sábado, 6 de janeiro de 2018

"Vamos limpar 10 barragens até junho para aumentar as reservas"



O secretário de Estado esteve na entrega de carros elétricos às Águas de Portugal  |  ORLANDO ALMEIDA / GLOBAL IMAGENS
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Ao volante de um dos 127 carros elétricos, ontem entregues às Águas de Portugal (AdP), com financiamento do Fundo Ambiental, o secretário de Estado do Ambiente falou com o DN sobre a seca e como o país se prepara para evitar novas situações extremas como foi o abastecimento da albufeira de Fagilde, em Viseu.

Tendo em conta que a seca é já uma consequência das alterações climáticas, Carlos Martins sublinhou a importância de mudar a frota automóvel para emissões zero. Pela primeira vez ao volante de um carro elétrico, mostrou-se mais à vontade do que a gerir a passagem nas portagens da A2, entre Setúbal e a ETAR da SIMARSUL, na Quinta do Conde, Sesimbra. Fica a nota de que à parte de não se ouvir nenhum ruído do carro, não se notaram diferenças na condução.

Como está a situação de seca?

Poderemos considerar que a norte do Tejo há um certo alívio, com uma maior capacidade de reserva, graças à precipitação e com as necessidades agrícolas e de regas a ficarem reduzidas. A sul do Tejo a situação é melhor. Do ponto de vista das reservas em albufeiras, diria que a situação mantêm-se com vigilância e crítica.

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Situações como a de Fagilde estão já resolvidas?

Até abril é muito normal que a situação que estávamos a viver não volte a ter paralelo. Nessa altura vamos ter de diagnosticar qual é a reserva para o período mais seco e tomaremos decisões de outras medidas. O que pode acontecer é que até abril a precipitação acabe por estar em linha com os consumos, mas a barragem tem uma capacidade de reserva, mesmo cheia, para um período relativamente pequeno. Se ela não estiver praticamente acima dos 75% pode vir a dar problemas no final do verão.

Estão a ser estudadas alternativas para resolver a situação de Fagilde?

Através do grupo AdP, houve um trabalho técnico no sentido de encontrar alternativas em albufeiras de outros sistemas nomeadamente as Águas do Norte e as Águas do Planalto. Alternativas que do ponto de vista do financiamento, até poderiam vir a ser financiadas pelas AdP, mas para isso era necessário que os municípios decidissem aderir a uma decisão multimunicipal. No dia 10, os municípios terão uma reunião na Secretaria de Estado e vão tomar a posição que julgarem mais adequada. De qualquer maneira se optarem por serem eles a promover as obras, poderão candidatar-se - com uma solução sempre de natureza intermunicipal - a um aviso PO SEUR, que já está aberto, no valor de 75 milhões de euros, dos quais poderão vir a ter um valor entre os 20 e os 22,5 milhões de euros. Se for através das AdP, podem avançar desde já, porque as AdP têm capacidade financeira para promover algumas obras, sem prejuízo de fazer candidaturas a fundos comunitários.

Há mais casos como Fagilde?

