sábado, 6 de maio de 2017

Balança Comercial do azeite Atinge os 170 Milhões de euros de excedente

Comunicado


Luís Vieira, Secretário de Estado da Agricultura, presidiu hoje à Sessão de Abertura do Congresso Nacional do Azeite, em Valpaços, onde destacou a performance notável do setor do azeite em Portugal nos últimos 10 anos: "Na última década, Portugal quadruplicou a produção de azeite e triplicou o volume de exportações, com um excedente da balança comercial no valor de 170 milhões de euros em 2016", sublinhou Luís Vieira, acrescentando que "passámos de importadores líquidos, com um défice de 50 milhões de euros em 2008, para um excedente da balança comercial, o que é notável".

Portugal é agora o 7.º produtor mundial de azeite, ocupando o 4.º lugar entre os países exportadores. "O valor global da exportação de azeite atingiu os 434 milhões de euros em 2016", anunciou o Secretário de Estado. Luís Vieira destacou que "o setor do azeite, que muitos consideravam não ter futuro, demonstrou - pela resiliência dos nossos olivicultores e empresários - que é possível inverter uma tendência de declínio, colocando-se na última década num patamar de reconhecida notoriedade".

Luís Vieira, considera que "este percurso deve-se à conjugação de um conjunto de fatores que mudaram o panorama do setor: novas áreas de regadio, sobretudo na região de Alqueva, investimento inovador e qualificado em pomares modernos, mais produtivos e com um perfil tecnológico elevado. Neste cenário, estima-se que a produção de azeite possa atingir, até 2020, as 120.000 toneladas, resultante, em larga medida, da entrada em produção de novos olivais", acrescentou o Secretário de Estado.

Luís Vieira lembrou ainda que "os instrumentos de política de apoio ao investimento têm tido um papel relevante neste processo". Entre 2007 e 2014, o PRODER apoiou 4.000 projetos de investimentos, que envolveram um montante global de 700 milhões, a que correspondeu um apoio público de 290 milhões de euros. Nestes valores, Luís Vieira "destaca os projetos promovidos por 1500 jovens agricultores, com um investimento associado de 130 milhões de euros e apoios públicos da ordem dos 95 milhões de euros. Um sinal evidente de transformação estrutural da agricultura portuguesa".

Esta tendência mantem-se no PDR 2020 que, após um período de estagnação, já aprovou 559 projetos de investimento na produção e transformação, que ascendem a 159 milhões de euros, a que corresponde um apoio público de 59 milhões de euros.
Luís Vieira instou o setor a continuar este caminho de sucesso, investindo na inovação e na qualidade diferenciada, tirando partido das condições únicas existentes nas novas áreas de regadio e aproveitando as oportunidades de um mercado mundial em crescimento, expressão do reconhecimento generalizado do contributo do azeite para uma alimentação saudável.

Lisboa, 05 de maio de 2017

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Andamos a temperar a comida com sal que tem microplásticosa


Estudo analisou 17 amostras de sal de mesa vendido em oito países (incluindo Portugal) e confirmou contaminação com microplásticos. Uma das três amostras portuguesas testadas atingiu o máximo observado com dez microplásticos por quilo de sal.

ANDREA CUNHA FREITAS 5 de Maio de 2017, 6:45 Partilhar notícia

 Três das amostras analisadas eram portuguesas e são marcas que são actualmente comercializadas Foto
Três das amostras analisadas eram portuguesas e são marcas que são actualmente comercializadas NELSON GARRIDO
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Sim, é verdade, andamos a temperar a nossa comida com microplásticos. Mas, calma, não é (ainda) caso para alarme. Uma equipa de cientistas procurou minúsculas partículas de plástico em 17 marcas de sal vendidas em oito países, incluindo Portugal. A maioria estava contaminada mas com doses baixas, que dificilmente têm qualquer efeito imediato na saúde dos consumidores. O problema é que estas "microbombas" estarão em muitos outros produtos que vêm do mar (e não só).

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"Os plásticos são o lobo mau do século XXI", avisa Ali Karami, investigador na Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde da Universidade Putra, na Malásia, e principal autor do artigo publicado na revista Scientific Reports, do mesmo grupo da revista Nature. O processo é simples. Todos os anos despejamos entre cinco e 13 milhões de toneladas de plásticos para os oceanos. A luz solar e a água desfazem este lixo até às mais minúsculas partículas. Quando têm menos de cinco milímetros são chamados "microplásticos". Fazem, por isso, parte da dieta de muitas espécies marinhas, desde o zooplâncton (que serve de alimento a outros animais) até às baleias. A este ingrediente que envenena o mar, o homem conseguiu juntar ainda outros como as microesferas plásticas, que estão em muitos produtos de higiene e cosmética (pasta de dentes, champô, gel de banho ou detergentes) e que, depois do esgoto, também acabam nos oceanos. Mas, tal como na história do feitiço que se volta contra o feiticeiro, há uma parte do plástico que despejamos no mar que estará a voltar para nós, em pedacinhos minúsculos, em tudo o que retiramos de lá. Incluindo, como prova este estudo, o sal.

