além de armazenamento de carne refrigerada e congelada, respetiva embalagem e expedição, mas também com o fabrico de farinha de carne e gorduras.

Contará com 110 postos de trabalho, essencialmente angolanos, e a "alavancagem da atividade de criação de gado bovino" é um dos impactos do projeto previstos pelos investidores, no respetivo contrato, bem como o "aumento da oferta de um produto cujas importações anuais andam à volta dos 600 milhões de dólares".

O consórcio promotor do investimento estima que 25% da produção anual desta unidade será para exportar.

Em contrapartida, ao abrigo do contrato de investimento com a estatal UTIP, os investidores vão beneficiar de isenções fiscais, como a redução de 70% no pagamento de imposto Industrial, sobre Aplicação de Capitais e de Sisa, na aquisição de terrenos e imóveis, durante oito anos.

O Governo angolano aprovou no final de janeiro um plano para importar já este ano 10.500 cabeças de gado para repovoar o planalto de Camabatela, no interior norte do país, cortando desta forma nos 328 milhões de euros de carne importada anualmente.

O plano foi aprovado em reunião conjunta das comissões Económica e para a Economia Real do Conselho de Ministros e visa o objetivo de tornar o planalto de Camabatela, que abrange as províncias do Cuanza Norte, Malanje e do Uíge, "autossuficiente", até 2025, na produção de bovinos para o abate e repovoamento, conforme explicou o ministro Agricultura.

Marcos Alexandre Nhunga adiantou, em declarações aos jornalistas no final daquela reunião, tratar-se de um investimento superior a 206 milhões de dólares (193 milhões de euros), a realizar pelos empresários nacionais, permitindo poupar nas importações de carne para consumo, que custam anualmente mais de 350 milhões de dólares (328 milhões de euros).

O setor da agricultura, segundo o Governo, importar este ano 8.000 cabeças de gado bovino para confinamento e 2.500 para a reprodução, no quadro do programa de repovoamento da região do país.

"Há toda uma necessidade para se fazer um esforço para que esse planalto seja repovoado", enfatizou o governante.

Só este investimento, para o qual ainda será necessário garantir financiamento e disponibilização de divisas, pelo Estado, permitirá garantir no futuro dez mil toneladas de carne por ano, "correspondente a 60% das necessidades de consumo do país", explicou Marcos Alexandre Nhunga.

O planalto de Camabatela ocupa uma área de 12 mil quilómetros quadrados e é descrito como reunindo condições climatéricas propícias para o desenvolvimento agropecuário, nomeadamente a criação de gado.


domingo, 9 de abril de 2017

Presidente moçambicano defende que país precisa melhorar estratégia de comercialização agrícola

24/3/2017, 15:48

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, defendeu que Moçambique precisa de melhorar a estratégia de comercialização agrícola, considerando que o modelo vigente é "essencialmente reativo".

A falta de vias de acesso e a chuva que está a cair fortemente em alguns pontos do país são normalmente pontadas como as principais dificuldades no âmbito da produção agrícola
LUSA

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, defendeu esta sexta-feira que Moçambique precisa de melhorar a estratégia de comercialização agrícola, considerando que o modelo vigente é "essencialmente reativo".

"Não é segredo que ainda não conseguimos alcançar as bases estruturantes que possam elevar a nossa agricultura e respetivo comércio a níveis que Moçambique realmente merece", avançou o chefe de Estado moçambicano, falando durante a abertura no Primeiro Fórum de Comercialização Agrícola, que decorre esta sexta-feira na província da Zambézia, centro de Moçambique.

Embora destaque "alguns sucessos", Filipe Nyusi entende que as estratégias de comercialização agrícola de Moçambique devem procurar espaço no mercado internacional, garantindo que o país aproveite no máximo o seu potencial.

Ao destacar os benefícios de um bom plano comercialização agrícola, o chefe de Estado moçambicano sublinhou que a estratégia do país deve valorizar o mercado interno também e garantir que não haja casos de perdas de produção por falta de compradores ou por ineficiência de conservação.

Para o chefe de Estado moçambicano, o plano operacional da comercialização agrícola tem a obrigação de criar um sistema transparente entre os produtores e os grandes compradores, bem como garantir a ligação entre o mercado e as zonas rurais.

"É um imperativo nacional o investimento de todos para remover os pedregulhos que dificultam o fluxo normal do comércio agrícola", afirmou Filipe Nyusi, que reitera que há necessidade de um maior investimento para a exportação.

"É necessário que se reconheça que se o modelo de comercialização que temos vindo a seguir é essencialmente reativa e sem capacidade para responder de forma proactiva aos desafios e expetativas das nossas populações", observou.