Estamos com um calendário de várias medidas. Na próxima semana haverá reuniões com as ARH [Administração das Regiões Hidrográficas] no sentido de identificar albufeiras que ao longo dos últimos 40, 50 anos nunca foram objeto de dragagem e que têm um volume reduzido, com solos que estão no seu fundo, que pode ser dragado, aumentando a sua capacidade útil em 20 a 30%. A ideia é que possamos fazer algum desse trabalho até junho, aproveitando as albufeiras estarem com menos água, sendo mais fácil e barato. Estamos também a promover pelas ARH - até ao final do ano -, a elaboração de planos de contingência, com inventários das águas subterrâneas e dos sistemas antigos de natureza semipúblico. Estes sistemas permitiriam com uma boa manutenção, assegurar que têm qualidade para o abastecimento público e energia quando ela é precisa. Permitindo que em situações de constrangimentos noutros sistemas vir a utilizar os antigos como reforço. Através da APA [Agência Portuguesa do Ambiente] vamos realizar um plano estratégico nacional para a reutilização das águas residuais tratadas nas 50 maiores ETAR, responsáveis por tratar 80% dos caudais, vamos fazer um programa de ação, no sentido de poder durante o ano de 2019 financiar projetos para a reutilização de águas tratadas. Num primeiro período de cinco anos pretendemos atingir 10%, e nos cinco anos seguintes os 20%. Durante 2018, vais ser também aprovado um novo regulamento quer dos sistemas prediais de água, quer dos sistemas públicos que vão permitir soluções mais inovadoras, com vista a possibilitar a reutilização sem constrangimentos técnicos ou o uso de dispositivos em casa que permitam um uso mais eficiente da água. Queremos ainda, através de um aviso do PO SEUR pôr à disposição dos municípios 20 a 30 milhões de euros para o controlo de perdas...

...há a consciência que existem muitas perdas dos municípios.

E é uma constatação. Importa também dizer que essas perdas não podem ser todas imputadas a perdas físicas, porque muitas delas são perdas comerciais. Ou seja, há um conjunto que são de facto perdas físicas, de má utilização da água em determinados usos, outras são perdas em que as câmaras, entidades gestoras, acabam por prestar serviços em determinadas instalações que não dispõem ou de contadores para depois serem debitados ou o próprio sistema comercial não funciona devidamente. A não substituição regular de contadores pode induzir perdas 5 a 10%.

Com o somatório de todas estas medidas, pensamos encontrar uma capacidade de poupança que nos permita atravessar períodos críticos com maior tranquilidade. Vamos manter as campanhas de comunicação e de sensibilização para o uso eficiente por parte dos cidadãos e se cada um de nós, tiver um comportamento mais adequado a lidar com a água nas nossas casas, podemos facilmente poupar valores entre 15 a 20%, que somados no contexto nacional podem representar o adiamento de investimentos significativos que permitem com as infraestruturas já existentes ultrapassar períodos críticos.

Falou de albufeiras que não são dragadas há anos. Qual é a estimativa para o número de intervenções?

Algumas nunca foram dragadas. Já identificamos três passíveis de intervenção pela ARH Alentejo, porque essa já entregou o trabalho, as outras têm como prazo para entregar o trabalho, a próxima sexta-feira. Mas a nossa expectativa é que esse número possa andar próximo de 10 albufeiras e estamos muito motivados para, nessas, intervirmos até ao final do mês de junho.

Há razão para manter a desconfiança em relação a Espanha e o cumprimento dos caudais dos rios ibéricos?

Do ponto de vista dos caudais eles têm vindo a ser respeitados, têm vindo a ser monitorizados e muito acompanhados pela APA e, portanto, não há motivos para pensar que do ponto de vista quantitativo não há cumprimento do acordo. Há aspetos qualitativos que teremos que estar atentos, há evidências que sobretudo o fósforo apresenta valores acima daquilo que seria desejável.

Em todos os rios?

De uma maneira geral o fósforo, mercê até da difusão que resulta da atividade agrícola, acaba por ser sempre mais difícil de controlar e a sua ocorrência nas análises, mostra algum caráter crítico. Quase sempre acima daquilo que era desejável. Temos encetadas conversações, no sentido, de fazer uma reflexão em torno dos aspetos qualitativos. Para já, não há evidência que as autoridades espanholas não estejam a cumprir as disposições que regulam a relação entre os nossos dois países e, portanto, vamos manter essas conversações ao nível que julgamos adequado.

Herdade Maria da Guarda bate novo recorde de produção de azeite

 Herdade Maria da Guarda 1 / 2D.R. Virgínia Alves 05.01.2018 / 08:39 

Produção total da Herdade Maria da Guarda representa na campanha 2017/18 cerca de 2% da produção nacional. 