Um oceano de plástico

E, aparentemente, o plástico que regressa será ainda pior do que o que deitamos ao lixo. "Os plásticos funcionam como esponjas e, por isso, conseguem absorver um elevado volume de contaminantes da água onde estão. Como normalmente ficam na água durante bastante tempo, existe a oportunidade para absorverem uma quantidade significativa de poluentes", explica Ali Karami.

O cientista fala em "microbombas". "Os microplásticos podem libertar poluentes no nosso organismo que, a longo prazo, podem provocar problemas de saúde. Por isso, dizemos que são microbombas", explica o investigador, em resposta ao PÚBLICO, sublinhando que o perigo não será muito elevado tendo em conta o reduzido tamanho destas partículas. Assim, conclui, "apenas o consumo contínuo e a longo prazo de produtos com microplásticos será motivo para preocupação". Infelizmente, presume-se, que seja precisamente isso que esteja a acontecer. "Estamos a consumir microplásticos em vários produtos, incluindo marisco, mel e até cerveja. Assim, o sal não é o único culpado", avisa Ali Karami. 

O que o estudo liderado por investigadores na Malásia, com a colaboração de cientistas em França e no Reino Unido, fez foi, precisamente, confirmar que o sal é um das boleias que o plástico apanha para fazer a viagem de regresso até nós. Como? Procuraram microplásticos em 17 marcas de sal à venda na Austrália, França, Irão, Japão, Malásia, Nova Zelândia e África do Sul. "Os microplásticos só estavam ausentes numa das marcas, enquanto as outras continham entre um a dez microplásticos por quilo de sal", referem no artigo. Três das amostras analisadas eram portuguesas e são marcas que são actualmente comercializadas.

A análise foi particularmente cuidadosa se tivermos em conta que os cientistas só procuraram microplásticos até um milímetro de tamanho (a regra mais comum e geral é considerar as partículas com menos de cinco milímetros). Além de microplásticos, foram encontradas outras coisas no sal. Assim, das 72 partículas extraídas de todas as amostras, 41,6% eram polímeros plásticos, 23,6% eram pigmentos (associados muitas vezes a aditivos colocados nos plásticos), 5,5% eram carbono livre e 29,1% ficaram por identificar.


Num dos gráficos do artigo, encontra-se informação mais detalhada sobre as análises às diferentes amostras. Uma das três marcas portuguesas analisadas destaca-se pelos piores motivos, alcançando o máximo registado de dez partículas de microplásticos (nylon, polipropileno, polietileno, entre outros) por quilo de sal. As outras duas marcas não continham qualquer partícula de polímeros plásticos mas, em compensação, tinham partículas de diversos pigmentos.

Em resposta ao PÚBLICO, Ali Karami refere ainda que a possibilidade de contaminação das amostras pelas embalagens (algumas delas eram de plástico) foi tida em conta e descartada. "Assegurámos que a fonte dos microplásticos na amostra do sal não era a embalagem", confirma. No artigo, os cientistas acrescentam que o facto de alguns dos fragmentos encontrados estarem já bastante degradados indica que já se encontravam há muito tempo no ambiente.

"Estão em todo o lado"
"É preocupante saber que o sal, um ingrediente que se usa com muita frequência na alimentação, pode estar contaminado com microplásticos. Mas se estou surpreendida com isso? Não, não estou nada surpreendida com isso. Tenho a certeza que encontraremos o mesmo tipo de compostos e partículas noutros produtos alimentares que nunca foram analisados", reage Paula Sobral, professora na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa que coordenou o projecto Poizon, dedicado à investigação sobre microplásticos nos oceanos. "Este estudo confirma que os microplásticos estão em todo o lado. São coisas que não vemos mas existem", diz, juntando ainda a esta fotografia "todas as fibras sintéticas que se desprendem todos os dias para o meio aquático e não só". "Basta olhar para um raio de sol a entrar por uma janela para ver uma data de partículas suspensa, muitas são microfibras sintéticas", acrescenta.

A investigadora nota, no entanto, que sobre a investigação científica nesta área está ainda numa fase inicial e com muitas incertezas e que falta, por exemplo, fazer uma cuidadosa análise de risco sobre os microplásticos. "Não temos nenhuma bitola. Não sabemos até que ponto é que há um risco ou não", afirma ao PÚBLICO, defendendo que o que podemos dizer, para já, é que "existe um perigo potencial".

Por outro lado, acrescenta, há muito plástico no mar mas também em terra. "O plástico afirmou-se com algo de imprescindível e essencial no nosso quotidiano e, para nós, ainda representa mais uma conveniência do que um perigo", diz, esclarecendo que não existe qualquer legislação específica sobre os microplásticos.

Os autores do estudo defendem que as quantidades de microplásticos encontradas no sal (de Portugal e dos outros países) não são suficientes para ter qualquer tipo de impacto na saúde. Até porque, adiantam, o consumo máximo de partículas antropogénicas (que resultam da actividade do homem) para um indivíduo estará em 37 partículas por ano. Porém, a verdade é que ainda não se sabe muito sobre os microplásticos. Nem sobre as possíveis fontes, as quantidades que "entram" em alguns produtos ou o mal que nos podem fazer à saúde.


