sábado, 22 de abril de 2017

CAP tem novo Presidente



Confederacao Agricultores de Portugal - Eleicoes.29 Abril 2017 - Lisboa

Eduardo Oliveira e Sousa tomou esta semana posse como novo Presidente da Direção da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), sucedendo a João Machado, que depois de 18 anos deixa a presidência da associação. Esta nomeação surge na sequência da eleição dos órgãos sociais da organização para o triénio 2017-2020.

Eduardo Oliveira e Sousa é engenheiro agrónomo, empresário agrícola e florestal na região do Ribatejo e entre 2005 e 2008 foi Vice-Presidente da CAP.

O novo Presidente da CAP passou ainda pela direção da ANPC – Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade (1994 a 2014), sendo atualmente presidente da assembleia geral, diretor e atualmente secretário da assembleia geral do CPM – Clube Português de Monteiros / Associação Nacional de Caça Maior.

Governo assegura que quer aumentar a produção do eucalipto


Em resposta às críticas dos industriais de pasta e papel, contra a proibição de plantação de eucalipto, o Ministério da Agricultura garante que continuará a apoiar o sector, nomeadamente através da atribuição de fundos nacionais e comunitários destinados à exploração florestal.
Governo assegura que quer aumentar a produção do eucalipto
Correio da Manhã

21 de abril de 2017 às 17:55

O Governo garantiu esta sexta-feira, 21 de Abril, que pretende "aumentar a produção e a produtividade do eucalipto" e que continuará a apoiar o sector do celulose e do papel, em reposta às críticas feitas pela CELPA - Associação da Indústria Papeleira.

Em anúncios publicados na imprensa, a CELPA defendeu que a proibição de plantação de novas áreas de eucalipto é um "enorme prejuízo para a economia portuguesa", parte de uma "ideia errada e preconceituosa" e não tem fundamentação técnico-científica.

"Em primeiro lugar, o Governo não concorda, obviamente, com essa declaração. Contrariamente ao que é dito, o Governo pretende aumentar a produção e a produtividade do eucalipto, permitindo que se façam novas plantações de eucalipto em áreas de maior produtividade, por contrapartida à redução de áreas de fraca produtividade", disse à Lusa o Ministério da Agricultura, quando questionado sobre as críticas da associação às propostas do executivo em relação à floresta.

O gabinete de Luís Capoulas Santos acrescentou que a indústria da celulose e do papel é "fundamental para a economia nacional", pelo que apoia e "continuará a apoiar o sector, nomeadamente através da atribuição de fundos nacionais e comunitários destinados à exploração florestal, incluindo os povoamentos de eucalipto".

"O Governo pretende, simultaneamente, travar a expansão da área de eucalipto, que se tornou já a espécie dominante na nossa floresta, e aumentar a disponibilidade de matéria-prima para a indústria da celulose", acrescenta.

A Associação da Indústria Papeleira critica, nos anúncios publicados, a decisão governamental de proibir a plantação de novas áreas de eucalipto com base numa "ideia errada e preconceituosa", a qual considera que "pode pôr em causa o futuro da fileira florestal e dos cerca de 400 mil proprietários e produtores florestais portugueses".

"A fileira industrial baseada no eucalipto tem sabido aproveitar os recursos naturais de que o país dispõe [...] utilizando uma espécie bem adaptada, e tem-no feito de forma exemplar, responsável e com total respeito pelo ambiente", argumentou a CELPA, defendendo que a proibição "prejudica os produtores florestais, provoca perda de competitividade da indústria da pasta e papel e contrai a economia do país".
 
Em contrapartida, a associação garante que a proibição "reduz as áreas com gestão, promove o abandono e o crescimento de áreas de matos e incultos e aumentará o risco de incêndio (49% da área ardida nos últimos 15 anos são matos ou incultos e 13% são eucalipto)", "não se resolve o problema das demais espécies" e deverá fazer aumentar as importações de madeira.

Segundo refere, Portugal importa cerca de 150 a 200 milhões de euros por ano de madeira de eucalipto (valor que tenderá a aumentar), "riqueza que poderia ser distribuída pelos milhares de produtores e prestadores de serviços florestais a actuar no sector florestal" no país.

Dando cumprimento ao acordo com Os Verdes, o Governo avançou com uma proposta de lei que altera o regime jurídico aplicável às acções de arborização e rearborização, que põe um travão à expansão da área de eucalipto.

Granizo em Sever do Vouga destruiu pomares de mirtilo sem seguro

21/4/2017, 19:16

Mais de 50 produtores de pequenos frutos, afetados pela queda de granizo na quarta-feira, reuniram em Sever do Vouga, para reclamar apoio público para os prejuízos.

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Além dos mirtilos, foi perdida praticamente toda a produção de groselha
AMANDIO VILANCULO/Lusa


Mais de 50 produtores de pequenos frutos, afetados pela queda de granizo na quarta-feira, reuniram esta sexta-feira em Sever do Vouga, para reclamar apoio público para os prejuízos que, nalguns caos chegam aos 100 por cento.

