sábado, 24 de março de 2018

Estação Zootécnica Nacional retoma "dinâmica" com 20 projetos de investigação em curso


Lusa
22 Março 2018 às 12:03

A Estação Zootécnica Nacional (EZN), em Santarém, tem aprovados 20 projetos de investigação, com um cofinanciamento de perto de dois milhões de euros, que permitem retomar a dinâmica que fez deste polo referência na investigação em produção animal.

"Se pensarmos que em 2016 tínhamos um projeto em curso, estamos com uma dinâmica muito boa, [com] um esforço muito grande" da equipa de 14 investigadores e nove técnicos superiores, disse à Lusa Olga Moreira, a coordenadora do Polo de Santarém do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), que recentemente recuperou o nome da EZN, pelo qual ainda é conhecido na região.

A EZN, única infraestrutura do país vocacionada para a investigação e experimentação nas áreas de sistemas de produção, reprodução e melhoramento animal, está instalada na Fonte Boa, no Vale de Santarém, numa quinta com 240 hectares.

Investigadores da EZN estão a trabalhar em projetos como a utilização de larvas de mosca soldado negro para a valorização de resíduos da agricultura; a substituição de cereais por subprodutos das agroindústrias na formulação de dietas para a engorda de borregos e de bovinos produzindo carne de qualidade diferenciada; e o controlo do parasitismo intestinal e de vegetação combustível, ao estudar as dietas selecionadas por cabras em pastoreio, numa lógica de reaproveitamento de recursos (economia circular).

Olga Moreira disse que muitos dos projetos em curso procuram já responder aos objetivos identificados para o Centro de Excelência para a Agricultura e a Agroindústria, estrutura a criar em parceria com um vasto conjunto de instituições, protocolada em abril de 2015 mas que aguarda financiamento comunitário para poder avançar, e que ambiciona funcionar como um "interface" com o tecido empresarial.

O projeto-piloto sobre o uso dos insetos envolve já três empresas, associações de agricultores e a EZN. Uma das empresas (Ingredient Odyssey) produz as larvas, a Agromais fornece os subprodutos agrícolas que iriam para aterro -- as primeiras 10 toneladas foram de resíduos de cebola e de batata -- e os investigadores estudam o uso das larvas ("engordadas" no processo de transformação dos subprodutos em fertilizantes agrícolas) para a alimentação animal.

"O seu uso está já autorizado para 'pet food' e para aquacultura, aguardando-se autorização para introdução na alimentação de aves", disse Olga Moreira, sublinhando o "teor de proteína muito elevado" deste componente.

No âmbito deste projeto, além da caracterização química das larvas, os investigadores estão agora a estudar a digestibilidade das larvas em modelo de simulação para porcos e a ensaiar a substituição da soja por farinha de insetos na alimentação de frangos em engorda, avaliando ainda o impacto ambiental.

Olga Moreira destacou outra investigação em curso que visa utilizar subprodutos agroindustriais para a promoção e valorização da carne de ruminantes e que passa pela engorda de borregos com dietas em que os subprodutos da agroindústria (nomeadamente de citrinos, de beterraba e de soja) são utilizados em substituição dos cereais. O objetivo é obter carnes com maior valor nutricional, numa experimentação que será alargada em maio a bovinos.

Ainda na lógica da economia circular, no Grupo Operacional GoEfluentes, estão também a ser usadas larvas de mosca soldado negro para a transformação de efluentes em resíduos orgânicos para fertilização agrícola. Neste caso, as larvas não podem ser destinadas para alimentação animal, mas podem ser usadas para biocombustível.

Neste grupo estão envolvidos 11 parceiros, incluindo entidades do Sistema Científico e Tecnológico Nacional; associações de criadores (FPAS e ACBRF); industriais de alimentos compostos para animais; produtores de bovinos, de suínos e de aves (Valorgado, Lusiaves); e empresas, com o objetivo de reduzir e valorizar os fluxos gerados na atividade agropecuária intensiva.

No projeto das cabras em pastoreio, estão a ser analisadas a vegetação que estas selecionam numa área arbustiva mediterrânica para avaliar o seu efeito na melhoria da eficiência produtiva dos animais e no controle do parasitismo intestinal por métodos naturais.

A EZN participa ainda numa ação de dimensão europeia, relacionada com a castração de suínos e sua relação com o gosto da carne de porco, e que permite o intercâmbio de jovens investigadores com permanências que variam entre uma semana e três meses em diferentes centros de investigação europeus.

Frisando que estes projetos financiam a investigação mas não permitem investimentos estruturais, Olga Moreira referiu a importância da recuperação das infraestruturas da Fonte Boa, só possível com um "projeto estruturante" como o Centro de Excelência para a Agricultura e a Agroindústria, que tem entre os seus fundadores, além do INIAV e da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, o Instituto Politécnico de Santarém, as Universidades de Lisboa e de Évora, o Agrocluster do Ribatejo e a Associação Empresarial da Região de Santarém.

Campanha do governo. Sapadores florestais aliciados com folgas para limpar matas com Costa


Sara Matos
ANA PETRONILHO*
23/03/2018 08:20

ICNF enviou orientações a dez autarquias que têm equipas de sapadores florestais no distrito de Portalegre, onde vai estar António Costa, para darem dois dias de folgas a quem aderir à limpeza de matas. Autarquias dizem que convocatória é "um absurdo de ridículo"

Os sapadores florestais estão a ser aliciados pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) com uma "recompensa" de dois dias de folga para que se juntem ao primeiro-ministro, este sábado, na limpeza das matas na Serra de São Mamede, no distrito de Portalegre.