"Os estudos em microplásticos estão numa fase muito inicial", concorda Ali Karami, que acrescenta: "Ainda não sabemos quantos outros produtos estão contaminados com microplásticos, mas acreditamos que a maioria dos produtos que vêm do mar provavelmente tem. Por isso, os microplásticos no sal serão apenas uma minúscula parte da orquestra." Antes deste estudo apenas tinha sido publicado (em 2015) um outro trabalho por investigadores na China, mas que apenas dizia respeito às análises de sal da China, comprovando a sua contaminação com microplásticos. Agora, foi analisado sal de várias partes do mundo que confirma um efeito a nível global.

Portanto, o investigador revela que encontraram microplásticos no sal, ao mesmo tempo diz-nos que isso (por si só) não nos fará mal mas logo a seguir acrescenta que o mais provável é que os microplásticos estejam em muitos outros produtos. O que, no final das contas e ao fim de algum tempo, nos poderá fazer mal. Perante isto, o que fazer?

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É preciso saber mais sobre este problema para conseguir uma imagem mais completa, acredita Ali Karami. "Estamos a fazer vários estudos, cujos resultados ainda não foram publicados, e encontrámos microplásticos noutros produtos que vêm do mar. Infelizmente, a maioria dos produtos que testámos também está contaminada", adianta ao PÚBLICO, concluindo que "o nosso planeta está a ser silenciosamente conquistado por estas microbombas". Mais: "Se os microplásticos estão nestes produtos, isso significa que é impossível removê-los porque são tão minúsculos e tão numerosos." Então, mais uma vez, o que fazer? "As autoridades de saúde devem começar a monitorizar regularmente a presença destas microbombas. E, além disso, devem ser estabelecidas novas regras para garantir a segurança dos consumidores, assegurando que os produtos não contêm microplásticos." Isso quer dizer que, nesse futuro com regras, a amostra portuguesa que continha dez partículas de microplásticos por quilo de sal deveria ser retirada do mercado? "Possivelmente, sim", responde o investigador.

A maioria das pessoas não sabe que pode estar a ingerir plástico na comida, admite Ali Karami que também acredita que os próprios produtores de sal, neste caso, desconhecem esta realidade. E, insiste o cientista, é preciso frisar que o sal não será seguramente a única fonte de microplásticos na nossa dieta.

A verdade é que a culpa não é do sal, nem de qualquer outra boleia que o plástico poderá estar a aproveitar para entrar nos nossos organismos e, potencialmente, prejudicar a nossa saúde. A culpa é mesmo toda nossa. Afinal, quem é que levou o plástico para os nossos oceanos?

Candidaturas a apoios agrícolas da UE ainda duram mais um mês



Agricultores têm até 15 de junho para se candidatarem
2017-05-04 13:08 / VC


 A Comissão Europeia decidiu prolongar por um mês, e até 15 de junho, o prazo para os agricultores se candidatarem às ajudas diretas da União Europeia, no âmbito da Política Agrícola Comum.

Pelo terceiro ano consecutivo, os Estados-membros que o desejarem podem prolongar a data limite de apresentação das candidaturas – que terminava no dia 15 – até 15 de junho.

Esta margem de flexibilidade deverá poder permitir a todos os agricultores da UE a apresentação do seu pedido para receberem, tal como têm direito, as ajudas ao rendimento da PAC".

 A informação foi prestada pelo comissário europeu para a Agricultura, Phil Hogan.

Anualmente, os agricultores da UE apresentam os pedidos para receber ajudas diretas da PAC. Os processos tratados pelas autoridades nacionais que procedem, depois de feitos os controlos necessários, ao pagamento das ajudas e que a Comissão Europeia reembolsa.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Só chuva de maio é capaz de salvar a agricultura



GONÇALO VILLAVERDE/GLOBAL IMAGENS


O abril mais quente em 86 anos. Campos agrícolas estão secos e há produções em risco. Chuva é urgente para encher as barragens

As pastagens estão secas e o gado vai começar a ser alimentado à mão já em maio, enquanto a tiragem de cortiça terá de ser antecipada e concluída um mês antes. Já os cereais de sequeiro, tanto de outono/inverno como de primavera/verão, têm quebra anunciada para este ano faltando apurar a extensão do prejuízo, pendente da chuva que possa cair nas próximas duas a três semanas. Eis o resultado do terceiro ano consecutivo de seca generalizada, agravado com o abril mais quente dos últimos 86 anos e a onda de calor. O que faz com que o País esteja com 96% do território em "seca meteorológica".