Para 2017, Moçambique prevê produzir mais de 17 milhões de toneladas de produtos agrícolas diversos.

As províncias do Zambézia, Tete, Sofala e Manica, no centro de Moçambique, e Niassa, no norte, são as que mais contribuíram na produção, principalmente de cereais, como consequência da chuva que está a cair nestas regiões, depois de uma campanha agrícola devastada por uma seca severa que deixou no ano passado 1,5 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar em todo país.

A falta de vias de acesso e a chuva que está a cair fortemente em alguns pontos do país são normalmente pontadas como as principais dificuldades no âmbito da produção agrícola, que ainda maioritariamente de subsistência.

‘Know-how’ português leva primeiro centro de produção por hidroponia a Angola

22/3/2017, 18:19

O Governo angolano saudou o primeiro projeto de produção agrícola à base de água, de 'know-how' português, numa altura em que Angola está sem divisas para a importação de insumos agrícolas.

Partilhe

O projeto implicou um investimento de 176 milhões de kwanzas (94,5 mil euros)
LUÍS FORRA/LUSA

O Governo angolano saudou esta quarta-feira o primeiro projeto de produção agrícola à base de água, de 'know-how' português, numa altura em que Angola está sem divisas para a importação de insumos agrícolas devido à crise financeira que enfrenta.

O projeto, um investimento de 176 milhões de kwanzas (94,5 mil euros), localizado em Luanda, na zona do Kikuxi, foi esta quarta-feira inaugurado pelo secretário de Estado da Agricultura para o setor empresarial, Carlos Pinto. A hidroponia é uma técnica de produção agrícola que consiste no cultivo sem necessidade de solo, já que as raízes – mergulhadas em água – recebem dessa forma uma solução nutritiva balanceada que todos os nutrientes necessários. O investimento luso-angolano denominado Hidrobem, a mais recente empresa do grupo Kibabo, um conceito de negócios criado em Portugal e presente em Angola há mais de cinco anos, permitiu criar, para já, 25 postos de trabalho diretos.

Em declarações à imprensa, a diretora da Hidrobem, Carla Paulino, referiu que é utilizado o sistema "NTF" (Nutrient Film Technique) e "Sacos Gota-a-Gota", para a produção, nesta primeira fase, de alfaces, tomate, salsa, manjericão, hortelã, cebolinho, coentro e agrião. A unidade tem ainda capacidade para produzir rúcula, poejo, orégãos, pimento, pepino e fisálias. "Todas as semanas tiramos meia tonelada de alface e meia tonelada de ervas aromáticas e uma tonelada de tomate para salada", disse Carla Paulino, referindo-se à produção implantada numa propriedade de dois hectares, com uma exploração de 2.000 metros quadrados de estufas.

Segundo a responsável, a empresa tem capacidade técnica para avançar com este projeto para qualquer parte do país, sendo este que esta quarta-feira arrancou uma espécie de "boutique". O retorno do investimento por agora feito deverá acontecer em três anos, segundo Carla Paulino, salientando que a segunda fase arrancará no fim do primeiro semestre deste ano, com mais 6000 metros quadrados de estufas, uma escola de formação e um polo de água indústria de processamento de quarta gama, onde se pretende proporcionar ao cliente produtos frescos prontos a confecionar.

Na sua intervenção, o secretário de Estado da Agricultura para o setor empresarial disse que o desenvolvimento do setor agrícola define-se esta quarta-feira como uma aposta principal para a diversificação da economia angolana, a geração de emprego, o combate à fome e à pobreza no seio familiar. Para o governante, Iniciativas desta natureza representam uma mais-valia para o processo produtivo que Angola tem vindo a implementar.

"O Ministério da Agricultura garante o seu incondicional apoio às iniciativas do grupo Kibabo, através da empresa Hidrobem, numa fase de crise económica bastante acentuada, na obtenção de recursos financeiros em divisas para a importação dos insumos agrícolas e outras matérias-primas para a dinamização da nossa produção agrícola", frisou. Carlos Pinto sublinhou a importância do projeto pela sua técnica, que não está dependente da qualidade e correção de solo, nem de fertilizantes e pesticidas, proporcionando uma produção durante o ano e em contraciclo, por não depender do clima.

MIT vê na plantação digital o futuro da agricultura

Por Ana Marta Ferreira 14:30 7 de Abril, 2017

O MIT Media Lab está a desenvolver computadores que permitem a produção de alimentos em qualquer ambiente do planeta.