O encontro, promovido pela Câmara de Sever do Vouga, Mirtilusa e Bagas de Portugal, contou com a presença do deputado Carlos Matias (BE), da Comissão Parlamentar de Agricultura, e teve em vista avaliar a situação e analisar as medidas a tomar, face à devastação das culturas, que não estão cobertas por qualquer seguro.

Na quarta-feira, ao final do dia, uma chuva de granizo caiu na zona de Sever do Vouga, destruindo os frutos de mirtilo que estavam à espera de completar a maturação para serem colhidos, bem como outras culturas. "Tivemos uma destruição maciça dos pomares, não só mas sobretudo de mirtilos e em alguns locais foi "a varrer". As zonas mais afetadas foram em Pessegueiro e Paradela do Vouga, mas ocorreu um pouco por todo o concelho, menos nas freguesias do norte", descreveu à Lusa o presidente da Câmara, António Coutinho.

A queda de granizo, que não demorou mais de 15 minutos, estragou o que se perspetivava como um ano de boa produção e temporã, com colheitas já em maio, o que daria aos produtores, alguns dos quais vivem quase exclusivamente do mirtilo, um preço superior.

"O volume da exportação deverá reduzir, pelo menos, 20%", estimou José Sousa, da Mirtilusa, enquanto Paulo Lúcio, da Bagas de Portugal, deu como exemplo uma encomenda de limas que estava para sair do país e o camião já não seguiu. Além dos mirtilos, foi perdida praticamente toda a produção de groselha e foram afetadas outras culturas como maracujá e citrinos, além de hortícolas.

A agravar a situação, as produções não estavam seguras, o que leva o presidente da Câmara a apelar ao governo para intervir com urgência. "A Câmara Municipal está a desenvolver contactos com as instituições ligadas ao Ministério da Agricultura, no sentido de ver que apoio é que é possível. Há aqui um problema que é a inexistência de seguros porque não há seguros específicos para aquele tipo de culturas e as pessoas não o conseguiram fazer. Esperamos que o Ministério da Agricultura seja sensível a isso", disse à Lusa António Coutinho.

O autarca apela aos produtores para fazerem chegar prova pormenorizada dos prejuízos sofridos, para completar o levantamento já iniciado, e sexta-feira mesmo estiveram no local técnicos da Direção Regional de Agricultura para verificar no terreno as consequências.

"O prejuízo é grande e esperamos ter rapidamente concluído o respetivo relatório, que será enviado ao ministro da Agricultura e ao Parlamento", deu conta o presidente da Câmara. António Coutinho refere que, em alguns casos, a próxima colheita pode também ser afetada, devido ao estado em que ficaram as plantas, pelo que está já a ser dado apoio técnico aos produtores, através da respetiva associação, a AGIM, para a recuperação dos pomares.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Parlamento discute na quinta-feira propostas para a reforma da floresta



19.04.2017 às 21h12

 
ANDRÉ KOSTERS/LUSA
Vem aí uma "reforma profunda" na floresta portuguesa, assegura o ministro da Agricultura

O parlamento discute esta quinta-feira cinco propostas de lei do Governo integradas na reforma das florestas, que a tutela pretende implementar até junho, disse à agência Lusa o ministro da Agricultura, Capoulas Santos.

A alteração do regime jurídico das ações de arborização e rearborização, a criação de um banco nacional de terras e um sistema de informação cadastral de propriedades são algumas das propostas em discussão no plenário, que irá também analisar dois projetos de lei do BE – um estabelece um "regime jurídico para as ações de arborização, rearborização ou adensamento florestal" e o outro visa criar também um banco público de terras agrícolas.

Em declarações à Lusa, o ministro da Agricultura, das Florestas e do Desenvolvimento Rural recordou que as cinco propostas de lei que vão à Assembleia da República inserem-se num conjunto de 12 diplomas destinados a levar a cabo uma "reforma profunda" na floresta portuguesa.

Destas 12 propostas, sublinhou Capoulas Santos, duas já estão em vigor, cinco aguardam promulgação do Presidente da República e as restantes cinco foram remetidas a apreciação parlamentar por "se tratar de matérias com competência reservada ao parlamento.

"Trata-se de uma reforma profunda que ataca aqueles que são os principais problemas que têm contribuído para o não-aproveitamento deste importante ativo de que o país dispõe, como têm contribuído para o aumento do risco de incêndio", sublinhou o governante.

Uma das propostas que irão ser discutidas no parlamento diz respeito à alteração do regime jurídico das ações de arborização e rearborização, para "reforçar os mecanismos de comunicação entre todas as entidades e criar regras para o cultivo do eucalipto".

Outra das propostas diz respeito à criação de um banco nacional de terras, no qual o Governo vai integrar todo o património agrícola e florestal do Estado.