A Herdade Maria da Guarda bateu um novo recorde de produção, com 2 milhões de quilos de azeite, e dessa forma a campanha 2017/18 representa cerca de 2% da produção nacional, o que mantém esta a casa agrícola do Alentejo no top dos produtores portugueses. Para João Cortez de Lobão, acionista da Casa Agrícola Cortez Lobão, "num ano em que muitos setores da agricultura foram fortemente afetados pela seca, conseguimos ter uma colheita muito boa e aumentar novamente a produção de azeite na Herdade Maria da Guarda. 

Voltamos a focar-nos na exportação e notamos uma maior procura internacional, que reconhece a qualidade do nosso azeite e que não consegue produzir em quantidade suficiente". 
O azeite produzido destina-se na totalidade à exportação, tendo como principais mercados Itália – o maior exportador do mundo de azeite embalado, mas que tem registado sucessivas quebras de produção própria. Os grandes embaladores italianos têm cada vez mais vindo procurar em Portugal azeite de qualidade superior. O acionista acrescenta, que "a Olivum, de que a Herdade Maria da Guarda faz parte, deverá ter registado entre os seus associados um valor recorde superior a 250 milhões de euros de produção na presente campanha". 

E, adianta que "este é claramente um sector em crescimento que contribui fortemente para a produção agrícola nacional e consegue atrair novos talentos para o sector e criar mais emprego na região". Planta mais 120 mil oliveiras Os valores de produção desta campanha estão associados a um ciclo de investimentos efetuados pela Herdade Maria da Guarda num valor a rondar os 5 milhões de euros, consubstanciados na aquisição de mais terrenos na região; na plantação de mais 120 mil oliveiras – aumentando o olival para 1,3 milhões de oliveiras –; na aquisição de uma máquina "apanhadora cavalgante" e de dois novos tratores, para além da contratação de novos colaboradores. 

Este novo investimento "vai-nos permitir aumentar o olival, beneficiar diretamente a produtividade e a rapidez com que apanhamos a azeitona e a transportamos para o lagar, preservando a qualidade da azeitona, e aumentar a eficiência da capacidade instalação do nosso lagar", conclui João Cortez de Lobão. Também conhecido por "ouro líquido", o azeite é um dos produtos com mais qualidade produzidos em Portugal e a Herdade Maria da Guarda, pela sua dimensão, volta a ser responsável por cerca de 2% da produção nacional, reforçando assim a sua posição enquanto empresa portuguesa independente, das maiores e mais eficientes na produção de azeite. 

Em conjunto com o seu lagar, o olival produz 100% de azeite virgem extra, de qualidade superior e com acidez entre 0,2 e 0,5%. A Herdade Maria da Guarda contribui também para uma pegada ecológica positiva. As 1,3 milhões de oliveiras da Herdade Maria da Guarda produzem anualmente oito toneladas de oxigénio para o país. Cada duas oliveiras, por exemplo, limpam da atmosfera a poluição anual de um automóvel. e bate novo recorde de produção Situada no Alentejo, a Herdade Maria da Guarda beneficiada pelos canais de distribuição de água da Barragem do Alqueva e pelo tipo de olival em sebe que aumentou e está plantado ao longo de 2000 km de mangueiras de rega gota-a-gota nos seus terrenos, conseguiu obter melhorias de eficiência na presente campanha.

Primeiro-ministro defende revitalização do interior e critica fecho de serviços

"Quem defendeu e decidiu o encerramento está hoje na primeira linha da defesa da reabertura desses serviços", declarou António Costa.

LUSA 5 de Janeiro de 2018, 18:47 Partilhar notícia


O primeiro-ministro, António Costa, defendeu nesta sexta-feira, em Lisboa, a revitalização do interior do país e criticou o encerramento de serviços por anteriores governos, nomeadamente na área da Justiça.

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"Relativamente ao interior - que hoje toda a gente diz que tem de estar no centro das prioridades - convém lembrar que ainda há muito pouco tempo, as decisões que eram tomadas eram do encerramento dos serviços", disse o primeiro-ministro durante a cerimónia de apresentação das cinco carrinhas do Espaço Cidadão Móvel, que vão percorrer o país.