FOTO: OPEN AGRICULTURE INICIATIVE

Com o avançar dos séculos, a crescente urbanização acentua a falta de áreas produtivas para agricultura. O facto emerge como um problema real para a alimentação do futuro.

No MIT Media Lab, Caleb Harper e a sua equipa acreditam que vai ser possível todos sermos agricultores, mesmo em ambientes totalmente urbanos. Harper é o principal investigador da Iniciativa Open Agriculture (OpenAG) e diretor do CitiFARM, no MIT Media Lab, e quer mudar o sistema de alimentação através da ligação entre os produtores e o mundo digital. Em conjunto com a sua equipa, desenvolveu um computador que pode recriar um ambiente específico em que as plantas crescem sem necessidade de solo.


O Food Computer permite cultivar plantas em qualquer parte do mundo, adaptando as condições climáticas necessárias. Fonte: Open Agriculture Iniciative
O Food Computer é uma espécie de centro de controlo de uma estufa digital. De dimensões semelhantes a um computador pessoal, o Food Computer utiliza tecnologias agrícolas sem terra, como a hidroponia (técnica de cultivar plantas em alternativas ao solo, como líquidos ou areia) e a aeroponia (manter as plantas suspensas no ar), para controlar as condições climáticas dentro de uma câmara de crescimento para as plantas. Permite regular variáveis como o dióxido de carbono, a temperatura do ar, a humidade, o oxigénio dissolvido ou o pH.


Caleb Harper é o principal investigador do projeto OpenAg, no MIT Media Lab Fonte: Open Agriculture Iniciative
Ao Huffington Post, Caleb Harper explica que "quando dizemos que gostamos dos morangos do México, estamos na verdade a dizer que gostamos das condições em que os morangos foram cultivados". Por isso, questiona: "Porquê importar alimentos a milhares de quilómetros, quando se pode importar o clima onde o alimento é cultivado?". Harper acredita que as mudanças climáticas produzidas em computadores conectados em rede e com um sistema agrícola informatizado são o futuro da alimentação. Ainda de acordo com os engenheiros do MIT, a câmara de produção pode ser utilizada até em ambientes extremos, como em um deserto ou na Antártida.

Qualquer pessoa pode construir um Food Computer e o MIT ensina como

A Iniciativa OpenAg é um projeto de plataforma aberta ("open-source"), o que significa que assenta num software informático cujo autor fornece, a custo zero, o direito de estudar, modificar e distribuir o software, para qualquer um e para qualquer finalidade.

Sobre a decisão de abrir a licença do software a qualquer pessoa, Caleb Harper argumentou, em entrevista ao "IEEE Spetrum", que o futuro da agricultura deve passar por um sistema partilhado por todos: "Toda a gente projeta o seu próprio pequeno centro de dados para as estufas de armazém ou para as estufas verticais. Dizem que é super especial e tentam criar uma propriedade intelectual a partir dela. E não deixam as pessoas entrarem ou usarem os seus mecanismos, porque não querem que roubem as suas ideias brilhantes. Esse é o problema na minha indústria neste momento. As pessoas ainda não perceberam que há um sistema subjacente a isso. E não vai escalar até que haja uma plataforma comum."

Outra inovação neste projeto do MIT é a inclusão nos Food Computers da luz azul de LED de alta eficiência que deu a três investigadores japoneses o Prémio Nobel da Física em 2014.

No separador do site "Build a Food Computer",  os cientistas envolvidos no projeto oferecem listas de materiais necessários, tutoriais em vídeo e um fórum onde a comunidade mundial contribui com as suas experiências. Ainda na página oficial da iniciativa, os investigadores explicam que o investimento financeiro tornou-se "bastante atrativo" para quem deseja construir um Food Computer, já que o tempo de retorno de lucro, que se estimava em 10 ou 12 anos, reduziu para seis a oito anos graças ao aparecimento de novas tecnologias.

Artigo editado por Filipa Silva

Lidl investe €70 milhões em Portugal até ao final do ano

08.04.2017 às 18h30
 
O vinho é um dos produtos portugueses que a marca coloca nas lojas lá fora

NUNO BOTELHO

Em entrevista ao Expresso, Afrodite Pampa, presidente do Lidl em Portugal, explica que o grupo irá remodelar perto de 70 lojas. Atualmente mais de 50% dos fornecedores, no sortido fixo [produtos que todas as lojas têm], são portugueses. E "queremos que este número continue a aumentar", conclui aquela responsável

ALDA MARTINS
Afrodite Pampa está à frente do Lidl Portugal desde 2015 e diz que marca alemã ainda tem muito espaço para crescer no país. A chegada da espanhola Mercadona não é preocupante.