Capoulas Santos explicou que o objetivo é que o património agrícola venha a ser distribuído por jovens agricultores e o florestal a entidades de gestão florestal.

Em março, após o Conselho de Ministros dedicado à floresta, o ministro indicou que o banco de terras integrará "todo o património rústico sem dono conhecido, que vier a ser identificado".

A gestão deste banco pode pertencer ao Estado, que a poderá ceder, provisoriamente, a entidades de gestão florestal "ou outras", mas sem poder ceder ou transacionar "de forma definitiva qualquer propriedade sem dono conhecido" por 15 anos. A terra poderá ser restituída ao "seu legítimo proprietário em qualquer momento, se entretanto for identificado".

Será ainda criado um fundo de mobilização de terras, com as receitas da venda e arrendamento das propriedades do banco das terras.

A discussão parlamentar irá também incluir uma proposta de lei que visa a criação de benefícios fiscais a entidades de gestão florestal e outra que introduz "inovações na defesa da floresta", nomeadamente a limpeza de combustíveis em torno das edificações.

A criação de um sistema de informação e cadastro de todas as propriedades nestas áreas é outro dos objetivos da tutela, que pretende isentar de custos até 31 de dezembro de 2019 todos os atos de registos.

O executivo tinha já explicado que caberá ao Ministério da Justiça criar um balcão único físico em todas as conservatórias do registo predial e um balcão virtual, sem custos ou emolumentos, para os interessados em registar as suas propriedades.

"Basicamente, pretendemos fazer em dois anos aquilo que o país pretendia fazer há décadas", sublinhou Capoulas Santos.

Relativamente aos diplomas que aguardam promulgação de Marcelo Rebelo de Sousa, dizem respeito ao aproveitamento dos desperdícios da floresta para produzir energia elétrica, à criação de regras de financiamento e uso do fogo controlado, e à simplificação da atribuição de zonas de intervenção florestal.

Em março, o Governo anunciou que até ao verão vão estar no terreno 20 novas equipas de sapadores florestais (operacionais antes do final de junho) e que no outono avança o processo para reequipar 44 equipas.

Capoulas Santos informou então que o concurso para aquisição de viaturas todo-o-terreno e equipamento especializado já recebeu visto do Tribunal de Contas.

No âmbito da reforma da floresta, pretende-se ainda facultar aos municípios um parecer vinculativo às autorizações de florestação e reflorestação.

Parlamento debate propostas para a reforma da floresta

O parlamento discute na quinta-feira cinco propostas de lei do Governo integradas na reforma das florestas, que a tutela pretende implementar até Junho, disse hoje à agência Lusa o ministro da Agricultura, Capoulas Santos.

19 de abril de 2017 às 20:53

A alteração do regime jurídico das acções de arborização e rearborização, a criação de um banco nacional de terras e um sistema de informação cadastral de propriedades são algumas das propostas em discussão no plenário, que irá também analisar dois projectos de lei do BE - um estabelece um "regime jurídico para as acções de arborização, rearborização ou adensamento florestal" e o outro visa criar também um banco público de terras agrícolas.
 
Em declarações à Lusa, o ministro da Agricultura, das Florestas e do Desenvolvimento Rural recordou que as cinco propostas de lei que vão à Assembleia da República se inserem num conjunto de 12 diplomas destinados a levar a cabo uma "reforma profunda" na floresta portuguesa.
 
Destas 12 propostas, sublinhou Capoulas Santos, duas já estão em vigor, cinco aguardam promulgação do Presidente da República e as restantes cinco foram remetidas a apreciação parlamentar por "se tratar de matérias com competência reservada ao parlamento.
 
"Trata-se de uma reforma profunda que ataca aqueles que são os principais problemas que têm contribuído para o não-aproveitamento deste importante activo de que o país dispõe, como têm contribuído para o aumento do risco de incêndio", sublinhou o governante.
 
Uma das propostas que irão ser discutidas no parlamento diz respeito à alteração do regime jurídico das acções de arborização e rearborização, para "reforçar os mecanismos de comunicação entre todas as entidades e criar regras para o cultivo do eucalipto".
 
Outra das propostas diz respeito à criação de um banco nacional de terras, no qual o Governo vai integrar todo o património agrícola e florestal do Estado. Capoulas Santos explicou que o objectivo é que o património agrícola venha a ser distribuído por jovens agricultores e o florestal a entidades de gestão florestal.
 
Em Março, após o Conselho de Ministros dedicado à floresta, o ministro indicou que o banco de terras integrará "todo o património rústico sem dono conhecido, que vier a ser identificado".
 
A gestão deste banco pode pertencer ao Estado, que a poderá ceder, provisoriamente, a entidades de gestão florestal "ou outras", mas sem poder ceder ou transaccionar "de forma definitiva qualquer propriedade sem dono conhecido" por 15 anos. A terra poderá ser restituída ao "seu legítimo proprietário em qualquer momento, se entretanto for identificado".
 