Esta terá sido a forma encontrada pelo ICNF – que é o responsável pelo evento na Serra de S. Mamede – para conseguir aumentar a adesão e acompanhar António Costa nesta campanha que vai envolver "mais de 20 membros do governo" e tem várias ações que foram planeadas em parceria com a Associação Nacional de Municípios Portugueses.

As câmaras não veem com bons olhos a ordem dos dois dias de folga, tendo em conta que os sapadores florestais não são funcionários do ICNF, e sim das autarquias.

No email enviado pelo ICNF a dez autarquias de concelhos do distrito de Portalegre – a que o i teve acesso – lê-se que "tendo em conta a visita de sua Exa. o Sr. Primeiro Ministro à Serra de S. Mamede no próximo dia 24 de março, convocam-se as equipas de sapadores por vós dirigidas para cumprir um dia de serviço público em trabalhos de gestão de combustível nesse dia".

Na convocatória, com data de 21 de março, enviada às autarquias de Elvas (PS), Portalegre (independente), Nisa (PS), Alter do Chão (PS), Castelo de Vide (PSD), Fronteira (PSD), Sousel (PS), Avis (PCP), Crato (PS) e Marvão (PSD), lê-se ainda que o ICNF aguarda a confirmação da disponibilidade das equipas de sapadores florestais das câmaras municipais "para poder marcar horas e pontos de encontro". Para quem decidir aderir, "como recompensa serão creditados dois dias de serviço público para compensação do descanso pessoal", remata o email. Além das autarquias, o email foi também recebido pelo Agrupamento de Produtores Agrícolas e Florestais do Norte Alentejano, SA (APAFNA).

O i tentou perceber se a indicação do ICNF - tutelado pelo Ministério da Agricultura e Florestas - foi enviada a autarquias fora da área geográfica onde vai estar António Costa, mas tal não foi possível até à hora de fecho desta edição.

Para o vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Ribau Esteves, esta orientação escrita "é um absurdo de ridículo", isto porque, salienta o também presidente da autarquia de Aveiro, "uma câmara que tenha brigada de sapadores florestais tem um horário" e "se a câmara usar sapadores para a ação do próximo sábado que confira horas extraordinárias, as câmaras pagam horas extraordinárias e cumprem a lei que diz que por um x de horas extraordinárias temos de dar um dia de não trabalho". 

Além disso, refere ainda Ribau Esteves, se o email do ICNF for enviado no espírito de ordem, "estaremos a falar de um ato nulo porque o ICNF não tem competências desta natureza para dar ordens às câmaras municipais", remata. 

Os sapadores florestais foram criados em 1999 e cada equipa é constituída, no mínimo, por cinco membros, com a função de prevenir os incêndios através da limpeza de matas. De acordo com os dados mais recentes e disponíveis no relatório da comissão independente de peritos que analisou o incêndio de Pedrógão, em agosto de 2017 estavam a funcionar 291 equipas de sapadores florestais em todo o país. Destas, cerca de 60 pertencem às autarquias e juntas de freguesia. As restantes 230 são de associações e de empresas privadas.

Em 2008, o governo de então estabeleceu como prioridade a constituição de equipas de sapadores florestais nas câmaras municipais. Hoje, há cerca de 1500 sapadores em todo o país e o ministro da Agricultura e Florestas, Capoulas Santos, anunciou que a intenção do executivo é contratar mais mil sapadores até 2019. 

Exército também dá folga Além dos sapadores florestais, também os militares do Exército vão sair à rua para aderir à campanha do governo. De acordo com o porta-voz do Exército, cerca de mil militares (organizados em 47 pelotões) vão estar a limpar as matas em 26 concelhos de norte a sul do país. Além dos militares, o Exército vai ainda disponibilizar máquinas de engenharia em cinco concelhos: Viseu, Marinha Grande, Aveiro, Cascais e Loulé. 

Os militares dizem "estão cá para cumprir" e para participar nesta campanha nacional, mas "a intenção do general-chefe é compensar os militares que participem neste dia, através de um dia de mérito", que está previsto no regulamento. O militar "não tem de gozar o dia de mérito logo no dia seguinte, pode fazê-lo mais tarde, e isso é uma gestão interna", explicou ainda ao i fonte oficial. 

Em dois locais, em Loulé e em Viseu, os militares vão estar a acompanhar as limpezas do primeiro-ministro e do ministro da Defesa, respetivamente. 

Os restantes membros do governo vão estar em ações de limpeza em terrenos privados, em parques naturais, em estabelecimentos prisionais ou até mesmo junto a estradas nacionais (ver tabela ao lado). Com esta campanha nacional, o governo pretende "mobilizar o país" para esta "importante causa nacional", procurando "reduzir o risco de incêndio". 

*Com Sebastião Bugalho 

sexta-feira, 23 de março de 2018

Agricultores de Portalegre aliviados, mas descapitalizados


Os agricultores de Portalegre suspiram de alívio com as chuvadas das últimas semanas, que permitiram garantir o abeberamento do gado, embora a alimentação continue a ser feita "à mão" e a seca os tenha deixado descapitalizados.


Notícias ao Minuto
14:24 - 19/03/18 POR LUSA
   
"O panorama mudou, mas não atenuou os prejuízos que já tivemos e todos os investimentos que temos tido para alimentar os animais à mão, situação que continua", disse hoje à agência Lusa a presidente da Associação dos Agricultores do Distrito de Portalegre (AADP), Fermelinda Carvalho.