"Vejo com grande satisfação que mesmo quem na altura defendeu e decidiu o encerramento desses serviços está hoje na primeira linha da defesa da reabertura desses serviços", declarou António Costa. António Costa citou como "caso exemplar" o que aconteceu na área da Justiça: "Depois de uma reforma judiciária que encerrou muitos tribunais, foi possível abrir mais 20 novos juízos de proximidade, alargar o número de actos que podem ser praticados e, ao fim de um ano, podemos verificar que foram atendidas presencialmente mais de 45 mil pessoas e realizados mais de mil julgamentos" nestas instâncias.

Para o governante, os números mostram que os serviços eram efectivamente necessários. "E são necessários. E se queremos revitalizar esta zona do nosso território, a primeira condição que temos de ter é não retirar o Estado desse território", frisou.

"Quando começamos a retirar o Estado temos menos um motivo para que as pessoas possam viver nesse território. Num território onde as pessoas não vivem é um território onde não há vida e que naturalmente vai falecer", acrescentou.

As carrinhas dotadas de serviços públicos vão começar agora a circular pelo país, inicialmente pela região centro para apoiar as populações afectadas pelos incêndios. Espaço Cidadão Móvel é o nome da iniciativa, com a qual se pretende desenvolver um serviço público de proximidade, complementar aos existentes nos centros urbanos.
Os serviços disponibilizados vão desde a Segurança Social à Justiça, passando pelas Finanças, Agricultura, Infra-estruturas e Saúde. O objectivo é levar os serviços aos cidadãos, tentando responder às necessidades das populações sem que estas tenham de deslocar-se a outras sedes.

Será disponibilizada informação sobre apoios sociais às populações afectadas pelos fogos, prestações sociais atribuídas pela Segurança Social, apoios disponíveis para empresas danificadas pelo fogo e também para empregabilidade. Estes serviços visam igualmente sinalizar necessidades de acompanhamento social ou médico e emitir certidões. Há também a possibilidade de agendamento.

Será possível requisitar documentos de identificação ou pedir uma segunda via do certificado de matrícula, bem como obter informação sobre a situação dos veículos ardidos. Renovação da carta de condução, emissão do registo criminal e entrega de despesas médicas para reembolso pela ADSE são alguns dos serviços disponibilizados.

Estará disponível informação de apoio a agricultores para reposição do potencial produtivo. No local, estarão técnicos dos vários serviços, nomeadamente da Segurança Social, do Instituto de Registos e Notariado, da Direcção Regional de Agricultura e Pescas respectiva e da Agência para a Modernização Administração.

Agricultores sem conta bancária ainda não receberam verbas dos incêndios de 15 de Outubro

Uma associação de vítimas dos incêndios de 15 e 16 de Outubro acusa o Governo de ainda não ter disponibilizado o apoio de cinco mil euros a mais de 50% dos agricultores afectados. O Ministério da Agricultura diz que só falta pagar aos que não têm conta bancária.


Bruno Simões Bruno Simões brunosimoes@negocios.pt
04 de janeiro de 2018 às 19:10

Quase três meses depois dos incêndios que afectaram a região Centro a 15 e 16 de Outubro do ano passado, o Governo ainda não transferiu as verbas de apoio para "mais de 50% dos agricultores" que as solicitaram, denunciou ao final desta tarde o Movimento Associativo de Apoio às Vítimas dos Incêndios de Midões (MAAVIM), no concelho de Tábua. A associação diz ainda que "foram cortados mais de 10 milhões de euros" dos pedidos submetidos. 


O Governo, por seu turno, nega que assim seja e diz que os mais de 13.782 agricultores (65% do total) que ainda não receberam são os que não têm conta bancária. Esses agricultores vão receber por vale postal 75% da verba que lhes foi atribuída até ao próximo dia 8 de Janeiro (cinco dias úteis após a emissão). O Ministério da Agricultura diz que é "completamente alheio" a este atraso dos CTT, até porque o dinheiro deveria começar a ser entregue desde que o pagamento foi desbloqueado, no final do ano passado.
 