Será ainda criado um fundo de mobilização de terras, com as receitas da venda e arrendamento das propriedades do banco das terras.
 
A discussão parlamentar irá também incluir uma proposta de lei que visa a criação de benefícios fiscais a entidades de gestão florestal e outra que introduz "inovações na defesa da floresta", nomeadamente a limpeza de combustíveis em torno das edificações.
 
A criação de um sistema de informação e cadastro de todas as propriedades nestas áreas é outro dos objetivos da tutela, que pretende isentar de custos até 31 de Dezembro de 2019 todos os actos de registos.
 
O Executivo tinha já explicado que caberá ao Ministério da Justiça criar um balcão único físico em todas as conservatórias do registo predial e um balcão virtual, sem custos ou emolumentos, para os interessados em registar as suas propriedades.
 
"Basicamente, pretendemos fazer em dois anos aquilo que o país pretendia fazer há décadas", sublinhou Capoulas Santos.
 
Relativamente aos diplomas que aguardam promulgação de Marcelo Rebelo de Sousa, dizem respeito ao aproveitamento dos desperdícios da floresta para produzir energia eléctrica, à criação de regras de financiamento e uso do fogo controlado, e à simplificação da atribuição de zonas de intervenção florestal.
 
Em Março, o Governo anunciou que até ao Verão vão estar no terreno 20 novas equipas de sapadores florestais (operacionais antes do final de junho) e que no Outono avança o processo para reequipar 44 equipas.
 
Capoulas Santos informou então que o concurso para aquisição de viaturas todo-o-terreno e equipamento especializado já recebeu visto do Tribunal de Contas.
 
No âmbito da reforma da floresta, pretende-se ainda facultar aos municípios um parecer vinculativo às autorizações de florestação e reflorestação.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

A Reforma da Floresta

A Reforma da Floresta

Apostar na gestão agrupada e na promoção da certificação florestal.

Com moderação a cargo de Francisco Carvalho Guerra, presidente da Forestis – Associação Florestal de Portugal, os oradores convidados debateram, na Grande Conferência 50.ª AGRO, as medidas prioritárias para repor a floresta e a necessidade de um maior investimento no que toca a políticas públicas nesta área, bem como no financiamento, uma vez que a floresta não faz parte da Política Agrícola Comum.
 
De acordo com João Ferreira do Amaral, professor e presidente da AIFF – Associação para a Competitividade da Indústria da Fileira Florestal, a aposta na gestão agrupada da floresta é uma das prioridades para o sector florestal e pode ser feita através das Sociedades de Gestão Florestal, mas também por intermédio das Entidades Gestoras de Zonas de Intervenção Florestal.
 
O presidente da AIFF considera também que os incentivos para a promoção da certificação florestal "poderiam ir mais longe", que é fundamental elaborar um cadastro predial rústico "capaz e suficiente" e ainda que "devem ser criadas condições" para que os programas de apoio público sejam adequados aos produtores florestais nacionais e "sem regras que dificultem desnecessariamente o acesso aos mesmos".
 
 
Responder às necessidades da sociedade e dos agentes socioeconómicos

 

No passado dia 21 de Março, dez diplomas da Reforma das Florestas foram levados a Conselho de Ministros. Mas estes representam apenas o início da Reforma das Florestas. Para Rosário Alves, directora executiva da Forestis – Associação Florestal de Portugal, cabe agora aos partidos políticos a responsabilidade de aperfeiçoar os diplomas que seguiram para a Assembleia da República. O processo da reforma, defende Rosário Alves, "deve sobretudo responder às necessidades da sociedade e dos agentes socioeconómicos, por via do aumento da eficiência da gestão, produtividade e sustentabilidade do investimento florestal".
 
Tendo em conta a importância das florestas para as alterações climáticas, as energias renováveis, a bioeconomia ou a protecção civil, a directora executiva da Forestis defende a necessidade de coordenação do primeiro-ministro e de financiamento repartido pelos Ministérios da Agricultura, Economia, Ambiente e da Administração Interna para viabilizar a concretização da reforma.
 
A vontade de profissionalizar a gestão da floresta e as medidas previstas no âmbito do cadastro simplificado e da regularização dos registos prediais, que devem ser acompanhadas de um regime fiscal adequado que promova a adesão dos proprietários florestais e que têm de contar com a forte participação de estruturas com capacidade técnica do terreno, designadamente as organizações de produtores florestais, são os aspectos da Reforma das Florestas apontados por Rosário Alves como positivos e "verdadeiramente reformistas".
 
 
Melhorar a Reforma da Floresta

 
Por sua vez, Tiago Oliveiro, do Centro de Estudos Florestais/Instituto Superior de Agronomia, mostra-se apreensivo pelo facto de a floresta e a silvicultura não serem mencionadas nas primeiras posições do Governo português sobre a reforma da Política Agrícola Comum. "A floresta não pode ser a terra que sobra da agricultura, uma vez que é o elemento estruturante do território e das populações que nele residem", defende.