Segundo a dirigente associativa, "não é por ter chovido três semanas" que as pastagens naturais se desenvolveram com celeridade", estando, por isso, os agricultores "mais otimistas" por um lado, mas ao mesmo tempo "descapitalizados".

"O que é importante explicar é a questão das pastagens naturais, elas têm o seu ciclo e esse já passou. Por mais que chova agora as pastagens já não se vão desenvolver como se fosse no período normal, nomeadamente em novembro e dezembro", explicou.

No entanto, a presidente da AADP reconheceu que "estas chuvas têm sido fantásticas", tendo "assegurado" o abeberamento do gado e permitido "uma melhoria significativa" do estado dos campos, situação que "já ninguém estava à espera".

De acordo com Fermelinda Carvalho, o problema está "praticamente resolvido" ao nível dos furos, das pequenas charcas e barragens.

A precipitação que tem sido registada no Alto Alentejo leva também a dirigente a afirmar que as searas vão poder recuperar, depois de "muitas delas", no período forte de seca, terem estado "no limite".

A presidente da AADP disse ainda acreditar que, face às previsões do tempo, as culturas de regadio "também podem vir a ser asseguradas".

Agricultor no concelho de Campo Maior, no distrito de Portalegre, Luís Machado tinha, até ao final do mês de fevereiro, de percorrer todos os dias 14 quilómetros (ida e volta) até à albufeira mais próxima para garantir o abeberamento aos mais de 230 bovinos que pastam na sua exploração.

"A situação inverteu-se, tendo acabado há cerca de 15 dias os transportes de água da albufeira do Abrilongo até à herdade. É o dia ao pé da noite", disse hoje o agricultor à Lusa.

Os poços, noras e a barragem da herdade de Luís Machado tinham secado em abril do ano passado, situação que, entretanto, se alterou.

"A minha charca já está a deitar água fora. Também fiz um furo que deu muita água, felizmente", acrescentou.

O agricultor observou ainda que as pastagens "estão a recuperar", bem como as culturas de aveia e trigo.

"O aspeto do campo é completamente diferente. Agora não pode deixar de chover e ficar o tempo seco até outubro", disse.

Prejuízos na Lezíria. Agricultores acusam Ambiente de não os ter informado das cheias no Tejo

22.03.2018 às 9h17
 
PAULO CUNHA

Agora que a chuva abrandou, na Lezíria ribatejana começam a fazer-se contas aos prejuízos causados pelas inundações dos terrenos agrícolas. A Confederação dos Agricultores de Portugal diz que os danos podiam ter sido evitados se a Agência Portuguesa do Ambiente fosse mais eficaz

O excesso de água provocado pela subida repentina do caudal do Tejo na zona da Lezíria ribatejana acabou por apanhar centenas de agricultores desprevenidos, durante os últimos dias das fortes chuvadas, o que redundou em perdas de máquinas agrícolas, alfaias e tratores, que ficaram submersos.

Os prejuízos, segundo a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), ainda não estão totalmente contabilizados, "mas podiam ter sido evitados em grande parte se tivesse havido um aviso por parte da Agência Portuguesa do Ambiente APA, nem que fosse por sms, para as principais organizações de agricultores", observa Eduardo Oliveira e Sousa, presidente daquela confederação.

O líder da CAP garante que a APA tem sondas em vários pontos do Tejo que permitem antever com uma elevada margem de precisão os aumentos de caudais no rio e que, se disponibilizasse atempadamente essa informação os agricultores do Ribatejo seguramente que tinham retirado os seus bens das terras que acabaram por ficar alagadas.

APA ESTÁ PRESA NA TEIA DA BUROCRACIA
"É óbvio que a Proteção Civil faz avisos de cheias, mas apenas quando está em causa a segurança das pessoas e das habitações. Não há alertas dirigidos aos agricultores para as subidas repentinas das águas que, embora não sejam cheias catastróficas, acabam por resultar em perdas de bens que se podiam evitar", nota o presidente da CAP. Acontece tal não se evita porque, segundo Oliveira e Sousa, a APA fica presa na teia da burocracia e na complexidade do seu site, que pouca gente consegue seguir com eficácia, para obter informação útil em tempo real. "Há aqui uma falta de eficácia que é por demais evidente e este é um serviço público que poderia estar a ter mais utilidade nomeadamente em matéria de partilha de informação com a lavoura", remata.

Nos campos agrícolas da Lezíria que acabaram por ficar inundados com as últimas chuvas, para além de lá terem ficado submersas máquinas e alfaias agrícolas, estão agora impraticáveis para a preparação das primeiras sementeiras da primavera, as quais poderão acabar por sofrer alguns atrasos face ao seria de esperar em condições climatéricas normais.

Apesar de tudo, em abril e nos primeiros dias de maio deverão começar a ser lançadas à terra as sementeiras de milho, girassol, sorgo, arroz (com algumas falhas na zona do Alto Sado) e hortícolas em geral. "Pode ser que ainda se salve o ano agrícola, que chegou a estar fortemente ameaçado pela seca extrema que se observou até meados de fevereiro.

Neste momento algumas das principais barragens do país já se encontram com níveis de armazenamento de água próximos do que seria normal nesta época do ano, segundo informação divulgada já esta semana pelo Ministro da Agricultura.

Relatório arrasa novas regras do Governo para limpar floresta

21 DE MARÇO DE 2018 - 06:35

Comissão Técnica Independente diz que novas regras são exemplo de leis mal feitas, sem base técnica ou científica.