Em comunicado, o MAAVIM sublinha que não concorda com o apoio de cinco mil euros que foi disponibilizado como "única alternativa" pelo Governo e nota que "muitos desses agricultores tiveram dezenas de milhares de euros de prejuízos", pediram os referidos cinco mil euros e retiraram das candidaturas "árvores, animais, equipamentos, e áreas de construção". Porém, terão existido outros critérios na avaliação dos pedidos, daí terem sido cortados os referidos 10 milhões de euros.

 
Ao Negócios, o fundador do MAAVIM, Fernando Tavares Pereira, queixa-se do tecto de cinco mil euros. "As pessoas não pediram ajuda para o montante total dos seus prejuízos. Imagine que um pavilhão teve estragos que custavam oito ou 10 mil euros a reparar: as pessoas reduziram os metros quadrados para os quais pediram apoio e o Governo, em vez de pagar a 180 euros o metro quadrado, pagou a 40 ou 50 euros", denuncia, acusando o Governo, as autarquias e as CCDR de "só dificultarem a vida de quem foi afectado pelos incêndios".


Actualmente, ainda segundo o comunicado, "80 dias depois dos incêndios", as casas de primeira habitação "ainda estão sem as obras adjudicadas" e as de segunda habitação "continuam sem qualquer apoio". Adicionalmente, "as empresas estão sem os apoios prometidos e a floresta está deserta de apoios ao seu funcionamento, com a ausência de parques de recepção de biomassa e de medidas de apoio à limpeza".

 

É "quase impossível conduzir nas estradas locais sem se passar em terra ou bater em bocados de árvores espalhadas nas estradas", denuncia o referido movimento, que exige que as candidaturas sejam reabertas e que sejam abertas "imediatamente linhas de apoio para a floresta e para as habitações que não sejam de primeira habitação".

 

Governo garante que vai pagar 53,6 milhões até dia 8

Fonte oficial do Ministério da Agricultura garante ao Negócios que dos 20.629 agricultores que apresentaram candidaturas a este apoio, 6.844 já receberam o dinheiro nas suas contas bancárias. Faltam apenas os 13.782 que não têm conta no banco e vão, por isso, receber o pagamento pelo correio. No total serão entregues 53,6 milhões de euros a estes agricultores, sendo que a esmagadora maioria dos pedidos (14.604) foi para verbas entre 1.054 e 5.000 euros.


Os agricultores que pediram estes montantes de apoio receberão no imediato 75% da verba que lhes foi atribuída, com os restantes 25% a serem atribuídos após uma validação dos serviços no terreno. Os 6.025 agricultores que pediram um apoio até 1.053 euros vão receber o dinheiro na totalidade de uma só vez. A mesma fonte explica que existem valores tabelados para os bens para os quais é pedido apoio, sendo por isso "possível" que os agricultores tenham apresentado despesas que não foram aceites pelo Executivo.

Fernando Tavares Pereira, que falou com o Negócios após uma reunião com assessores do Presidente da República, reclama uma linha de financiamento para os prejuízos que não são abrangidos por qualquer tipo de apoio e pede a reabertura das candidaturas para esta linha.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Vai haver mais sobreiros em todo o país


01.01.2018 às 16h00

A indústria corticeira quer expandir a área de montado. O objetivo é produzir mais e importar menos

No dia de Natal, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, plantou um sobreiro em Figueira, Pedrógão Grande, à espera de ter, dentro de uma década, "um símbolo bem frondoso" na terra marcada pelo incêndio de junho último. Por essa altura, a Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR) espera ter, também, mais sobreiros em território nacional, de norte a sul.