Viticultura

Quanto ao futuro da viticultura esteve em destaque no terceiro painel. Moderados pelo jornalista Manuel Carvalho, do jornal Público, os oradores realçaram as potencialidades de algumas das principais regiões vinícolas do país.


Garantir financiamento

O financiamento desempenha um papel crucial para o desenvolvimento de novos produtos, negócios, tecnologias e para a internacionalização. Num painel moderado por José Diogo Albuquerque, ex-secretário de Estado da Agricultura, Carlos Oliveira, administrador executivo da Agrogarante, João Ferreira Lima, da Direcção de Risco de Crédito do Crédito Agrícola, e Rosário Gama, do IFAP – Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, reforçaram, na Grande Conferência 50.ª AGRO, a importância de se ter um bom plano de negócios, para conseguir garantir financiamento, bem como a viabilidade do projecto. Foi ainda destacada a necessidade de se ter algum capital próprio para investir e que esse mesmo capital não provenha de empréstimo bancário.

Agricultores defendem a criação de um estatuto da agricultura familiar

18/4/2017, 18:26

A Confederação Nacional da Agricultura defendeu a criação de um estatuto da agricultura familiar portuguesa.

No seu último congresso, em 2014, a CNA tinha já elaborado uma proposta de estatuto
NUNO VEIGA/LUSA


A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) defendeu esta segunda-feira a criação de um estatuto da agricultura familiar portuguesa, considerando que é necessário criar mecanismos que apoiem e promovam este tipo de produção.

"É necessário definir um estatuto que promova e apoie a agricultura familiar", afirmou o membro da direção da CNA Alfredo Campos, que falava numa conferência de imprensa na sede da confederação, em Coimbra. Segundo o dirigente, é essencial o reconhecimento jurídico da agricultura familiar, bem como a criação de vários mecanismos de apoio a esta produção.

Para Alfredo Campos, a definição de um estatuto seria um primeiro passo para se criarem medidas direcionadas para a agricultura familiar, seja na criação "de linhas específicas de apoio à agricultura familiar", seja na diferenciação deste tipo de negócio em matéria fiscal ou de Segurança Social. "Em vez de estrangular e eliminar [a agricultura familiar], é essencial que seja promovida e reconhecida", notou Alfredo Campos.

No seu último congresso, em 2014, a CNA tinha já elaborado uma proposta de estatuto que previa, entre outras medidas, o direito a linhas de crédito destinadas especificamente à agricultura familiar, a prioridade no acesso a mercados de proximidade e o direito "ao abastecimento prioritário de todas as instituições públicas e da economia social da região onde se insere a exploração agrícola".

Para aprofundar o debate em torno desse mesmo estatuto, a CNA promove em 23 e 24 de junho uma conferência nacional dedicada ao tema, na Escola Agrária de Coimbra, para a qual o primeiro-ministro e o ministro da Agricultura já foram convidados.

Segundo Alfredo Campos, os agricultores pretendem ver "o estatuto consagrado como lei", sublinhando que, na última reunião tida com o líder do executivo, em fevereiro, ficou com a informação de que o Governo "estará a trabalhar nesta área".

"É o momento de passar das palavras aos atos", frisou o dirigente da CNA, recordando que, num espaço de 24 anos, Portugal registou uma quebra de mais de metade das suas explorações agrícolas, passando de 598 mil em 1989 para 264 mil em 2013.

A conferência nacional, que vai decorrer em Coimbra, em junho, vai contar também com a participação de especialistas e académicos de diversas áreas, como a fiscalidade, economia, saúde pública, biologia, cultura, sustentabilidade de territórios ou climatologia.

Suecos reforçam produção de ervas aromáticas em Portugal

O grupo Spisa vai mais do que duplicar a produção da Aromáticas Vivas, dirigida pelo "deputado Limiano" Daniel Campelo em Viana do Castelo, e estuda terceira unidade em solo nacional para aumentar a quota em Espanha.

Suecos reforçam produção de ervas aromáticas em Portugal

18 de abril de 2017 às 22:00

O grupo sueco Spisa, que contratou Daniel Campelo para voltar "à terra" depois de despir o fato de governante, prepara-se para reforçar a produção de ervas aromáticas em Portugal, adiantou ao Negócios o histórico autarca de Ponte de Lima, que no início do século ficou conhecido como "deputado Limiano" por ter ajudado a aprovar dois orçamentos do Governo de Guterres.

Além da Aromáticas Vivas, a unidade de Viana do Castelo gerida pelo ex-dirigente do CDS, a maior empresa europeia de ervas aromáticas em vaso detém também a Fresh Cut, em Tavira. Depois de iniciar há três anos a operação algarvia, a mais recente e que abastece também o mercado inglês, os nórdicos têm uma terceira unidade "em estudo", para avançar em dois anos.