O relatório da comissão técnica independente nomeada pelo Parlamento para avaliar o que aconteceu nos incêndios de outubro arrasa as polémicas novas regras publicadas em fevereiro pelo Governo para limpar a floresta perto das casas.

Apesar de apenas terem mandato para analisar os fogos de 14 a 16 de outubro, os peritos fazem questão de avaliar e criticar o Decreto-Lei de 14 de fevereiro de 2018 dizendo que "é muito pouco justificado tecnicamente".

O jornalista Nuno Guedes analisou o relatório da Comissão Técnica Independente, que arrasa as novas regras do governo para limpar a floresta.
Os técnicos garantem que a gestão de combustíveis que está prevista não iria travar os enormes incêndios de 2017, esperando-se uma eficácia "reduzida".

"A influência da gestão de combustível na proximidade das edificações é reduzida neste tipo de incêndios", sendo preciso pensar na floresta que está um pouco mais distante.

O relatório lido pela TSF afirma que a nova legislação prevê a substituição de árvores por espécies menos afetadas pelo fogo, mas não explica como é que isso será feito.

São ainda criticadas as distâncias previstas entre copas e a falta de previsão sobre o volume de matos e arbustos no solo: "Sem uma boa definição desses limites a legislação pode ter o efeito contrário ao desejável", ou seja, potenciar mais as chamas.

O que está previsto ao nível dos arbustos "implica um risco estrutural de incêndio muito acima do que é aceitável em áreas de gestão de combustíveis"

Lei sem base técnica

O relatório vai mais longe e diz que a "tarefa nobre da gestão de combustíveis à volta das edificações" tem de ter "uma base técnica e científica adequada", sendo que "elevadas cargas de material morto [combustível] ao nível do solo pode conduzir a comportamentos extremos de fogo, muito mais difíceis de controlar que os que podem ocorrer nas mesmas condições em povoamentos com elevadas densidades de arvoredo desramado".

Os técnicos dizem que a produção de leis "deve ter por base o melhor conhecimento" e o Decreto-Lei de fevereiro "é, neste aspeto, um exemplo de deficiente uso do conhecimento existente e de uma comunicação pública muito pouco rigorosa".

Português assume presidência de associação europeia de agricultura de regadio


20.03.2018 às 8h55

José Núncio assume esta terça-feira a presidência da nova organização europeia Irrigants d'Europe, criada para defender a importância do regadio na produção de alimentos e desenvolvimento rural

O líder da Federação Nacional de Regantes, José Núncio, assume esta terça-feira a presidência da nova organização europeia Irrigants d'Europe (IE - Regantes da Europa), criada para defender a importância do regadio na produção de alimentos e desenvolvimento rural.

Segundo um comunicado da IE, a organização é criada para "desenvolver estratégias de médio e longo prazo que despertem a consciência para o papel vital da agricultura de regadio no bem-estar, saúde e progresso dos europeus".

A Irrigants d'Europe representa 75% da área de regadio na Europa (7,7 em 10,2 milhões de hectares).

Os seus membros fundadores são associações de regantes dos Estados-membros onde o regadio é mais relevante: Associazione Nazionale Consorzi di Gestione e Tutela del Territorio e Acque Irrigue (ANBI, Itália), Federación Nacional de Comunidades de Regantes (Fenacore, Espanha), Irrigants de France (França) e - Federação Nacional de Regantes de Portugal (Fenareg, Portugal). Esta última entidade assume a presidência da IE.

Segundo o comunicado, o uso da água na agricultura é um fator chave para o crescimento económico e a fixação das populações nas zonas rurais europeias, sobretudo nos países afetados por fenómenos de seca prolongada, do Sul da Europa.

Para a associação, a irrigação e a gestão da água são aspetos cruciais para uma agricultura sustentável, destacando que o setor da agricultura de regadio "é um dos mais inovadores e tecnologicamente avançados da Europa".

terça-feira, 20 de março de 2018

Descoberto fungo capaz de combater a lagarta do pinheiro


19.03.2018 15:41 por Lusa 103

A processionária ameaça a saúde pública quando aparece perto de locais habitados ou frequentados por pessoas e animais domésticos.
 
 
Cientistas descobriram um fungo capaz de matar os ovos e larvas da lagarta do pinheiro, no âmbito de uma investigação que abre portas a novas formas de combate à praga, anunciou esta segunda-feira o Instituto Superior de Agronomia (ISA).

O estudo internacional contou com a participação do Centro de Estudos Florestais (CEF) do ISA e a conclusão foi publicada na revista Biocontrol Science and Technology. O fungo "metarhizium brunneum" é capaz de provocar "uma mortalidade significativa de ovos e larvas jovens de duas espécies de processionária do pinheiro", revela o CEF em comunicado.

Durante a investigação, foram realizados testes para determinar "a susceptibilidade dos ovos e larvas jovens" daquelas duas espécies de lagarta a dois tipos do fungo, variando a mortalidade entre 96% e 99%. De acordo com os investigadores, nem toda a mortalidade foi causada pelo fungo, uma vez que os ovos também sofrem mortalidade devido a outros fungos (saprófitas). "Mesmo assim, as larvas que nasceram em laboratório a partir dos ovos tratados com o fungo em questão foram mortas por este", lê-se no documento.

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Lagarta do pinheiro pode ser fatal para os cães
As larvas jovens de ambas as espécies demonstraram ser também "altamente susceptíveis" a duas estirpes daquele fungo, com uma taxa de mortalidade que variou entre 94% e 100%, oito dias após a inoculação, sendo que a grande maioria morreu nos primeiros dois – quatro dias. Os especialistas dizem que o trabalho, em que participaram três investigadores do ISA, abre portas a novas formas de combate à lagarta do pinheiro.