"O girassol será dos mais afetados. Ainda não choveu nada e isso é fatal para esta produção", alerta Francisco Palma, da Associação de Agricultores de Beja, acrescentando que as pequenas barragens e charcas que não são abrangidas pelos 120 mil hectares de rega do perímetro de Alqueva estão à míngua. "Há 200 mil hectares de sequeiro que estão afetados no Alentejo onde se inclui cevada, trigo, girassol e aveia", contabiliza, alertando que uma boa parte do milhão e seiscentos mil hectares destinados à pastagem também já começam a sentir o efeito da falta de chuva, ficando os produtores de gado condicionados a comprarem alimento para os animais.

António Gonçalves Ferreira, presidente da União da Floresta Mediterrânica, alarga o problema às zonas do interior de Norte a Sul. "O solo é o primeiro a secar e os campos estão completamente secos como se já fosse final de junho. As árvores estão a adaptar-se à falta de água, pelo que se não chover em maio antecipam a paragem vegetativa", explica o dirigente.

Quer isto dizer que, no caso do montado, a tiragem de cortiça terá que começar mais cedo - pelo menos uma semana - mas terminar um mês antes do normal. Seria em agosto, mas terá de ser em julho. As serras de Grândola, Portel e Algarve são as "zonas mais críticas, por exibirem solos com condições mais extremas", justifica, admitindo que os produtores serão prejudicados pelo impacto que uma operação mais célere implica ao nível do stress da árvore. "Demora mais a recuperar. Em lugar de voltar a dar cortiça em nove anos, pode demorar dez", exemplifica o dirigente, que não augura melhorias perante a previsão do tempo para os próximos dias.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê alguma chuva apenas para amanhã, tratando-se de uma precipitação que deverá representar "muito pouco" face à escassez de água que percorre o país. Fátima Espírito Santo, do IPMA, admite que o cenário é preocupante, apesar de Portugal ainda se encontrar apenas em "seca meteorológica fraca a moderada" em 96% do território. O problema é que este índice serve apenas para medir o que chove e não as necessidades agrícolas ou a falta de água nas barragens e aquíferos. "Se houvesse boas reservas nas barragens hoje não haveria seca, mas como os recursos hídricos são finitos acaba por falta água. O grave é que estamos em maio e depois vem o verão que vai agravar tudo isto", aponta a técnica do IPMA, alertando que o vento que se juntou às temperaturas altas de abril "acelerou a evaporação".

terça-feira, 2 de maio de 2017

Luís Sottomayor: “Nem o Barca Velha é um vinho perfeito”


02.05.2017 às 14h06

O enólogo, responsável pelos vinhos da Sogrape no Douro, acaba de mudar a história do Barca Velha. Declara legítimo o rótulo de 1955, reconhecendo que, afinal, existem 19 colheitas do mítico vinho. A última recebeu agora a mais importante pontuação alguma vez atribuída a um tinto português

ANA SOFIA FONSECA

D.R.
A história do Barca Velha mudou esta semana?
Mudou. Há uns tempos que sabíamos de uma garrafa de 1955, um ano de que nunca tínhamos ouvido falar. Com a confirmação que a tal garrafa mistério é verdadeira, reconhecemos que há mais uma colheita de Barca Velha. Em 65 anos de vida, o vinho tem afinal 19 edições.

Está então resolvido o mistério da garrafa de 55?
A existência desse ano está, mas continuamos a pesquisa. Apareceram algumas saídas de garrafas, não percebemos como é que não entrou no circuito comercial.

Como é que se explica não ter sido declarado Barca Velha?
Não há explicação, continuamos a pesquisar. Suponho que o senhor Fernando Nicolau de Almeida [criador do Barca Velha] não o tenha feito por se tratar de uma quantidade muito pequena.

Há duas semanas achava que 1955 não era Barca Velha. O que é que o fez mudar de ideias?
Nessa altura, tinham aparecido alguns registos de saída de vinho de 1955, mas com uma característica — nenhuma venda, só ofertas para amigos e administradores da empresa. Um registo para o embaixador António Pinto Mesquita, na Noruega; outro para um jantar de beneficência na Granja; outro para o engenheiro Jorge Ferreira e um para D. Jaime Olazabal. O facto de não haver vendas fez-me pensar que ele engarrafara e pusera rótulo, mas que à última hora verificara que não estava no patamar de excelência do Barca Velha. Parecia ser um predecessor do Reserva Especial [designação criada em 1960 para o vinho feito para Barca Velha mas que não atinge a qualidade exigida]. Agora, apareceram vendas, ainda que poucas, e isso muda tudo.

A colheita de 1955 faz lembrar o filho desconhecido que acaba registado.
Sim, aqueles filhos que aparecem à hora da morte e recebem o nome. É estranho nunca se ter ouvido falar deste vinho e agora aparecerem garrafas. Devíamos ter começado a procurar quando apareceram as primeiras, mas pensou-se que era impossível, só quando surgiram mais é que iniciámos uma pesquisa exaustiva. São tantas folhas, tantos documentos...

Em 65 anos há mesmo 19 colheitas?
Sim, passam a 19. São surpresas que vão aparecendo...

E podem aparecer mais?
Espero que não, mas depois desta saga com 1955, já não digo nada. Para nós, foi uma surpresa enorme.