Com o objectivo de aumentar a quota no mercado espanhol, onde "há ainda muito para crescer", a nova estrutura vai produzir ervas aromáticas em vaso e cortadas. Daniel Campelo justificou que "em Portugal a escala não é atractiva para ter estas actividades completamente separadas e os clientes também querem as duas coisas".

A localização não está definida, mas o projecto avançará "sempre em complemento" com as unidades já existentes no país, pois há "grandes vantagens [para o grupo] em ter estratégias de Verão e Inverno". "No Algarve é difícil fazer ervas de Verão, não resistem a grandes temperaturas. Mas produz no Inverno com menos custos de energia. Temos de aproveitar a natureza para baixar custos de produção", frisou.

Produzir para expandir

No Alto Minho já está a avançar um investimento de dois milhões de euros para aumentar em cinco hectares a área de produção da Aromáticas Vivas, actualmente limitada a dois hectares na freguesia de Carreço. É ali que a Spisa tem a principal operação do país, com vendas de três milhões de euros e capacidade anual para cinco milhões de plantas em vaso e mais dois milhões de unidades em ervas cortadas. Espanha absorve 40% da produção. 

Com estes investimentos, o grupo, que está também na Polónia, Reino Unido e República Checa, prevê "disparar" a produção em Portugal, em particular nas ervas cortadas, admitindo passar a vender por grosso a embaladores na Europa, deficitária no segmento. Porém, avisa, para entrar nesses clientes é preciso investir em "áreas de produção adequadas".  

"Diferenciamo-nos por sermos produtores. Não somos nem queremos ser controlados por comerciantes de ervas. Temos de ponderar seriamente criar mais áreas próprias. Só depois podemos pensar em novos mercados", insistiu o homem que tutelou as áreas rurais entre 2011 e 2014. Há um ano e meio passou a liderar esta unidade, que tem como sócios locais uma organização de produtores da Póvoa de Varzim (PAM) e um sírio radicado em Portugal, Ziad Albarazi, que antes de 2009 produzia flores naquele mesmo espaço.

Insectos e ácaros já são negócio

É numa pequena arrecadação, junto às estufas onde crescem os vasos de ervas, que a Aromáticas Vivas produz os insectos e os ácaros que utiliza para prevenir as pragas e as doenças e que lhe permitem ter uma produção livre de pesticidas químicos e a certificação biológica. Apontando-o como "uma grande mais-valia para que o negócio não vá à ruína", Daniel Campelo calcula que a empresa gasta por mês cerca de 11 mil euros com este processo de controlo através de agentes biológicos, tendo a parceria de uma firma dinamarquesa com quem está a desenvolver novos projectos para expandir a produção e oferta destes pesticidas biológicos. 

Para a empresa minhota, que produz mais de 20 variedades de ervas aromáticas e emprega 42 pessoas, os insectos e ácaros "começam a ser negócio". Começou por produzi-los apenas para aplicar nos seus terrenos, mas já fornece para as outras unidades do grupo na Suécia, Inglaterra, República Checa e Polónia.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Vinho. Portugal é o país com maior consumo por habitante


16/4/2017, 20:421.060
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Em 2016, a procura de vinho aumentou apenas 0,4% a nível mundial e a produção caiu 3%. Portugal lidera a lista de países com o maior consumo por habitantes: 54 litros por pessoa, por ano.

A procura de vinho aumentou apenas 0,4% a nível mundial, em 2016, para os 242 milhões de hectolitros, em linha com a estagnação verificada desde a crise de 2008, sendo Portugal o país com maior consumo por habitante.

No seu relatório anual de conjuntura, a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) indica que as maiores taxas de progressão do consumo de vinho se registaram na China (um aumento de 6,9% para 17,3 milhões de hectolitros), em Itália (uma subida de 5,3% para os 22,5 milhões de hectolitros) e, nos Estados Unidos (um crescimento de 2,5% para os 31,8 milhões de hectolitros).

Olhando para o consumo por habitante, Portugal está no topo da lista, com um consumo de 54 litros por pessoa e por ano, seguindo-se França (51,8 litros), Itália (41,5 litros) Suécia (41 litros), Suíça (40,3 litros), Bélgica e Argentina (31,6 litros em cada país), Alemanha (29,3 litros) e Austrália (27 litros).

Espanha é o oitavo país com maior consumo por habitante (25,4 litros), seguida de dois países onde não se cultivam vinhas: a Holanda (24,5 litros) e o Reino Unido (24 litros).

A produção de vinho caiu 3% para os 267 milhões de hectolitros em 2016, devido sobretudo a condições climáticas pouco favoráveis em alguns dos principais países produtores, sobretudo no hemisfério sul, como no Chile, na Argentina ou no Brasil, segundo a OIV.

No relatório anual de conjuntura, a OIV refere que os três maiores produtores continuam a ser Itália (50,9 milhões de hectolitros, um aumento de 2%), França (43,5 milhões, uma queda de 7%) e Espanha (39,3 milhões, uma subida de 4%).