A processionária, conhecida como "lagarta do pinheiro", é um insecto que ataca pinheiros e cedros, provocando danos nas árvores e que ameaça a saúde pública quando ocorre perto de locais habitados ou frequentados por pessoas e animais domésticos.

Vinhos portugueses jogam ao ataque na Alemanha


16.03.2018 às 10h13

A ProWein é o maior evento mundial do sector. Este ano, terá 370 produtores portugueses a festejar, com os seus vinhos, a subida de 7,5% nas exportações do sector

Margarida Cardoso

MARGARIDA CARDOSO

Trezentos e setenta produtores portugueses estão a caminho da cidade alemã de Dusseldorf, onde vão dar a provar ao mundo os seus vinhos na Prowein, a maior feira mundial para profissionais do sector.

Este ano, o sector celebra a subida de 7,5% nas exportações em 2017, para os 777,9 milhões, É o regresso à tendência de alta, depois da queda de 1,6% no ano passado ter interrompido um ciclo de crescimento iniciado em 2010.

Para este desempenho, em 2017, o mercado comunitário contribuiu com uma taxa de 2,5% o os outros destinos deram um salto de 14,8%, indicam os números do IVV – Instituto da Vinha e do Vinho.

A Alemanha constitui o quarto mercado em valor do sector, com compras de 47 milhões de euros, e cresceu 8,1% no ano passado. Já a França, o maior cliente de vinhos nacionais, caiu 0,5%, para 109,2 milhões de euros, enquanto o Reino Unido aumentou 7,1% e os EUA subiram 5,6%.

Nos mercados extra-comunitários, os destaque vão para Angola, que saltou 40%, o Brasil (53%), China (24%) e Federação Russa (18,3%).

Um dos pontos que o sector quer trabalhar na Alemanha é o preço médio por litro, que está nos 1,79 euros, 7,9% abaixo do ano passado e também abaixo da média nacional de 2,61 euros/litro. Nos três maiores mercados, os preços médios estão acima deste valor, com França nos 2,82 euros, Reino Unido nos 3,63 euros e Estados Unidos nos 3,92 euros. Logo a seguir à Alemanha, no 5º e 6º lugares do ranking das exportações de vinhos portugueses, os Países Baixos apresentam um preço de 3,4 euros/litro e a Bélgica está nos 3,32 euros/l.

O SEGUNDO LUGAR NA PREFERÊNCIA DOS ALEMÃES
Durante a feira, de 18 a 20 de março, a participação lusa na Prowein inclui provas, mas também um vasto programa de seminários, com oradores internacionais que prometem propor harmonizações gastronómicas com vinhos portugueses e sugestões de combinação com pratos de comida internacional.

A Viniportugal, a associação interprofissional que responde pela promoção internacional dos vinhos portugueses, com a missão de promover a imagem do país enquanto produtor de excelência, valorizando a marca "Vinhos de Portugal /Wines of Portugal", abre o seu stand a provas de 80 vinhos portugueses selecionados, do Vinho Verde ao Alentejo, todos premiados em concursos e provas nacionais e internacionais.

Um estudo da organização da Prowein, em colaboração com a Universidade de Geisenheim, mostra que Portugal foi o sétimo país mais procurado na edição anterior do certame. De acordo com a Viniportugal, este trabalho, realizado com 1500 especialistas do sector vitivinícola de 46 países, mostrou que 17 em cada 100 pessoas tinha interesse em incluir vinhos portugueses na sua gama de produtos e o país ocupava o 4º lugar nas opções de compra dos retalhistas internacionais, com 21%, atrás da Alemanha, Espanha e Itália.

Considerando apenas as opiniões dos retalhistas alemães, Portugal ficava em segundo lugar (26%) nas opções para alargar a gama de produtos a novos países, atrás da Áustria.

Arderam (pelo menos) mais 100 mil hectares em 2017 do que se dizia


19/3/2018, 7:42104

Dados do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) excluem a área ardida em zonas agrícolas. TSF indica que a área total terá sido, pelo menos, 570 mil hectares.


Arderam em 2017 mais 100 mil hectares do que os dados públicos (do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas) avançavam. Segundo a TSF, os dados avançados por este instituto público não têm em conta a área agrícola ardida — só a área florestal — pelo que a área total que foi afetada pelos fogos terá rondado dos 570 mil hectares, e não cerca de 442 mil hectares. E há uma margem de erro de 10%.

A inclusão da área agrícola ardida aproxima os números dos que foram desde o início adiantados pelo Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS) da Comissão Europeia que usa imagens de satélite para calcular a área ardida. Como esse método não distingue entre área agrícola e área florestal, o valor avançado desde o início superava os 550 mil hectares — 563 mil hectares, em rigor.


O ICNF e o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural confirmaram à TSF que até agora, com a publicação da Lei 76/2017 no fim de agosto, só se contavam os efeitos dos incêndios em áreas florestais. Neste momento, no entanto, "já contabilizam a área agrícola", garantiram as duas fontes. Estes são dados que continuam a ser provisórios, mas os valores são "próximos" dos contabilizados pelo centro europeu, ou seja, "rondam os 570 mil hectares, podendo ainda existir uma margem de erro de 10%".

Alterações climáticas podem tornar Portugal mais seco, sem praias e sem turismo


O Nobel da Paz Rajendra Pachauri alertou, nesta segunda-feira, para as alterações climáticas que afectarão as praias, a agricultura, a pesca e até o vinho.