Terá a qualidade dos restantes, dos declarados?
Para ser Barca Velha tinha de ter qualidade. O mais antigo que provei foi o 57. Bebi-o há 10 anos e estava extraordinário. As garrafas que encontrámos de 55 estavam muito em falta, não dão para prova. Mas conhecendo o senhor Nicolau de Almeida, não acredito que fosse brincar com o Barca Velha.

Cem pontos. Como é que recebeu a notícia da classificação atribuída pela "Wine Enthusiast", uma das mais prestigiadas revistas da especialidade?
É ótimo! Mas, sinceramente, depois do Barca Velha 2004 ter recebido 99 pontos, tinha a secreta esperança de que fosse possível. O 2008 é ainda mais completo.

Porque é que o considera o mais misterioso?
Não é um vinho para toda a gente, mas um provador que se demore a olhá-lo e a apreciá-lo vai perceber a qualidade. O Roger Ross recebeu uma garrafa e, ao invés de a classificar, pediu outra. Isso deu-me mais esperança, é um vinho que precisa que fiquemos a conversar com ele.

É o único enólogo português com um vinho não fortificado classificado com 100 pontos na "Wine Enthusiast".
Mas não é para isso que vivo.

Vive para quê?
Até há uns anos, era facílimo o Barca Velha ser espetacular. Hoje não é, há milhares de vinhos do Douro espantosos. O meu maior desafio é manter o perfil do Barca Velha e conseguir que esteja ao nível dos melhores do mundo.

Como é que soube dos 100 pontos?
Recebi uma mensagem do Fernando Guedes [CEO da Sogrape], que estava na Nova Zelândia, a dizer parabéns. Ao princípio não percebi, ninguém fazia anos...

A quem contou primeiro?
Ia a caminho do trabalho, contei às pessoas com quem trabalho que são quem se empenha no vinho, os que estão comigo na sala de provas e aos que tratam da viticultura. Ainda estava sob embargo, por isso não pude fazer a festa que gostaria.

O que é que representa esta classificação?
É mais uma preocupação! O anterior teve 99 pontos, ainda havia margem para melhorar. E agora? Vamos ter de ser mais exigentes com o vinho e com a declaração. Vai haver mais medo, a responsabilidade é enorme. Se o próximo tiver 98, não ficaremos contentes...

O que é um vinho perfeito?
Felizmente, ainda não existe. Nem o Barca Velha que teve 100 pontos é um vinho perfeito. Ainda bem, senão fechávamos a porta.

Tem esperança de conseguir 100 pontos noutras publicações?
Ainda não saíram as pontuações, vamos ver.

Anda há 28 anos a fazer vinhos. Qual foi o pior e o melhor momento?
O pior foi a vindima de 93.

Para toda a gente que andava no Douro.
Nem Esteva fizemos! A única coisa boa desse ano foi o nascimento do meu filho mais velho.

E o melhor?
Há tantos marcos importantes... O Papa Figos ultrapassar um milhão de garrafas foi fortíssimo, por exemplo.

Como é que vê o futuro do vinho português?
Depois destes 100 pontos, acredito que é ainda mais promissor. Sou suspeito, mas acho que o Barca Velha continua a ser o grande vinho português, mas há vinhos que estão muito próximos dessa qualidade em diferentes regiões, por isso, o futuro só pode ser bom. Em qualidade e nunca em quantidade, claro.

E o seu futuro?
Tenho mais 15 anos até à reforma, espero ainda fazer muitos vinhos.

Qual é o vinho que lhe falta fazer?
No Douro, ainda podemos fazer um Barca Velha dos brancos. Também falta um colheita tardia e um espumante.

A maior parte das pessoas nunca provou Barca Velha. Como é que lhes apresentaria o vinho?
Pensem numa pessoa por quem tenham respeito e consideração. Alguém a quem reconheçam carácter, personalidade e, ao mesmo tempo, sentimentos. É assim o Barca Velha.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Ameaça de seca extrema põe em risco milhões na agricultura


"Está o ambiente perfeito para uma seca aguda", diz um agricultor de Castro Verde. Especialistas em ciências agrárias admitem que "tudo pode correr mal" se não chover abundantemente nas próximas semanas.
CARLOS DIAS 29 de Abril de 2017, 6:21

O mundo agrícola aguardava com expectativa que as previsões de chuva feitas em Abril trouxessem alguma precipitação para atenuar os efeitos do tempo seco e dos ventos fortes que se mantêm há várias semanas por todo o país. Mas o clima persiste em manter-se adverso e ameaça assim continuar durante Maio, aumentando a probabilidade de uma estação seca "sem precedentes, com seis meses de calor, baixa humidade relativa e precipitação zero", admitiu ao PÚBLICO Carlos Aguiar, docente na Escola Superior Agrária de Bragança. A análise que faz diz-lhe que em grande parte do país "há um risco real de se perder tudo", sobretudo nas regiões de solos muito delgados, onde os cereais plantados dificilmente serão recuperados.

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No Sul, após "três anos consecutivos de seca", a maioria das albufeiras da região registam "valores críticos de armazenamento" reconhece a Federação Nacional de Rega (Fenareg).