Os Estados Unidos reforçaram a sua posição, produzindo 23,9 milhões de hectolitros em 2016 (+10%), bem como a Austrália que produziu 13 milhões de hectolitros (+9%).

Por outro lado, a produção na China caiu 1% (para os 11,4 milhões de hectolitros), na África do Sul recuou 6% (para os 10,5 milhões de hectolitros), no Chile recuou 21% (10,1 milhões de hectolitros) e na Argentina caiu 29% (9,4 milhões de hectolitros).

O comércio internacional de vinho caiu 1,2% em 2016, situando-se nos 104 milhões de hectolitros, mas em valor subiu 2% para os 29 mil milhões de euros.

Espanha voltou a ser o maior exportador em quantidade, com 22,3 milhões de hectolitros, mas boa parte das suas vendas para o exterior são a granel e a baixo preço, tendo representado 2.644 milhões de euros, muito abaixo dos 8.255 milhões de euros que França arrecadou com as exportações de vinho, que atingiram os 14,1 milhões de hectolitros no ano passado.

Portugal foi o nono maior exportador de vinho, tendo vendido 2,8 milhões de hectolitros para o estrangeiro, o que totalizou os 734 milhões de euros, segundo a OIV.

A superfície de vinha em todo o mundo manteve-se estável em 2016, com 7,5 milhões de hectares, apesar de se terem verificado movimentos significativos em alguns países.

Na China, em particular, a área de vinha aumentou em 17 mil hectares em 2016, totalizando os 847 mil hectares, consolidando a sua segunda posição, atrás de Espanha, com 975 mil hectares.

Procura-se sangue novo na agro-pecuária


Ideias altamente competitivas e projectos de investigação e inovação são os ingredientes que vão colocar a fileira de produção animal num novo rumo competitivo.

Procura-se sangue novo na agro-pecuária
Fileira de Produção Animal
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Como associação dedicada à raça Mertolenga, a Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos (ACBM) tem trabalhado com várias instituições de investigação e educação, nomeadamente com a Universidade de Évora e o INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, no sentido de promover a inovação na fileira, nomeadamente ao nível de parâmetros de qualidade da carne.

"Associarmo-nos a iniciativas como o Prémio e os Ateliers de Inovação reforça o nosso trabalho e contribui para o aumento da competitividade na fileira", reconhece Eduardo Mira Cruz, presidente da ACBM e júri do Prémio.

Em tempo de desafios, este responsável diz que o principal repto que se coloca à fileira da produção animal é o de produzir a melhor carne, aproveitando sustentadamente os recursos que estão à disposição, sejam eles os das explorações ou tecnológicos. "Temos a obrigação de fazer o nosso melhor para o consumidor", assume o presidente da ACBM.

De acordo com este responsável, a população agrícola/pecuária do país está envelhecida e, nesse sentido estas iniciativas são importantes para captar gente nova. "Temos muitos jovens com formação na área que têm de ser aliciados a trabalhar no sector, por outro lado, o aparecimento destas iniciativas potencia a cultura de inovação que começa a surgir na fileira", sustenta Eduardo Mira Cruz. Segundo ele, a inseminação artificial para melhoramento genético, com vista ao aumento da produção de carne de qualidade, é apenas um dos exemplos de como a inovação pode ajudar a conduzir o sector por novos rumos de competitividade.

O presidente da ACBM defende que a inovação é "fundamental", especialmente para os projectos que contribuem para a eficiência das explorações. "Vivemos tempos exigentes. Os nossos animais têm de ser bem tratados para deles podermos exigir o melhor desempenho, não nos podemos dar ao luxo de ter pecuária pouco produtiva", afirma Eduardo Mira Cruz.

Cantinas e refeitórios públicos com opção vegetariana a partir de junho


Lei publicada esta segunda-feira em Diário da República

As cantinas e refeitórios públicos estão a partir de junho obrigados a oferecer todos os dias pelo menos uma opção de comida vegetariana nas suas ementas, segundo o Diário da República.

De acordo com a lei hoje publicada e que entra em vigor em junho, esta regra aplica-se às cantinas e refeitórios dos órgãos de soberania e dos serviços e organismos da Administração Pública, em especial aos que se encontrem instalados em unidades integradas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), lares e centros de dia, escolas de ensino básico e secundário, estabelecimentos de ensino superior, prisões e centros educativos e serviço sociais.

Para combater o desperdício alimentar, a legislação prevê dispensar escolas e unidades do SNS desta opção caso não haja procura. Se a procura for reduzida, admite que as entidades gestoras destas cantinas possam estabelecer um regime de inscrição prévia para a opção vegetariana.

"As ementas vegetarianas são programadas sob orientação de técnicos habilitados e têm em conta a composição da refeição, garantindo a sua diversidade e a disponibilização de nutrientes que proporcionem uma alimentação saudável", acrescenta o diploma.