LUSA 19 de Março de 2018, 16:52 Partilhar notícia

Portugal pode mudar drasticamente em meio século, com as alterações climáticas a tornarem o país mais desértico, a afectarem as praias, a agricultura, a pesca e até o vinho, alertou nesta segunda-feira o Nobel da Paz Rajendra Pachauri.

Pachauri, que foi Nobel da Paz em 2007, foi nesta segunda-feira um dos oradores numa conferência sobre alterações climáticas no âmbito do ciclo Conferências do Estoril.

O responsável foi presidente do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, e é o fundador e mentor do movimento Protect Our Planet (POP).

Nesta segunda-feira, perante uma sala cheia de jovens na Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, falou do projecto POP e começou por salientar que a melhor forma de lidar com as alterações climáticas é envolver os jovens, exortando-os depois a consumir menos e comer melhor ("Comam menos carne, serão mais saudáveis e é bom para o planeta") e a plantarem árvores, para que a Península Ibérica não tenha no futuro o clima que hoje tem o Norte de África.

O especialista lembrou aos presentes que as temperaturas e o nível do mar (com tsunamis mais devastadores) têm vindo a subir desde meados do século passado, à medida que as emissões de gases com efeito de estufa também aumentaram, e salientou que situações climáticas extremas observadas desde 1950 estão relacionadas "com a interferência humana".

"O Árctico deixará de ter gelo"

E depois, acrescentou, se nada for feito em relação a essas emissões, no futuro os fenómenos extremos serão mais frequentes e intensos e, por exemplo, o Árctico deixará de ter gelo. "Já imaginaram isso? Vai ser no vosso tempo", disse.

E o Sul da Europa, onde Portugal se inclui, vai ver o avanço do mar, mudanças no turismo e na agricultura, o mar terá peixes diferentes dos que se costumam consumir agora, a vinha vai mudar e haverá mais mortes e doenças.

"O que é que estamos a fazer ao nosso planeta? Não temos outro sítio para onde ir", disse Rajendra Pachauri, que se afirmou, ainda assim, um optimista e que salientou três acções que terão de ser tidas em conta desde já para mitigar os efeitos das alterações climáticas: o uso mais eficiente da energia, usar energias limpas e reduzir a desflorestação.

As alterações climáticas são reais, estão a afectar-nos, são más, são comprovadas cientificamente e ainda há esperança, disse, centrando o seu optimismo no combate às alterações que está a ser feito um pouco por toda a parte.

"Gostaria que o meu país, a Índia, fizesse mais", disse, concluindo que sem mudanças para reduzir as emissões de gases, a vida no planeta vai tornar-se "muito mais difícil".

Na mesma linha, o secretário de Estado adjunto e do Ambiente, José Mendes, lembrou que Portugal está a sentir os efeitos das alterações climáticas, como as altas temperaturas, os grandes incêndios ou a erosão costeira, mas salientou que "ninguém no planeta" deixa de ser afectado.


"Este é o momento para a acção. Já temos o diagnóstico, o tempo de agir é agora. E a acção é a adaptação (às alterações) e a mitigação", disse, salientando a necessidade de se viajar de forma mais sustentável e de se aumentar a eficiência energética dos veículos. E depois, concluiu, é preciso proteger o planeta, mas proteger também as pessoas mais vulneráveis.

Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais, que encerrou a conferência, alertou para o facto de as alterações climáticas não serem algo que vai apenas afectar as pessoas do futuro. "Já são os meus netos que serão prejudicados, se não fizermos nada, não é ninguém desconhecido", disse.

Rajendra Pachauri já tinha também chamado a atenção para a proximidade temporal dos efeitos maiores das alterações. E sempre focado nos jovens deixou um último recado: "Os jovens têm se ser parte da solução, não do problema."

domingo, 18 de março de 2018

Orizicultores de Alcácer do Sal já estimam cultivar metade da produção habitual


Apesar da chuva dos últimos dias, continua a existir "uma situação de falta de água" na região, diz o director do Agrupamento de Produtores de Arroz do Vale do Sado, João Reis Mendes. No ano passado, os produtores de arroz tinham receio de não poder cultivar este ano.

LUSA 16 de Março de 2018, 14:41 Partilhar notícia


O aumento da quantidade de água nas barragens de Pego do Altar e de Vale do Gaio, em Alcácer do Sal, deverá possibilitar o cultivo de, pelo menos, metade da produção habitual de arroz, segundo os orizicultores.

"Subiram os níveis de armazenamento das barragens, o que dá algum ânimo no sentido em que podemos fazer produção", disse nesta sexta-feira à agência Lusa o director do Agrupamento de Produtores de Arroz do Vale do Sado (Aparroz), João Reis Mendes.

Agricultores alentejanos reclamam medidas excepcionais contra a seca

Sem se comprometer com números concretos, "porque quem decide a distribuição da água é a Associação de Regantes e de Beneficiários do Vale do Sado", no distrito de Setúbal, o dirigente da Aparroz indicou que poderá estar "garantido", no perímetro de rega das barragens de Vale do Gaio e de Pego do Altar, "pelo menos 50%" da produção habitual.

"Vamos aguardar até uma decisão definitiva, mas eu acho que menos de 50% [da produção de arroz] já não deixamos de fazer na zona de Alcácer do Sal", afirmou, frisando, no entanto, que continua a existir "uma situação de falta de água", apesar da chuva dos últimos dias.

"Há 15 dias, não tínhamos rega"
A barragem de Vale do Gaio está actualmente com "42% da capacidade de armazenamento" e a de Pego do Altar "com 47%", segundo o coordenador geral da Associação de Regantes do Vale do Sado, Gonçalo Lince de Faria.