Num comunicado divulgado nesta sexta-feira, a federação alerta para as dificuldades que as associações de regantes estão a viver, precisamente "num momento-chave para a campanha de rega" das culturas Primavera/Verão. "Os volumes armazenados nas albufeiras não poderão dar resposta às necessidades" em quase todo o país. Mas é no Alentejo, a suportar o "terceiro ano consecutivo de fraca precipitação" e quando as previsões meteorológicas não são positivas, que a "preocupação é máxima" pelo que possa vir a acontecer nos próximos meses.

Os regantes já questionaram a Agência Portuguesa do Ambiente sobre a activação da Comissão de Gestão de Albufeiras e da Comissão de Acompanhamento da Seca. E vão solicitar ao Ministério da Agricultura a aplicação de "medidas excepcionais" para viabilizar o reforço de água nas albufeiras que têm ligação a Alqueva para "minimizar os efeitos da seca" nesses perímetros de rega.

É na região do Campo Branco, território que se estende pelos concelhos de Castro Verde, Mértola, Almodôvar e Aljustrel, que os efeitos do tempo seco e escassez de chuva mais se fazem sentir. "Estamos a ser confrontados com altas temperaturas do ar e vento seco e forte", salientou ao PÚBLICO José da Luz, presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), situando a maior debilidade nas culturas de forragens e pastagens que "serão afectadas se entretanto não houver precipitação". O agricultor que já suportou as contrariedades de sucessivas secas ao longo das últimas três décadas, admite que "está o ambiente perfeito para uma seca aguda".

Falta de água
As consequências são imediatas. "Receamos estar confrontados com falta de água a do final deste mês, precisamente numa altura em que os animais consomem muito mais líquidos", disse, sublinhando que até o abastecimento de água às populações de Castro Verde, Ourique e Almodôvar está posto em causa. "É muito grave o panorama a curto prazo", assegura, referindo-se "à má qualidade e pouca quantidade da água" na albufeira do Monte da Rocha, que "já deveria ter sido contemplado como uma extensão a partir do Alqueva ou da barragem de Santa Clara", advoga.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) já veio confirmar que no período de 17 de Abril a 14 de Maio estão previstos, para todo o território nacional, valores de precipitação "abaixo do normal". E as temperaturas também têm andado muito acima do normal. 

A primeira quinzena de Abril também se caracterizou por "valores altos de temperatura máxima, muito superiores aos valores normais para este mês". Nos dias 10 e 11 de Abril os valores de temperatura máxima superiores a 25ºC (dias de verão) observaram-se em cerca de "85% do território nacional", acentua o IPMA. Os maiores valores diários da temperatura máxima do ar foram registados no dia 11 de Abril em Mora como 32,5 ºC e Rio Maior 32,3ºC. 

E até "as gotinhas de chuva que caíram há uns dias não significaram nada", observa Carlos Aguiar. O vento que entretanto se fez sentir depressa anulou o grau de humidade que a fraca precipitação possa ter gerado. Para que as reservas de água de superfície fossem minimamente recuperadas, teria de chover abundantemente durante, pelo menos, uma semana.

Referindo-se ao estado do tempo actual e ao dos próximos meses, o docente acredita que se está "num momento-chave em que tudo pode ocorrer francamente mal". E mesmo que haja precipitação em Maio "não vem resolver o problema dos cereais por estes já se encontrarem em stress hídrico". Carlos Aguiar adverte que "até nos solos de maior profundidade, se não chover, abundantemente, nos próximos 10 dias, as culturas que ali ocorram serão inevitavelmente afectadas".

Perda de rendimento
E o que é que pode acontecer se a escassez ou ausência de precipitação se mantiver? Segundo Francisco Mondragão Rodrigues, professor na Escola Superior Agrária de Elvas, "dá-se o encolhimento da espiga, os grãos não enchem e temos trigos de má qualidade que irão para lotes destinados à produção forrageira, que são mais mal pagos".

Os lotes de cereais de melhor qualidade são destinados à panificação e vendidos a 220 euros a tonelada, enquanto o cereal forrageiro não passa dos 120 euros a tonelada. Por outro lado, como o grão de trigo de menor qualidade tem menos volume, pesa menos e esta condição acaba por se reflectir no resultado final. O que leva a que os agricultores tenham pela frente um ano de penúria. As consequências da falta de água "são extensivas ao milho, e a outras culturas hortícolas como o melão, o pimento, o tomate, etc", assinala Mondragão Rodrigues, referindo-se àquelas que dependem de barragens com volumes de armazenamento abaixo do normal, o que poderá obrigar ao rateio de água.

Muitas das albufeiras que servem de suporte aos perímetros de rega também abastecem as populações mas quando se verificam situações de escassez, a prioridade é o abastecimento público, elucida o docente de Elvas, corroborando o que diz o seu colega de Bragança: "O cenário não é nada tranquilizador. Se não chover em Maio, as culturas de cereais, as oleaginosas, o olival e o amendoal de sequeiro, serão afectadas, mesmo aquelas que são abastecidas a partir de furos ou poços".