A fiscalização do cumprimento deste diploma fica a cargo da Autoridade para a Segurança Alimentar e económica (ASAE).

O diploma define ainda um período de transição que pode ir até aos seis meses para as entidades gestoras que fazem administração direta das cantinas ou refeitórios.

"Nos demais casos, quando os contratos respeitantes ao fornecimento de refeições em execução na data de entrada em vigor da presente lei não prevejam a obrigação de o prestador fornecer refeições vegetarianas, a respetiva entidade gestora está dispensada do fornecimento dessa opção até ao final do período de execução do referido contrato", acrescenta.

A lei que define a obrigatoriedade de oferecer pelo menos uma opção de refeição vegetariana nas cantinas e refeitórios públicos foi aprovada em março na Assembleia da República.

Segundo a Direção Geral de Saúde (DGS), as dietas vegetarianas têm benefícios importantes, como a redução da prevalência de doença oncológica, obesidade, doença cardiovascular, hiperlipidemias (gorduras no sangue), hipertensão, diabetes.

Biológicos são mais caros, mas produção é mais barata



Alfredo Sendim criou o projeto Partilhar as Colheitas da Herdade do Freixo do Meio, em Montemor-o-Novo 

Estudo conclui que a produção agrícola biológica tem menores custos, apesar de ser vendida a preços mais elevados. Há quem fale em "oportunismo comercial"

A Direção Regional de Agricultura do Norte estudou, ao longo de quatro anos, o cultivo de cebola em dois modos de produção diferentes, numa área idêntica: pelos métodos convencionais e pelas regras da agricultura biológica. E concluiu que esta última tem custos de produção muito mais baixos e até garante maior quantidade de produção, mas chega ao mercado a um preço mais elevado.

A cultura biológica não teve custos com a fertilização do solo, enquanto a convencional registou uma despesa de 5,75euro euros. Para proteção da cultura contra pragas e doenças, na biológica gastou-se 1,84 euros, enquanto na convencional o custo subiu aos 3,19euro euros. No final, obtiveram-se 160,5 quilos de cebolas biológicas, mas apenas 92,3 quilos das que foram produzidas de forma tradicional.

No mercado, os preços dos dois tipos de cebola são bem díspares: uma consulta nos supermercados online mostra que a cebola biológica pode custar, neste momento, 1,99euro euros por quilo, enquanto a convencional se arranja por 32 cêntimos, ou seja, é quase seis vezes mais barata.

Para Rui Rosa Dias, docente do IPAM e especialista em marketing agroalimentar, "o que se passa quando o consumidor paga mais pelos produtos biológicos é apenas uma questão de oportunismo comercial, porque está na moda, e de um mau marketing".

Mas a análise não é consensual. António Lopes Dias, diretor executivo da Associação Nacional da Indústria para a Proteção das Plantas, faz uma leitura diferente, ao defender que "os custos de produção implicam diferentes variáveis". E, contrariando as conclusões do estudo da Direção Regional de Agricultura do Norte, considera que "a agricultura biológica tem uma produtividade menor do que a convencional e, por causa disso, os preços têm de ser mais elevados para compensar a diferença de produtividade". Reconhece, no entanto, que "a agricultura biológica tem vindo a crescer como uma resposta a um nicho de mercado".

O presidente da Confederação de Jovens Agricultores, Luís Miranda, é da mesma opinião, admitindo que os custos de produção sejam menores, mas sublinhando que "a produção também é", apontando essa como "uma das razões para os produtos serem mais caros". Por outro lado, lembra que "os custos de certificação são caros e o embalamento também encarece o produto". Luís Miranda sublinha que a agricultura biológica "é feita, normalmente, em áreas mais pequenas e, só em alguns casos, como nos frutos vermelhos, se consegue um grande rendimento, e até exportar".

Do lado dos produtores biológicos, Alfredo Sendim, responsável pela Herdade do Freixo do Meio, com 440 hectares, em Montemor--o-Novo, afirma que "a agricultura biológica produz 30% do que é consumido". Quanto aos custos, o agricultor biológico sustenta que "são mais baratos do que os industriais, pela não aquisição de químicos". Mas, acrescenta, pela mão-de-obra "é muito mais cara", uma vez que este modo de produção não está mecanizado. "A lógica é da ligação direta do homem à terra."

Mas nem tudo é perfeito no mundo da agricultura biológica. Alfredo Sendim explica que, "em termos mundiais, apenas 20% da produção é biológica e, destes, 80% são em monocultura, que tem os mesmos problemas do que a convencional. Portugal está próximo desta realidade, porque é difícil conviver com a pressão do mercado".

Já o especialista em marketing agroalimentar Rui Rosa Dias acredita que, "com uma estratégia séria, a agricultura biológica, mesmo em pequenos volumes, teria espaço para crescer e medir forças com os grandes operadores, que têm o poder de manipular os mercados".