Hoje, 84 em cada 100 sobreiros estão no Alentejo, mas a fileira da cortiça olha atentamente para todo o país. Vê oportunidades em Arouca, afetada por incêndios em 2016, em Trás-os-Montes, na região centro. "Vemos o território nacional sem espartilhos. Estamos a falar de uma árvore autóctone que se adapta às diferentes zonas do país, e há trabalhos em curso para perceber quais são as melhores áreas de plantação, em que solos temos melhor nível de crescimento", afirma João Rui Ferreira, presidente da APCOR.


O objetivo a curto prazo é aumentar a fatia de 23% da área de sobreiro na floresta portuguesa. Não há um indicador de crescimento definido, mas existe um estudo sobre o futuro da fileira que fala em reforçar com 50 mil hectares a atual área de montado (737 mil hectares) usando novas técnicas de subericultura para aumentar a densidade da plantação e a produtividade. Há a convicção de que a reforma da floresta traz novas oportunidades, e esta é uma espécie em que faz sentido apostar num cenário de aquecimento global. E, com a popularidade da cortiça em alta, "seria mau não ter matéria-prima disponível para responder ao mercado", acrescenta o dirigente associativo, certo do potencial de crescimento dos sobreiros num país que produz cerca de 85 mil toneladas de cortiça por ano e tem de importar mais 66 mil toneladas.

No terreno, há já alguns sinais de mudança. Em 2016, a Corticeira Amorim anunciou uma parceria com 10 produtores para plantar 500 hectares de sobreiro em regadio. O projeto solidário Renascer, lançado no universo da cerveja artesanal, através das marcas Letra e Rapada, para ajudar na reflorestação, traz 10 mil árvores, sobreiros incluídos. O projeto Floresta Comum, que junta a associação ambientalista Quercus e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, envolve mais 211 mil plantas, 10% das quais são sobreiros. Através do programa de reciclagem de rolhas Greencork, o reinvestimento na plantação de árvores autóctones soma mais de 25 mil sobreiros em dois anos.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Um quarto do planeta ficará mais seco mesmo que se cumpra Acordo de Paris

Pelo menos um quarto da superfície terrestre ficará "consideravelmente" mais seco, mesmo que seja atingido o objectivo de manter o aquecimento global abaixo dos 2º Celcius como prevê o Acordo de Paris, revela um estudo divulgado esta segunda-feira.

Um quarto do planeta ficará mais seco mesmo que se cumpra Acordo de Paris

01 de janeiro de 2018 às 18:55

Nos termos do Acordo de Paris, os estados comprometeram-se a reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa para manter o aumento da temperatura média global abaixo dos 2º C em relação à era pré-industrial e a continuar os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5º C.

No entanto, com base nos compromissos nacionais, o planeta ainda está em direcção a um aumento global da temperatura de 3° C.

Segundo o estudo, publicado na revista Nature Climate Change, um quarto do planeta, afectando mais de 25% da população mundial, viverá num estado de crescente desertificação se a temperatura terrestre aumentar 2º C.

Por outro lado, o estudo aponta que, se o aumento da temperatura global for de 1,5º C, isso iria reduzir significativamente o número de regiões do planeta afectados por este processo de seca progressiva, que é medido através da combinação dos valores de precipitação com a evaporação.

Se o alvo de 1,5° C fosse atingido, partes do sul da Europa, África do Sul, América Central, costa australiana e sudeste da Ásia (áreas que acolhem hoje mais de 20% da população mundial) evitariam uma aridez significativa", disse um dos autores do estudo, Su-Jong Jeong, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Shenzhen, na China.

Os cientistas que conduziram o estudo basearam-se em projecções de vários modelos climáticos.

Segundo os cientistas, com um aumento das temperaturas de 2° C, entre 24% a 32% da superfície da Terra ficaria mais seca do que actualmente, situação que poderá verificar-se entre 2052 e 2070.

No entanto, se o objectivo de 1,5° C fosse atingido, apenas 8% a 10% da terra ficarão mais secos, disse Su-Jong Jeong.