A terra dos arrozais protege-se com a barragem da Aguieira
"Há 15 dias, quando começou a chover, não tínhamos rega, pura e simplesmente, não tínhamos absolutamente água nenhuma e, neste momento, temos já garantidos 60% da área beneficiada", afirmou, acreditando que a situação pode vir a melhorar "com a chuva prevista para os próximos dias".

Isto significa, especificou, que, dos cerca de seis mil hectares do perímetro de rega do Vale do Sado, "cerca de 60% de área, neste momento, já tem garantias de água".

O mesmo responsável da associação disse acreditar que, "se continuar a chover e a subir a quantidade de água armazenada nas albufeiras", vai ser possível ir "aumentando a área de rega", decisão que deve ser "tomada em Abril", altura em que "os agricultores começam a preparar as terras".

No concelho vizinho de Santiago do Cacém, onde existe uma área de 300 hectares dedicada à produção de arroz, o director adjunto da Associação de Regantes e Beneficiários de Campilhas e Alto Sado, Ilídio Martins, estima que, com a subida do nível da água na barragem de Monte da Rocha, "cerca de metade da área de produção" possa ser abastecida.

A seca na Cidade do Cabo não vai parar. E devia ser exemplo para Portugal
Em Novembro do ano passado, os produtores de arroz tinham receio de não poder cultivar este ano, depois de, devido à quantidade de água disponível nas barragens, já terem reduzido em 2017, "20 a 30%" da área semeada.

A redução da quantidade de água nas barragens de Pego do Altar e de Vale do Gaio notava-se já "desde há três anos", segundo disse em Novembro de 2017 o director-geral da APARROZ.

A situação levou à decisão dos produtores de semear arroz em menos "10 a 15%" da área em 2016 e "20 a 30%" em 2017, de um total de "5.500 a 6 mil hectares".

Ponte não era vista fora de água há 19 anos
A APARROZ tem 30 sócios e trabalha com "cerca de 170 produtores", maioritariamente de Alcácer do Sal, mas também dos concelhos de Montemor-o-Novo, Grândola e Santiago do Cacém.

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Com uma "produção média anual de seis toneladas por hectare" e com "um preço médio de 280 euros por tonelada", o cultivo do arroz é uma das principais actividades económicas de Alcácer do Sal, que, quando explorados os seis mil hectares, pode chegar a valer cerca de "10 milhões de euros".


A seca levou mesmo a que, no final do ano passado, tenha ficado descoberta uma ponte, submersa na albufeira de Pego do Altar, que não era avistada fora de água desde 1999.

Nas últimas semanas, com a subida do nível da água, a ponte voltou a imergir.

“O melhor azeite do mundo” tem a maior produção de sempre


17.03.2018 / 15:43 

Quantidade e qualidade das azeitonas surpreenderam a cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos 

A maior cooperativa de produção de azeite em Portugal, a de Moura e Barrancos, no Alentejo, reflete bem o salto produtivo alcançado a nível nacional. Ela própria atingiu um recorde, quase duplicando a produção face ao ano anterior. Até 12 de março, o último dia da campanha 2017/18, entraram 45 milhões de quilos de azeitonas (+95% face ao ano anterior) e, deles, a cooperativa estima obter cerca de nove milhões de litros de azeite. 

Para o "recorde de todos os tempos", como sublinha Luís Saraiva Crisóstomo, assessor do conselho de administração, contribuíram apenas os associados da cooperativa, num total de 4000. Apesar de apenas 1200 serem olivicultores, a produção de azeite representa 90% do "core business" do organismo. Antecipando a pergunta, remata: "Não entra nada de fora dos nossos associados, nem compramos azeite de fora". 

E o que contribuiu para a abundância inesperada? "Esta é uma zona de excelência para o olival, devido às condições edafoclimáticas e à tradição da atividade na região", explica Luís Crisóstomo. Inclusive, recorda que o azeite de Moura foi o primeiro a ver reconhecida a Denominação de Origem Protegida, além de continuar a ser a maior DOP de azeite em Portugal. O predomínio de olival tradicional, isto é, extensivo e de sequeiro, tem proporcionado ciclos de grande produção que alternam com outros de baixa produção. O que acaba de ocorrer é um ciclo generoso. 

Para evitar a oscilação produtiva, a cooperativa aguarda pelo alargamento do perímetro de rega do Alqueva, onde o regadio poderá ajudar a estabilizar a produção. "Esta quantidade foi uma boa surpresa e a qualidade é excecional", uma vez que as elevadas temperaturas acabaram por afastar as pragas, com a feliz coincidência de a oliveira ser uma planta de sequeiro, bem adaptada à escassez de água. A entrada em produção de olivais mais recentes foi outra chave para o êxito da atual campanha, admite Luís Crisóstomo. 

O foco vai ficar agora colocado na comercialização do azeite. O mercado nacional absorve a totalidade da produção da cooperativa, mas, de ano para ano, a exportação tem vindo a conquistar o seu lugar. Luís Crisóstomo explica: "A ideia é vender em mercados onde há valor acrescentado, onde valorizem a nossa qualidade. Não é por acaso que o nosso azeite tem arrebatado tantas distinções, em concursos nacionais e internacionais. 