"E custa-me a crer que chova nesta altura do ano o que deveria ter chovido antes. Duvido que tal aconteça", vaticina Mondragão Rodrigues, deixando um alerta: A escassez de humidade no solo tem ainda reflexo na criação de condições ideais para a ocorrência de incêndios. A vegetação está seca e não há humidade no ar "e ainda por cima há vento forte que retira do solo e da vegetação a pouca humidade que ainda possa ter".

Carlos Aguiar descreve o momento crítico: "Nos solos mais delgados, o centeio já está a secar sem espigar e o trevo subterrâneo sem produzir sementes. No ano passado, as árvores dos bosques, os castanheiros e as amendoeiras de sequeiro terminaram o ciclo vegetativo em stress (a queda da folha foi antecipada) porque esgotaram a água das camadas mais profundas do solo que as sustenta na estação seca. Esta água não foi reposta. Para rega, será pouca e racionada, insuficiente para abeberar milhões de turistas, vacas e alfaces. Estão em risco milhões de árvores, milhões de euros em plantações, milhões de euros de exportações. Há planos de contingência? Esperemos que chova..."

Governo vai criar comissão
O ministro da Agricultura Capoulas Santos já reagiu às preocupações dos agricultores. Na quinta-feira, na cerimónia inaugural da Ovibeja, reconheceu que o país atravessa "um contexto algo paradoxal": por um lado realça-se a vitalidade do sector agrícola que atravessa "um bom momento" mas, em simultâneo, subsiste "grande apreensão face aos sinais que se avolumam de uma seca".

Capoulas recordou os "terríveis" anos de seca que são cíclicos no Alentejo, cujos consequências a memória dos mais velhos recorda, mas "faltava o Alqueva para resolver o problema". Agora, "o Alqueva, felizmente, existe e os problemas estão muito atenuados face àquilo que era a realidade anterior", salientou.

Mesmo assim, anunciou que o Governo está atento e vai criar a "muito curto prazo" uma equipa interministerial para acompanhar a evolução da situação de seca em Portugal e equacionar medidas que se revelarem necessárias tomar.

As preocupações evidenciadas pelo ministro da Agricultura também estiveram patentes na intervenção de Rui Garrido, presidente da Associação de Criadores de Ovinos do Sul, que organiza a Ovibeja. "Começam a ficar comprometidas as pastagens e as culturas arvenses de sequeiro", alertou o dirigente, chamando a atenção para os baixos níveis de armazenamento de águas "nas barragens públicas e privadas fora do perímetro do Alqueva". Rui Garrido disse que os agricultores, sobretudo aqueles que se dedicam à pecuária, estão apreensivos sobre o que vai acontecer relativamente "às reservas hídricas para abeberamento dos efectivos pecuários".

Quando a água é pouca, rateia-se

Apesar da capacidade de armazenamento da barragem do Alqueva garantir o fornecimento de água para rega durante quatro anos de seca sucessiva, as associações de regantes que não foram abrangidas pela concessão da rede secundária de rega que o Governo atribuiu à EDIA em 2013 evitaram sempre requisitá-la alegando que o seu custo era incomportável.
A precipitação sempre ia deixando o volume de água adequado às necessidades dos agricultores até que o tempo seco e a fraca pluviosidade foram esvaziando as albufeiras que dão suporte ao regadio nos blocos de rega do Roxo, Odivelas, Campilhas e Alto Sado, Veiros, Fonte Serne, Monte da Rocha, Vigia, Pego do Altar e Vale do Gaio. A única alternativa está, agora, nos caudais a partir do Alqueva.
Mesmo assim, há quem resista em requisitar água à EDIA, como é o caso da Associação de Beneficiários da Obra de Rega de Odivelas (ABORO) sedeada em Ferreira do Alentejo. Nem a publicação do novo tarifário que oficializa uma baixa nos preços da água entre os 20 e os 33 cêntimos tornou o acesso aos débitos do Alqueva mais atractivos.
Na última assembleia geral da ABORO, os agricultores da associação decidiram ratear a água disponível para não recorrer a fornecimentos vindos do Alqueva. "Temos um volume de 4 milhões de água disponível na albufeira de Odivelas e 25 milhões na albufeira do Alvito", adiantou ao PÚBLICO Manuel Canilhas Reis, presidente da associação. Ficam a faltar cerca de 11 milhões de metros cúbicos para perfazer os 40 milhões necessários para suprir as necessidades de rega. 
Esta situação decorre da aplicação do novo tarifário de água para rega que implica um aumento "muito significativo" da que é vendida pela EDIA às associações de regantes. Ao preço definido no novo tarifário tem de se adicionar o preço que as associações têm de cobrar aos associados pelos encargos na gestão do sistema de rega. No caso da ABORO, os agricultores ficariam a pagar 5,14 cêntimos por metro cúbico de água, muito superior ao praticado pela EDIA que é de 3,2 cêntimos.
Uma situação confirmada também por António Parreira, presidente da Associação de Beneficiários de Rega do Roxo (ABROXO). Neste caso, a água é vendida a 2,8 cêntimos o metro cúbico. "Se acrescermos os 3 cêntimos que temos de pagar pela água do Alqueva, então a água chega ao agricultor a 5,8 cêntimos o metro cúbico".
O problema é que 7 milhões de metros cúbicos actualmente disponíveis no Roxo não dá para o ano agrícola, que consome uma média de 30 milhões. "Há aqui uma desigualdade entre agricultores", refere António Parreira, defendendo um preço de água "compatível" com as culturas.
Considerando que, quer os aproveitamentos hidroagrícolas geridos pelas associações de regantes quer os que estão concessionados à EDIA, são propriedade do Estado e estão no mesmo território, "não se vislumbra igualdade nas condições oferecidas a uns e a outros agricultores". Um problema se tem vindo a intensificar "em consequência dos sucessivos anos de seca", concluiu o presidente da Aboro.