À medida que os territórios se tornam mais secos, a degradação dos solos e a desertificação aceleram, assim como a perda de biodiversidade, incluindo as plantas e as árvores necessárias para absorver o CO2, responsável pelas mudanças climáticas.

Este processo aumenta também os fenómenos de secas e incêndios.

domingo, 31 de dezembro de 2017

Agricultura vertical ganha terreno

 29.12.2017 17h50

A agricultura vertical está a ganhar terreno no Médio Oriente como forma de combater as alterações climáticas.

Este tipo de cultivo consiste na organização, de forma vertical, dos alimentos para um melhor aproveitamento dos espaços.

A temperatura e a luz são controladas e adequadas à produção, o que permite que se gaste menos água e evita o desperdício.

Surge como uma alternativa à agricultura tradicional, ameaçada pelas alterações climáticas e por terrenos cada vez menos férteis.

No Dubai, foi agora criada a primeira quinta vertical da região do Golfo, num país que, de acordo com os dados oficiais, só no ano passado importou 34 mil toneladas de comida.

Ano de 2017 foi o segundo mais quente dos últimos 86 anos


O ano de 2017 é o segundo mais quente dos últimos 86 anos e está entre os quatro mais secos desde 1931, revela o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Ano de 2017 foi o segundo mais quente dos últimos 86 anos

30 de dezembro de 2017 às 18:56

O balanço climático preliminar do IPMA adianta que o ano de 2017 classifica-se como "extremamente quente" e o valor de temperatura média do ar será de mais 1.1 graus superior ao valor normal, correspondendo ao segundo ano mais quente desde 1931.

De acordo com o IPMA, o ano mais quente foi 1997, tendo os cinco anos mais quentes ocorrido nas últimas três décadas.

Também este ano, a temperatura máxima, cerca de mais 2.4 graus superior ao valor normal, será a mais alta desde 1931, ultrapassando em cerca de um grau o anterior máximo (1997).

O IPMA destaca os valores de temperatura máxima e média do ar persistentemente acima do normal ao longo do ano, em especial nos meses de Abril, Maio, Junho e Outubro.

O balanço climático preliminar indica também que o ano de 2017 foi "extremamente seco" e estará entre os quatro mais secos desde 1931, tendo todos ocorrido depois de 2000.

Segundo o IPMA, o valor médio de precipitação total anual será cerca de 60% do normal.

"O período de Abril a Dezembro, com anomalias mensais de precipitação persistentemente negativas, será o mais seco dos últimos 87 anos", lê-se no documento disponível na página da internet daquele organismo.

 

O IPMA sublinha igualmente que Dezembro será o nono mês consecutivo com valores de precipitação mensal inferiores ao normal e, em 2017, apenas nos meses de Fevereiro e Março a precipitação foi superior ao normal.

O mesmo documento nota que, ao longo deste ano, a conjugação da persistência de valores de precipitação muito inferiores ao normal e de valores de temperatura muito acima do normal, em particular da temperatura máxima, teve como consequência "a ocorrência de valores altos de evapotranspiração e valores significativos de défice de humidade do solo".

A 27 de Dezembro, apesar dos valores de água no solo terem aumentado em relação ao final de Novembro, são ainda inferiores a 40% nas regiões do interior centro e do sul do país, adianta o balanço, frisando, que no final de Dezembro mantém-se a situação de seca meteorológica ainda que, em relação à situação a 30 de Novembro, se tenha verificado uma diminuição da intensidade nas regiões do norte e centro.

O IPMA precisa que nas regiões do interior centro e do sul os valores de precipitação foram muito inferiores ao normal e insuficientes para se verificar um efectivo desagravamento da intensidade da seca.

De acordo com o índice meteorológico de seca – PDSI, em Dezembro verificou-se, relativamente a 30 de Novembro, um desagravamento da intensidade da seca meteorológica, com cerca de 60% do território (regiões a sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela) nas classes de seca severa e extrema, refere ainda o documento.