Afinal, somos o melhor azeite do mundo!", um título, aliás, exibido por outros produtores nacionais, como os azeites transmontanos Romeu, CARM e Casa de Santo Amaro ou Gallo. O olival é a maior área cultivada no Alqueva O olival é a principal cultura do Alqueva, com 41, 2 mil hectares, em 2017, segundo a EDIA, e deverá aumentar. Representa mais de metade do perímetro de rega do empreendimento e quase um quarto da área oleícola do Alentejo. A maior parte dos cerca de 97 espanhóis que investem no Alqueva detêm 35% do olival. São os maiores investidores estrangeiros. O que produzem conta como produção nacional e se o vendem a Espanha entra nas nossas exportações.

Pagamento de base na agricultura tem "impacto limitado" - Tribunal de Contas da UE


O Tribunal de Contas Europeu (TCE) considerou hoje que o regime de pagamento de base (RPB) para os agricultores tem "um impacto limitado" em termos de simplificação e convergência das ajudas.

Num relatório hoje divulgado, o TCE salientou que "o regime está, operacionalmente, no bom caminho, mas o seu impacto na simplificação, na orientação e na convergência dos níveis de ajuda é limitado".

Considerando que a simplificação foi uma das bandeiras da reforma da Política Agrícola Comum (PAC) de 2013, que introduziu o RPB, os auditores do TCE concluíram que "as regras escolhidas pelos Estados-membros aumentaram por vezes a complexidade e os encargos que recaem sobre as administrações nacionais, além de terem permitido que alguns agricultores realizassem ganhos excecionais".

Para o TCE, "as escolhas dos Estados-membros tiveram igualmente um impacto significativo no grau de redistribuição do apoio e os agricultores puderam, em alguns casos, manter níveis de apoio particularmente elevados resultantes de níveis anteriores de subsídios".

"Enquanto regime essencialmente relacionado com superfícies e não com rendimentos, o apoio a título do RPB tende a favorecer as explorações de maior dimensão", lê-se no relatório.

"O regime de pagamento de base é uma importante fonte de rendimentos de muitos agricultores, mas tem limitações intrínsecas", afirmou, em comunicado, o membro do TCE responsável pelo relatório, João Figueiredo.

Para o membro português, o RPB "não tem em conta as condições de mercado, a utilização de terras agrícolas ou as circunstâncias específicas da exploração e não se baseia numa análise da situação global dos rendimentos dos agricultores".

O RPB foi introduzido em 2015 no âmbito da reforma da PAC para apoiar os agricultores e contribuir para a produção alimentar viável na União Europeia (UE) e vigora até 2020.

Para o período posterior a 2020, recomendam que a Comissão analise os fatores que afetam o rendimento de todos os grupos de agricultores, as suas necessidades de apoio ao rendimento e o valor dos bens públicos fornecidos pelos agricultores. A Comissão deve associar, desde o início, as medidas propostas a objetivos operacionais e valores de referência adequados que permitam comparar o desempenho.

Com uma despesa anual de cerca de 18 mil milhões de euros concedidos a cerca de quatro milhões de agricultores, o RPB é o maior regime de apoio ao rendimento dos agricultores da UE.

O regime vigora na Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Irlanda, Grécia, Espanha, França, Croácia, Itália, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Áustria, Portugal, Eslovénia, Finlândia, Suécia e Reino Unido.

Centena e meia de associações exigem dinheiro para esterilização de animais


A lei para acabar com o abate de animais nos canis e gatis está aprovada e as verbas para financiar a sua aplicação estão prometidas pelo Governo. Agora só falta que o dinheiro seja mesmo disponibilizado às autarquias e é isso que 153 associações de protecção animal vieram exigir.


Manuel Esteves Manuel Esteves mesteves@negocios.pt
17 de março de 2018 às 19:25

É provavelmente o apelo mais abrangente e envolvendo o maior número de associações e grupos de protecção animal: 153 organizações, oriundas de 105 concelhos do Continente, exigem verbas do Estado para garantir o cumprimento da lei que determinou o fim dos abates nos canis e gatis municipais.

Esta lei é de Agosto de 2016, mas a proibição dos abates só se efectiva em Outubro deste ano. Porém, as associações signatárias deste apelo estão convictas que sem um programa sólido de esterilização, que permita reduzir o número de animais nos canis e gatis municipais, a lei não sairá do papel.

"Sabendo-se que a maior parte das câmaras nada tem feito para reduzir a sobrepopulação animal, entendem as associações signatárias que é imperioso que a Assembleia da República crie as condições necessárias à execução de uma Lei da República que votou por unanimidade", lê-se num comunicado de imprensa da Campanha de Esterilização de Animais Abandonados.

Em causa está a disponibilização, por parte do Estado, das verbas necessárias para co-financiar as esterilizações realizadas pelas câmaras municipais. Estas esterilizações abrangem tanto animais errantes e gatos que vivem em colónias de rua, quer animais alojados nos chamados Centros de Recolha Oficiais (CROS) e ainda animais pertencentes a munícipes carenciados.

Governo prometeu mas não cumpriu

A verba está prometida pelo Governo. A garantia partiu do secretário de Estado da Agricultura e Alimentação que, no passado dia 2 de Março, garantiu perante os deputados da comissão parlamentar de Ambiente que o despacho relativo a estas verbas sairia durante a primeira quinzena do mês. Luís Medeiros Vieira não revelou valores, mas a intenção inicial do Governo era que o apoio global ascendesse a 800 mil euros visando a realização de 20 mil esterilizações por ano.  

Porém, ao contrário das expectativas criadas, o despacho não viu a luz do dia. O Negócios contactou o Ministério da Agricultura um dia antes do fim do prazo para saber se o despacho seria publicado, mas não obteve resposta até hoje.