Bacia do Sado continua a apresentar níveis críticos 
Nas 61 barragens que integram a rede nacional dos recursos hídricos, do Instituto da Água (INAG), apenas 6 apresentavam no início de Abril, cota máxima (100%). Contudo as suas albufeiras têm baixos volumes de armazenamento, que, no seu conjunto não chegam aos 50 mil metros cúbicos.

A norte do rio Tejo, 17 albufeiras tinham um volume de água superior aos 80%, 9 armazenam entre 50% e 80% da sua capacidade máxima e apenas 4 tinham uma reserva inferior a 50%.

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A sul do Tejo, 11 albufeiras apresentavam um nível de armazenamento superior a 80%, em 9 encontrava-se entre os 50 e os 80% e 11 tinham uma reserva de água abaixo dos 50%.

Cinco barragens - todas na bacia do Sado – estão com níveis críticos de armazenamento: Pego do Altar 34,2%, Odivelas 32%, Divor 28,4%, Monte da Rocha 20% e Roxo 16,6%. A barragem do Alqueva está com cerca de 80% da sua capacidade máxima de enchimento (3.322 hectómetros cúbicos).

No final de Março as 61 barragens sob gestão do INAG, tinham 7.995 mil hectómetros cúbicos armazenados, quando a sua capacidade máxima é de 10.937 mil hectómetros cúbicos.

CDS-PP pede presença urgente do ministro da Agricultura no Parlamento


30 DE ABRIL DE 2017 - 19:28

O CDS-PP anunciou que requereu a presença urgente do ministro da Agricultura, Capoulas Santos, no Parlamento para esclarecer as medidas de mitigação dos impactos da seca na agricultura.


Num requerimento entregue na Assembleia da República, o grupo parlamentar do CDS-PP pede uma audição de Capoulas Santos na Comissão de Agricultura e Mar, uma vez que considera "urgente a implementação de medidas de apoio aos agricultores".

O ministro da Agricultura anunciou, na semana passada, que iria constituir uma comissão interministerial para "acompanhar a evolução da situação de seca em Portugal e equacionar medidas que se revelem necessárias tomar".

Nesse sentido, o CDS-PP sublinha que "é de todo o interesse perceber quais as atribuições da nova comissão", uma vez que, na sequência da seca de 2012, foi constituído um grupo de trabalho para acompanhamento e avaliação dos impactos da seca e criada uma comissão interministerial de prevenção, monitorização e acompanhamento dos efeitos da seca e das alterações climáticas para aprovar medidas urgentes.

No entanto, "não é conhecida nenhuma atuação recente desta comissão interministerial ou eventuais medidas que esteja a prever para minimizar os efeitos da seca que se avizinha", adianta.

No requerimento, o CDS-PP refere que "a fraca pluviosidade ocorrida neste outono/inverno, cujo nível se mantém abaixo do normal, está a provocar sérios prejuízos na atividade dos agricultores, quer ao nível da alimentação animal (prados, pastagens e culturas forrageiras), quer do desenvolvimento vegetativo de diversas outras culturas".

O partido indica ainda que as barragens estão com níveis de armazenamento baixo ou mesmo críticos em alguns casos e os dados disponíveis apontam para uma manutenção de ausência de precipitação significativa, o que leva à previsão do agravamento da situação, além de várias organizações já terem manifestado "enorme preocupação, nomeadamente com a falta de água para garantir a realização das culturas e com consequências ao nível da produção de pastagens suficientes para a alimentação animal.

Morreu Manuel Évora


Mai 01, 2017

Manuel Évora, presidente da Direcção da Portugal Fresh – Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal morreu no dia 30 de Abril. Manuel Évora presidia a associação do sector desde 2015.

Formado em engeharia agrícola pela Universidade de Évora, desde 2005 que era administrador Executivo do Grupo Luís Vicente.

O velório tem lugar a 1 de Maio na Basílica da Estrela, em Lisboa, a partir das 17h. No dia 2 de Maio, realiza-se o funeral em Longra, Tomar, pelas 15h.

A direcção da Frutas, Legumes e Flores manifesta o seu de pesar pelo desaparecimento desta figura emblemática do sector.