Qual o plano de expansão para Portugal? 
Este ano [que começou a 1 de março] vamos abrir seis novas lojas, com cerca de 1400 metros quadrados cada, à semelhança do ano fiscal anterior. As últimas aberturas foram no Seixal e na Figueira da Foz. Temos um total de 246 lojas.

E onde vão ser as novas lojas? 
Por todo o país, não serão concentradas em Lisboa e Porto. Queremos estar nas grandes mas também nas pequenas cidades. Onde há clientes disponíveis para comprar no Lidl.

Acredita que continua a haver espaço para mais supermercados? 
Sim.

Porquê, se a população portuguesa não está a aumentar? É o turismo? 
O turismo ajuda, em zonas específicas, mas não é só isso. Há pequenas cidades onde ainda não estamos e há cidades onde verificamos que há mais necessidades, como aconteceu com a Figueira da Foz onde já tínhamos uma loja.

O que traz de novo este conceito de loja? 
As novas lojas [10 no final do ano fiscal de 2016] são amplas para permitirem aos clientes fazer as compras de uma forma mais eficiente e até mais agradável. Além disso, introduzimos um novo conceito, de cafetaria. Uma extensão da nossa padaria que já era muito bem-sucedida.

É conceito exclusivamente português? 
Em Portugal somos portugueses. Definimos o que fazer com base nas preferências do país e adaptamo-nos, até nos conceitos que vêm da casa-mãe. Pagamos os nossos impostos aqui [O Lidl pagou cerca de €360 milhões em Portugal nos últimos 10 anos]. Investimos aqui. E o cliente português gosta de beber um cafezinho antes ou depois das compras. A cafetaria é um conceito "made in Portugal".

Quanto esperam investir este ano? 
No ano passado investimos €50 milhões e este ano esperamos investir €70 milhões.

O investimento inclui as remodelações? 
Sim. Vamos remodelar perto de 70 lojas. Vão ficar com uma aparência muito semelhante às que têm o novo conceito mas nem todas terão cafetaria. Há outras ainda para remodelar [não para já] porque o processo não para.

Há outras mudanças na calha?
Estamos a testar um novo conceito de pronto a levar.

Onde?
Numa loja no Porto. Pode levar para casa ou comer na loja, no caso das lojas com cafetaria.

Há um limite para o número de lojas Lidl em Portugal?
Claro que há um número no qual podemos dizer que a expansão está concluída mas estamos muito longe desse número.

A entrada da espanhola Mercadona no mercado preocupa-a? 
Somos bons e vamos preparar-nos para cada novo concorrente que entre no mercado. Olhamos para o Mercadona como olhamos para a restante concorrência no mercado.

O mercado português do retalho alimentar é concorrencial?
Para nós o que interessa é o crescimento sustentável. E fixarmos sempre novas metas onde queremos chegar.

E onde é que querem chegar?
Ao máximo. Segundo a consultora Nielsen, fomos a insígnia que mais cresceu, em 2016, em termos de quota de mercado –— quota de 8,5%. Queremos continuar a crescer e consolidar o nosso crescimento. As apostas que estamos a fazer permitem-nos acreditar nisso, não só em termos de quota de mercado, como de vendas. Não vou dizer quanto, mas queremos o máximo possível.

Como pretende fazer isso? Por exemplo, apostando em produtos portugueses?
Sim. Atualmente mais de 50% dos nossos fornecedores, no sortido fixo [produtos que todas as lojas têm], são portugueses. E queremos que este número continue a aumentar.

Têm uma relação muito especial com alguns produtos portugueses, sobretudo o vinho?
A relação preço/qualidade do vinho português é imbatível e tentamos passar essa perceção para os países onde o Lidl está presente. Não ganhamos nada nesse negócio. Somos embaixadores de Portugal. Mas fazemos isso com 115 produtos portugueses.

Ao nível da tecnologia o que podem esperar os vossos clientes?
A nova aplicação é mais um exemplo da nossa adaptação às necessidades do cliente. Permite-lhe fazer compras rápidas e eficientes. O cliente entra na loja com a aplicação do telemóvel, faz as compras e faz sozinho o pagamento. Introduzimos também a "My Lidl Shop" [em fevereiro]: as crianças ou os adultos podem gerir uma loja Lidl e fazê-la crescer. E estamos a começar a oferecer, nas lojas da nova geração, estações de carregamento gratuito de carros elétricos.

Que aspetos poderiam melhorar a atividade no sector?
A concorrência segue o seu caminho. Estamos todos no mesmo mercado, e ligados pela APED.

Essa é a resposta socialmente correta?
É a resposta.